Os enteados escrita por Evil Queen 42


Capítulo 26
Shopping




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A turma de Saito foi liberada após a reunião, então é claro que Sakura levaria o garoto para casa. Saya e Sarada seriam liberadas dali a algumas horas. 

Os dois entraram no carro, Saito foi no banco da frente ao lado da madrasta e logo ligou o som. Estava tocando Last Kiss, e, por mais que o rapazinho gostasse de Pearl Jam por influência de seu pai, a música falava claramente sobre um acidente de carro. E, assim como o questionamento feito na música, Saito se perguntou onde estava sua mãe naquele momento. 

– Eu gosto dessa música. - A  voz de Sakura fez o garoto voltar para a realidade. 

– Ah, sim. - Ele falou - É bonita. Quem ouve sem saber a letra nem sabe o quanto é melancólica. - Brincou. 

– É verdade. - A rosada assentiu e então deu partida no carro.

Saito às vezes era bastante calado, e, assim como Sasuke, bastante difícil de se decifrar. 

O que estaria pensando? Não parecia triste ou algo do tipo, mas estaria bem com o fato de Sakura ter se passado por sua mãe? 

– Saito.  - Ela o chamou - Você não achou que eu realmente queria me passar por sua mãe, não é? 

– Você fez pra poupar explicações. - Ele afirmou - Se dissesse que é minha madrasta, com certeza a professora iria perguntar sobre minha mãe. 

– É. - Ela assentiu - Então você ficou bem com isso? 

– Acho que posso dizer que foi indiferente. 

– Indiferente? - Uniu as sobrancelhas. 

– Você disse que é minha mãe, e você não é minha mãe. Mas, tipo, não fiquei magoado nem nada. - Deu de ombros - Lembrei da minha mãe... Mas, sobre você dizer que é minha mãe, foi indiferente. 

Sakura sorriu. Saito já não era mais tão ferido emocionalmente, embora as lembranças de Karin jamais fossem ser apagadas.

– Se você ficar incomodado com isso, pode falar. - A rosada falou normalmente e ouviu Saito soltar um longo suspiro - O que foi?

– Eu lembrei do acidente... Não queria lembrar, mas lembrei. - Ele abaixou o olhar. 

– Não precisamos falar disso, né? - Sakura soou bem humorada. 

– Não. - Saito esboçou um discreto sorriso.

De fato, levaria tempo para a ferida cicatrizar totalmente. 

[...]

Sasuke só queria ficar em casa no fim de semana, mas Sakura queria passar aquela tarde de domingo no Shopping. 

O moreno estava deitado em sua cama, assistindo a um filme de ação enquanto sua esposa, em vão, insistia pra sair.

 - Vamos, amor, deixa de ser desanimado. - A médica disse com a voz manhosa, sentando ao lado do marido na cama - Vamos, Sasuke. Vamos fazer um programa com as crianças. 

– Tsc. Programa com as crianças. - Ironizou - Sakura, você quer fazer compras.

– Também. Mas podemos passear com as crianças. 

– Eu já tô me vendo sentado num banco, esperando você experimentar uma tonelada de roupas. 

Sakura riu, mas aquilo era óbvio. Sempre acontecia quando ela e o marido iam juntos ao Shopping. Sasuke tinha que esperar não somente Sakura experimentar roupas, como também Sarada. Era complicado ter mulheres em casa. 

– Agora você tá todo desanimado, mas à noite fica todo animadinho. - Ela provocou, se levantando para poder trocar de roupa. Se Sasuke não queria ir ao Shopping, ela iria sozinha com as crianças. 

– Claro. Eu recarrego as energias durante a tarde. - Brincou.

Sakura abriu o guarda roupa e tirou um vestido azul claro de alcinha que ia até a altura dos joelhos. 

– Quando eu negar fogo, você não reclama. - Sakura retrucou. 

Sasuke riu das provocações da esposa. 

– Nossa, ela está fazendo chantagem! - Dramatizou. 

– Estou sim! - Afirmou - Inclusive, vou me trocar no banheiro. Com licença. 

