Anne sabia que havia se apaixonado assim que vira a moça tirar o capacete de sua moto,passando ambas as mãos pelos cabelos curtos,negros.Sabia também que uma longa desilusão estava por vir.Mal sabia ela,que desta vez,o destino iria lhe ajudar.Ou nem tanto.

Anne sempre fora uma garota apaixonada,quero dizer,pela vida,por seus pais e suas flores,mas nunca se apaixonara de fato,por um ser humano.Em toda sua juventude,Anne beijara apenas um garoto,não se arrependia do momento,mas não gostara como um todo,descobriu-se homossexual muito cedo,mas mantinha em segredo para si por enquanto,pretendia contar aos pais logo,mas faltava-lhe coragem,fato que era desprovido de motivos,já que seus pais eram dóceis como um par de filhotes,sempre apoiavam Anne em tudo.

Anne perdera a noção do tempo desde o dia em que viu pela primeira vez a moça, passaram-se alguns dias afinal,todos eles a motoqueira estacionava sua moto em frente á cafeteria,que localizava-se á frente da floricultura onde Anne trabalhava,exibia toda sua beleza exótica á toda a gente que passava pela ruela,entrava á cafeteria,saia,e finalmente subia á sua moto e ia embora,fazendo a espinha de Anne relaxar tanto que a garota quase caia do pequeno banco onde se encontrava todo o momento.

Anne não entendia ao certo porque seu peito sacolejava toda vez que ouvia os roncos grosseiros da moto Harley Davisson da moça,ou por que faltava-lhe a saliva quando a dita cuja passava as mãos pelo sidecut,um tanto masculino;mesmo não sabendo o motivo correto,Anne sentia todas aquelas coisas descritas nos livros que lia,fazendo-se pensar que estava apaixonada.A idéia não apavorava Anne,á enchia de um sentimento abstratamente leve.

‘’Anne,Anne minha querida’’ Chamava-lhe a dona da loja,uma senhorinha dócil,que lhe acolhera por sua paixão pura por flores de todos os tipos ‘’Anne,minha querida,temos clientes’’

Avoada em pensamentos,não percebera o par de clientes que sorriam á sua frente,atendeu-os rapidamente,dando-lhes informações e explicações,coisas que particularmente os clientes gostavam muito na jovem,ela sabia absolutamente tudo sobre as flores ali postas.Anne desde muito jovem gostava de flores,foram seus primeiros presentes,aprendeu a conviver e ama-las,fazia o que amava afinal.

Á manha seguinte,a jovem chegou atrasada a loja,perdera seus inúmeros avisos para levantar,provindos de seu celular;não ouvira quaisquer reclamações de Dona Lúcia,mas se encontrava entristecida pelo fato de perder o momento da chegada da motoqueira á cafeteria;Dona Lúcia,logo que a recebera,entregara um bilhete de um pedido de entrega em um edifício comercial que ficava á apenas alguns quarteirões da loja;rapidamente,Anne montou o buquê solicitado,e pôs-se á caminhar pelas ruas sempre muito agitadas de São Paulo.Não demorou muito á chegar aos edifícios,demorou muito menos á conseguir entrar em um deles,onde subiu ao andar solicitado por elevadores,Anne espantara-se com a quantidade de corredores que haviam naquele local,não achava o escritório correto nunca!

Avoada como sempre fora,Anne não percebeu nem a presença de alguém que se aproximava rapidamente,que por sinal,também não enxergava a pequena jovem a sua frente.Não demorou muito até as duas moças se chocarem fortemente;Anne levantara a cabeça rapidamente para se desculpar com o individuo,mas as palavras lhe faltaram quando se deparou com olhos cinzas,pálidos e furiosos.Tentou se recompuser enquanto ligava a idéia de que tinha se chocado com a Motoqueira da Cafeteria.A moça nada disse,apenas deu-lhe um sorriso unilateral,ligeiramente mal humorado e levantou-a calmamente,Anne pode sentir a baixa temperatura que as mãos da moça apresentavam,e teve arrepios involuntários quando a mesma lhe passou as mãos pelos ombros,checando a estabilidade do corpo da Jovem.Esboçou-lhe algumas desculpas rápidas e preparou-se para voltar a andar,mas girou os tornozelos, e pediu-lhe as flores,afinal,eram Suas;não sabendo por que,Anne corara,e estendera os braços fracamente para a moça,lhe dando o buquê.

‘’Obrigada,Garota das flores’’ – Deu mais um sorriso torto,e saiu,andando por intermináveis corredores.

Terminado o atordoamento e vergonha de Anne,a mesma procurou o bilhete de Dona Lucia pelos bolsos do shorts,abriu-o,leu-o todo e virou-o,procurando por um nome.Achou o afinal,sorrira ao se dar conta que havia descoberto o nome da Motoqueira.Emily Parker.