Liberté escrita por Mesprit


Capítulo 3
Troca


Notas iniciais do capítulo

Boa noite lindezas!
Estou me superando com essa fic, nunca tinha feito um capítulo desse tamanho
Capítulo um pouco mais emocionante, com uma ação leve no final. Não sei se ficou lá grande coisa porque é a primeira vez que escrevo esse tipo de coisa, mas enfim.
Boa Leitura!



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Um aglomerado de pessoas se reunia em frente à prisão da cidade. Vários policiais que, em grande parte, tentavam impedir os jornalistas e o povo de se aproximar, formavam uma espécie de barragem que deixava um pouco difícil de enxergar o que estava por trás deles. No lado de dentro da prisão, em uma pequena sala, pessoas importantes discutiam sobre o acontecimento.

— Então, o que eles querem? — Nathaniel, loiro de pele clara, prefeito da cidade, começou a discussão — Deve ser algo muito grande para sequestrarem alguém tão importante, ou então querem garantir que o que eles desejam seja realizado.

— Não é tanta coisa, mas não é algo que eu gostaria de fazer — Responde Castiel — Eles querem a liberação dos 15 membros do grupinho deles, que foram presos mês passado. Não queria soltá-los tão cedo, nem tive tempo de me divertir com aqueles rostos chorando e pedindo misericórdia enquanto eu os corto e...

— Por favor, não fale dessas coisas perto do prefeito, não é do interesse dele — Melody, secretária do loiro interrompeu o ruivo, que não gostou do ato, mas pode ver que quem na verdade não gostava de ouvir aquelas coisas era a própria garota, e isso fez ele criar um sorriso debochado no rosto.

— Bem, acho que podemos liberar os presos. Não seria nada bom deixar o embaixador morrer e começar uma guerra com os Estados Unidos, e além disso, só precisamos prendê-los de novo depois. — Concluiu Nathaniel, se virando para um policial na entrada e pedindo que ele fosse arrumar os preparativos para a liberação dos prisioneiros — No entanto Castiel, não quero que seu amigo publique nada super revelador ou do gênero naquele jornal, está entendido?

— Pode deixar, ele não vai — Respondeu, irritado por duvidarem da confiança do seu amigo, Lysandre.

— Senhor Nathaniel, deveríamos ir nos direcionando para a saída, onde irá ocorrer a troca. — Anunciou Melody.

Com um aceno de cabeça e um sorriso que fez a secretária derreter por dentro, os três saíram da salinha e começaram a andar em direção a entrada da prisão. Chegaram até a porta e um dos guardas, após fazer uma reverência, abriu a porta para eles. Ao pisar no lado de fora, já puderam sentir toda a tensão que estava no local. Castiel ignorou o prefeito e sua secretária e foi indo em direção aos seus colegas de trabalho.

Kentin olhava toda a situação com muito nervosismo transparecendo em seus olhos verdes. O que estava acontecendo fazia parte de sua lista particular de coisas que queria evitar vivenciar, não esperava que esse grupo fosse chegar tão longe, e agora ele estaria envolvido em toda essa desgraça. E se Alexy, Viollete e Peggy aparecessem? Caso acontecesse uma rebelião, ele teria que enfrentá-los, provavelmente teria que matar os amigos deles e alguns de seus companheiros também cairiam.

Talvez ele mesmo morresse.

Talvez Alexy morresse.

Ao pensar nisso, se sentiu obrigado a balançar a cabeça fortemente, na tentativa de se livrar desses pensamentos esquisitos. Por que ele estava preocupado que o jornalista morresse? Ele fez tudo que pode para adverte-lo de parar com essa baboseira. Se ele morresse, a culpa seria dele por não ter lhe dado ouvidos. Mas por algum motivo, começou a ficar aflito. Era engraçado que também sentiria pena de ver as duas amigas do garoto mortas, mas só de pensar no rapaz no chão, cheio de buracos no corpo, com o sangue escorrendo para todos os lados, fazia o Capitão ter vontade de chorar.

Precisava respirar e manter a calma, daqui a pouco ele acabaria por começar a enxergar o rosto de Alexy em todos os lugares e assim nem seria capaz de identificar quem era aliado ou inimigo, embora tivesse suas dúvidas se realmente aconteceria algum conflito armado, no meio de tantos civis. Pelo menos nisso os dois grupos deviam concordar, a segurança das pessoas que não tem nada a ver com o acontecimento era fundamental. Então era bem provável que eles não iniciariam nenhum tiroteio.

