Eu sempre sonhei em ter uma namorada, alguém para eu abraçar e chamar só de minha, alguém com quem compartilhar a minha felicidade, mas nunca pensei que isso poderia mesmo se tornar realidade, pelo menos foi isso que eu tinha pensado.

Diário do Lucas
06/03/2013

Meu psicólogo insistiu para eu ter um diário para registrar tudo que vem na minha cabeça durante os dias, e cá estou.

Eu me chamo Lucas e tenho 16 anos, atualmente moro em São Paulo (capital), mas a minha família é de Seul na Coreia do Sul, moro aqui nessa floresta de concreto a mais ou menos 15 anos, não diria para você que é ruim, mas não é bom como a parece nos filmes.

Eu estudo em um colégio particular asiático que se chama Nami, na verdade são uns dos poucos colégios que existem aqui no Brasil desse estilo, serve para pessoas que tem bastante dinheiro e para só quem veio de países asiáticos, tem que comprovar que você nasceu mesmo em um país asiático para poder estudar nesse colégio, além de ser muito caro, você aprende muitas coisas diferentes, ela é mais estruturada e bem mais rigorosa do que uma pública, eu sei disso porque antes da herança que o meu avô deixou para os meus pais, eu estudava em um colégio público.

No meu colégio eu não tenho nenhum amigo, na verdade é difícil eu conseguir ficar parado dentro da sala de aula, porque eu sofro de síndrome do pânico e ansiedade, desde os meus 12 anos de idade, foi quando eu estava sozinho um dia em casa e assisti ao filme “o massacre da serra elétrica”, fiquei com medo de morrer e daí em diante a doença só piorou, nesse ano, por exemplo, eu não consigo ficar parado dentro da sala de aula porque às vezes vêm uns pensamentos meio estranhos e quando me dou conta estou em outro mundo e começo a ficar desesperado, por isso que tenho que sair da sala de aula para respirar um pouco, mas as minhas notas não está tão ruim assim, por isso o diário, para o meu psicólogo ficar de olho em mim, o Dr. Paulo.

Hoje é meu aniversário de 17 anos, na verdade eu tinha falado 16 ali em cima, mas é porque eu só comemoro o meu aniversário depois das 23h que foi a hora em que eu nasci.

Hoje mesmo não teve nada de diferente no meu dia, acordei às 7h, e fui andando até o metro e dali foi para o colégio que demora uma meia hora daqui de casa, tive algumas crises ao longo do caminho, mas tudo sob o controle, coisa normal já do meu dia a dia. No colégio em si não houve nada de novo, só as aulas chatas de sempre.

10/03/2013

Primeiramente eu queria pedir desculpas ao Dr. Paulo por eu não te escrito nada durante esses últimos quatro dias, para ser sincero eu ia desistir de escrever sobre o meu dia a dia, é muito chato você ficar perdendo o seu tempo aqui escrevendo enquanto você podia estar jogando no computador, mas de tanto a minha mãe brigar comigo eu decidi voltar a escrever, eu bem que podia mentir sobre o que anda acontecendo, mas eu não consigo mentir, simplesmente não consigo, sempre que eu minto eu sinto um negócio estranho no estômago.

Como estava dizendo, o meu dia hoje era para ser como todos os outros, porém, eu vi uma menina hoje lá no metro da mesma idade do que eu, ela era muito bonita, ela parecia que tinha acabado de ter saído de uma história em quadrinhos, ela me lembrava um pouco a Ramona a namorada do Scott Pilgrim, o cabelo dela era todo branco, aqueles brancos meio cinza que algumas meninas rockeiras estão começando a usar agora.

Ela parecia meio perdida ali na estação, ela não sabia bem como atravessar a catraca para pegar o metro, eu perguntei a ela se não queria ajuda para colocar o bilhete no sensor, ela fez que sim com a cabeça, depois que ela passou pela catraca ela me beijou no rosto e falou obrigado, com uma voz tão doce que fez meu coração bater bem rápido e eu ficar vermelho, depois disso ela se perdeu no meio daquela multidão e não deu tempo de eu pegar o Facebook dela.

Depois do incidente que teve hoje de manhã lá na estação, eu fiquei pensando nisso o dia todo na escola, não conseguia tirar da minha cabeça o jeito de como ela acenou para mim querendo dizer que sim com a cabeça de que ela queria ajuda, os olhos dela era um verde tão claro que me faz ficar imaginando se aqueles olhos não eram lentes de contato.

