Everything But The Rain escrita por TaniNoru


Capítulo 3
Tudo Menos Um Passado Doloroso


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo terá mais desenvolvimento dos protagonistas. Espero que gostem



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Acabo de chegar em casa finalmente, no momento que recebo uma ligação. Era Mizuhara me chamando para nos encontrar no parque. Eu morava longe do colégio, umas duas horas de trem mais ou menos,logo, o tempo que eu levo para chegar em casa, Kyou talvez deve ter dito algo para ela que a fizesse ligar para mim. Era umas 21h quando eu chego até o parque a encontro de Mizuhara. Ela usava um vestido azul marinho envolto dele uma jaqueta jeans. Usava uma linda presilha no cabelo, enquanto estava com um rabo de cavalo. Ela estava extremamente linda. Agora eu vejo o que eu perdi. Me aproximei até ela, quando não deu tempo sequer de me preparar para um dialogo:
– O que houve entre você e seus pais?-Disse ainda irritada comigo.
– Como sabe de algo assim?
– Urikawa-kun me falou. Ele disse que você vivia em atrito com seus pais e tudo mais...
– Até que parte ele contou?
– Provavelmente tudo. - Respondeu de forma que não esperasse que eu fosse contar algo a mais. Era evidente que ela confiava mais no Kyou do que eu mim.
– Se importaria de ouvir tudo novamente? Dessa vez da minha boca.
– É para isso que vim. - Aumentando o seu tom de voz. Ela realmente mudou!
– Certo...
Seria uma história bastante longa, onde tudo acontece no momento que Mizuhara se muda para Toquio sem me dizer algo a respeito. Hoje eu não me importo tanto, pois ela não me devia satisfação de nada mesmo. Pelo menos, era o que eu queria achar. Meus pais sempre foram contra a Mizuhara, mas nunca expressaram o real motivo. Na verdade, o motivo estava em minha "mãe" que sempre fazia a cabeça do meu pai o jogando contra mim e Monoe. Demorou bastante para eu perceber que meu pai também sofria com aquilo, mas se ele sofria, porque se separou da nossa mãe e decidiu passar o resto de sua vida com aquela louca? E eu não a estou ofendendo chamando-a dessa forma, pois ela havia problemas mentais, ou seja, por qualquer motivo ela já quebrava tudo em sua volta, espancava a mim e minha irmã e sempre colocava a culpa do fracasso de sua vida em nossas costas. Eu não podia aceitar mais aquilo! Mesmo eu sempre protegendo Monoe das surras daquela louca, eu não podia matar aula para ficar com minha irmã o tempo todo, então sempre que chegava em casa, via Monoe completamente ferida, muitas vezes sangrando e sem conseguir falar. Eu fiz algo que não sabia se me arrependeria mais tarde, mas naquela hora não hesitei e decidi ligar para a pessoa mais confiavél para mim: meu tio Kizuki. Ele era um renomado médico, muito conhecido por suas diversas cirurgias de risco e tudo mais. Meu sonho sempre foi seguir seus passos. Seguir a carreira de medicina para poder cuidar dos fracos e desamparados. Era uma profissão linda que eu sempre admirei. Meu tio Kizuki não fazia ideia dos nossos maus tratos em casa, logo que, quando descobrisse, iria tomar a guarda da Monoe e minha para si. Era o que eu mais queria nessa vida, mas havia riscos. No fundo, não queria que meu pai fosse punido, mas não consigo entender como ele permitia aquilo. Foi nessa hora que ouvi um grito na sala. Sai correndo até lá quando vi minha "mãe" sendo impedida pela mão do meu pai que segurava o seu braço que estava direcionada a atingir Monoe. Ele apertava o braço dela com ódio enquanto rangia os dentes de forma que me fizesse recuar dois passos para trás. Eu nunca esquecerei suas palavras daquele dia:
– Jamais ouse atacar os meus filhos novamente! Era por isso que Hyuuga sempre tratava nós dois com tanta frieza! Agora tudo faz sentido! Irei ligar para seus pais agora mesmo e pedir para que a leve daqui!
