Os enteados escrita por Evil Queen 42


Capítulo 27
Não pense... Não diga...




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Quando entrou no quarto das meninas, Sakura viu a enteada sentada sobre sua cama, a cabeça estava escorada na parede e o olhar perdido. Parecia em outro mundo. 

– Saya... - Sakura sentou na cama, de frente para a mocinha que piscou repetidas vezes, encarando o rosto de sua madrasta com uma interrogação no olhar - Posso falar com você? 

– Fala. - Ela deu de ombros, parecia indiferente. 

– Saya, eu vi como você ficou depois daquela quase batida... Quer falar sobre isso?

A ruiva suspirou. Sentiu um nó na garganta, mas se recusava a chorar. 

– Eu tive a mesma sensação... de quando o carro do Suigetsu bateu naquele dia. 

Era claro. Sakura imaginava que seria isso... Saya certamente, por alguns segundos, reviveu aquele fatídico dia.

– Desculpa... O passeio estava tão bom, eu não queria que acabasse daquele jeito. 

– Ninguém queria. - Suspirou - E a culpa não foi sua, Sakura.

– Com certeza foi um momento terrível. Lembrar daquilo não deve ter sido fácil. 

Sakura não conseguia escolher palavras para usar naquela situação. Sequer sabia se havia no dicionário alguma palavra que pudesse ser usada... mas nenhuma lhe vinha à mente. 

– Eu não vi nada, só senti. - Explicou - Eu estava distraída quando aconteceu. 

– Eu não quero te ver desse jeito, tá? - Indagou retórica e docemente a rosada - Já passou... Você está segura. Nada vai te acontecer. 

Saya riu.

– No final, a bruxa da história era eu.

– Como? - A mais velha uniu as sobrancelhas. 

– A vilã... A que todos odeiam. - Suspirou - Eu te julguei mal... Me desculpe. 

Obviamente que Sakura não conteve um largo sorriso, então madrasta e enteada se abraçaram. Aquilo foi como um cessar fogo entre elas. 

Sakura achou melhor não puxar mais assunto sobre o ocorrido, só pioraria as coisas. Como também já foi adolescente, sabia que deveria dar certo espaço para a filha de seu marido, então a deixou sozinha. 

A médica jamais quis tomar o lugar de Karin nos corações de seus enteados, só queria que eles vissem nela uma amiga com quem sempre poderiam contar... E estava conseguindo. 

...

Mais tarde, já em seu quarto e com as compras devidamente arrumadas, Sakura tentava assistir um filme enquanto Sasuke não tirava os olhos do celular. 

– Amor, eu vou sair. - Anunciou. 

Não estava tão tarde, mas Sakura estava cansada e por isso já se encontrava deitada em sua cama. 

– Chopperia. - Revirou os olhos. 

– O Naruto e o Itachi estão indo pra lá. - Sasuke deu um selinho em sua esposa antes de se levantar da cama - Não demoro. Mas não precisa ficar acordada me esperando. 

– E nem vou. - Riu - Tá de aliança? 

– Sakura... - Sasuke achou graça, então mostrou sua mão esquerda com a aliança de casamento no dedo em que deveria estar - Eu nunca tiro.

Sakura riu aliviada. Claro que não queria nenhuma mulher dando em cima de seu marido, e, embora nem todas mantenham o respeito ao ver uma aliança, pelo menos Sasuke não precisava dizer nada para que todos vissem que ele é casado. 

– Nunca se sabe, né? - Ela deu de ombros - Esses bares vivem cheios de quenga! 

– Não vou pra bar, vou pra chopperia. 

– Mesma merda. 

Sasuke se aproximou da esposa, então lhe deu um beijo na testa.

– Você sabe que não precisa desse ciúme todo. - Ele pegou a chave do carro sobre o criado mudo - Mas isso ainda te deixa mais linda.

– Idiota. - Sakura riu - Vai logo, antes que eu te amarre no pé da cama.

