A Vencedora escrita por LadyBelli


Capítulo 5
Vila


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Tinham três dias que caminhávamos sem rumo algum. Estávamos levando água, mas ela, cada vez mais, ficava escassa. Se não achássemos um rio, lago ou qualquer coisa assim, poderíamos morrer de sede.

Os subordinados de Jean e do pai dos gêmeos não tinham nos dado descanso, vinham aos montes. Chegaram a ferir a perna de Antoine, que agora estava mancando. Também me feriram, no braço esquerdo, mas não foi um corte que me impedisse de mover ele.

Nesse meio tempo, matei uns sete soldados. Deixei cinco fugirem e nós mesmos fugimos ou nos escondemos do resto. Alguns deles traziam arco-e-flecha, o que deixava a luta desigual- Eles podiam atacar de longe.

Todos nós estávamos ficando cansados- De caminhar, de lutar, de dormir pouco. Porém, eu estava aguentando mais que os dois- Acostumada a viver em condições precárias, eu conseguia me sair melhor. Anna e Antoine tentavam não demonstrar, mas estavam chegando ao seu limite.

De tempos em tempos, eu olhava para eles. Antoine estava caindo de cansaço muito facilmente, mesmo que tentasse mentir dizendo que era porque tropeçava. Anna tinha tirado os sapatos de salto que usava para poder correr, quando precisasse. Conforme conversávamos, fui percebendo que a voz dela ficava cada vez mais fraca.

Mesmo eu não estava bem. Meu ferimento na barriga doía muito, e eu desconfiava que ele estava abrindo. Não disse nada para não alarmar Antoine- Ele se preocupar comigo era a última coisa que precisávamos, no momento. Eu conseguia aguentar, afinal de contas.

Mesmo a natureza era obstáculo para nós. Anna, como estava sem sapatos, precisava ter um cuidado maior ao andar. Animais venenosos apareciam aos montes. O frio á noite era praticamente insuportável, e não era sempre que tínhamos lugar para fazer uma fogueira.

Finalmente, Anna chegou ao seu limite. Num determinado momento, desmaiou.

Droga. Mais uma coisa com o que se preocupar.

Antoine correu para o lado dela.

—Anna!- A segurou em seu colo- Meu Deus, Anna!

Me abaixei ao lado deles e apoiei a cabeça no peito de Anna.

—Ela está respirando- Murmurei- E o coração está batendo.

Ele colocou a mão em sua testa.

—Está queimando de febre... Precisamos fazer alguma coisa!

—Eu sei...

Antoine ficou pensando por um tempo.

—Vamos procurar uma fonte de água. Se acharmos uma, podemos fazer compressas para diminuir a febre dela.

Dito e feito. Com Antoine carregando a irmã, andamos mais algumas horas- Sem Anna para nos apressar, podíamos fazer isso- E achamos um rio.

Depois de nós dois termos tomado água e feito Anna engolir alguns goles, Antoine rasgou um pedaço de sua própria roupa, mergulhou no rio e fez compressas na testa dela. Estava escurecendo, acabamos fazendo um esconderijo e dormindo lá mesmo.

No dia seguinte, Anna acordou, mas não conseguia levantar, ainda estava com febre. Antoine fez mais algumas compressas nela, enquanto fazia perguntas para ver se ela estava lúcida. Ao terminar, eu disse para ele:

—Carregue Anna. Por favor. Eu vou na frente caso surja alguém tentando nos matar. Não tem jeito dela melhorar se continuarmos aqui. Vamos seguir caminho ao lado do rio. Se esconda e proteja ela se alguém aparecer. Eu me viro.

—Tudo bem. Confio em você.- Ele respondeu, mas eu percebi que ele estava um tanto receoso com isso.

E assim, continuamos caminhando.

Passamos a fazer esconderijos para dormir e, como tínhamos encontrado o rio, descanso e água não eram mais problema. Conforme o tempo passava, Anna, lentamente, ia melhorando. Antoine, especialista em ervas, fez alguns remédios para ela. Já conseguia caminhar sozinha, mas não muito depressa.

Mais cinco dias se passaram, dias em que eu ficava cada vez mais convencida de que não chegaríamos a lugar nenhum. Claro, não falei isso para nenhum dos dois- Não queria tirar as esperanças deles.

Minhas lutas não cessaram, mas iam ficando escassas conforme nos afastávamos do nosso ponto de partida. Nossa caminhada ia ficando cada vez mais tranquila. Eu estava pensando em sugerir para Antoine para fixarmos residência ali mesmo, mas, antes que eu pudesse decidir se fazia isso ou não, chegamos no começo de uma vila.

Era um lugar bonito e acolhedor. Logo que nos viram, moradores vieram perguntar de onde somos, o que tinha acontecido. Tudo aconteceu numa fração de segundo, fomos guiados até uma casa onde cuidaram de Anna e nos deram comida e abrigo.

Antoine contou toda a história, dele, de Anna, minha, e de toda a caminhada que fizemos. Com instrumentos melhores que lhe entregaram, ele pode cuidar com mais facilidade de meu ferimento. Ao perceber que ele estava abrindo, Antoine me repreendeu por não ter contado a ele antes.

Expliquei que, na situação em que estávamos, a última coisa que precisávamos era que ele se preocupasse comigo.

Os moradores da vila nos disseram que estavam se virando bem, mas tinham que trabalhar dobrado devido ao corte de verbas do governo- Direcionadas para a guerra.

Enquanto eu lutava, antes de ser ferida, passei por várias vilas completamente destruídas. Corpos para todo lado, casas em destroços. Era horrível. Mesmo no campo de batalha, eu não deixava de me horrorizar com as mortes dos soldados- Até os inimigos que eu mesma liquidava.

A guerra estava acabando completamente com os dois reinos. O reino vizinho queria tomar nosso território, mas nosso rei se mostrou incontestável com sua decisão de não ceder.

Era justo, mas muitos estavam morrendo por causa disso. Crianças. Pessoas com esperança de ter uma vida melhor, que as viam destruídas. Mesmo assim, eu precisava defender meu reino.

Aquela noite, eu dormi bem, acolhida pelas pessoas da vila. No dia seguinte, fui conversar com Antoine:

—Você e Anna provavelmente vão morar aqui a partir de agora, não é? Eu quero voltar para o quartel. Preciso dar um fim nisso. Ninguém está atrás de mim, afinal de contas.

—Sarah. Você não pode ir agora, e a culpa é sua. Se tivesse me avisado que seu corte estava abrindo, talvez você pudesse ir no final do prazo que eu estipulei. Mas não.

Eu poderia ir de qualquer jeito, mas sentia que Antoine falava a verdade.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM!
Beijos da ~LaidyBelli



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