Demas tinha um histórico confuso com relacionamentos. Seu primeiro namoro durara três anos. O primeiro ano foi bom, nos outros dois, ele colecionava motivos para que aquilo acabasse mal. Depois teve mais um caso de alguns meses, um relacionamento de pouco mais de um ano e outro caso que durou pouco mais de um mês. Demas sabia o que era se perder em paixão.

Se esquecia quando se apaixonou pela primeira vez, mas sabia que ainda era uma criança. Lembrava de ter jogado areia nos olhos de alguém, devia ser ela sua paixão de criança, pois também lembra de ter puxado seu cabelo durante várias semanas.

Ele acreditava no acaso, nas coincidências, nos muitos amores, nos golpes de sorte. Não haveria acertos sem tentativas, sabia disso. Culpava-se por não ser mais insistente.

Gostava de música, dos seus estudos como astrônomo, de bebida gelada no verão, de conhecer pessoas. Era muito amado. No seu último aniversário, em que fizera vinte e oito anos, recebera uma festa dos amigos.

Estava sozinho havia bastante tempo, vivia de poucos casos. Não acreditava em se prender a alguém, não queria prender ninguém, mas torcia para que alguém acontecesse em sua vida. Pensava que estava ficando chato demais, com rotina demais.