Meu primeiro ato ao entrar na SHIELD foi procurar Clint. Encontrei-o no terraço da SHIELD, observando a escura Gotham.
– Parece bonita à noite, né? - Ele perguntou, antes mesmo que eu me aproximasse.
Aproximei-me e o abracei, surpreendendo-o.
– Obrigada.
– Não há de quê, Anji! - Ele me abraçou de volta
Ouvimos a porta de ferro do terraço se abrindo e nos separamos.
– Desculpem-me. Eu não tinha a pretensão de atrapalhar... - Steve ficou vermelho
– Venha cá, Capitão. Somos só amigos. - Clint explicou
– Mesmo?
– Sim, ela tem até um namorado playboy.
Steve entrou, dando risada.
– Não sabia que vocês também usavam esse lugar.
– Sou um gavião. Aqui é o melhor lugar para observar.
– Quando vamos treinar de novo, Capitão? - Perguntei
– Quando quiser, Black Angel.
– Agora?
– Claro.
– Espera aí - Clint pediu - Preciso te avisar que existe uma missão que pode interessar você, Anji. Tem a ver com seus pais.
Era tudo o que eu precisava ouvir. Steve não se importou em adiar o treino, então parti para colher informações: o suspeito estaria presente numa festa com as peças importantes de Gotham, envolvendo acionistas da Oscorp. Natasha iria infiltrada para colher mais informações. A primeira vez que vi Nick, pedi para ir no lugar dela.
– Não. Natasha é experiente nesses casos.
– Esse caso me envolve, Nick.
– E ela vai trazer informações para você.
– Nick...
– Não, Alicia.
– Como quiser. - Sai da sala da maneira mais pacífica que pude
Encontrei a agente Carter na manhã seguinte, numa padaria próxima da SHIELD. Cheguei apenas alguns minutos antes dela.
– Desculpe o atraso... - Ela se sentou e me encarou
– Alicia.
– Desculpe o atraso, Alicia. Como vai?
– Ótima. E você?
– Bem, obrigada. Eu sei o motivo desse café. Você quer saber sobre a festa que a Romanoff vai.
– Sim.
– E você quer ir mesmo sem autorização.
– Sim.
– E não há nada que eu possa dizer para fazê-la mudar de ideia.
– Não.
– Certo. A festa vai ser hoje à noite, no prédio sede da Oscorp, extremamente bem protegido. Não tenho como arrumar seu nome na lista, mas consegui algo.
Antes mesmo de terminarmos nossos cafés, Carter me levou até o seu carro, onde havia um bonito vestido de festa negro estendido no banco de trás do carro.
– Acho que vai ficar bem em você.
– Uau. É incrível, não sei como agradecer.
– Gosto de você, Black... Alicia. Não me importo em ajudar.

Horas depois, eu estava parada em frente ao prédio, do outro lado da rua. Estava entre dois grandes prédios, numa viela apertada. Até as vielas eram melhores no lado rico de Gotham. Na mochila em minhas costas estava o vestido, meu passe de entrada para a grande festa. Observei alguns carros importados pararem em frente ao prédio da Oscorp e deixarem algumas peças importantes de Gotham, assim como acionistas importantes da Oscorp. Dois grandes seguranças estavam parados ao lado da porta de vidro, enquanto um acessor checava nomes na lista.
Atravessei a rua com alguma distância da entrada e passei direto para a entrada dos fundos do prédio, de onde entravam e saíam seguranças e garçons. Troquei de roupas o mais distante possível da entrada, bem atrás de um poste sem luz. Caminhei despreocupadamente até a entrada. O volume de pessoas que entravam e saíam havia sido reduzido a um único segurança grandalhão. Tentei passar por ele naturalmente.
– A madame vai aonde? - Ele segurou meu braço
– Voltar para a festa, oras!
– Eu não vi a senhorita saindo. Eu teria me lembrado. - Ele deslizou seus olhos pelo meu corpo
– Acho que não estava prestando tanta atenção assim. - Falei suavemente, aproximando nossos rostos.