— Ai que saco, eu poderia estar lá em casa jogando canastra, mas tenho que ficar aqui, nessa baboseira de negociação de pessoas, isso aqui virou o que? Um mercado negro? — Ouviu uma voz se aproximando e se virou para ver quem era e se assustou ao olhar o rosto da pessoa, dando uns passos para trás — E por que fazer uma coisa dessas tão tarde? Não podiam deixar para fazer isto amanhã de manhã, pelas 10 ou 11? Ei, você está bem?

Os olhos de Kentin estavam arregalados, sua preocupação besta tinha se tornado verdade, talvez isso fosse maldição, hipnose ou algo do tipo. Mas o homem que estava em sua frente tinha o rosto idêntico ao do jornalista que ultimamente vinha ocupando sua mente sem entender o motivo. Tentou voltar à sua postura anterior, e olhou o outro da cabeça aos pés, para tentar encontrar qualquer diferença. Mas não havia, eram iguais.

— Me desculpe, mas... Nós já nos conhecemos? — Perguntou hesitante

— Não, só que eu estava de saco cheio e vi você sozinho aqui, pensei em conversar um pouco para me distrair — Respondeu o homem de cabelos negros um pouco compridos e de olhos azuis — Capitão Armin, prazer — Falou estendendo a mão.

— Muito prazer, Capitão Kentin — Respondeu estendendo a mão também e fazendo um cumprimento firme — Isso pode parecer estranho mas, você tem um irmão ou algo do tipo? Acho que já vi alguém com o rosto igual ao seu.

Armin fechou a cara e pareceu ir para uma posição mais defensiva. Pensativo, mordiscou de leve a parte inferior de seus lábios. Aquilo era perigoso, alguém que conhecesse seu irmão e ele poderia lhe causar sérios problemas. Seria possível ele ser incriminado como espião do grupo comunista, infiltrado no exército para conseguir informações. Uma acusação destas poderia acarretar em apenas um futuro para ele: morte.

— N-não sei do que está falando — Disse nervoso — Tem certeza que só não está confundindo eu com outra pessoa? Este tipo de coisa costuma acontecer.

Em seguida Armin deu uma risada forçada e meio desesperada, Kentin achou tudo aquilo muito estranho, mas resolveu deixar quieto pelo menos por agora. Deveria se concentrar no que estava para acontecer bem à sua frente. Olhou para a rua e viu um carro preto chegando, diminuindo a velocidade e estacionando aos poucos. As portas do carro se abriram e vários homens armados saíram de dentro do carro, por último foi puxado um homem mais velho, amarrado nos pulsos e com um pano na boca, provavelmente era esse o tal embaixador norte-americano. Um dos homens o segurou por trás e apontou a arma para a sua cabeça e junto dos outros foram andando até perto da entrada da prisão, onde seria feita a troca.

O Capitão analisou o rosto de cada um, o homem que segurava Charles Burke Elbrick tinha cabelos castanhos e olhos verdes, também tinha um homem negro e um loiro de olhos azuis. Então passou os olhos para o último rosto e se espantou ao ver que era ninguém menos que Alexy. O jornalista estava ali, em um local tão perigoso, o militar tinha vontade de sair correndo, pegar o rapaz pelo pulso e o tirar dali o mais rápido possível, mas sabia que não tinha como fazer uma coisas dessas. Alexy começou a olhar os arredores até que seu olhar se chocou com o de Kentin, fazendo ambos ficaram com os olhos arregalados e os rostos levemente rosados. Então o Capitão se lembrou do outro que tinha o rosto igual ao de Alexy e se virou rapidamente para o procurar, mas não havia ninguém ao seu lado. Será que estava ficando maluco mesmo?

Os quatro homens, juntamente do embaixador se posicionaram de frente com Nathaniel, Melody e Castiel, mas mantiveram uma distância de aproximadamente 2 metros. Era possível ver que Charles estava louco para ser solto, mas parecia que ninguém dava a mínima importância, especialmente os fotógrafos que não paravam de tirar fotos, o que não adiantava em nada, já que no máximo uma ou duas seriam publicadas. Alexy parecia estar um pouco nervoso, mas tentou manter a calma e começou a falar.

— Então, vamos acabar logo com isso. Aqui está Charles Burke Elbrick — Apontou para o embaixador — Onde estão os prisioneiros, membros do nosso grupo?

