LIS

ALGUMAS HORAS ANTES

Saí do banheiro enrolada na toalha branca de banho, caminhei até a cozinha e coloquei um hambúrguer na frigideira. Depois que Nick me mandou para casa, fiz meus planos de comer alguma coisa e dormir. O mundo poderia explodir e eu não ligaria. Não hoje.

Ouvi batidas na porta e revirei os olhos. Caminhei na ponta dos pés até a porta e olhei pelo olho mágico. Johnny encarava seu relógio de pulso com impaciência.

– Vamos, Alicia! Eu sei que você está aí! - Ele chamou

Fechei os olhos e suspirei.

– O quê você quer? - Berrei sem abrir a porta

– Preciso passar um recado.

– Você é um garoto de recados? Poupe-me!

– O que seu irmão me disse parecia importante.

Congelei. Abri a porta lentamente. Ele me devorou com os olhos antes mesmo de abrir a boca.

– Eu estive aqui de manhã para fazer uma proposta. Você recusou e eu tive que agir do jeito mais difícil. Agora, faço um novo convite. Acompanhe-me até minha chefe.

– Não.

– Ela pediu uma reunião e todos já estão presentes. Dave e Grayson estão apenas esperando por você.

– Alicia! - Ralf gritou, correndo até a porta do meu apartamento. - Eu ouvi uns gritos e quis saber se está tudo bem. - Ele encarou Johnny

– Meu nome é Johnny Cohen. Muito prazer. - Ele estendeu a mão para Ralf

– Meu nome é Ralf. Mas vocês não me disseram se está tudo bem. - Ralf ignorou sua mão estendida

– Sim, está tudo bem. Alicia está atrasada para a reunião. Eu vim buscá-la. - Johnny recolheu a mão

– Reunião? Essa hora? Já são nove da noite.

– Como eu disse, atrasada.

Ralf olhou para mim perguntando silenciosamente se estava tudo bem.

– Tudo bem. Vou me trocar. - Fechei a porta

Quando saí, os dois estavam se encarando do lado de fora.

– Se precisar de alguma coisa, é só chamar, Menina Alicia.

Enquanto descia as escadas, lembrei de quando Ralf e eu tínhamos um romance secreto. Quando estávamos sozinhos, ele me chamava de "Minha Menina", e quando havia outras pessoas, ele me chamava de "Menina Alicia".

Não olhei para Johnny nem por um segundo, ele me levou em seu carro por um caminho que eu não conhecia. Ele parou em frente um dos melhor hotéis de Gotham e eu o segui até o saguão. Ele não precisou se identificar, apenas olhou para os seguranças e caminhou até o elevador.

Na cobertura do prédio, entramos na primeira porta. O quarto estava repleto de "bandidos de rico", os bandidos bem vestidos e com armas boas. Imediatamente, Johnny trancou a porta. Havia duas cadeiras de madeira no meio daquele cenário de luxo. Em uma das cadeiras, meu irmão estava sentado e amarrado, na outra, era Dick. Ambos desacordados e com capangas em volta. Na cama, uma mulher muito bem vestida e rica me encarava, uma mulher que eu havia salvado. Antes de ouvir qualquer coisa, eu a odiei.

– Alicia Lane Amell. - Ela falou pausadamente - Ou devo dizer Black Angel? Eu sabia que esse nome me traria problemas. Amell.

– O que eles estão fazendo aqui?

– Ora, eu imaginei que você não viria com um convite formal. Encare isso como motivação.

– O que você quer de mim?

– Você. Apenas isso.

– Você já me tem aqui. Deixe-os ir.

– Lis... - Dave resmungou

– Dave! - Dei um passo na direção dele, mas um dos bandidos apontou a arma para ele. - Por favor, Anne! - Implorei

– Pode levar os rapazes. - Ela sibilou

– Eu cuido do bonitinho! - Uma mulher loira vestida de vermelho e jeans correu para Dick e começou a desamarrá-lo.

Enquanto eles desamarravam Dave e Dick, me puxavam para me amarrar. Eu não teria o lixo de uma cadeira, fui amarrada ao chão. Eles começaram a levar os dois para fora do quarto, Dave protestou e berrou, e Dick lançou um olhar para mim.

– Como você pôde, Anne? Eu confiei em você! - Dave berrou antes de levar um soco de um bandido

– Não o machuque! - Gritei
Eles passaram pela porta sendo arrastados e Johnny fechou a porta.

– Por quê? - Uma lágrima escorreu no meu rosto

– Ah, perdoe a minha memória! Não sou tão jovem quanto você, acabei esquecendo que você não conhece essa história. - Anne caminhou pelo quarto

– E lá vamos nós... - Johnny revirou os olhos

– Eu fiz Universidade com o seu pai, sabia? Victor Amell. Um homem inteligente, bonito... Eu era louca por ele, quem não era? Havia apenas uma mulher por quem ele era louco. Carolina, ela entrou na turma adiantada. Foi amor à primeira vista entre os dois! E isso pouco me importava. Victor e eu começamos a trabalhar juntos na Oscorp e a Carolina, bem, anos depois eu descobri que ela era uma agente da SHIELD. Ela era a pedrinha no meu salto alto! Eu tinha seu pai nas minhas mãos quanto aos negócios, ele era um cientista fenomenal, mas não era tão bom nos negócios. Entretanto, sua mãe tinha que se meter! Ela descobriu tudo o que tinha para descobrir, seu pai se tornou um agente por amor, lindo, não? E ela o jogou contra mim. Eu perdi meu sócio, meu melhor cientista e o amor da minha vida. Quando Dave nasceu, eles se aposentaram da SHIELD. E eu tinha o contato de um certo rei francês que gostava de exterminar agentes. Quando eu despachei os dois, nem imaginava que você e seu irmãozinho existiam. Quem diria que ele se tornaria meu melhor cientista e você, meu pesadelo. É a mesma história se repetindo... e o desfecho será o mesmo.

O responsável pela morte de diversos ex-agentes SHIELD era Luís XV, um babaca metido a rei. E a Cleópatra, Anne Berkeley, era uma mal amada.

– Piranha. - Resmunguei

Ela se aproximou e ajoelhou na minha frente e pegou meu rosto com a mão, com a unha marcando meu rosto.

– O que você disse? - Ela sussurrou

Lutei contra a educação que Martha me deu e cuspi em seu rosto. Sua reação foi impagável, Anne congelou e depois rosnou.

– Piranha. - Repeti lentamente e com pausas, para que não houvesse dúvidas.

– Matem-na agora!