Eu estava ansiosa para o meu primeiro dia de aula. Já fazia quase uma semana que nos mudamos para essa cidadezinha indígena chamada Makah. Tia Rose ficou indignada por que todos cederam aos meus caprichos e resolveram mudar para cá ao invés de nos mudar para a França, mas eu não iria para lá de jeito nenhum. Não que eu não goste da França, eu já estive lá três vezes, mas é que eu não queria ficar longe do meu melhor amigo, Jake. Eu já quase surto nas viagens por que papai e mamãe nunca me deixam levá-lo, imaginem se eu me mudar para um outro país?  Eu não conseguiria viver sem o Jake, então eu tive a brilhante idéia de nos mudarmos para essa reserva indígena que fica perto da reserva que o Jake mora. Ele me visita todo dia, são raras as exceções, e o Seth e a Leah costumam vir junto, tipo umas três vezes na semana, mas eu não sei o que é que deu no Seth pra ele vir todo dia com o Jake agora. Papai fala que é por que ele está esperando o “anjo” acordar. É assim que ele a chama, de “anjo”. Isso é tão tosco! Por que chamar uma garota que ele mal conhece de anjo? O Seth é mesmo um bobo. Eu nunca a vi, mas há boatos pela nossa mansão de que ela tinha asas mas elas foram cortadas. Vê se pode? Acho que eles andaram bebendo sangue estragado. Papai ultimamente anda com uma cara muito estranha. Ele disse que é por que está tentando desvendar as imagens que se passam na cabeça da Diana. Esse é seu nome, Diana. Seth voltou para fazer uma busca mais detalhada no local em que ele a encontrou e ele achou a identidade dela, tia Alice disse que ele achou as asas cortadas dela também mas ela não quis entrar em detalhes. Eu só acredito nessa história se eu ver! To duvidando muito que essa garota tenha asas. Mas voltando ao assunto, ele disse que as imagens estão muito fora de foco e são meio que sem sentido, ele disse que vamos ter que esperar ela acordar assim vai ficar mais fácil bisbilhotar a cabeça dela. Eu acho que é mentira! Ele tá com essa cara é por que ele está contrariado com o fato de ele e a mamãe não terem uma cabana aqui e eles são obrigados à ouvir as piadinhas indecentes do tio Emmet. Credo! Eu nunca que vou fazer esse tipo de coisa! Pelo menos não agora, eu só tenho oito anos! Posso ser nova, mas minha aparência é de alguém com 16 anos, então eu posso ir no colégio sem problema! Falando em colégio, foi um custo convencer meus pais a me deixarem ir. Tipo, eu quero ter uma vida normal, eu quero ter a experiência de ficar cercada de humanos e observar a rotina deles. Eles ficam falando que é chato, mas quem tem que decidir isso é eu! Eles ficam falando que não está na hora, mas está sim! Eu já sou bem crescidinha e sei que eu posso me controlar muito bem. É tudo frescura deles!

- Não é frescura não Nessie, a gente só quer o seu bem. Você nunca esteve rodeada por tantos humanos, quem te garante que você irá se controlar?

- Eu me garanto tá pai? Então para com essa preocupação à toa e deixa eu crescer e viver! Eu não posso ficar em uma redoma de vidro pra sempre!

- Mas você não está em uma redoma de vidro, e você já cresceu tudo o que podia. Sinto muito, mas disso você não passa.

- Você entendeu!

- Ok Nessie, chega dessa discussão. A gente já deixou não é mesmo? Então não precisa ficar reclamando. Pega seus materiais e entra no carro, está todo mundo te esperando.

- Ok, pai.

Eu peguei as minhas coisas e corri para o carro. Eu estava muito feliz que eu finalmente iria freqüentar uma escola. Não que eu precisasse, eu já sei de tudo, mas eu queria ter essa experiência. Ia ser bem divertido por que para todos do colégio eu seria a irmã da minha mãe, por causa da nossa semelhança, papai o namorado da mamãe, é claro, e tia Alice a irmã do papai que namora o primo meu e da mamãe que é o Tio Jasper. É, eu sei que é a maior confusão, mas tinha que ser assim. Tia Rose e Tio Emm não quiseram ir, eles disseram que tinham coisas mais divertidas para fazer em casa. Eu queria saber o que por que não tem nada de mais lá, mas vai entender né? Quando chegamos no colégio fomos direto para a secretaria pegar a nossa grade. Papai e mamãe pegaram as mesmas aulas, tia Alice e tio Jasper também. Graças a minha insistência eu consegui pegar uma grade em que ninguém ficaria junto comigo, assim eu não teria a sensação de estar sendo observada a cada segundo, mas eu sei que eu seria por que o papai não tiraria o “ouvido” da minha mente. Já fazia duas semanas que as aulas haviam começado, eu teria que pedir o caderno emprestado de alguém para poder pegar a matéria. Enquanto eu ia me aproximando da sala aonde eu teria aula de Inglês eu planejei  um modo de ficar amiga da pessoa que aparentasse ser o mais sociável possível. O único problema, é que ninguém parecia ser muito sociável ali. Quando eu entrei todos me olharam na mesma hora. As garotas tinham um olhar hostil e zombeteiro, e os garotos tinham um olhar de tarados. Não era isso que eu esperava encontrar em um colégio. Quase que na mesma hora minhas bochechas arderam e eu podia sentir o fluxo de sangue aumentando ali. Eu deveria estar rocha de tanta vergonha, malditos genes humanos! Pro meu azar, só tinha um lugar disponível e era ao lado de uma garota que parecia ser uma Serial Killer disfarçada de estudante. Ela era linda, mas branca que nem um papel, ouso dizer que mais branca que meus familiares! Os olhos dela eram de um verde tão escandaloso que chegavam a ser selvagens e desafiadores. Todos estavam afastados dela, era como se tivesse uma placa na testa dela dizendo: “Perigo! Não Toque! Morte Instantânea” ou algo do tipo. Eu sabia que era esse tipo de informação que o subconsciente deles estava passando, era o mesmo aviso que os humanos recebiam quando chegavam perto da minha família, então eu pude reconhecer isso na hora. Eu cheguei a pensar que ela poderia ser uma vampira, mas vampiros têm olhos vermelhos ou amarelos, no caso dos vegetarianos, e ela tinha os olhos verdes e eu podia ouvir claramente o seu coração pulsando à medida que eu me aproximava. Ela me olhou confusa quando seus olhos encontraram os meus e eu pude ver que através deles ela me mandou um aviso para manter distância. Essa garota me assusta!

