Sob minha pele escrita por Bruna


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

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:)



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Mel.

Acho que Ana bebeu demais. Ela não fala coisa com coisa. Já são uma hora da manhã e a maioria do pessoal já foi embora. Meu avô está se despedindo dos que ainda estão aqui. E eu estou tentando convencer Ana a ir dormir. Na verdade eu e Julia estamos.

E isso não me parece muito bom. Da última vez ela ficou dois dias com uma enxaqueca infernal. Mas quem consegue segurar Ana quando ela quer fazer algo? Ela simplesmente vai lá e faz!

– Eu tenho que arrumar essa bagunça. – Diz Ana meio embaralhada, quase tropeçando em seus próprios pés.

Eu estava ocupada demais eu meu estado de torpor momentâneo, pelos meus segundos nos braços de John, que nem ao menos percebi ela virando todas as garrafas de vinho que ela via pela frente.

– Ana, você não está bem. Eu dou conta. – Eu digo tentando a convencer. - Acho melhor você ir se deitar.

– Tia, você vai acabar dormindo aqui no meio do chão. Vamos para o quarto eu cuido de você. – Diz Julia enquanto a segura pelo braço.

– Mas... – Ela gagueja. - Mas é o meu trabalho! Eu tenho que fazer o meu trabalho! - Ela diz agitada.

Julia tem razão. Ela vai acabar dormindo no chão. Posso ver o quanto suas pálpebras estão pesadas. Ela mal consegue manter os olhos abertos.

Sabe o que é mais engraçado? É que no outro dia ela nem sequer se lembra de nada. E ainda age como se fosse invenção nossa.

De repente meu avô decide se apresentar a nossa pequena confusão. E eu tenho certeza de que ele vai dar um jeito em tudo. Ele sempre dá a última palavra.

– Mas nada. – Interrompe meu avô com sua voz grave. Eu disse.– Vá dormir. A bagunça não vai fugir. Ela vai continuar aqui pela manhã. – Diz ele num tom de que a conversa está encerrada.

Ana bufa frustrada.

Julia e eu damos risinhos.

Quem não conhece meu avô muito bem pode achar que ele é um homem rabugento, e mal humorado. Porém, quem o conhece bem, - como eu, - sabe que isso não passa de uma casca. Por dentro ele tem o mais mole dos corações.

– Tudo bem. – Diz derrotada. - Mas nem pense em arrumar tudo isso sozinha dona Mel! Amanhã nós fazemos isso. Como disse o seu avô 'a bagunça não vai fugir'.

Talvez eu devesse dizer a ela que eu realmente não estava pretendendo cuidar disso tudo sozinha. Festas são ótimas. Entretanto a bagunça que fica para trás depois, é um desastre.

Julia sai segurando Ana pelos ombros, porém de repente ela para em seu caminho e me encara com um sorrisinho de canto de boca.

– Boa sorte. – Ela cochicha para mim, como um segredo.

Ela sabe que ele virá.

Ela sabe que ele quer falar comigo.

E neste momento eu estou tentando não pensar no quanto eu estou nervosa. E tentando não pensar também no quanto eu vou ficar mais nervosa ainda quando ele estiver em minha frente. Nós dois, sozinhos. Ai meu deus...

Meu avô está me encarando de uma forma estranha.

– Você vai dormir agora? – Ele pergunta contendo um bocejo.

Nem se eu quisesse eu conseguiria dormir agora!

Posso ver que ele está cansado. Festas sempre o deixam exausto.

– Acho que eu vou colocar essas mesas no lugar. E levar esses pratos para a cozinha. Então eu subo. – Digo não tentando dar muita bandeira de que eu estou uma pilha de nervos. - Melhor não deixar tudo para amanhã. O resto de comida pode acabar atraindo animais. - Digo arregalando os olhos.

Meu avô ri.

– Que animais Mel? - Ele pergunta achando graça. - Só se você estiver falando dos animais domésticos dos vizinhos.

– Deles também. - Digo depressa. - Lembra daquele cachorro da dona Mercedes? Ele sempre vinha aqui e roubava a dispensa.

– Isso é verdade. - Ele diz acompanhando meu raciocínio.

Fico feliz por isso ter o convencido. Ele deve estar com muito sono mesmo. Nada passa despercebido por ele.

Quando eu tinha dezesseis anos, eu, Mateo e Julia, estávamos loucos para assistir a um filme de terror que estrearia no cinema da cidade, porém eu e Julia não tínhamos idade - segundo meu avô - para sair sozinhas à noite com um rapaz. Então, nós fizemos o que qualquer adolescente desesperada por um pouquinho de aventura faria. Saímos escondido. O que não deu muito certo. Meu avô nos pegou antes de entrarmos no carro.

