Hellishness escrita por hellishness


Capítulo 1
Prólogo — Meanwhile


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais pra vocês se situarem na trama principal. Espero que gostem. ❥



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O rapaz abriu os olhos, porém o mundo continuou escuro. Por um momento pensou estar cego, e quase soltou um grito de terror, até que percebeu o ar quente e rarefeito que respirava, entendendo que o rosto estava coberto por um saco de pano. Tentou tirá-lo da cabeça, e deparou-se com as mãos amarradas atrás do corpo por uma corda justa. Pouco a pouco seus sentidos voltaram à ativa, e ele conseguiu notar novos detalhes sobre sua atual situação.

Silêncio absoluto, estava sentado em uma cadeira aparentemente comum, vestindo apenas uma camisola de hospital. Nada disso ajudou-o a acalmar o coração acelerado, muito pelo contrário. Planejava falar alguma coisa, no entanto sua língua parecia uma lixa de tão áspera e, cada vez que abria a boca, os lábios ressecados rachavam e um novo corte sangrava. Não conseguia ver os próprios braços, mas podia sentir a ardência na região das articulações, típica de picadas de injeções.

Que diabos fizeram com ele?

Levantou-se com certa dificuldade, e logo se arrependeu. Havia algo de errado com seu corpo, algo antinatural. As pernas estavam enfaixadas e levemente dormentes, e a onda repentina de dor recebida ao apoiar o peso nelas fora tão intensa que o menino despencou no chão, incapaz de aguentar. Lágrimas escorriam por sua face agora, e ele tremia de medo, chorando silenciosamente. Em outra vida teria tido vergonha desta demonstração patética de fraqueza; naquela, só queria o colo da mãe.

Um ruído distante fê-lo conter os soluços e ficar alerta. Era como a sirene de uma ambulância, rasgando o silêncio tão violentamente que causou um arrepio desconfortável em sua espinha. Não estava sozinho ali. Outra onda de pânico ameaçou derrubá-lo, afinal, sua intuição gritava para que corresse, fugisse imediatamente. O quê quer que fosse o autor daquele som significava más notícias. O rapaz ficou de joelhos, trincando os dentes para não berrar agoniado, as juntas pressionando-se umas às outras e causando um sofrimento praticamente inumano.

O que fizeram comigo, o que fizeram comigo, o que fizeram comigo!

Embora cada simples movimento fosse uma tortura, ficar parado estava fora de cogitação, precisava ao menos criar a impressão de que tinha uma chance de escapar. Começou a se arrastar pelo chão, como um inseto, tamanha a decadência, tentando com o âmago de seu ser distanciar-se da origem do barulho. As mãos eram inúteis, e as pernas dispensam comentários; aquela façanha era praticamente impossível. O fim era apenas uma questão de tempo.

Ele ouviu um clique, como uma porta se abrindo, e o silêncio abafado do quarto foi substituído por um caos incompreensível, uma sinfonia desgraçada. Gritos, motores, alarmes, objetos caindo e passos, uma confusão sonora.

Alguém entrou no recinto, o eco dos sapatos batendo contra o asfalto alertando a vítima. Ou vários alguéns, cego daquele jeito não dava para ter certeza. Mãos fortes ergueram-no do chão feito um saco de batatas e jogaram-no de volta para a cadeira. O rapaz se debatia enquanto tentavam amarrá-lo ao assento de modo violento e sem compaixão. Seus esforços para nada serviram, os captores detinham todas as vantagens.

Em menos de vinte segundos tudo estava terminado.

Sentiu dedos gelado imobilizando-o, a agulha penetrando sua pele inchada e o líquido gelado percorrendo suas veias. A cabeça tombou para trás e os olhos giraram nas órbitas, em êxtase. Toda aflição desapareceu, já não lembrava nem do próprio nome. Em um espasmo de prazer, disse com a voz fraca:

— Mais...

Não podia enxergar, porém os desconhecidos sorriam. Era um sorriso sem emoção, maldoso, mas definitivamente um sorriso. Com o aperto de um botão a porta da cela se fechou, deixando-os à sós na escuridão.


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Notas finais do capítulo

E aí? Que diabos acham que tá acontecendo? Só esperar pra ver. No próximo capítulo irão conhecer um pouco mais sobre a personagem principal.