Quando Sasuke saiu, Sakura voltou a assistir e logo sentiu sono. O passeio no Shopping foi pra lá de cansativo. 

Ela desligou a televisão, deixou o controle sobre o criado mudo e dormiu. 

No outro quarto, Saito não pregava os olhos. Numa hora daquelas, suas irmãs também estavam dormindo, e o apartamento estava um silêncio só. 

As cenas do filme de terror assistido mais cedo voltavam com tudo em sua cabeça. 

"Não pense... Não diga... Não pense...Não diga..."

Impossível não pensar no nome que assombrou tantas pessoas no filme. Aquele homem estranho de capuz, aquele cachorro horroroso que sempre aparecia antes. 

"Não pense... Não diga... Não pense... Não diga..."

Saito se enrolou completamente no cobertor, sem deixar um único dedo do pé para fora, o que certamente lhe daria segurança e evitaria que qualquer ser maligno encostasse nele. O cobertor era sua fortaleza contra assombrações de filmes de terror. 

Mas acontece que Saito saiu com seu pai antes de ver o filme todo. Sequer chegou na parte em que ele descobriria como derrotar o... não! Nada de pensar naquele nome. Aquilo poderia atraí-lo. 

No filme dizia que não podia se pensar no nome. Mas como você sabe um nome e não pensa nele, mesmo quando de está pensando no portador do nome? Tarefa difícil. Com certeza por isso tanta gente morreu naquele filme.

Saito olhava para todos os cantos do seu quarto, temendo a figura demoníaca de capuz. 

"Não pense... Não diga..."

Droga!

Saito tentava esquecer as cenas macabras do filme, mas não conseguia. 

Com medo, ele levantou da cama e foi andando até o quarto do casal. Colocou o ouvido na porta e não escutou nada, o que significava que era seguro entrar. 

O garoto soltou um riso anasalado após seu pensamento idiota. Como se num apartamento, onde há uma criança pequena, Sasuke e Sakura fossem fazer coisas de casal com a porta destrancada. 

Saito deu duas batidas na porta, e nada... Então girou a maçaneta e agradeceu mentalmente pela porta estar aberta.

Quando a luz fraca do corredor iluminou um pouco o quarto escuro, Saito notou que Sakura estava sozinha na cama, fazendo-o concluir que seu pai havia saído. 

Fechou a porta com cuidado para não fazer barulho e, consequentemente, não acordar sua madrasta. Então, com medo de que algo lhe atacasse quando estava sozinho em seu quarto, o garoto deitou no espaço vago da cama de casal.

Obviamente que Sakura, tendo o sono leve, notou que alguém se remexia ao seu lado, como se estivesse encolhendo seu corpo. Claro que não podia ser seu marido, ele não fazia isso, e quando chegava da rua tinha todo o cuidado do mundo pra deitar na cama sem acordar a rosada. 

– Sarada? - Sakura questionou, mas não obteve resposta. 

Ela então ligou a luminária em seu criado mudo, olhou para o seu lado direito e notou uma bolinha enrolada no edredon de Sasuke. 

Após tirar o edredon de cima da criatura que entrou em seu quarto sorrateiramente, Sakura viu seu enteado esboçar um sorriso amarelo.

– Eu posso explicar. - Disse ele, então se sentou e enrolou seu corpo com o edredon. Aquele quarto estava extremamente gelado. 

– Espero mesmo que me explique. - Ela fingiu brigar com o garoto, que se mostrou ainda mais inseguro. 

– Eu não queria acordar você. 

– Meu sono é bem leve. 

Saito suspirou. Precisaria pedir refúgio às irmãs caso Sakura o expulsasse dali.

– Eu tive um pesadelo. - Mentiu.

– Pesadelo? - Arqueou uma sobrancelha - Saito, foi só um sonho. 

– Mas eu tô com medo. - Disse envergonhado - Deixa eu dormir aqui.

– E quando o seu pai chegar? - Questionou. 

Saito ficou sem resposta. De qualquer forma, acabaria voltando para o seu quarto, sozinho mais uma vez. 