Às vezes eu penso que ele tem algum tipo de radar ou coisa do tipo. Seu sexto sentido é de assustar!

Meu avô parece não querer mais insistir no assunto.

Graças a deus!

– Não se demore muito aqui embaixo. – Diz já subindo as escadas. – Eu estou ficando velho para essas coisas. - Resmunga baixinho.

Isso me faz rir.

[...]

Enquanto ele não aparece eu começo a colocar as mesas de volta a seus lugares. Coloco as cadeiras também. Tem pratos espalhados por todos os lados. Recolho um por um e os levo para a cozinha. Começo a coloca-los em pilhas em cima da pia, quando sinto uma coisa diferente. Meu coração acelera. Meus braços estão arrepiados. Não preciso me virar para saber quem acabou de chegar.

– Demorei muito para chegar? – Ele pergunta baixinho.

A minha vida toda!

Sua voz rouca, ou talvez o ambiente faz meu couro cabeludo arrepiar. Como se uma corrente elétrica estivesse emanando direto dele até mim.

Viro-me para ele, ainda tentando me recompor, e tentando furiosamente não parecer ridícula por estar tão afetada apenas com uma frase.

Ele está com as mãos nos bolsos, encostado na porta. Na penumbra, eu mal consigo ver seu rosto, vejo apenas sua silhueta, e os reflexos das luzes em seus cabelos. Ele é de tirar o fôlego. Ele está tirando o meu fôlego. Não sei qual é sua expressão. Não sei o que está se passando por sua cabeça agora, mas eu gostaria muito de saber...

Eu queria estar em sua cabeça, em seu pensamento, em seu coração, em seu tudo.

– Não. – digo baixinho depois do que parece um ano.

Ele passa as mãos desenfreadas pelos cabelos compridos. Olha para os lados como se estivesse pensando no que dizer.

Talvez ele esteja se perguntando o que ele está fazendo aqui. - Diz meu inconsciente.

Ele veio me ver.

Eu gosto de você Mel!

Ele olha para trás como se estivesse decidindo qual caminho tomar.

Espero que seu caminho seja o meu!

Ele parece ter tomado sua decisão. Ele dá um passo adentrando a cozinha. Meu coração acelera e para ao mesmo tempo.

– Deixa eu te ajudar com isso. – Diz se aproximando indo em direção aos pratos que eu estava arrumando antes dele chegar e me tomar qualquer tipo de raciocínio.

Ele está colocando ordem nas coisas.

Como eu faço o mesmo comigo?

Como que eu coloco ordem em tudo isso o que está acontecendo dentro de mim?

Eu não consigo afastar meus olhos. Eles filmam cada movimento dele. Ele não olha para mim.

Meus olhos o gravam para ter a certeza de nunca esquecer.

Por que não olha para mim?

Ele está aqui!

– Eu não vou lavar isso agora. Só amanhã. – Explico inquieta. Amasso meus dedos em uma tentativa frustrada de aliviar a inquietação que toma conta de mim. - E você não precisa fazer isso. Afinal, você é o hóspede. E eu tenho certeza de que você não costuma fazer isso. - Digo zombando, tentando fazê-lo reagir de algum jeito.

Será que ele veio se desculpar de novo?

Por que está tão quieto?

Não faça isso comigo John. Por favor, não faça.

Não estou me sentindo muito confiante agora.

– O que você quer falar comigo John? - Digo de uma vez. Mesmo tendo medo de sua resposta.

Afinal, como é que dizem mesmo?

"Chega uma hora em que é preciso arrancar o band-aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez, e ficamos aliviados".

Nunca nenhuma frase se encaixou tão bem em minha vida como agora.

Não aguento esse maldito suspense.

– O que está havendo entre nós dois? - Ele pergunta baixinho, como se estivesse confuso, afetado...

Eu estou apaixonada por você, mas você parece não sentir o mesmo.

– Não sei. - Respondo simplesmente.

O que eu deveria fazer? Me expôr?

– O que você quer que eu faça? – Ele pergunta com a voz rouca ainda mirando a janela em frente a pia. Sem olhar para mim.

Sinto meu corpo tremer.

Eu quero que você me beije.

– Não entendo. - Digo tentando encontrar um jeito de responder sua pergunta.

Eu preciso saber o que ele quer primeiro, para eu não falar demais, e acabar me machucando depois.