Deixei que ele se aproximasse bastante antes de acertar uma joelhada entre suas pernas. Agradeci pela fenda do vestido por facilitar o golpe. Ele se ajoelhou, gemendo. Dei um chute forte em seu rosto, aproveitando o salto alto, e o vi cair para o lado.
Passei pela porta que me levou a um corredor. Segui um casal de convidados para os elevadores. A festa acontecia na cobertura, onde toda a cidade parecia pequena e insignificante. Rapidamente, encontrei o rosto das fotos que Carter havia me mostrado: um homem loiro, por volta dos 50 anos, com aparência de 40, muito bem arrumado e conservado.
O salão estava cheio de vestidos brilhantes e sorrisos perversos. Dentre todos os homens maus, encontrei um sorriso sincero e olhos brilhantes. Dave estava em grupo de homens que conversavam, ele virou seu rosto para mim e eu olhei para o lado, deixando o cabelo cobrir meu rosto.
Voltei o foco para o alvo e fiquei feliz por eles estarem em lados opostos. Encarei o homem por tempo suficiente para ser notada, quando recebi a deixa, desfilei em sua direção, fazendo questão de ser notada por onde passava. Quando cheguei em sua roda de amigos, ele fez um gesto com a mão, dispensando-os. Ele estendeu a mão para mim e eu a tomei.
– Boa noite, senhor Luís XV.
Ele tinha um belo nome para um homem poderoso de caráter fraco.
– Ótima noite, meu anjo. - Ele abriu um sorriso perverso e dei um risinho - Você está sozinha? Como uma dama como você pode estar sozinha?
O que ele queria dizer era: "Como você entrou aqui sozinha?"
– Não estou sozinha. Estou com o senhor. - Falei próxima de seu ouvido
– Me chame de você. - Ele sorriu
– Não acha que aqui está muito barulhento?
– Vamos ficar mais à vontade sozinhos. - Abri um sorriso malicioso e tomei seu braço
Começamos a caminhar em direção a uma grande e espaçosa escada.
– Eu mal consigo me aguentar até o quarto. - Ele sussurrou para mim
Senti meu estômago embrulhar. Passamos por um corredor repleto de salas, todas transformadas em quartos para o motel refinado que festas desse tipo ofereciam. Entramos na última porta, o quarto maior. Havia uma janela que cobria toda a parede, devia ser uma sala das mais importantes na empresa.
Antes mesmo de pensar na próxima parte do plano, aconteceram batidas na porta. Fiz biquinho e sentei na cama, esperando. Luís XV caminhou furioso até a porta e a abriu.
– Eu já disse que não quero ser incomodado! - Berrou
O segurança do outro lado olhou para mim. Observei seu lábio inchado e virei o rosto.
– Eu precisava dizer que há uma penetra na festa. - Ele apontou para mim
– O quê? Ela não... - Luís olhou para mim - Sabe, meu anjo, você não me falou seu nome. - Falou e depois cochichou para o segurança e fechou a porta - Eu sei todos os nomes que estão naquela lista.
Eu não sabia nenhum nome que estava naquela lista. Ele começou a caminhar na minha direção.
– Sabe, geralmente, eu não ligo muito para problemas pequenos. Mas hoje é uma noite importante, nada pode dar errado.
– Importan... - Fui interrompida por um tapa no rosto, deixei meu corpo tombar na cama.
– Cala a boca! - Ele berrou - Essa é uma noite importante, sim. De agora em diante, eles vão ver que eu não estava brincando. Gotham vai dançar sob o meu ritmo.
Dois seguranças entraram. Um deles caminhou até a cama e me agarrou pelo braço, me jogou sobre uma cadeira de madeira que estava ao lado e pegou uma corda. Luís caminhou até a janela e parou, com os braços para trás. O outro segurança trancou a porta.
– Quem mandou você? - Luís perguntou, voltando para perto de mim.
– Alguém que achou que você estava brincando.
Um dos seguranças me deu outro tapa. Luís deu um riso nervoso.
– Hoje tudo vai mudar. Graças à Oscorp, eu vou poder fazer o que precisa ser feito por aqui.
– O que precisa ser feito?
– Primeiramente... Vadias como você têm que pagar. - Ele caminhou para a porta do quarto, abriu e saiu.