– Eu posso pegar o colchão da minha cama e colocar aqui no chão. - Sugeriu, fazendo sua madrasta rir.

– Acho que seu pai não vai gostar muito disso. 

Saito se sentiu ridículo por tal proposta. Sabia que seu pai era irredutível em algumas coisas, e sempre foi do tipo que diz que os filhos não devem dormir no quarto dos pais. Obviamente que Sasuke não concordaria com a idéia de Saito, e o mandaria voltar para o seu quarto.

– Então só até ele chegar. - Implorou - Por favor. 

– Ai, Saito. - Suspirou - O que eu não faço por essas crianças? - Riu - Vai, deita aí. 

Todo feliz, o rapazinho deitou a cabeça no travesseiro e se cobriu até a altura do pescoço, todo encolhido por baixo do edredon. 

Sakura perdeu o sono, então pegou seu celular para jogar enquanto Saito dormia ao seu lado. 

Ela não sabia dizer exatamente quanto tempo havia passado, mas sentia vontade de jogar seu celular da parede por não conseguir passar de fase no Candy Crush. Queria xingar alguém, mas isso acordaria o garoto.

A porta do quarto foi aberta, e obviamente que Sasuke estranhou ver sua esposa acordada naquele horário, ainda mais com Saito dormindo encolhido ao seu lado. 

Ao notar a chegada do marido, Sakura ligou a luminária e largou seu celular sobre o criado mudo.

– Alguém já contou pro Saito que ele não tem mais idade pra fugir da cama dele à noite? - Sasuke indagou seriamente, mas achava graça por dentro. 

– Ele teve um pesadelo. - A rosada deu de ombros - Eu não quis expulsá-lo do quarto. 

Sasuke lembrou que o filho estava assistindo filme de terror mais cedo. Ali estava a explicação. 

– E agora, eu vou dormir no quarto dele? - Indagou divertido. 

– Leva ele pra lá. 

O moreno suspirou pesadamente. 

– Saito, acorda. - Sasuke sacudiu levemente o garoto, mas este apenas resmungou e continuou dormindo. 

– Não, amor. - Sakura repreendeu - Não acorda ele. 

– O Saito não é mais um bebê. 

– Não, mas mesmo assim. Leva ele pro quarto dele, não custa nada. 

Sasuke então resolveu ceder. Tirou o edredon que cobria Saito e o pegou no colo, então o levou até eu quarto. 

Fazia muito tempo desde que Sasuke precisou levar Saito de um quarto para o outro pela última vez. Era até nostálgico. 

– Está de volta, são e salvo. - Sasuke brincou assim que retornou para seu quarto, onde sua esposa permanecia deitada - Espero que não fique mal acostumado. 

– Relaxa, é só uma criança. 

– Você tá estragando meus filhos... todos eles.

Sakura riu.

– Agora são um pouco meus também. - Deu de ombros - Eu posso. 

Sasuke tirou sua roupa e jogou no chão, então deitou apenas de cueca na cama de casal. 

– Se você diz. - Riu.

– Ah, vamos parar de falar nas crianças. - Sakura mordeu o lábio inferior. 

– E você quer falar de que? - Sasuke indagou, sua voz estava carregada de segundas intenções. 

– Abriu um Sex Shop lá perto do hospital, sabia? - Indagou em tom sugestivo - Dei uma passada lá. 

Sasuke sorriu interessado. 

– Hum... Eu pensei que você gostasse das coisas o mais natural possível. - Respondeu - Comprou algum brinquedinho erótico?  

– Não, não comprei brinquedinho. - Disse ela - Comprei um gel bem interessante, quer experimentar? 

– Gel? Tipo lubrificante? 

– É. - Assentiu - Vasodilatador. Você sabe pra que serve, né? 

O homem nada respondeu, se levantou da cama imediatamente e Sakura estranhou. 

– Vou trancar a porta. - Ele anunciou - Tem criança em casa. 

– A noite é uma criança, amor. 


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