Pov Katniss

Enxuguei as lagrimas que insistiam em cair e voltei meu olhar para Peeta. Seu olhar era indecifrável, e olha que eu o conhecia muito bem, ou achava que conhecia.

Pelo sorriso esnobe em seu rosto sabia que não iria parar, então fiz o que devia ter feito desde que tudo aquilo começou. Corri. Corri tentando fugir de todos ali, corri tentando fugir de mim mesma e de toda a humilhação a pouco.

Andei sem rumo na rua, tentando evitar que as lagrimas cassem e que as pessoas me vissem, para não ser fofoca no outro dia e ser mais humilhada.

Quando menos percebo estou na campina ao lado dos balanços antigos que sempre vínhamos brincar.

Sentei-me no meu e encarei a grama verdinha com algumas flores.

“Por quê?” “O que eu lhe fiz?”. “Meu maior pecado foi me apaixonar pelo meu melhor amigo, que só me vê como amiga, agora nem isso mais”.

Humilhada, essa palavra me definia muito bem naquele instante.

Olhei para o balanço do meu lado e me permito chorar.

– O que fiz? O que eu fiz de tão grave Peeta, para você me humilhar desse jeito?

Solucei.

– O que aconteceu meu Deus?- olhei para o céu- Por favor me responda. Porque tanta humilhação?! Eu sei que não sou bonita, não sou atraente, nem interessante. Mas é isso que me define? Senhor porque ele mudou tanto, a culpa é minha? Não entendo.

A dor era tão grande meu Deus, tão grande...

Fiquei ali por algumas horas até me acalmar e tomar a decisão que mudaria todo meu destino.

Eu iria mais cedo para a faculdade. Eu já tinha fechado todas as matérias, já tinha sido aceita na universidade, só faltava entregar alguns trabalhos para acabar tudo e eu estar finalmente livre daquele inferno.

Conversei com meus pais e com o diretor, poderia entregar mais cedo os trabalhos de conclusão e meus pais me apoiaram mesmo relutantes. Iria depois de duas semanas, já estava tudo acertado.

Passei aquelas duas semanas trancada no meu quarto, meu pai levou meus trabalhos na escola já que eu me recusava a pisar os pés naquele lugar.

Aquelas duas semanas passaram consideravelmente rápido que quando vi já estava na véspera da minha viagem.

Minhas malas já estavam prontas assim como minha hospedagem até o início das aulas, que ainda faltava quatro meses.

Encaro o teto azul cheio de nuvens que pintei junto com ELE em uma tarde de verão a alguns bons anos atrás. Tenho vontade de chorar mas me recuso a tal ação.

Meu celular vibrou e quando vejo de quem a mensagem se tratava fiquei tentada a apagar, mas não, eu abri, foi a pior decisão de toda minha vida.

Apenas aquela mensagem mudou todos os meu planos, toda minha vida.

Prefiro nem recordar as palavras daquela mensagem, só lembro de chorar muito e correr pra fora do quarto que me lembrava ele em tudo, desde o teto até as fotos nos porta retratos e no mural. Essa foi outra péssima decisão, peguei o carro dos meus pais tentando achar um lugar que não lembrasse ele, um refugio, um lugar que eu pudesse me esconder de tudo, um lugar onde pudesse esquecer todas as palavras ditas.

Paro o carro no semáforo, choro compulsivamente e os soluços são constantes. Acelero assim que o semáforo abre e dirijo sem rumo assim como naquela manha.

Viro o volante para a esquerda fazendo a curva da rotatória enquanto piso no freio para diminuir a velocidade, não sei como e nem de onde, mas depois da rotatória completa, enquanto entrava na rodovia, pelo retrovisor apenas vi um clarão, senti um impacto e meu corpo sendo jogado para fora do carro. A ultima coisa que vi foi o asfalto antes de tudo apagar...

Dez meses, dez meses em coma esse foi o preço.

Me recuperei rápido, dois meses depois já estava na faculdade e totalmente recuperada.

Olho para o balanço ao lado do meu, parado, como naquele dia em que vim aqui pela ultima vez a sete anos.

– Você já me fez muito mal, como posso te aceitar novamente minha vida? Como posso esquecer toda aquela humilhação Peeta? Mas tem Prin, ela precisa desse tratamento.

Olho para o céu como naquele dia.

– Pai me ajude por favor, o que eu faço pai? Como sinto falta dos seus conselhos....

Não sei o que fazer. É possível esquecer as magoas do passado? É possível superar meu orgulho?

E eu já sei a resposta......