– Por que ficou chateada comigo hoje? – Ele começa a mexer em alguns copos dentro da pia. – No carro. Quando eu disse que não podia acontecer nada entre nós dois. - Ele dá de ombros. - Você pareceu chateada. – Ele arqueia uma sobrancelha.

E eu estou tão nervosa no momento.

O que ele quer que eu diga?

Eu devo ser sincera?

Eu posso tentar ser sincera sem revelar demais. Eu ainda posso me proteger.

– Eu não sei o que eu tenho. - Admito. - Eu não sei explicar. – Digo nervosa. Coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Meus olhos estão fixados em meus dedos. De repente eles são muito interessantes.

– Tem alguma coisa diferente em você. - Ele murmura. O cabelo caindo na testa. Os olhos fechados. Ele nunca esteve tão lindo. - Eu não consigo me afastar. – Sua voz é como música para os meus ouvidos. – E seja lá o que for isso, eu sei que você sente o mesmo. E isso só deixa as coisas mais difíceis para mim. – Sua voz está rápida. É como se ele dissesse tudo sem filtro, sem pensar. Ele está me dizendo o que sente. E é o mesmo que eu. – Você é tudo o que eu penso desde a primeira vez que te vi. Eu fico ansioso por te ver. E quando eu te vejo meu coração dispara de um jeito que eu não consigo controlar. – Ele abre seus olhos e pela primeira vez eles se dirigem à mim. Seus olhos vagueiam por meu rosto. Ele passa as mãos por entre os cabelos. – Não pense que eu não queria muito você essa tarde. – Seus olhos brilham. Minha boca seca. Eu estou guardando tudo o que ele está dizendo. Como se fosse um tesouro. – Eu queria muito. Eu apenas me toquei de que não seria o certo a se fazer.

Do jeito como ele fala é como se ainda não fosse o certo.

Mas como lutar contra isso?

Que armas devemos usar contra o amor?

– Por que não seria certo? – Pergunto. Eu mal reconheço minha voz. Eu mal me reconheço perto dele.

Eu quero tanto isso John.

Preciso tanto quanto ou até mais do que minha próxima respiração.

Ele para o que está fazendo. Suas mãos estão segurando com força a pia. Ele respira fundo. Eu respiro fundo. Ele olha para mim e eu derreto. Eu faria qualquer coisa nesse momento. Ele se aproxima de mim. Suas mãos estão em meu rosto. Fecho os meus olhos. Seu rosto encosta-se ao meu delicadamente.

– O que você faz comigo? – ele pergunta baixinho com sofreguidão. Como se tudo isso estivesse o machucando também. Meu coração se aperta.

Tomo coragem. Respiro fundo. Abro os olhos. Eu estou olhando bem dentro de sua imensidão verde. Eu estou com borboletas voando dentro do meu estômago. Tenho certeza de que estou tremendo. Porém seus braços me mantem no lugar. Ele me puxa pela cintura. Estou na ponta dos pés. Ele está perto. Bem perto. Sinto sua respiração em minha bochecha. Ele deposita um beijo delicado ali, e sinto minha pele se incendiar com apenas um toque dos seus lábios. Seus olhos se fecham. Os meus se fecham. Porque eu sou o seu reflexo. Eu sou tudo o que ele quiser. Seus lábios encostam-se aos meus delicadamente. Sua mão está segurando meu rosto. Ele está me puxando para mais perto. Quase como se quisesse se fundir a mim.

Eu também quero isso. Eu quero muito.

Ele está me beijando sem pressa como se quisesse guardar cada detalhe. Seus braços ao meu redor me puxando cada vez mais para cima. Nossas bocas estão grudadas. Eu estou grudada nele. Ele está grudado em mim. Para sempre. Um beijo ao mesmo tempo delicado e apaixonado.

O tempo para. Não ouço mais nada a não ser o som dos nossos lábios se colidindo. O som dos nossos corações batendo rápido.

É como se isso fosse um sonho.

Ele está mesmo me beijando. E eu só quero aproveitar o momento. Aproveitar a sensação de ter seus lábios contra os meus, a sensação de seus braços me abraçando com força.

Carpe diem Mel!

Quando nos falta o ar nos separamos. Respiro fundo. Ele respira fundo. Seus lábios roçam nos meus. Eu não resisto. E eu o beijo. Ele corresponde. Ele me encosta na pia e suas mãos vão da minha cintura até o meu pescoço, do meu pescoço escorregam por meus braços. Suas mãos deixando marcas permanentes em mim. Minhas mãos passeiam por suas costas. O abraço mais forte.