— Já estão vindo — Afirmou Castiel, com uma grande carranca no rosto, logo em seguida as portas da prisão se abriram e guardas trouxeram todos os 15 prisioneiros — Viu?

— Ótimo, vamos ser práticos então, nós soltaremos ele ao mesmo tempo que vocês soltarão nossos companheiros.

— Muito bem, no três, entendido? — Após receber uma confirmação de Alexy, o Coronel se virou para seus subordinados e fez um aceno com a cabeça — Um, dois, três!

No segundo em que foi anunciado, o homem de olhos verdes soltou Charles e os guardas removeram as armas da frente dos prisioneiros, permitindo que eles corressem até onde estavam seus outros companheiros. O grupo comunista rapidamente começou a se organizar para ir embora, indo até a saída onde outros carros já esperavam por eles. Alexy antes aproveitou para olhar uma última vez para Kentin, que não conseguiu segurar um aperto no seu coração ao ver aquela cena. Todos entraram nos carros e rapidamente já estavam fora da vista de todos.

Enquanto Melody desfazia o nó que estava nos pulsos de Charles, Nathaniel falava palavras de conforto para o embaixador, mas Kentin não entendia nada já que não sabia inglês. O Capitão ficou apenas observando a cena até que alguns homens vieram a levaram Charles embora, então o prefeito se direcionou para Castiel, e falou algo que fez a mente, corpo e coração do homem de cabelos castanhos tremer.

— Amanhã já comecem a caça desses imprestáveis novamente. Quero todos os 15 e mais estes 4 na cadeia o mais rápido possível.

— Sim, senhor — Consentiu Castiel, mesmo parecendo não gostar daquele tom de superioridade que emanava do loiro.

Kentin não sabia o que fazer ao ouvir aquelas palavras. Depois de soltos aqueles pobres homens já seriam caçados de novo? E não tinha nada que ele podia fazer, se reclamasse com Castiel, tudo acabaria caindo pra cima dele, ele mesmo poderia ser preso! Um calafrio percorreu toda sua espinha ao imaginar Alexy sendo torturado. Ele devia contar para o garoto o que estava prestes a acontecer? Mas se fizesse isto, traria muitos problemas pra ele. Não tinha como fazer nada, iria deixar fazerem como bem quisessem, mas a única coisa que faria seria rezar para que nada acontecesse com o jornalista.

No outro dia, dentro de um mercado, um homem e uma mulher de cabelos castanhos, usando roupas discretas e óculos escuros, estavam fazendo compras para seu esconderijo. Violette pegou uma lata de ervilhas e sorriu ao se lembrar do colega jornalista.

— Você gosta mesmo do Alexy, Violette, chega a ser fofo — Brincou o companheiro.

— Para com isso Jade, assim você me deixa mais sem graça que o habitual — A garota ficou completamente vermelha.

Jade apenas riu e continuou a pegar os alimentos que levariam para o esconderijo. Após um tempo pegaram tudo o que precisavam e se direcionaram ao caixa. Após pagarem saíram do estabelecimento carregando uma dezena de sacolas, como Jade era mais forte, ele tinha ficado com seis e Viollete apenas com quatro. Foram andando com calma e cuidando todos os arredores, cautelosos para não serem vistos, porém todo o esforço foi inútil, pois ao virarem a esquina, se depararam com um grupo de policiais que olhavam para todos os lados, e não era um grupo normal, uma vez que no meio de todos se encontrava o Coronel Castiel.

Os dois apenas se olharam e acenaram com a cabeça, não precisavam usar palavras para saberem o que deveriam fazer. Viraram para o lado oposto ao que estavam indo, dariam uma grande volta, mas era mais seguro do que passar em frente aos policiais. Foram dando os passos mais rápidos que a discrição permitia, não se atreveram a olhar para trás uma única vez. Estavam tendo sucesso no plano, tinham se distanciado o suficiente dos inimigos, já podiam dar a volta no quarteirão e voltar para onde estava o carro. Só que ao dobrarem a esquina uma espingarda os parou.

— Com licença senhor, se importaria de tirar estes óculos escuros por um instante, gostaria de verificar uma coisa. — Disse o soldado em um tom amedrontador, pelo menos aos olhos de Violette, que engoliu em seco.

— Eu adoraria mas, como pode ver, estou com as mão ocupadas — Falou Jade, olhando para as sacolas enquanto suava frio — Poderia tirar os óculos para mim?