Fingindo estar magoada com o marido que se negava a ir ao Shopping, Sakura foi se trocar no banheiro como havia informado. 

Ao contrário dela, Sasuke não estava no pique para Shopping. Não seria uma tarde divertida, mas uma tarde de tortura tanto para ele quanto para Saito, afinal, ambos iriam ter que ficar esperando enquanto as mulheres faziam... coisas de mulheres. 

Sakura deixou o marido preguiçoso no quarto e foi chamar as crianças pra sair. Entrou no quarto das meninas e encontrou os três ali. Saya e Saito estavam sentados sobre a cama da ruiva e conversavam, enquanto Sarada estava sentada no chão pra brincar com suas bonecas.

– Mamãe! - A pequena Sarada exclamou, então levantou e foi correndo para os braços de sua mãe. 

– Minha bebê! - Sakura pegou Sarada no colo e lhe deu um beijo na bochecha.

– Vai sair? - Saito perguntou ao ver que Sakura estava arrumada. 

– Vou sim, e estou aqui justamente pra chamar vocês. - Respondeu - Vamos?

– Ah, eu estava entediado mesmo. - O moreno respondeu, claramente animado pra ir - Aonde vamos?

– Shopping. - Disse Sakura.

– Oba! - Sarada comemorou, mas a animação de Saito se perdeu na hora.

– Acho que não quero ir... - Disse ele, tão animado quanto seu pai quando o assunto era Shopping. 

– Eu quero ir. - Ao contrário do irmão, Sarada estava super empolgada.

Sakura colocou a filha no chão, então foi até o guarda roupa dela e pegou um vestido florido para a menina. 

A pequena Uchiha realmente amava sair com sua mãe. Era sua companheira. 

– E você, Saya? - Sakura chamou a atenção da ruiva que a olhou meio sem graça.

– Eu?

– Não. - Saito disse em tom irônico - Tem outra Saya por aqui, tapada? 

– Bocó.  - Bufou a adolescente. 

– Ei, sem brigas. - Sakura chamou a atenção dos enteados - Então, quer ir comigo?

Saya ficou em silêncio por uns segundos, parecia pensativa. 

– Diz logo que sim, eu sei que você quer. - O rapazinho quebrou o silêncio. 

– Tá, eu vou. - Disse ela - Vou me trocar então. Vaza daqui, Saito.

O garoto revirou os olhos e saiu do quarto. Sakura e Sarada também saíram, então Saya se levantou e foi até seu guarda roupa, escolhendo uma calça jeans rasgada com uma blusa bege; Parecia um visual adequado para ir ao Shopping. 

Quando as três já estavam prontas para sair, Sakura olhou para Saito, jogado no sofá e procurando algum filme na Netflix.

– Saito, vamos? - Sakura chamou.

– Ah, vou ficar vendo filme. - Disse preguiçosamente. 

Sakura riu. 

– Não nega ser filho do seu pai. - Disse ela - Quer alguma coisa? - Ele negou com a cabeça - Tudo bem então. Até mais tarde.

E o tédio se fez presente. Claro, Saito não haveria como se livrar dele, afinal, no Shopping não seria muito diferente. 

As mulheres da casa, no entanto, se divertiram bastante no Shopping. 

Pra dar uma canseira em Sarada logo, elas foram direto para o parque. Afinal, se não fosse assim, a menina iria ficar insistindo o tempo todo. 

Saya já ficou emburrada logo de cara. Andar pelo Shopping e fazer compras seria um programa divertido, mas levar criança pra brincar em parque não parecia nada legal. 

Madrasta e enteada sentaram num banco colorido enquanto a pequena Sarada se divertia na piscina de bolinhas. Era o brinquedo favorito da menina, então sua mãe já deu logo cinco fichas pra ela passar bastante tempo lá. 

– É só pra ela cansar um pouquinho. - Sakura riu - Ou então ela vai ficar pulando feito uma pipoca, não vai ter quem aguente. 

– Eu era assim também. - Saya deu de ombros.

– Não cheguei a te conhecer nessa idade, mas o Saito era desse jeito. - Riu a rosada - Parecia ligado numa tomada.