Quando cheguei ao Hall do prédio onde eu moro, encontrei aquela menina de hoje de manhã da estação, esperando o elevador, quando o elevador chegou eu e ela entramos e ficamos lá dentro, eu escolhi o meu andar e ela o dela, depois de um tempo eu decidir quebrar o silencio.

- Oi, me chamo Lucas, como você se chama? - Ela meio tímida respondeu.

- Ah, oi, me chamo Ana, prazer.

- Não sei se você vai se lembrar de mim, mas eu era aquele garoto de hoje cedo, que te ajudou lá na estação de metro.

- Era você mesmo - ela deu uma risada meio constrangida.

- Você é nova aqui na cidade?

- Sou sim, sou de Florianópolis em Santa Catarina. – Daí estava a explicação daqueles olhos tão claros.

- Oh meu andar chegou, xau Lucas, obrigado mais uma vez por hoje cedo lá na estação, é que da onde eu sou não tem essas coisas e nunca tinha andado em uma coisa dessas.

- Tudo bem, se você não se importar eu posso te acompanhar todos os dias de manhã até a estação pode ser?

- Pode.

- Ok, então amanhã às 07:30 lá no Hall do prédio?

- Tudo bem então, xau, beijos.

A porta do elevador se fechou e eu fiquei perplexo comigo mesmo, eu nunca tinha tido um bate papo tão longo assim com uma menina antes e tão pouco ter feito um pedido para ela, é, eu estou surpreso comigo mesmo.

Na hora que eu fui dormir, ainda não tinha caído a minha ficha, de que amanhã as 8h eu teria um horário a ser cumprido.

11/03/2013

Quando o despertador tocou já era 07:20, eu tinha 10 minutos para me arrumar e descer até o Hall e se encontrar com a Ana.

Cheguei lá em baixo uns 10 minutos atrasado, lá estava ela sentada no sofá, lendo um mangá do Tokyo Ghoul, ela parecia mais linda nessa manhã, ela olhou para mim e disse bom dia e sorriu, eu retribui o sorriso e lhe disse bom dia. Durante a caminhada até o metro não tínhamos conversado nada até que chegou à estação e ela me pegou pelos braços, me deu um abraço, depois de um tempo ela me soltou e ficou olhando para o meu rosto idiota que ficou sem reação e vermelho igual a um tomate, quando eu achei que tinha sido um ataque de loucura nela, ela me pegou pela nuca e me disse.

- Chega disso, vem cá. - E me beijou na boca e dessa vez de era de verdade e não mais um surto meu, ela me beijou com aqueles lábios molhados e com gosto de morangos silvestre (não sei o porque desse gosto, nunca tinha beijado antes), depois de um tempo sem saber o que fazer, eu comecei a seguir o que ela fazia com a minha língua, eu poderia dizer para você que aquilo não foi bem um beijo da minha parte porque não sabia o que estava fazendo.

Depois que acabamos de nos beijar, eu lhe perguntei.

- Mas.... Por que... Você fez isso?

- Não sei, de repente eu senti uma conexão forte entre a gente e me deu essa vontade de querer te beijar, na verdade eu já queria ter feito isso ontem quando eu te vi nesse mesmo local, não sei, mas acho que foi amor a primeira vista, o que você acha?

Eu fiquei bobo com tudo aquilo que ela disse, mas não sei aonde eu consegui tirar forças e conseguir lhe responder.

- Ah.., Sim, é... Para falar a verdade para você eu não parei de pensar em você o dia todo ontem, até sonhei que você tinha me... Ah não pode ser, isso é um sonho?

TRIM, TRIM, TRIM, TRIM, TRIM,

- LUCAS ACORDA, ESTÁ NA HORA DE IR PARA A FACULDADE, ANDA, VOCÊ VAI PERDER A HORA.

- OK, JÁ ESTOU LEVANTANDO MÃEEEEEEEEEEE!!

Assim que acordei eu vi que na verdade era Sábado, e que era dia 11/03/2015, mas como isso? Se hoje era para ser dia 11/03/2013? E a Ana e tudo aquilo, o que aconteceu?

Desesperado eu pulei da cama e fui direto falar com a minha mãe.