Parecia que eu estava sonhando. Meu pai nunca sobre dos maus tratos! Isso jamais havia passado pela minha cabeça antes... Como fui idiota. Se eu soubesse disso, teria pedido ajuda a ele, falando nisso, porque eu nunca falei para ele sobre isso? Era porque eu ainda não aceitava a separação dele com minha mãe. Não havia outro motivo. Duas horas depois, os familiares da minha ex-mãe estavam a levando, pelo visto, para a clínica talvez. Não importava tanto, só o alivio de sair que aquilo havia acabado era ótimo. Agarrei Monoe e a abracei enquanto chorava:
– Acabou, Monoe!! Acabou!
–Sim!!
Quando nosso pai se preparava para se aproximar da gente, surge um grande barulho vinda da porta. Era um homem gritando desesperadamente enquanto batia na porta. Meu pai foi atender quando viu que era meu tio Kizuki. Ele veio correndo em nossa direção e nos abraçou fortemente. Ele estava tremendo muito! Ele nos solta e o olha diretamente em meus olhos:
– Vou levar vocês daqui agora! - Disse como se ninguém pudesse impedir. Olhei diretamente para o rosto do meu pai. Queria ver a reação dele ao ouvir aquilo.
– Está bem! Será o melhor para eles. - Boa resposta.
– Tem certeza, pai?- Pergunta Monoe, interrompendo a conversa.
– Tenho certeza de que é o maior desejo do Hyuuga. Poder sair deste lugar e tentar esquecer tudo que passou aqui.
– Certo... - Porque ela não estava feliz?
– Arrumem suas coisas logo e vamos partir! - Agilizou tio Kizuki. Aposto que eu o incomodei bastante com isso. Talvez ele estava no trabalho ou em seu merecido descanso e eu o importunei. Percebendo meu olhar frustante, ele pôs sua mão em meu cabelo e começou a acaricia-lo com um sorriso no rosto:
–Não se preocupe com nada. Vocês sempre estiveram acima de qualquer coisa para mim, até mesmo do trabalho. Vocês sempre foram minha prioridade!
– Desculpe tio.
– Esqueça isso. Tente se animar agora. Você encontrou liberdade.
– Tem razão.
Arrumamos tudo e nos preparamos para partir. Meu pai nos ajudou com a bagagem e deu um pouco de dinheiro para Monoe e eu. Ele estava evidentemente triste e com ódio de si mesmo. Ódio da sua impotência. Antes dr nos despedirmos,ele chama Monoe e a entrega algo que eu não consegui identificar. Ela entra no carro e não diz uma palavra sobre isso. Nós finalmente saímos daquele maldito lugar.
–Espero nunca mais pisar naquele lugar novamente... - Deixei as palavras escapar.
– Você não vai! - Responde meu tio Kizuki, tentando esconder a surpresa de ter ouvido minhas palavras. Monoe se manteve em silêncio durante toda a viagem até a hora que chegamos na casa do nosso tio e nos preparamos para dormir. Dois dias se passaram e recebemos uma amarga e dolorosa noticia. Nosso pai havia morrido em um acidente de carro. Os policias disseram que o estresse acabou ocasionando um AVC enquanto ele dirigia, e logo após, bateu bruscamente o carro em um poste. Na época eu fiquei completamente abalado. Tentei apenas esconder mina tristeza e consolar Monoe que estava desolada. Ela tinha um afeto incondicional pelo nosso pai. Algo me diz que ela sempre soube que ele não sabia nada sobre as agressões. A única coisa que eu tinha certeza era que aquela desgraçada matou nosso pai. Imagino o quanto ele teve que suporta-lá. Depois de um tempo, eu soube que ele era "forçado" a permanecer com ela, como uma espécie de chantagem. Eu não quis saber mais além disso, por isso não sei do que se tratava a chantagem. O dia do velório havia chegado. Até ali eu só me lembro das lágrimas da minha irmã e do consolo do meu tio. Monoe não parava de me agarrar e sussurou levemente:
– Promete que sempre vai estar comigo?