– É, ele era. - Assentiu - Sabe... Ele me contou que você... - Suspirou - Que você disse na escola que é mãe dele. 

 Sakura ficou séria na hora. Saito não se importou com isso, mas Saya era um pouco mais difícil de lidar.

– Você ficou mordida com isso? 

– Não sei. - Disse com indiferença - Por que você fez isso?

– Porque o Saito estava perto. - Respondeu. 

– O que isso tem a ver? - Saya uniu as sobrancelhas. 

– Madrastas não são muito bem interpretadas como membros da família. - Riu sem graça - A professora poderia perguntar sobre a mãe dele, e eu queria evitar esse assunto. Entende? 

– Você não queria machucar o Saito. - Deduziu a ruiva.

– É. - Assentiu - Um assunto tão recente e delicado... Certamente mexeria com o seu irmão. 

– Ele se faz de forte, diz que superou. - Riu sem humor - Ele viu tudo. 

– Pobre garoto... - Disse penalizada - Ele parece muito tranquilo na maior parte do tempo, mas com certeza ainda está machucado. 

– Sim, ele está. - Saya concordou - E eu... - Ela ficou sem graça - Eu agradeço por você tê-lo poupado de qualquer comentário sobre a morte da mamãe. 

Sakura ficou feliz, estava se entendendo  com Saya. 

– Eu faria isso pra poupar qualquer um de vocês. - A mulher disse sinceramente - É uma dor indescritível perder alguém, eu sei.

– Eu bem sei... - Saya abaixou o olhar. 

O tempo passou que elas nem perceberam, logo Sarada saiu toda suada da piscina de bolinhas e foi até o encontro de sua mãe. 

Agora sim o passeio no Shopping começava de verdade, uma vez que Sarada já havia matado sua vontade de brincar. 

Foram até uma loja de roupas, e Sakura foi direto olhar os vestidos. Saya segurava a mãozinha de Sarada enquanto sua madrasta pegava alguns vestidos pra experimentar. 

A médica pegou um vestido belíssimo, era rosa bem claro, longo e decotado, com aplicação de pedras na região do busto.

– Saya, olha que maravilha! - Sakura mostrou o vestido para a menina - Perfeito, não? 

– Lindo. - Concordou - Mas acho que vai ficar um pouco pequeno pra você. 

– E quem disse que é pra mim? - Sakura caminhou até a primogênita de seu marido - É pra você. 

– Pra mim? - A ruiva arregalou os olhos. 

– É. Pegue, vá experimentar.

– Eu... eu não acho que... - Saya ficou sem saber o que dizer, pois estava sem jeito de aceitar aquele vestido. 

Sakura puxou a adolescente até um grande espelho perto dos provadores da loja, então colocou o vestido em frente ao corpo da menina. 

– Olha só que coisa belíssima. - Sakura disse encantada - É um tom neutro, combina com seu cabelo e não rouba a atenção dele.

– Meu cabelo? 

– É. - Assentiu - A cor do seu cabelo é linda. Sua roupa não pode brilhar mais do que você. - Sorriu - Combina com você, Saya. Vá, experimenta. 

– É, experimenta. - Sarada disse empolgada - Parece vestido de princesa, Saya.

A mocinha suspirou pesadamente, então pegou o vestido e foi até o provador. 

Quando Saya saiu, parecia uma mulher feita. Sasuke certamente iria torcer o nariz e ficar contra a compra do vestido, mas a menina estava crescendo e aquele vestido não era muito adulto para sua idade. Estava perfeito. 

– Saya, você está linda! - Sakura disse encantada - Seu pai ficaria todo bobo ao ver o mulherão que você está se tornando. 

– Ficaria enciumado. - Respondeu. 

– É, isso também. - Sakura riu - Está perfeito. Você pode estar achando um pouco longo demais, mas com salto vai parar de pisar na barra... Precisamos de um sapato pra combinar. 

– Você não achou ele um pouco pelado demais? - Saya indagou receosa, olhando no espelho a leve transparência que o vestido tinha na região do busto.

– Você tá com medo do seu pai reclamar e não deixar você usar o vestido. - Deduziu a rosada - Relaxa, ele não vai falar nada. Não tá vulgar. 

