Liberté escrita por Mesprit


Capítulo 2
Tentar Novamente


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gatas! ~~~~
Mais um capítulo divo pra vocês
Acho que é a primeira vez que escrevo 2 mil palavras, acho que me empolguei XD
Boa Leitura!



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— Alexy você está louco?

O jornalista se encontrava em uma pequena sala, porém repleta de móveis, na parede verde tinham muitos quadros com fotos de família, no chão havia um tapete verde com o símbolo do exército, em um armário era possível ver vários jogos de tabuleiro pela porta meio aberta. Em frente à janela estava uma escrivaninha, duas cadeiras para visitas e uma para o chefe do local. Este, por sua vez era Armin, outro Capitão do exército da cidade e também irmão gêmeo de Alexy. Enquanto pensava e falava, movia as peças sobre o tabuleiro de xadrez, que estava em cima da mesa, mas estava jogando sozinho, já que seu irmão não gostava desse tipo de coisa.

— Eu só entrei nessa merda de exército porque prometi aos nossos pais que iria proteger você — Disse se lembrando de seu pai e sua mãe, que já estavam mortos, o sentimento de tristeza tentou abalá-lo, mas balançou a cabeça e tentou recuperar a postura — E você com toda essa sua empolgação em fazer bosta dá um tapa na cara de outro Capitão? Se descobrirem que eu sou seu irmão a gente vai se foder gostoso.

— Não precisa usar esse linguajar — Alexy falou com uma voz triste, pedindo perdão com os olhos — E se isso acontecer é só a gente fugir pra outro país, afinal você que cuida das relações com as fronteiras aqui na cidade.

— Se tudo fosse fácil como você diz eu não estaria delirando aqui! Já é foda manter a gente você quer deixar essa tarefa ainda mais complicada. Você tem que parar com essas ideias malucas de liberdade e querer publicar coisas que já sabe que vão ser negadas pelo seu chefe, daqui a pouco você perde o emprego e aí? Você não sabe fazer mais nada, e não teremos dinheiro para nos alimentar direito, muito menos para comprar essas roupas caras que você adora.

Alexy engoliu em seco, comer menos não era problema, afinal não queria engordar. Mas ficar sem poder comprar roupas? Isso era demais para ele. Agora estava em conflito. Continuar lutando por liberdade ou roupas bonitas? Indecisão dominava a cabeça do rapaz até ele perceber algo bem peculiar: se ele lutasse por liberdade e ganhasse essa disputa, o mercado de roupas seria bem mais amplo, existiriam roupas que fariam muito mais o gosto dele, cheias de cores e brilho... Ele sempre quisera que seu cabelo fosse azul, mas nem sabia se era possível fazer uma coisa dessas. Mas valia mais a pena arriscar do que passar a vida inteira com esse cabelo preto e ternos que mal possuem uma cor, não é?

Se levantou bruscamente da cadeira em que estava sentado e andou com elegância até a porta, virando para observar o irmão, que o olhava já sabendo o que passava na cabeça do jornalista e mexia as peças de xadrez calmamente. Voltou até a escrivaninha e com força passou a mão pela madeira, fazendo o tabuleiro e todas as peças irem se arrastando pela mesa até se encontrarem com o chão duro e frio. Satisfeito forçou a garganta e fez pose com um tom de arrogância, fechando os olhos.

— Foi mal irmãozinho, você quase me convenceu, mas a liberdade vai me permitir muito mais coisas, então terei que recusar a sua proposta. Agora irei às ruas lutar pelos meus direitos como cidadão. — Falou e começou a andar novamente até a porta, a abrindo e antés de sair disse uma última coisa — Viva o cabelo azul!

— Mas o que? Ele realmente enlouqueceu. — Lamentava Armin passando a mão no seu rosto e suspirando, como se estivesse sofrendo.

Em outro ponto da cidade, voltando a sede do jornal, Kentin tentava falar com as outras duas suspeitas de participar do grupo comunista, Lysandre havia dito para ele voltar outra hora que ele faria com que as duas garotas estivessem no local, permitindo que eles pudessem conversar em alguma sala apenas os três. O Capitão chegou até a recepção e pediu pelo nome das duas garotas, e a recepcionista de cabelos ruivos avisou que elas já se encontravam em uma sala esperando por ele e lhe direcionou até o lugar. Ao chegar em frente à porta a mulher voltou para seu posto de trabalho e o homem ficou sozinho ali, tomou fôlego e abriu a porta.