–Sempre estarei. - Agora eu vejo que foram palavras vazias, mas na época elas serviram para que Monoe seguisse em frente junto comigo. Começou a chover no fim do velório e levei Monoe até o quarto para esperarmos nosso tio, para que pudessemos voltar para a nossa nova casa. Ele ficou por ultimo no cemitério, pois disse que precisava falar com nosso pai uma última vez. Me pergunto porque nossa verdadeira mãe não compareceu hoje, mas isso não era motivo para eu guardar rancor dela naquele momento, porém, depois de alguns anos aquele sentimento acabaria se alimentando. Monoe me entregou uma carta, assim que entramos no quarto:
–É do nosso pai. Leia, por favor!
Eu não pensei dua vezes e abri o envelope. As ultimas palavras do meu pai para mim!! O que seria?
"Filho, fiz essa carta pois infelizmente nunca tivemos tempo para conversarmos antes, mas quero lhe dizer que todas as vezes que briguei ou discuti com você, eu estava errado em todas elas. Tudo era implicância da sua mãe por causa da sua mente fragíl e fraca. Perdoe-me, e quero que lembre-se do que vou dizer, meu filho: Não faça nada que você não queira fazer e principalmente, não deixe que a arrogância das outra pessoas destruam seus sentimentos e seu coração. Seja forte e não desista do amor que você sentia por aquela garota. Eu te amo filho e espero que um dia se puder, eu possa falar isso pessoalmente para você. Espero que seja breve, pois estou pensando em ir visita-ló estes dias.
Com amor, seu pai."
–Por que logo agora, sua idiota!!!
– Desculpe, eu não consegui escolher melhor hora!!
Não importava, eu nem quero falar sobre essa carta, pois ela realmente mudou muito minha forma de ver o mundo. Até hoje eu a tenho para lembrar daquele momento. O momento que eu percebi que a culpa foi minha
Nosso tio comprou uma casa para que Monoe e eu morassemos sozinhos, e , claro, sempre que desse,ele surgiria para nos visitar. Ele só fez isso pois era na mesma rua da casa de Kyou, aquele que estava sempre ao meu lado. Ele estava lá no enterro junto comigo. Ele veio correndo no meio da noite para nos ajudar com a mudança. Eu realmente devo muito a ele. Agora que terminei de contar tudo, nem havia percebido no olhar de Mizuhara para mim. Eu não queria que ela sentisse pena de mim ou algo assim. No fundo, sempre achei que mereci isso, pois nunca fui uma pessoa boa, mas ela me olhava como se estivesse disposta a me abraçar a qualquer momento.
– Naquela época eu não sabia o porquê do meu pai insistir tanto naquela mulher. Não era apenas pela tal chantagem. Eu acho que ele realmente a amava e a dor de ter visto ela maltratando seus filhos somada a dor de ver os mesmos perdendo sua juventude, foi demais para ele.
– Não importa!!
– Como é?
– Você não tem culpa de nada!!! Você se tornou assim porque sofreu um enorme trauma e estou aqui para ajuda-ló. Você entendeu tudo errado! Seu pai queria que você abandonasse essa culpa e voltasse a amar as pessoas. Muitas pessoas se importam com você! Eu me importo! Sua mãe, sua irmã, Urikawa-kun, Takada-san, Kizuki-kun.... todos eles! Por isso, pegue os nossos... os meus sentimentos, e aceite-os!!
– Mizuhara...
Eu não tive reação após aquelas palavras. Tudo que eu fiz foi segurar em suas mãos e dizer:
–Ainda não. Não até eu mudar...
Nesse momento recebo a ligação da minha irmã.


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