Eu nunca fui beijada assim.

Por favor, não me diga que isso foi errado. Essa foi a coisa mais certa que eu já fiz em toda minha vida.

– Eu tive que me segurar para não fazer isso nesta tarde. – Diz ele com os lábios ainda colados aos meus.

Rio.

– Não devia ter se segurando. – Digo baixinho. Beijo sua bochecha. Roço meus lábios em sua bochecha, em seu pescoço. Ele suspira baixinho.

– Temos que conversar sobre isso. – Ele diz enquanto acaricia meu rosto. - Antes de qualquer coisa precisamos conversar.

Abaixo a cabeça.

– Eu sei. – Murmuro.

Eu sei que temos. Eu sei que você vai embora.

– Eu não vou ficar muito tempo aqui Mel. – Isso abre um buraco em meu peito. – Eu não quero magoar você. Eu não quero começar algo que vai acabar mal. Eu apenas não consigo me afastar! Mas se você achar que é demais. Se você me pedir, eu me afasto. - Seu tom denuncia que não é isso que ele quer. - Eu quero ficar perto de você. Eu quero beijar você. Eu senti vontade desde a primeira vez que te vi. – Ele diz fechando os olhos com força. Minhas mãos vão automaticamente até seu rosto. - Mesmo você querendo me provocar.

– Eu também. – Digo. Eu o estou abraçando. – Mas nós podemos fazer isso. Pelo tempo que você ficar aqui. – É isso o que quero. E eu sinto que é o que ele quer também.

Ele passa os dedos pelo meu rosto.

– Não quero te magoar. – Vejo em seus olhos sua batalha interna.

– Não quero ficar longe de você. Não quero te ter tão perto e não poder ficar com você. Quando você for embora não vai ter outro jeito, mas enquanto você estiver aqui, eu ... – Minha voz está falhando. - ... não consigo. Não quero ficar longe.

Foi difícil hoje mais cedo quando ele disse que não poderia haver nada entre nós dois.

Ele suspira. Seus lábios estão nos meus de novo.

Não me canso disso.

– Então nós temos que aproveitar. – Ele está sorrindo. Seu sorriso me destrói e me ergue. – Eu nunca senti isso antes. Deve ser você. Você tem alguma coisa.

Acho que ele já tomou sua decisão. E isso me deixa muito feliz.

Sorrio para ele. Ele sorri para mim. Eu o beijo. Ele me beija. Eu o abraço. Ele me abraça.

Ficamos juntos pelo o que pareceu uma eternidade. Nossa eternidade. Mas nós dois sabíamos que não podíamos ficar ali por muito tempo. Alguém poderia nos ver.

Depois de mais alguns beijos apaixonados eu o acompanho até a porta.

– Te vejo amanhã? – ele pergunta. Os olhos me fitando com expectativa.

– Você quis dizer hoje! - Digo brincando.

Rio.

– Hoje. – ele diz rindo.

– Hoje. – Digo toda boba.

Me beija de novo e se vai. Acho que eu nunca estive tão feliz em toda minha vida. Ele gosta de mim. Ele gosta de mim. Isso é bom demais. Nós vamos aproveitar o tempo que temos. Eu não quero perder nenhum minuto, nenhum segundo. Eu quero tudo o que ele puder me dar, e eu vou dar tudo o que eu puder também.

Subo para o meu quarto, tomo um banho rápido e logo estou deitada na cama. Estou rindo feito uma boba. Estou abraçando meu travesseiro.

Sonho com um anjo. Ele parece uma miragem. Ele tem cabelos compridos...

[...]

Dormi feito um anjo. Tenho que em apressar se quiser estar lá embaixo antes dele sair. Depois do banho escolho um vestido alegre. Ele é azul. Escolho uma das minhas botinhas preferidas. Meu cabelo está solto. Desço as escadas. Ana não está na cozinha, mas Julia sim.

– Bom dia. – Digo contente, quase cantando.

– Bom dia Mel. - Ela me encara. – Que sorriso é esse? - Pergunta curiosa sem deixar escapar nada.

Estou sorrindo? Nem percebi.

– Nada. – Digo indiferente.

Tudo!

Eu não podia estar mais feliz.

Julia me puxa pelo braço. Olha por cima da minha cabeça como que para ter certeza de que não tem ninguém por perto.

– Como foi? – Ele não se aguenta de tanta curiosidade. – Anda Mel. Fala!!

Estou rindo.

– Ele me beijou. – Digo. Sinto minhas bochechas arderem.

