O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 21
Novos poderes


Notas iniciais do capítulo

Boa noite e boa leitura.



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O quarto estava escuro, já era tarde. O frio permanecia rigoroso, mas eu quase não sentia depois daquele banho quente. O cômodo tinha duas camas de solteiro, uma em cada lado do mesmo, como todo dormitório da Academia, acho que todos foram construídos assim, porém eu não tinha colega de quarto. Eu tinha implorado para o meu pai por isso; são os privilégios de ser filha do diretor.

            Wendy estava encolhido na minha cama, coberto com todos os cobertores, edredons e cobertas que havia encontrado, afinal vestia apenas uma cueca nesta noite invernal. Me aproximei dele, parecia estar dormindo, quando pousei a mão em seu ombro, o senti tremer. Era choro. Ele estava chorando pela morte de Olga. Sua pele estava fria e em suas costas onde estavam as longas asas negras agora não havia nada, sumiram como se nunca estivessem estado ali.

            Que se dane, ele precisa de alguém, precisa de mim. Me deitei na cama ao seu lado, era o que eu precisava fazer, consolá-lo. Eu não sabia o que tinha acontecido com a sua família, mas era só ele e sua irmã, e agora não tinha mais ninguém. Apenas eu.

            O abracei por trás enquanto me aconchegava entre os cobertores e o colchão, ouvindo seus soluços e lamentos. Vê-lo assim me destruía, mas ele precisava disso e a culpa era minha, eu sabia. Não demorou muito e o moreno adormeceu, em meus braços. Eu estava perdida acariciando seus cachos, levemente iluminados pela luz da lua que entrava pela janela, quando notei que os movimentos circulares que eu fazia se repetiam na minha frente, em uma espécie de poeira flutuante que eu só pude perceber por causa da fraca luz noturna.

            As partículas dançavam no ar exatamente do mesmo jeito com que eu fazia com os dedos, até que eu parei e o pó também. Estendi o braço quando o material caiu, deixando o mesmo pousar na palma da minha mão. O que era aquilo?

            Foi quando me lembrei das palavras de Samael, “você receberá novos poderes, mais fortes e diferentes. ” Enquanto a marca estiver no meu pulso, eu sempre poderei fazer magia. Eu sei o que é isso, a mesma coisa que eu podia detectar antes, enterrada no solo em vários pontos do colégio e da cidade. Pólvora. Antes de Shalia roubar meus poderes, eu era capaz de fazer a pólvora entrar em combustão e queimar, porém, agora eu sou capaz de cria-la.

            Não demorou muito eu caí no sono também.

            *

            Já de manhã, eu acordei primeiro, o que foi bom já que dormi de cabelo molhado e agora deveria estar parecendo uma aberração. E estava. Não sei quanto tempo, mas demorou até que ficasse decente apenas penteando. Só havia um banheiro no meu quarto, então eu estava acostumada a demorar bastante me arrumando sem que ninguém me perturbasse. Me vesti toda de rosa e passei maquiagem, afinal algumas marcas de hematomas de ontem precisavam ser escondidas, o sangue já estava limpo; tentando ser rápida para deixar o cômodo livre para Wendy usar, já que não tomara banho desde ontem.

            Quando saí ele já estava se despertando, então fui abrir o guarda-roupa e ver o que tinha para ele vestir, no entanto tudo o que eu tinha era rosa, muito rosa. É, eu gostava de usar rosa, mas ele não iria gostar. Pronto, essa jaqueta laranja serve. E uma calça jeans básica, só não sei se é o seu tamanho, pensei.

            - Precisa se vestir – falei, segurando as peças e me virando, o moreno já estava de pé em frente à janela, de costas para mim; apenas de cueca. Gostei da bunda.

            - Eu preciso ver Olga. – Respondeu, me fazendo pensar no que sobrara dela depois do que aconteceu. Voltar lá não seria inteligente, a seita é perigosa. Entretanto o mesmo já estava se dirigindo à porta.

            - Ei, espere. Aonde pensa que vai assim? Vista isso. E tome um banho. – Entreguei as roupas a ele, que relutou a princípio.

            - Eu não posso, Becky. – O íncubo me fitou com seus olhos, um cinzento e outro verde.

            - Eu vou lá.

            - O quê?

            - Isso mesmo, eu vou. Ninguém aqui pode te ver. Se souberem que tem um garoto no dormitório de uma garota, vão me matar. Além disso, você ainda é procurado pela seita. Eu vou e trago ela. Prometo. – O encarei, séria.

            - Isso é perigoso demais.

            - Eu sei, mas você não deve sair daqui, Wendy. Eu já volto. – Disse, e então parti.


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Notas finais do capítulo

Abraços e até a próxima. Comentem!