- Mãe o que está acontecendo? Não era para hoje ser dia 11/03/2013? É alguma brincadeira de mau gosto? Ou o meu celular está com a hora errada mesmo?

- Ah Lucas, você está tendo um surto de novo, sente aqui e não sai daqui do sofá, espere aqui deixa eu ligar para o Dr. Paulo.

- Alô, Dr. Paulo, aqui quem fala é a Sra. Shimoto, mãe do Lucas Shimoto... Isso mesmo... É... Então o Lucas acordou tendo surto de novo... Ah, o senhor está vindo para cá? Então ta bom, obrigada.

- Lucas, o Dr. Paulo está vindo para cá, vai ficar tudo bem está bem amor.

Eu fiquei sem palavras, estava com muito medo, não parava de me tremer, simplesmente não sabia o que estava acontecendo, eu só podia está louco, eu ainda tinha esperança de alguém aparecer com uma câmera e me dizer que eu tinha acabado de ter caído em uma pegadinha. Não demorou mais de dez minutos e o Dr. Paulo estava lá em casa, e eu estava enrolado na coberta tomando chá com calmante.

- Ola Lucas, como você está?

- Doutor eu juro para você que não estou louco, ontem mesmo eu conheci uma garota o nome dela era Ana, ajudei ela a passar pela catraca do metro e...

- E... Ela estava aqui no Hall do prédio, e no dia seguinte você beijou ela, certo?

- Sim, doutor, como você sabe disso?

- Porque você já me contou isso tudo um monte de vezes nesses últimos dois anos,

- Mas como? Eu sou um louco?

- Lucas, o que vou lhe dizer vai ser um shocke para você, quero que você me prometa que vai espera eu terminar de falar e vai fazer exatamente o que eu pedir, tudo bem?

- Ok, Dr.

- Lucas, aquele dia 11/03/2013, realmente aconteceu, tudo era real até a Ana, mas houve uma grande tragédia naquele dia, logo depois que vocês acabaram de se beijarem e vocês terem se declarado um para o outro ao mesmo tempo em que tudo isso estava acontecendo, estava acontecendo um assalto do outro lado da estação, houve tiroteio entre policias e bandidos, uma bala perdida acertou a garganta da Ana Clara de Souza de apenas 17 anos, e teve outra bala perdida que pegou de raspão na sua cabeça que pegou perto do seu lobo temporal, mas foi mais do que o necessário para fazer você ter perda de memória de curto prazo, ou seja, você só se lembra das coisas que acontecerem naquele dia, e todos os dias você vive como se fosse o dia 11/03/2013, por isso que você tem esse diário, para anotar tudo o que está acontecendo no seu dia-a-dia e ler todos os dias antes de dormir e quando acorda.

- Doutor você está me dizendo que o único amor da minha vida, foi morta por uma bala perdida e eu sonho com isso todas as noites, como se estivesse acontecido tudo isso ontem?

- Infelizmente sim, Lucas, sinto muito.

Eu não acreditando fui pegar aquele diário, quando eu vi que estava tudo escrito com a minha letra todos os dias durante esses anos todos, quando comecei a me dar conta começou a cair lágrimas pelo os meus olhos, e eu estava tremendo demais. Depois de mais de 1h que o Dr. Paulo ficou falando comigo ele pegou e foi embora.

MAIS TARDE NAQUELE DIA!

Acabei ficando em casa o dia todo, tentando me recompor, depois que tudo tinha “voltado ao normal” eu acabei ficando com fome e avisei a minha mãe que iria descer até lá na rua de baixo no mercado comprar alguma coisa para eu comer.

Chegando ao mercado, eu comprei um pacote de Elma Chips e uma garrafa de Coca-Cola para mim, chegando cheguei ao caixa, tinha uma menina de cabelos vermelho/laranja, ela parecia um pouco com a Hayley Williams, vocalista da banda Paramore, ela aparentava ter a minha idade, 19 anos, e lembrava muito com alguma outra menina que eu já tinha conhecido, chegando lá, ela se confundiu tudo na hora de fazer as contas e me pediu desculpas dizendo que tinha acabado de se mudar com a família de Florianópolis e era a primeira vez dela trabalhando ali, antes de sair do mercado eu voltei ao caixa dela e lhe perguntei.

- Qual é o seu nome?

- Ana Clara de Souza.

THIS IS THE END.