~Pov Draco

Das primeiras vezes que falei com a Skeeter ela não acreditou em mim, mas como uma boa jornalista aceitou se encontrar comigo quando lhe propus – contanto que fosse em algum lugar público.

Eu estava sentado no bom e velho Três Vassouras bebendo uma cerveja amanteigada quando ela chegou. Assim que me viu, meio relutante se aproximou, seus olhos arregalados como os de Blás e Pan na primeira vez que os vi desde que deixei a prisão mostrava o quão surpresa ela estava.

—Oh meu Merlin é verdade mesmo!

—É bom te ver também Rita. –Fazei fazendo um sinal para ela se sentar.

—Parece que o tempo fez bem a você. –Ela disse me olhando de cima a baixo com um sorriso no rosto que me fez revirar os olhos.

—Vamos logo com isso Skeeter, você vai ou não publicar a entrevista?

—Você sabe que sim. –Ela sorriu e piscou o olho pra mim. –Podemos começar? –Ela pegou sua pena enfeitiçada e um caderninho.

—É bom que não acrescente palavras na minha boca porque se fizer isso...

—Eu sei Malfoy, você sabe dos meus segredinhos. Então vamos lá, sabemos que você está vivo, assim como também sabemos que há um corpo enterrado em Azkaban, corpo esse que todos acreditávamos ser o seu. Se você está aqui, quem está enterrado lá?

—Eu não faço a mínima ideia, mas já estou tentando descobrir mais sobre o que houve. –Respondi sincero.

—Ficamos sabendo sobre seu breve romance com Hermione Granger, que hoje está casada com Ronald Weasley. Como se sentiu quando descobriu?

—Estava louca pra perguntar sobre ela não é? –Ela sorriu divertida. –O que nós tivemos não foi nada além de um romance adolescente, estávamos apenas nos divertindo. Espero que eles sejam felizes juntos.

—O que tem a dizer sobre Scorpius Hyperion Granger Malfoy?

—Pode perguntar o que quiser Skeeter, menos sobre o garoto. –Eu disse irritado.

—Então você já sabe que ela engravidou não é? –A loira ignorou meu ultimo comentário, me olhando ansiosa pra que eu dissesse mais alguma coisa. –O que acha dele ter crescido tendo Ronald Weasley, seu inimigo de infância, como figura paterna?

—O que quer pra não perguntar sobre ele?

—Quero que me responda uma coisa com sinceridade.

—Diz logo.

—O que realmente sente por Hermione Granger?

~Pov Hermione

—Se você disser ao Scorpius que ele a manteve presa durante toda a guerra e que você foi torturada ele jamais vai querer se aproximar do Malfoy!

—Por acaso está se ouvindo Ronald Weasley?! Você sabe que Draco jamais fez nada contra mim e que ele não me deixou lá porque quis, até tentou me ajudar a fugir, mas...

—Mas você se apaixonou por ele. –O ruivo completou e eu abaixei minha cabeça. –Se apaixonou mesmo sabendo que ele era um Comensal da Morte!

—Ele morreria se eu fugisse da casa! –Gritei.

—E você preferia esperar até ter chance de voltar pra mansão Malfoy e ser torturada de novo e de novo?! Tenha senso Hermione!

—Senso?! É você quem está pedindo que eu minta para uma criança de cinco anos!

—Tudo bem Hermione, faça o que quiser, mas eu espero que você não esqueça de que durante todos esses anos que ele não esteve aqui quem cuidou de você e do seu filho fui eu e que se o Malfoy quiser por algum motivo pegar a guarda do Scorpius, vai ser difícil, mas não impossível...

—Draco jamais faria isso! Ele não tiraria o meu filho de mim!

—Tem certeza? –Eu não respondi. Ele estava com raiva e ninguém sabia do que era capaz quando estava assim.

—Não o quero falando mal do Draco com o Scorpius entendeu?!

—Faça o que quiser, mas eu não a ajudarei se ele tentar levar o garoto.

—Eu não pedi sua ajuda, posso lidar sozinha com ele.

—Da mesma forma que lidou depois do Goyle?

Aquilo foi demais pra mim. Se Draco era um assunto delicado antes o que houve na guerra com Goyle era ainda mais. Meus olhos de encheram de lágrimas ao mesmo tempo que minhas mãos ficaram trêmulas e meu coração disparou. Tudo se passava na minha cabeça novamente, todo o medo e dor que aquela lembrança me causava estavam de volta. Rony não tinha o direito de falar assim, foi tudo o que eu pensei quando lhe dei um tapa forte em seu rosto.

—Nunca mais toque nesse assunto... –Murmurei e em seguida saí do quarto indo em direção à cozinha.

Peguei a garrafa de Whisky que Draco abriu e bebi um pouco tentando impedir as lágrimas de cair, o que era inútil.

—Mamãe? –Eu me virei secando as lágrimas rapidamente encontrando Scorp, o único que eu tinha certeza que poderia fazer eu me sentir bem depois de me lembrar de tudo aquilo. –Está chorando de novo...

—Está tudo bem, não se preocupe. –Falei me esforçando para sorrir e lhe dei um beijo no rosto.