– Eu gostei. - Riu - Mas onde eu usaria? 

– A ocasião vai aparecer. - Disse Sakura - Toda mulher precisa de um vestido fino. Pelo menos um. Uma hora aparece um casamento ou uma formatura pra ir, então você precisa estar preparada. 

Saya olhou na etiqueta e seu coração quase foi parar na garganta. Aquele vestido era caríssimo, era quase três meses de mensalidade na escola. 

– Sakura, eu não posso aceitar. - Disse ela - Desculpa, eu não posso.

– Ora, não é educado recusar um presente. - Sorriu - Eu vou te dar o vestido, e depois vamos procurar sapatos que combinem com ele. 

– É muito caro, Sakura. 

– Não se preocupe com o preço. Ficou perfeito, você gostou, e eu posso pagar. - Respondeu - É seu. 

Saya se sentiu mal. Aprontou tanto com Sakura, julgou tanto a madrasta, e agora ganhava dela um vestido de princesa. 

De fato, Sakura estava provando não ser a megera que Saya pensou que fosse. Ela só queria ser amiga dos enteados, apenas isso. 

[...]

– Preferiu ficar em casa? - A voz de Sasuke fez Saito levar um susto.

– Pai, não faz isso! - Resmungou. 

– O que eu fiz? - Sasuke riu, sentando ao lado do filho. 

– Me assustou. 

– Que filme é esse?

– Nunca diga seu nome. - Respondeu - Esse é o nome do filme. 

– Terror?

– É. 

– Ah, Saito. - O mais velho soltou um riso anasalado - Vai conseguir dormir hoje à noite? 

– Pai, eu não sou mais criança. - Resmungou - É só um filme.

Sasuke riu. Seu garotinho estava crescendo. Saito era seu único filho homem, e Sasuke se sentia mal por ter passado tão pouco tempo com ele. 

– A mulherada saiu pra fazer compra, vamos sair também? - Sasuke sugeriu.

– Elas foram fazer compras. A gente vai fazer o que, tomar cerveja?

Sasuke deixou uma sonora gargalhada escapar. Saito tinha o mesmo humor sarcástico que sua mãe. 

– Só depois que você fizer dezoito. - Enfatizou - Mas podemos sair pra comer alguma coisa. Ou podemos sair pra jogar bola, que tal? Não jogamos juntos desde que você era pequeno. 

– Vamos naquela hamburgueria perto da praça do centro? - Pediu - Parece legal, eu tenho vontade de ir lá. 

– Podemos ir lá. - Sasuke acatou a idéia - Eu vou tomar um banho pra ir. Vai se arrumar também. 

Saito assentiu e desligou a televisão. Não veria o final do filme, pelo menos não naquele momento, então se levantou e foi se arrumar. Na verdade "arrumar" não seria bem a palavra certa, já que ele e o pai iriam apenas numa hamburgueria, então só trocou de roupa.

Olhou a hora no celular, 18:55, mais tarde do que ele imagina. As mulheres da casa ainda não haviam voltado.

Saito saiu do quarto, já arrumado, e foi até o quarto do casal.

– Pai? - Ele bateu na porta - O senhor já está pronto? 

– Tô terminando de me vestir. - Respondeu o homem.

Saito se escorou na parede do corredor e soltou um longo suspiro. Fazia tempo desde a última vez que Sasuke e o filho saíram juntos, sozinhos, para fazer um lanche. Aquilo lhe trazia lembranças. 

Logo Sasuke saiu do quarto, já pronto, e os dois foram juntos até a tal hamburgueria que Saito queria conhecer. Mesmo não sendo muito longe, eles foram de carro. 

Pegaram uma mesa perto da janela, ainda era um pouco cedo e o local estava bem vazio. Era bem agradável, Saito gostou da decoração rústica num estilo faroeste. 

– Gostei daqui. - Ele olhou ao redor - Legal essa decoração. 

– É, esse lugar é famoso na cidade. - Sasuke respondeu - Acho que é a melhor hamburgueria daqui. 

