Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 20
Capítulo 20 - Caminhando por Paris




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Blanche estava com a cabeça doendo. Depois de tudo ela havia ganhado uma bela ressaca. Teve dificuldades para se levantar pela manhã e o humor estava péssimo. Para piorar, a ópera estava um caos, já que todos estavam bastante atarefados para se adaptar à ópera de Erik e os diretores estavam enlouquecendo. Carlota havia voltado ao teatro e, apesar de fingir estar ofendida, adorava o fato do Fantasma ter dado a ela um dos papéis de destaque. Ela mesma achara que, depois do episódio dos coaxos, não conseguiria voltar aos palcos. O Fantasma apenas fizera o favor de dar-lhe uma desculpa para voltar, uma vez que era obrigada a isso “pelo bem da ópera”.

A bailarina encontrou Christine e Meg ensaiando e elas vieram a cumprimentar, mas Blanche não queria. Estava com raiva de Christine pelo que ocorrera com Erik, o ciúmes a consumindo.

— Está bem, Blanche? - Christine perguntou.

— Claro que estou! - ela respondeu, um pouco agressiva.

— Está irritada comigo? - a cantora perguntou.

— Como você é egocêntrica Christine! Tudo é sempre com você, não é?

— Blanche, eu não te entendo - falou Christine.

— Não? Eu explico. O que aconteceu ontem, o Fantasma. É tudo sua culpa! - disse.

— Não diga assim, Blanche. Você está sendo injusta - Meg defendeu a amiga.

— Injusta? Todos sabemos que é por causa Christine que ontem apareceu aquele Fantasma estúpido! Devia ter fugido com Raoul e sumido de nossas vidas! Mas não, a Christine tinha que voltar. Você já é linda, perfeita e todos te amam. O que você queria mais voltando para cá?

— Blanche, você está me magoando…

Ela percebeu que Christine estava a ponto de chorar e Meg a olhava como se fosse um monstro. Blanche se irritou e marchou em direção à porta dos fundos do teatro. Saiu para o inverno das ruas de Paris. Não sabia para onde ir, só queria se afastar de todos um pouco. Caminhou pelas calçadas, sentindo o vento frio a acalmando. Estava com tanta raiva de Christine! Ela sempre tinha tudo! Teve um pai que a amava de todo coração, teve um amor de infância no Visconde de Chagny, um homem bonito, corajoso e prestativo, tinha o amor e atenção de Erik. Ela também era bonita e cantava como um anjo, além de ser pura e casta. Na idade de Christine, Blanche se sentia sozinha e assustada, se escondendo do assassino que era seu pai. Talvez ele nem mesmo estivesse a procurando naquela época, devia mesmo estar feliz por ela ter sumido, mas ela tinha muito medo de acordar em casa novamente.

Christine era pura e meiga. Apesar da morte de seu pai, a vida não lhe pesara com violência e medo. Ela era inocente o bastante para acreditar na história de Erik sobre o anjo da música. Blanche se lembrou de quando tinha a idade da cantora, três anos antes. Talvez também acreditasse numa história daquelas, talvez não. A verdade é que ela aprendera a confiar menos nas pessoas. Já Christine, ainda confiava cegamente. Seu pai havia lhe contado uma história na infância, sobre um anjo da música. Ele aparecia apenas para aqueles que fossem merecedores e os ajudava a alcançar o sucesso. Erik se aproveitou desta crença de Christine para ensiná-la e, com o sucesso de sua primeira apresentação, não era surpresa que ela acreditasse nele. Erik fora desonesto ao se aproveitar da inocência de Christine

Mas Raoul fora seu primeiro amor. Nada mais justo que ela, tão inocente, se prendesse às fantasias da infância e enxergasse em Raoul o príncipe da sua história. Ele realmente parecia um príncipe, tão nobre, bonito e gentil. Christine, que vivia de sonho e ingenuidade certamente voltaria a se apaixonar por ele. Em comparação a Raoul, Erik parecia o vilão. Como ele foi tão infantil tentando a enganar daquela forma? Claro que, quando Christine percebesse que seu anjo a enganara e que era apenas um homem, iria sentir raiva dele. Ela estava certa. Erik realmente não sabia lidar com as pessoas. Pior, havia ensinado Christine por três meses inteiros apenas para cobrar a conta depois. E o preço, nunca negociado, era seu amor incondicional pelo homem e não pela voz. Erik era um idiota iludido com seu próprio senso de dever distorcido.

Ele não sabia como lidar com os outros seres humanos, não conhecia os sentimentos como todos os outros. O coração da moça se encolheu. Ele estava sozinho havia tanto tempo… Sozinho por toda uma vida. Não era surpresa que procurasse um pouco de amor, que estivesse tão ansioso por se apaixonar. Ainda mais com uma menina linda e delicada como Christine. Ele só precisava se sentir amado, ao menos uma vez. Blanche sentiu um raio de sol bater em meu rosto e esquentar um pouco sua pele. Pensou em Erik e sorriu. Ela estava se apaixonando por ele. Pela sua fragilidade, pelo gênio que tocava e cantava como anjo, pela sua dor, pela sua esperança. Ela estava se apaixonando por um homem difícil de amar. Talvez fosse melhor se afastar dele. Para o seu bem. Talvez fosse melhor se afastar desta história e deixar Christine, Erik e Raoul resolverem. Talvez Nadir os ajudaria e resolveria tudo afinal.

Depois de ter resolvido o que fazer, percebeu que havia chegado ao Arco do Triunfo. O melhor era voltar para a ópera, antes que mudasse de ideia, e fazer o que deveria ser feito. Caminhando um pouco mais leve e tranquila, as ruas de Paris ganharam novo brilho, caminhando um pouco mais leve e tranquila. Observou as casas e as pessoas que passavam e se sentiu um pouco menos só. Chegou à ópera com os pés cansados, com uma bolha ou outra no pé. Não se importou, se sentia ansiosa por fazer as pazes com Christine. Procurou-a pelo palco, ensaiando com as outras, mas ela não estava lá. Foi então até o camarim e teve a sorte de encontra-la, encarando o espelho. Blanche tinha um nó na sua garganta ao pensar que Erik poderia estar do outro lado, mas entrou da mesma maneira.

— Christine, podemos conversar? - disse.

Ela virou, mas não falou nada.

— Me perdoe. Eu falei aquilo tudo sem pensar. Você não tem culpa nenhuma do que aconteceu. Me perdoe, por favor.

— Você apenas disse o que todos estão pensando agora - ela suspirou - eles também pensam assim. Ele deixou bem claro que fazia aquilo por mim. Alguns até pensam que sou eu quem planejou tudo.

— Desculpe, Christine - Blanche a abraçou e ficaram alguns minutos em silêncio - Você o ama? Digo, você sente algo pelo Fantasma?

— Blanche, isso é impossível! Você nunca o viu, não como eu. Ele é horrível! Seu rosto ainda me dá pesadelos e sinto nojo ao lembrar dele.

Blanche a soltou, um pouco chateada ao ouvir essa palavras de Christine. Ela realmente estava se baseando em sua aparência?

— Ele me enganou e me sequestrou, e matou tanta gente! Eu morro de medo dele. Eu queria tanto odiá-lo, mas não consigo! Ele agarra minha saia com tanto desespero e parece me amar tanto que não consigo odiá-lo.

— Entendo…

— Blanche decidiu seguir seus planos e deixar que tudo se acertasse sozinho. Ela não tinha o direito de interferir.

— Espero que o melhor para todos nós aconteça - disse e a cantora concordou.


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