- Olá.

- Oi.

- Posso me sentar?

- Fica à vontade.

- Obrigada.

Não é como se eu ou ela tivesse escolha, sabe?  Não tinha mais nenhum lugar disponível. Eu coloquei meus materiais em cima da mesa e puxei minha cadeira o mais longe possível dela. Ela olhou para mim e pareceu aprovar a minha atitude. Mais cinco minutos se passaram e então, finalmente, a professora de Inglês chegou. Ela passou a aula toda falando sobre a obra de Shakespeare, Otelo. E no final ela fez a pior coisa que ela poderia fazer comigo naquele dia, ela passou um trabalho de dupla e adivinha quem é a minha parceira? A própria Serial Killer. Eu mereço! Quem mandou ficar inventando moda?

- Então, quando e aonde que a gente vai se reunir para fazer o trabalho?

- Não sei, você é quem sabe.

- Tudo bem então. Podemos discutir isso no intervalo? É que agora eu tenho que ir para a minha outra aula...

- Tudo bem, faça como você quiser.

- Ok. Por falar nisso meu nome é Renesmee.

- Melanie.

- Então... te vejo no intervalo?

- Pode ser.

- Então tá, até lá?

- Até.

Credo que garota chata! Nossa que burrice que eu fui fazer! Eu vou perder o meu intervalo conversando com aquela esquisita! Não que eu seja menos esquisita do que ela, mas mesmo assim até pra mim ela é estranha. O mais estranho foi ela não ter estranhado o meu nome, todo mundo estranha meu nome pela primeira vez. Ah! Vai entender aquela garota! A minha próxima aula foi de Química. Eu adoro química! É tão legal! Depois de eu ter mais uma aula eu fui para o refeitório. Peguei apenas uma soda para disfarçar e fui em direção à mesa em que a Melanie e mais outra garota estavam. Como que alguém consegue ser amiga dela?

- Oi.

- Oi, eu sou a Eowyn, você deve ser a Renesmee.

- Sim sou eu.

- A Melanie me disse sobre você, senta ai.

Eu sentei ao lado dela feliz por ter achado alguém sociável nesse colégio. Aparentemente ninguém foi com a minha cara lá, a não ser essa loirinha e os garotos que estavam no cio. Nós conversamos durante um tempo e convidei as duas para irem fazer o trabalho de Inglês lá em casa. Aparentemente a Eowyn está fazendo o trabalho sozinha por que não tinha ninguém para fazer com ela na sua turma. É impressão minha ou nós somos excluídas aqui? A Eowyn disse que é só por que não somos indígenas como eles, eu to começando a achar que é por causa disso também. Que preconceito! Mas voltando ao assunto, as duas aceitaram e eu fiquei contente por que eu gostei da Eowyn e eu queria saber qual é a dessa Melanie, ela parece... ah sei lá! Ela é muito estranha. Mais alguns minutos se passaram e eu vi os meus pais e os meus tios entrando no refeitório. Eu acenei para eles e eles sorriram para mim.

- Quem são eles?

- Aquela de cabelo castanho é a minha irmã Bella, o que está do lado dela é o namorado dela,  Edward. A de cabelo preto é a Alice, irmã do Edward e o loiro é o nosso primo Jasper.

- Legal isso, ter a sua família por perto.

- É eu também acho.

Eu parei de sorrir para a Eowyn quando eu percebi a cara de que meu pai estava fazendo. Ele estava com uma cara confusa e olhei para onde ele estava olhando e vi que seu olhar se dirigia para a Melanie. Ela olhou para eles, mas mais especificamente para os meus pais, e depois ela cerrou os olhos e deu um sorriso sarcástico. Nessa hora meu pai fez uma cara de espanto que fez a Melanie soltar uma risadinha e dar uma piscada para ele que a minha mãe não gostou nadinha, isso pareceu diverti-la mais ainda.

- O que foi?

- Nada. Família interessante a sua, tenho certeza que você deve ser bem apegada a eles, principalmente ao Edward e a Bella, não é mesmo?

- Cla-claro né? Ela é minha irmã e ele meu cunhado!

- Claro.

Eu dei um sorrisinho amarelo e mudei de assunto, combinei com elas que em dois dias elas iriam para a minha casa. Eu iria levá-las no nosso carro, mas acho que iremos precisar de mais um para levar esse tanto de gente. Quando bateu o sinal eu despedi delas e corri para a mesa onde estava a minha família.

- Pai, o que foi aquilo?

- Eu não sei, mas acho que ela conhece a Diana.