– Meio pequeno pra ser a melhor hamburgueria. - O comentário do garoto fez seu pai rir - Sério, deviam ampliar esse lugar.

– Também acho. - Concordou o mais velho - Vamos fazer logo nossos pedidos. 

Sasuke escolheu um hambúrguer com quatro queijos, enquanto que Saito escolheu o mais carregado com bacon. Também pediram uma porção de batatas fritas e refrigerante pra acompanhar. 

– Pai, o senhor lembra de quando eu era pequeno e a gente ia pra cozinha fazer hambúrguer à noite? - Saito indagou com um sorriso nostálgico - Eu sinto falta disso. 

– Lembro, eu lembro disso. - Assentiu - E tem algo que você não deve lembrar, mas eu me lembro perfeitamente... - Riu, vendo a curiosidade no olhar do filho - Quando você era bem pequeno, às vezes eu ia pra faculdade e te levava comigo. E sempre, quando eu saía, a gente passava numa lanchonete pra comprar batata frita, e você ia comendo no caminho de casa pra sua mãe não descobrir. - Relatou - Ela nem sonhava que eu te entupia de batata frita, mas era nosso acordo pra você ficar quieto enquanto eu assistia aula. 

– Sério? - Saito começou a rir - Eu juro que não me lembro disso.

– Ah, mas é claro que não se lembra. Você era muito novinho. A Saya deve lembrar, você não. 

– O senhor comprava a Saya com batata frita também? 

– Não, não... Ela eu comprava com picolé. 

– Pai, o senhor é maluco! - O garoto caiu na gargalhada. 

– A Saya quase se formou com a minha turma. - Sasuke falou risonho - Quando sua mãe estava no final da sua gravidez, e quando você era bebê, a Saya ia todos os dias pra aula comigo. - Disse o moreno - Antes de você nascer, quando sua avó não podia cuidar da Saya, era Karin quem mais a levava pra aula. Mas depois que você nasceu, principalmente no período em que ainda mamava, a Karin não podia levar vocês dois com ela. 

– Então a Saya ficava com o senhor na aula. - Deduziu o rapazinho. 

– Sim, sim. - Assentiu - Durante um bom tempo a Saya ia quase todos os dias pra aula comigo, e ela era uma pimenta, então eu ia na cantina da faculdade e comprava tudo quanto era tipo de doce pra distraí-la na hora da aula. Na saída, a gente passava na sorveteria e eu sempre dava um picolé pra ela. 

Sasuke lembrava-se perfeitamente da frustração que sentiu quando soube que Karin estava grávida pela segunda vez. Já era difícil conciliar a vida de estudantes com a vida de pais, ter que viver para a faculdade e para uma criança pequena. Saya tinha dois anos e alguns meses, ainda era um bebê, e outra criança estava a caminho.

A notícia não foi feliz, não de imediato. O bebê estava a caminho, então seria bem vindo e os pais desejavam que tivesse saúde, mas ele não foi planejado e muito menos desejado naquele momento. Foi um descuido, mas já estava feito. 

Agora, Sasuke olhava para trás, via todo o sufoco que passou com Karin e os filhos pequenos, com o relacionamento que tentou - em vão - salvar por tanto tempo por causa das crianças, e ainda assim não se arrependia de nada. 

Assim como Sarada, Saito e Saya eram as coisas mais importantes de sua vida. Que bom que aqueles dois descuidos aconteceram, pois não imaginava sua vida sem eles.

Foi difícil, mas valeu a pena. 

– Pai... pai... - A voz de Saito tirou Sasuke de seus pensamentos. 

– Oi?

– O senhor tá bem? - O garoto uniu as sobrancelhas - Pareceu meio aéreo. 

– Estava pensando numas coisas. 

– Nossa... O senhor viajou legal. 

– Não foi nada, filho. - Riu - Não se preocupa, tá? 

– Tá bom... Eu, hein. 

[...]

As três chegaram no estacionamento carregadas de sacolas. Nem Sarada escapou. Sakura colocou as compras no porta malas do carro para poderem ir.

Vestidos, sapatos, biquínis, batons, e até uma Barbie nova pra Sarada. Elas rodaram o Shopping inteiro.

