A Vencedora escrita por LadyBelli


Capítulo 1
Sobrevivi.


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira original... Espero que gostem^-^



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Ás vezes, eu me pergunto o porquê da vida ser tão injusta comigo.
Ás vezes, quero dizer, sempre
Sou órfã desde os onze. Entrei para o exército desde quando meus pais morreram, e só fui aceita porque meu pai era soldado. Todos os orfanatos estavam cheios, e ninguém quis me adotar.
Fui discriminada por ser a única mulher ali, e fui abusada até ter força e habilidade o suficiente para me defender.
Ainda assim, treinei. Me tornei uma soldado.
Não posso dizer que nunca pensei em desistir, acabar com tudo aquilo, mas eu me mostrei forte. Eu venci a vida por duros nove anos. Eu era uma verdadeira guerreira, mas sempre fui, em certo sentido. Minha pele negra contrastava com minhas vestes azuis e armadura prateada, meus olhos verdes tinham um brilho que há muito pensei ter perdido e meus cabelos pretos ondulados caiam pelas minhas costas, longos.
Agora, aos vinte, eu me perguntava se essa foi a tentativa extrema da vida de me vencer.
Deitada sobre uma poça assustadora do meu próprio sangue- Causada por um ferimento de espada em minha barriga- E sentindo uma dor terrível, eu achava que essa guerra foi um plano da vida para finalmente me vencer.
Mas não. Não ainda. Eu sou uma vencedora. Matei cinco soldados inimigos antes de receber esse golpe, fatal para muitos, mas não para mim. Não para alguém que venceu o mundo durante árduos nove anos.
‘’Sarah Lemoine, levante-se’’; ordenei a mim mesma. Com alguma dificuldade, me arrastei até uma árvore e me apoiei nela para ficar em pé. Avaliei o ferimento. Realmente, eu morreria em pouco tempo se o sangue não fosse estancado e meu machucado, tratado.
Rasguei um pedaço da minha calça e usei como bandagem para parar o sangramento. Olhei para dentro da floresta. A cidade mais próxima ficava á cerca de dez quilômetros daqui.
Dez quilômetros.
Eu sabia que precisava de tratamento imediato. Qualquer pessoa desistiria, no meu lugar. Mas não eu, não Sarah Lemoine.
Então, comecei a andar. A palavra impossível se repetia na minha cabeça, é impossível sobreviver. Andei floresta adentro. Eu tinha caminhado por mais ou menos quinze minutos, andado acho que um quilômetro, quando minha visão começou a ficar turva pela perda de sangue- Fiz o melhor que pude, mas bandagens improvisadas não faziam milagres.
–Não. Ainda não- Eu disse, enquanto lutava para não gritar de dor.
Caminhei mais dez passos com dificuldade até cair no chão, sem forças. Me arrastei por mais alguns metros, cuspindo sangue.
Eu não sei ao certo em que momento desmaiei.
Acordei com os raios de sol no rosto. Abri os olhos. Eu estava em um lugar completamente desconhecido. Um quarto de uma cabana. Eu me encontrava deitada em uma cama, com algumas cobertas por cima de mim. Tentei me levantar, mas o mais leve movimento me trazia dor.
Fiquei alguns minutos deitada, em silêncio.Toquei o lugar onde eu fora ferida. Estava com bandagens. De verdade. E, passando a mão, deu para sentir que não estava inchado, quem me salvou fez um ótimo trabalho em limpá-lo. Minha armadura fora retirada e minha blusa cortada, deixando somente uma parte escondendo meus seios. Minha calça também fora cortada, transformada em shorts.
Fiquei um tempo deitada, até que ouço passos na casa. Faço um esforço para gritar:
–Tem alguém aí?- Minha voz geralmente era forte, mas estava fina por causa da dor.
Os passos pararam por um momento, então voltaram seguiram em direção ao quarto em que eu estava. Pela porta entrou um garoto ruivo, olhos castanhos, magro, com sardas no rosto. Parecia ter minha idade.
–Oh, você acordou?- Sua voz era baixa, doce.
–Quem... É você?- Perguntei, olhando em seus olhos
–Ah, desculpe a indelicadeza. Sou Antoine. Antoine Robin. Eu estava andando pela floresta ontem quando encontrei você caída. Tem um ferimento grave em sua barriga. Então, te trouxe para cá e te tratei. E você é...
–Sarah- Bom, ele salvou minha vida. Tem, ao menos, que saber meu nome. Lhe devo isso.- Sarah Lemoine
–Então, Sarah. Posso te chamar assim?- Concordei com a cabeça- Como está se sentindo? Melhor?
–O ferimento dói, mas não está inchado e nem sangrando. Obrigada
–Pelo amor de Deus... O que te feriu assim?
–Uma espada. Eu estava lutando. Na guerra. Não viu minha armadura?
–Uma garota? Na guerra?
–Longa história. Não sei se quero contar.
–Entendo. Ah, eu... Já volto- Antoine sai correndo, e volta alguns minutos depois, com uma bacia de água morna, uma toalha, roupa íntima, uma blusa, uma saia e uma espécie de sabonete caseiro. Ele coloca a bacia no chão, tira minhas bandagens e diz:
–Eu vou te deixar sozinha para que possa tomar banho... Você está muito suja... E não sei se você ficaria confortável comigo olhando- Antoine cora.
Abaixo a cabeça, lembro dos abusos que sofri. Antoine não parecia ser assim. Mas mesmo desse jeito...
–Por favor. Saia. Eu te chamo quando terminar.
Ele me apoia no chão ao lado da bacia e sai. Tiro minhas roupas e tomo um banho demorado, me seco, visto com as roupas que Antoine trouxe e me sento no chão.
–Antoine...- Digo, me esforçando pra gritar novamente. Droga. Eu odiava ser tão dependente.
Ele aparece, me recoloca na cama e levanta minha blusa, limpando o ferimento novamente e colocando bandagens limpas. Me deito, respirando devagar.
Antoine, então, me entrega uma maçã.
–Tem fome?
–Não, obrigada- Eu digo, embora estivesse faminta. Ele já fez demais por mim.
–Faça um esforço. Você precisa comer. Eu sei disso, Sarah, sou curandeiro.
Volto a sentar-me, pego a maçã e a como rapidamente.
–Descanse. Depois, se você estiver disposta, pode me contar o que aconteceu para você ir para a guerra. De qualquer jeito, você não parece ser fraca. O campo de batalha mais próximo está á um quilômetro daqui e você caminhou tudo isso sangrando antes de desmaiar.
Dormi. Ao acordar, Antoine não estava mais ali. Eu havia vencido a vida mais uma vez. Mas, dessa vez, tive ajuda. Bom, de qualquer forma, eu venci. Isso já era um enorme triunfo para mim.


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