—Rony ou meu pai? –Ele perguntou parecendo não acreditar em mim.

—Promete que não vai me deixar agora que seu pai voltou? –Implorei e ele me olhou estranhando. Outra lágrima escapou. –Eu sei que estou longe de ser a melhor mãe do mundo, mas, por favor, promete que vai estar sempre comigo?

—Que pergunta é essa mãe? Não é porque ele voltou que eu vou te esquecer. Eu amo você.

Eu o puxei abraçando-o e apertando-o em meus braços e depois subimos juntos até o quarto dele, onde o pequeno me pediu que contasse alguma história até que pegasse no sono. Fiquei acariciando seus fios loiros enquanto contava o conto de Babbitt a Coelha até que ele pegou no sono, e enquanto eu o observava dormir eu tentava apagar aquela lembrança horrível, mas ela continuava passando em minha cabeça várias e várias vezes.

Flashback On

—O que eu faço com você Granger? –Ele disse sorrindo enquanto eu recuava de medo.

—Por favor, me desculpe, eu prometo que não faço mais! –Implorei.

—Parece que o seu namoradinho está desesperado. –Goyle falou se aproximando de mim com um sorriso divertido enquanto os gritos de Draco ficavam cada vez mais desesperados. –Mas isso não vai salvar você.

—O que vai fazer comigo? –Perguntei cercada, agora eu não tinha mais pra onde fugir. Ele parou diante de mim e acariciou meu rosto, mas eu virei.

—Que isso sirva de punição não só a você, mas ao Malfoy também.

—O que Draco tem a ver com isso?

—Não percebeu que ele está caindo de amores por você?

—CALA A BOCA SEU IDIOTA! –Gritou o loiro do outro lado da porta, ele continuava a tentar abri-la.

—É bom que comece a andar na linha, se não eu terei que puní-la várias vezes e eu acho que não é isso o que você quer não é? –Eu balancei a cabeça negando.

—Por favor, eu faço o que você quiser...! –Implorei e ele riu.

—Acredite, você vai fazer sangue-ruim. –Ele então pegou minhas pernas puxando-me com violência pra perto enquanto eu me debatia.

Com sua varinha Goyle amarrou minhas mãos e subiu em cima de mim enquanto eu gritava e chorava. Ele segurou meu rosto me beijando e assim abafando meus gritos, mas não contendo minhas lágrimas. Suas mãos iam por todo meu corpo enquanto rasgava minhas roupas, fazendo com que eu me sentisse suja, com nojo de mim mesma.

—DRACO! –Eu gritei implorando por ajuda fazendo as batidas na porta aumentarem, mas ele não conseguiu abrir.

O idiota ainda insistia em me beijar quando eu o mordi com força. Irritado ele olhou pra mim me dando um tapa forte no rosto.

—Quietinha, está entendendo bem?! –Sussurrou no meu ouvido. –Se morder de novo as coisas podem piorar sangue-ruim.

Quando tudo aquilo acabou Goyle soltou meus pulsos, que estavam completamente machucados por conta das cordas, e sorriu pra mim. Meu corpo estava completamente dolorido.

—Pelo visto fui o seu primeiro Granger. –Ele disse me beijando mais uma vez olhando o lençol agora sujo de sangue, mas com um movimento de varinha ele limpou tudo. –Espero que tenha entendido que sou eu quem manda aqui. -O comensal pegou uma blusa qualquer no guarda-roupa e jogou em mim.

—Vista-se. –Eu a peguei e o encarei. –Ande logo, eu vou abrir a porta e o Malfoy vai entrar aqui, se não quer que ele a veja assim, vista-se. -Eu obedeci, me sentando na cama e enrolando-me no lençol.

Assim que ele abriu a porta foi surpreendido por Draco, que o jogou na parede dando socos, mas Goyle simplesmente começou a rir fazendo-o parar.

—Quer que eu volte pra lá? –Ele perguntou rindo. –Sabe que eu posso chamar um reforço dizendo que ela está sendo mal criada aqui. Quer ver o que acontece Draco? -O loiro o soltou meio a contragosto e correu até mim.

Olhando para mim com apenas uma camisa e enrolada nos lençóis parecia que ele não estava acreditando. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, os pulsos ardendo e eu também tinha alguns chupões em meu pescoço, além do cabelo bagunçado. Ele me olhava com tristeza, dor, ódio, o que só fez com que eu me sentisse pior.

—Por Merlin me diz que ele não fez isso com você... –O loiro fechou os olhos esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu continuei em silêncio. –EU VOU MATÁ-LO!

Uma lágrima minha caiu e ele se aproximou sentando-se diante de mim e secando-a, fazendo-me tremer e me encolher ao toque. Abaixando a cabeça ele se afastou de mim.

—Eu vou fazê-lo pagar por isso, você vai ver.

Flashback Off

O tempo não vai curar
Esse dano nunca mais
Não vire as costas para mim
Eu não vou ser ignorado
Eu sou
Um pouco inseguro
Um pouco desconfiado
Porque você não entende
Eu faço o que posso
Mas às vezes isso não faz sentido