Sarada brincava com seu brinde do Mc lanche feliz no banco de trás, enquanto que Saya e Sakura conversavam na frente.  Quem visse o clima descontraído entre madrasta e enteada jamais poderia imaginar os desentendimentos que já tiveram. 

– Sakura, eu tenho certeza de que aquele rapaz estava olhando pra você! - Saya falou rindo enquanto a mulher ao seu lado dirigia.

– Saya, eu poderia ser mãe dele! Tá louca? Ele com certeza estava te olhando.

– Ah, não, eu estava com sorvete na cara! - As duas caíram na gargalhada - Poxa, como é que a gente não viu isso?

– Eu estava tão concentrada na Sarada me pedindo uma boneca que nem vi seu rosto sujo. - Respondeu, ainda rindo. 

– E eu vou ter que lavar o cabelo à noite. 

– Sujou o cabelo também? 

– Sakura, até minha alma tá suja de sorvete! 

– Céus, que desastrada! 

O clima cômico entre as duas acabou no momento em que um carro que estava na frente parou de uma vez, o que obrigou a rosada a parar seu carro de forma brusca.

Foi por pouco... Por muito pouco não bateu. 

– Mamãe! - Sarada começou a chorar. Não se machucou, mas o susto foi grande.

– Shiiii... - Sakura se virou para trás e acariciou o rosto da filha - Tá tudo bem, já passou. Não chora, Sarada. 

A médica olhou para o lado e viu Saya em estado de choque, trêmula. 

Sakura nada disse, apenas deu novamente partida no carro e dirigiu rumo ao apartamento. 

A verdade é que Saya, mesmo que por alguns segundos, reviveu o que havia acontecido no acidente que matou sua mãe e seu padrasto. Foi horrível. 

Elas desceram do carro, pegaram o elevador e Saya continuou muda. Seu olhar estava perdido, a menina parecia aérea. 

Quando entraram na sala, viram Sasuke e Saito jogando juntos. 

– Compraram o Shopping inteiro? - Saito indagou assim que viu as três. 

Claro que a estranheza de Saya não passou despercebida. Ela nada disse, apenas permaneceu séria e foi para o quarto.

– Ih, já brigaram. - Sasuke bufou desanimado. 

– Não, papai! - Sarada correu até Sasuke e sentou em seu colo - A mamãe quase bateu o carro. Faltou muito pouquinho, eu até chorei.

– Quase bateu o carro? - O moreno arregalou os olhos espantado, encarando sua esposa. 

– Amor, depois eu explico tudo. - Disse a rosada - Você e o Saito poderiam pegar as compras pra mim? - Indagou, já entregando as chaves para o marido - Por favor, sejam cavalheiros. 

Os dois se olharam e suspiraram. 

– Vamos só acabar essa partida. - Sasuke respondeu. 

– Estão no porta malas. - A mulher falou - Sarada, pro banho, agora. 

– Ah, mamãe. - A menina fez bico - Eu tô muito cansada pra tomar banho. 

– Sarada, obedece. - Ordenou o pai da menina. 

Relutante, Sarada se levantou e foi para o banheiro. 

– Não esquece de escovar os dentes. - Sakura mandou - E eu vou daqui a pouco fiscalizar se esse banho tá sendo bem tomado, dona Sarada. 

– Ela agora aprendeu a molhar só a cabeça e os pés, aí sai dizendo que tomou banho. - Sasuke revirou os olhos - Vou te contar, viu?! 

– Ah, mas eu faço ela voltar pro banheiro em cima do rastro. - Respondeu a rosada - Acabou a partida. - Disse, olhando pra televisão. 

– O que eu vou ganhar em troca de trazer as compras? - Saito perguntou em tom de brincadeira. 

– A camisa e o fone de ouvido que eu comprei pra você. - A mulher respondeu, então Saito deu um pulo do sofá. 

– Vamos logo, pai! - Disse o garoto.

– Interesseiro... - Murmurou o mais velho.

– E você, Sakura, não vai dar nem uma ajudinha? - Dramatizou o garoto. 

– Eu vou conversar com a Saya. - Respondeu. 


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