Julia dá pulinhos. Eu dou pulinhos.

– Não acredito. Aquele gato! – Ela está com uma cara maliciosa. – Sua espertinha.

– Ele foi tão cavalheiro. Ele foi gentil. – Ele foi perfeito.

Fecho os olhos me lembrando de cada beijo, de cada palavra que ouvi de seus lábios, aqueles lábios que eu beijei.

– Ele não tentou nada? – Ela pergunta com uma cara maliciosa.

– Como assim? – Pergunto confusa.

– Mel! – Ela joga as mãos para o alto. – Ele não tentou te deitar na mesa ou coisa parecida? – Ela está rindo.

Dou um tapa nela.

– Claro que não. Eu já disse. Ele foi gentil. Mas já chega de falar disso. Onde está sua tia? – Mudo de assunto.

– Isso não é justo. Quero detalhes. – Ela está rindo. – Mas tudo bem. Minha tia está acabada de tanta dor de cabeça.

– Ressaca! – Digo.

– Isso mesmo!

Nós duas rimos.

– Isso significa que somos só nós duas hoje. Então mãos a obra.

– Não pense que vai escapar da minha inquisição. Nós duas vamos conversar depois. - Diz Julia apontando a espatula para mim.

[...]

Alguns dos clientes de sempre da parte da manhã já começaram a chegar. Julia fica na cozinha enquanto eu atendo os pedidos. John e Mark acabaram de chegar. Ele está sorrindo para mim. Eu sorrio para ele. Ele se senta. Mark está olhando para nós dois como se não estivesse entendo nada. Gosto do fato dele manter em segredo. Isso só me faz gostar mais dele.

Vou até sua mesa.

– Bom dia rapazes. – Digo me sentindo radiante.

– Bom dia Mel. Você está muito bonita hoje. – Diz Mark com um sorriso sapeca nos lábios.

– Obrigada. – Digo tímida. Estranhando suas palavras.

John está olhando para ele com as sobrancelhas franzidas.

– Bom dia Mel. Espero que tenha dormido bem. – Ele diz enquanto seus olhos me avaliam da cabeça aos pés.

– Dormi muito bem. – Digo dando de ombros e olhando para ele de esguelha. Ele está tão lindo hoje. Ele está lindo todos os dias. Ele está com uma camisa branca, uma calça jeans preta, os cabelos molhados.

– Eu também. – Ele está sorrindo. Seus olhos estão sorrindo para mim. Sinto-me corar.

"Você está linda". Ela faz com os lábios para apenas eu perceber. Sinto um arrepio em meu pescoço. É como se ele despertasse mil sensações.

Ficamos nos olhando como se estivéssemos sozinhos.

– Já sei o que vou pedir. – Diz Mark completamente alheio ao que acontece a seu redor.

Depois de fazer o pedido John diz que quer o mesmo.

– Um minutinho só. - Digo os deixando.

Não sabia que gostar de alguém nos faz ficar de bom humor às oito horas da manhã.

Depois de entregar os pedidos Julia pede para trocar de lugar.

– Eu não aguento o cheiro dos bolinhos! – ela diz fazendo cara feia.

– Eu fico lá dentro.

Estou arrumando os pães em seus devidos lugares. Consegui organizar tudo. Acho que estou me saindo bem.

Sinto mãos envolverem minha cintura por trás e me puxarem para perto.

Sorrio.

– Eu só queria te beijar antes de sair. – Diz John no meu ouvido. Seus lábios beijam o lóbulo da minha orelha. Sinto sua barba por fazer me arranhar.

– Então. O que está esperando? – pergunto.

Viro-me para ele, e ele me beija. Desfaço-me em seus braços. Sua boca na minha é uma das melhores sensações que já senti em toda minha vida. Sua língua acaricia a minha devagar. A minha vai até ele timidamente. De repente a temperatura sobe. A cozinha está pegando fogo, ou será que sou eu?

– Preciso ir. Mark está me esperando. – Ele está beijando meu pescoço. – Te vejo mais tarde. - Diz como uma promessa.

E eu nunca desejei que o tempo passasse rápido. Até ouvir essa frase.

Mais tarde...

Isso é bom demais!

Suspiro.

– Tudo bem. – Digo sem fôlego.

John sorri.

Me dá um ultimo beijo e vai embora.

Acho que estou grudada naquela pia.

Antes de passar pela porta pisca para mim. Não consigo evitar o sorriso. Me sinto nas nuvens.

Estou tão apaixonada por você John!


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Notas finais do capítulo

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