O policial concordou e com a mão livre removeu os óculos escuros do rosto de Jade. Ao fazer isto, um ar de espanto percorreu seu rosto, ele reconhecia este rosto da noite passada, era o homem que segurava o embaixador norte-americano. Enquanto tentava balbuciar alguma palavra, Jade soltou as sacolas no chão e rapidamente direcionou um soco bem forte no rosto do policial e, segurando seu braço, o levantou e jogou no chão de concreto com toda a sua força. O que ele não esperava era que, querendo ou não, o dedo do policial apertou o gatilho da espingarda e disparou, fazendo um barulho que pode ser ouvido até em alguns quarteirões de distância, já que era um local vazio. Jade olhou e viu que o grupo de Castiel tinha começado a se movimentar na direção deles.

— Sujou, corre Violette — Nem terminou sua fala e a garota já estava correndo o mais rápido que conseguia.

Corriam o mais rápido que podiam, mas não impedia dos policias chegarem mais perto, Jade olhou para trás e viu Castiel fazendo um sinal com o braço. Ao fazer este sinal, vários homens prepararam suas armas, em outro sinal, todos começaram a disparar na direção dos dois. As balas vinham rapidamente, mas por sorte ainda não tinham acertado eles. Jade olhou para Violette, ela estava ofegante, e completamente segura. Ele estranhou e se espantou quando percebeu que não estavam mirando nela, e sim, apenas nele. Mas foi quando se tocou desse detalhe que ele sentiu uma imensa dor perfurando sua perna, se desequilibrando e caindo no chão, pôde ver um buraco em sua perna direita, da onde saía muito sangue.

— J-Jade! — A garota se virou para o rapaz desesperada, mas quando foi tentar se abaixar para ajuda-lo, a mão dele a fez se afastar.

— Não! Apenas vá, rápido!

— M-mas...

— RÁPIDO!

A garota acabou tendo que escutar o rapaz e com todas as suas forças voltou a correr, sendo possível ver lágrimas escorrendo pelos seus olhos e se dispersando no vento. Encontrou um prédio de três andares que estava com a porta aberta, ignorou completamente do que se tratava o prédio e apenas entrou, aproveitando que tinha despistado eles por um pouco. A senhora na recepção a chamou, mas ao olhar pra trás viu que tinha que subir as escadas no final do corredor, e assim o fez. Ao se virar e ver que dois policias estavam tentando subir as escadas, Violette jogou com toda a força as quatro sacolas que segurava na direção dos homens, que caíram ao se desequilibrarem.

Subiu rapidamente até o último andar do prédio e enquanto andava pelo corredor foi tentando abrir uma das muitas portas que tinham no local. A garota começou a entrar em desespero ao perceber que nenhuma das portas tinha aberto, e ela estava no último andar, com policiais subindo as escadas. Ela estava sem saída.

Viu dois homens subindo os últimos degraus e rapidamente sacou um revólver que tinha escondido dentro de seu sutiã. Deu dois disparos que acertaram em cheio o peito dos homens que caíram no chão. Logo em seguida chegaram mais dois homens e a garota disparou de novo, acertando um no peito e o outro que desviou do quarto tiro, levou um tiro na cabeça no quinto disparo. Até este momento ela estava segura, mas então, subindo pelas escadas, surge Coronel Castiel. Violette dispara com muito medo, porém o tiro não chega nem perto de atingir o homem, que sorri vitorioso. A garota continua apertando o gatilho da arma desesperada, mas não importa o quanto ela o fazia, nenhuma bala saía dali. Com medo, ela foi recuando, e recuando, e recuando, até atingir a parede e cair no chão, tentando com a ajuda das mãos ir mais longe, só que não era possível, e tudo que ela enxergava começou a ficar borrado com as lágrimas que saiam de seus olhos.

— Foi muito lindo ver você tentando inutilmente fugir de mim — Falou Castiel chegando na frente de Violette e pegando no seu queixo, sem tirar o sorriso do rosto — Mas agora você vem comigo.


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Notas finais do capítulo

Já digo que eu amo o Jade (aquele gostoso) e a Violette, mas tinha que acontecer ç_ç
Senhor, to com medo de passar das 8 mil palavras agora sahusauhsuhahusauhsahusa
Espero que deixem um comentário, vai ser muito incentivador 'u'.
Até o/



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