Ao entrar viu que a sala era completamente branca, com uma mesa grande e cadeiras também brancas. As duas pessoas que estavam ali certamente batiam com as informações dadas: Uma garota de cabelos castanhos, lisos e curtos, ela parecia muito tímida e estava encolhida. A outra tinha cabelo curto e preto, mas o olhar dela dizia que ela claramente não queria estar perdendo tempo naquele lugar. Kentin percebeu que não seria fácil, assim como foi com o rapaz. Ao se lembrar do rapaz, passou por sua mente todos os ocorridos do outro dia, aquele tapa foi muito forte, mas pôde perceber como a mão dele era macia. Sem perceber, estava pensando no garoto e esqueceu completamente o que estava fazendo ali.

— Você fez nós virmos aqui para ficar calado e com a cabeça pra baixo, pensando na vida? Nós temos mais coisas para fazer — Uma voz feminina o fez despertar do seu transe, a garota revirou os olhos e se apresentou — Vamos acabar com isso logo, eu sou a Peggy e ela a Violette.

— Prazer, eu sou o Capitão Kentin e... — Foi iniciar o mesmo diálogo do dia anterior mas foi interrompido novamente por Peggy.

— Nós já sabemos, você suspeita que nós participamos de um grupo comunista radical, e resolveu bancar o herói em um país completamente burro, tentando convencer os revolucionário a desistirem, porque acha que vai estar fazendo alguma atitude boa nos deixando aprisionados nesse mundo cheio de ódio e repressão. Alexy nos contou tudo — Falou num tom ríspido, como se tivesse desgosto por pensar que uma pessoa fosse capaz de pensar daquele jeito.

Kentin se espantou com a velocidade e o tom que Peggy demonstrou ao dizer todas aquelas palavras. Era tão ruim assim desejar que as pessoas ficassem vivas, mesmo que isso as privasse de fazer o que quisessem fazer? Era tão errado achar que matar as pessoas que te atrapalham é uma solução pior do que resolver tudo com um bom diálogo? O mundo estava de pernas pro ar, ou ele que não estava raciocinando corretamente?

— Se você fala desse jeito, posso afirmar que vocês estão participando desses grupos, não é mesmo? — Perguntou ainda receoso com seus pensamentos, as duas garotas se ajeitaram melhor nas cadeiras e a mulher de cabelos negros se preparou para falar de novo.

— Não faço nem ideia do que você está falando — Disse seca e rápida. Kentin suspirou, ela estava falando a verdade ou mentia muito bem?

— Nós... estamos participando sim — Uma voz que ainda não tinha se pronunciado naquela sala surgiu, o militar direcionou seus olhos em direção à voz e se deparou com Violette.

— Violette, como você nos entrega tão fácil assim? Não acredito nisso. — Peggy gritou indignada.

— Me desculpe, eu não gosto de mentir — Fechou os olhos e abaixou a cabeça, mostrando que sentia muito — Nós participamos desses grupos sim, mas não temos intenção de parar.

O homem pensou em perguntar imediatamente o motivo delas não quererem parar com toda aquela loucura. Mas lembrou do tapa que recebeu antes e não estava afim de receber outro, e certamente que se ele abrisse a boca rápido assim acabaria por ser grosso. Por isso tentou se controlar primeiro, mas foi tempo o suficiente para as duas mulheres entenderem o que ele queria saber, e então Peggy limpou a garganta e passou a explicar seus motivos para o moreno.

— Olha, o meu motivo é simples: notícias. Estou cansada de encontrar materiais excelentes e não poder compartilhar com o público. O povo tem o direito de saber sobre toda a verdade. Além disso, depois que nós conseguirmos o que quisermos. Toda esta luta irá render em uma ótima matéria, mal posso esperar para escrevê-la. — Falou a garota com os olhos brilhando, imaginando-se recebendo prêmios, notas nos outros jornais e fama, tudo o que heróis do povo merecem.

— Eu... só quero me sentir livre, assim como Alexy. Ele me deixa muito mais feliz, e me motivou a querer essa liberdade também, poder falar o que sinto seria tão bom, eu iria ter a capacidade de falar o que eu sinto para ele... e quem sabe... — Kentin não entendeu nada do que a garota estava falando, parecia muito sem sentido, como se ela estivesse apaixonada pelo outro, e quando pensou nisso, algo dentro de si não gostou da hipótese. Afastou esses pensamentos para longe e prosseguiu.

— Os motivos de vocês são mais ridículos que os daquele garoto. Vocês não estão entendendo? Vocês podem morrer! Está tudo bem assim arriscar a única vida que vocês têm para uma besteira dessas?

Peggy não mudou sua expressão, não parecia ter sido convencida, mas ao olhar para Violette pôde ver que ela tinha mudado a expressão no seu rosto, talvez suas palavras tivessem surtido algum efeito sobre ela. Ao pensar em sorrir por uma vitória sentiu uma forte onda de força bater em sua cara, forte o suficiente para virar o seu rosto. Ao se recuperar do choque e botar a mão no local viu que tinha recebido outro tapa na cara, e desta vez vindo da garota tímida que parecia estar arrependida do que fez, com um olhar de indignação, Kentin pedia por uma explicação enquanto tentava ignorar as risadas vindas da outra mulher.

