Havia uma multidão deles

Um grupo que se dizia “descolado”

O céu estava limpo e cheio de estrelas

Mas parece que ninguém havia notado

Usando algo feito a mão

Segui animada para a pista de dança

Mas só havia as caixas pulando ali

Mesmo estando rodeada de crianças

Me senti velha ao ver as menininhas

Com menininhos no seu encalço

Elas todas usavam saltos enormes

E eu estava descalço

Uma taça se estilhaçou no assoalho

Assim como uma noção de realidade

Algo chorava ao ser corrompido

Não querendo encarar a nova verdade

Me sinto curiosa e ignorante

Observo tudo com um sorriso sarcástico

Nada nunca é o que parece ser

Me vejo rodeada de disfarces fantásticos

Vi de longe um caso perdido

Sem sombra de esperança

Mas assim que ela ergueu o rosto

Vi apenas outra criança

Há um espelho de duas faces

Cada uma mostra um ponto de vista

Nunca consegui descobrir o verdadeiro

Mesmo sendo otimista

Eles se julgam garotos mimados

Que conseguem enganar as horas

Mas eu apenas vejo crianças perdidas

Tentando abafar os sons de uma infância que chora

Mesmo estando tão próximos

há inúmeros muros que nos separaram

Aspiram uma adolescência na festa e na fama

E eu invejo o que eles ainda têm que já me tiraram

Meu sorriso será sempre sincero

Mas na verdade, eu nunca soube quem errou

Porque quando a noite se tornou clara

Esqueci minha máscara de Pierrot