— Você está errado! Nós temos plena consciência de tudo que pode acontecer conosco, mas não é por nós que lutamos, e sim para as pessoas que virão depois de nós. A minha vida já está estragada, eu sou tímida, não tenho coragem nem de falar coisas banais, imagina algo mais sério? Até hoje não sei de onde tiro forças para ir fazer estas ações comunistas, a única coisa que eu sei é que quando estou com eles, posso agir como eu mesma. Me sinto livre e com capacidade de fazer tudo que eu quiser. Eu nunca irei deixar de lutar pela liberdade que eu, e que Alexy queremos, para que possamos ser nós mesmo no futuro. Agora se você já disse tudo que queria, por favor, saia daqui.

Tanto Peggy quanto Kentin estavam boquiabertos, uma garota tão tímida falar tanto era realmente surpreendente. Mas o militar perceberá que tinha fracassado de novo. Suspirou pesadamente e se levantou, olhou para as garotas mais uma vez e se retirou da sala. Não tinha mais nada que pudesse fazer, agora tudo dependia da sorte dessas pessoas contra as armas do exército.

Se sentindo um derrotado, o moreno de olhos verdes voltou para a base do exército na cidade, saiu do seu carro à passos lentos, quase se arrastando, sem nenhuma motivação para continuar aquele dia de trabalho. Queria ir para casa, abrir a geladeira e retirar todos os doces que tinha nela e comer enquanto assistia sua novela preferida. Chegou na entrada do local e cumprimentou com a cabeça o soldado que estava na recepção, o outro o respondeu em sinal de sentido, pois Kentin era de uma classe superior. Ia passar reto, mas o mais novo o chamou.

— Capitão Kentin. O Coronel Castiel deseja falar com o senhor em sua sala. Ele me ordenou que eu o avisasse assim que o senhor chegasse, senhor. — Respondeu nervosamente, o que era normal, já que todos ficavam com medo de Castiel, inclusive o próprio Kentin.

— Ok, muito obrigado pelo aviso, estou indo até a sala dele agora mesmo. — Respondeu com um sorriso gentil e tentou recuperar a postura para ir até a sala de seu superior.

Chegou na frente do escritório do Coronel e com receio, deu três batidas na porta, ficou esperando silenciosamente até receber a ordem para entrar. Assim que recebeu o mandato entrou na sala, e se viu dentro de uma sala enorme, cheia de armas penduradas nas paredes, e móveis totalmente negros, com alguns detalhes em vermelho. Na mesa central estava sentado um homem com cabelos negros e um pouco compridos, ele estava com uma expressão muito séria. Kentin engoliu em seco, sabia o que estava por vir.

— Parece que esse seu papo de marica não funcionou, de novo — Falou com um sorriso vitorioso no rosto — Agora podemos finalmente meter uma bala na cara daqueles merdinhas.

— Coronel, senhor. Ainda acho que deve haver uma outra alternativa, mais pacífica e... — Tentou se defender, mas fora cortado friamente.

— Faça-me o favor, Kentin. O único motivo pelo qual eu permito que você faça essa besteira é porque se eles forem trouxas de acreditar nesse papo besta, me poupa tempo de caçá-los e munição para fazer a execução. Só que até hoje você só conseguiu convencer umas quatro pessoas, e você já faz isto há quase três anos. Quando vai aceitar que essas pessoas estão loucas para morrer?

Kentin não queria acreditar nisto. Se sentia tão idiota, todos os seus esforços para salvar as pessoas nunca funcionavam. Ele era mesmo patético. Pensava agora em todas as pessoas que foi obrigado a prender na frente do seu superior, uma vez que sempre deixava as pessoas com quem conversava soltas, já que acreditava que alguma hora elas iriam pensar melhor e ver que seria bom pararem de arriscar suas vidas. Talvez ele devesse passar a agir que nem seu Coronel, frio e sem nenhum medo de matar pessoas que estavam arriscando suas vidas, quase simplesmente entregando suas vidas nas mãos de Castiel, já que ninguém nunca escapou dele. Quando foi abrir a boca para falar, a porta da sala abriu rapidamente, fazendo um eco que pode ser ouvido por todo o corredor, a pessoa que entrou era o mesmo soldado que estava na recepção, ele estava ofegante e suando frio.

— Coronel Castiel, senhor! Acabamos de receber uma ligação anônima onde um homem diz que seu grupo sequestrou o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não deixem de comentar!
Leitores fantasmas, eu não mordo >.>
Até o próximo, que certamente sai essa semana, porque né



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