Harry correu pelos corredores do colégio até chegar na sala comunal da Grifinória, onde Fred, Jorge e Hermione se encontravam sentados no sofá.

–Onde está o Rony? -Harry perguntou sem fôlego de tanto correr.

–Já foi fazer a prova e graças à você, vai se dar muito bem -disse Fred com um grande sorriso no rosto.

–Ah, essa não -disse Harry passando as mãos pelos cabelos, como em um gesto de desespero.

–Qual o problema, Harry? -Hermione perguntou.

–Snape trocou a prova!

–O quê? -disseram e se levantaram os três ao mesmo.

–Não, você não pode estar falando sério, deve ter entendido errado -disse Hermione nervosa.- Onde foi que você escutou isso?

–O próprio Snape me disse!

–Isso não é bom, nada bom -disse Jorge andando de um lado para o outro.
–Temos que ir avisá-lo -disse Hermione.

–Ele vai pirar -comentou Harry.

–Mas é melhor do que nada. Nós o avisamos e dizemos para fazer o melhor que puder.

–Ou seja... -disse Jorge.- Ele não sabe de nada!

–Temos que torcer pelo melhor, agora temos que avisá-lo! -disse Hermione correndo em direção à sala onde Rony se encontrava, ao lado de Harry, Fred e Jorge.

–Professor! -disse Jorge parando bruscamente com os outros quando viu Snape entrando na sala.

–O que os quatro desejam?

–Nós... nós precisamos falar só um instantinho com Rony -explicou Hermione.

–Podem falar -disse fazendo os quatro sorrirem-, mas depois da prova.

–Mas professor... -argumentou Fred.

–Não seignifica não. Só falarão com o senhor Weasley após o término da prova.

–Por favor, é importante -pediu Jorge.

–Não! -Snape falou entrando na sala e fechando a porta na cara dos quatro garotos.

–O que faremos agora? -Harry perguntou angustiado.

–Acho que tenho um plano, mas tenho que checar uma coisa antes -disse Jorge.- Venham comigo!

–Harry! -chamou Snape saindo da sala, fazendo os garotos pararem.

–O que foi?

–Preciso falar um instante com você.

–Tudo bem, encontro vocês depois.

Fred, Jorge e Hermione saíram apressados, enquanto Harry foi ao encontro de Snape.

–O que o senhor quer falar comigo?

–Está acontecendo algo que eu não sei e não quer me contar?

–Não, senhor! -respondeu um pouco nervoso.

–Tem certeza? Você me parece bem abatido.

–É que estou um pouco estressado com tantas aulas, tarefas e o quadribol, mas nada demais -disse desviando o olhar, com um enorme peso na consciência por mentir para o pai.

–É só isso mesmo? Se tiver alguma coisa incomodando você, sabe que pode conversar comigo.

–Eu sei que posso, mas está tudo bem, não precisa se preocupar. Agora eu tenho que ir -Harry disse andando depressa e quando viu que estava fora da vista de Snape, correu o máximo que pode e encontrou Fred, Jorge e Hermione no sala comunal de sua casa.- Então, qual é o plano?

–Você pode não gostar muito dele, mas é o que temos -disse Fred.

–Diga o que precisamos fazer.

–Bom, hoje é o dia da lavagem das janelas.

–Mas e daí?

–E daí, que não sei se você notou, mas as janelas são muito altas, então o limpador usa uma pequena plataforma para chegar até lá.

–Não estou entendendo.

–Nós vamos no lugar dele hoje. Tem espaço suficiente para nós quatro e eu e Jorge demos uns bolinhos enfeitiçados ao limpador para que ele dormisse tempo suficiente para irmos até lá e voltar.

–Olha -disse Harry-, das piores ideias que tivemos e olha que tivemos muitas, essa com certeza é a pior!

–Situação desesperadora exige uma medida desesperada! -disse Jorge.

–Tudo bem, mas não é mais fácil a gente criar um pequeno tumulto fora da sala e quando o Snape for olhar, nós entramos e avisamos ao Rony?

–Não. Filch fica fazendo vigília naquele corredor junto com a madame Nora em dia de prova. Nem com a sua capa de invisibilidade poderíamos passar, aquela gata sentiria o nosso cheiro, seria muito arriscado.

–Mas e se Snape nos vir pela janela? E como avisaremos Rony?

–Nós vamos colocar a roupa dos limpadores, ele vai achar que são os empregados de sempre, não vai nem olhar, incluindo o boné, mas teremos que ficar com a cabeça abaixada, senão ele pode nos notar. E Jorge escreveu a mensagem em um pequeno cartaz que colocaremos na janela e quando Rony se virá, ele verá.

–Tomara que dê certo -disse Harry suspirando bem fundo.

Os quatro garotos desceram e atravessaram o campo de quadribol até ficarem debaixo da sala onde Rony estava fazendo a prova, já vestidos com o uniforme azul. Subiram na pequena plataforma e puxaram a corda que os fez ficar em frente à janela da sala. Apesar de a altura não ser imensa, Hermione estava muito nervosa e um pouco trêmula.

–Jorge -chamou Fred-, cadê o cartaz?

–Coloquei na grade, como você mandou -disse apontando para o cartaz que estava preso na grade de ferro, só que estava colocado do lado oposto do da janela.

–Mas que maravilha! -disse Fred.- Agora é só esperarmos o Rony se levantar, descer, atravessar o campo de quadribol para poder ler esse cartaz -falou em tom de ironia.

–Ah..., tá do lado errado -percebeu Jorge-, vou desvirar.

–E agora? -perguntou Hermione nervosa.

–Teremos que esperar que Rony se levante e então acenamos para ele, porque fazer alguma coisa pra chamar a atenção dele enquanto está sentado é muito arriscado -explicou Jorge.

–Tomara que não demore muito, porque se pegarem a gente aqui, seremos suspensos.

–Não vamos ser suspensos -disse Fred.- Se pegarem a gente aqui, a palavra é expulsão -falou ganhando olhares assustados de Harry e Hermione.- Mas não se preocupem, vai dar tudo certo.

–Olha, olha, ele levantou -avisou Jorge apontando para Rony que tinha se levantado da cadeira.

–Aquele cabeção! -disse Hermione.- Eu avisei para que ele demorasse um pouco mais, senão o Snape desconfiaria. Não tem nem dez minutos de prova e ele já vai entregar e o pior que as respostas estão todas erradas -falou com as mãos no alto da cabeça, de desespero.

Rony estava andando em direção à Snape com sua prova nas mãos, quando viu quatro pessoas de uniforme azul, atrás de Snape, do lado de fora da janela, com um cartaz levantado e todos apontando com os indicadores para as palavras escritas. O ruivo ficou abismado e logo percebeu que conhecia aqueles quatro.

–Já terminou, senhor Weasley? -disse Snape sentado em sua cadeira ao garoto que estava pálido de susto.

–Não... não... -disse gaguejando lendo o cartaz que dizia: "A prova foi trocada, as respostas estão erradas".

–Terminou ou não?

–Não, professor.

–Então porque veio até mim com o teste em mãos?

–Porque... porque.... porque preciso de mais tinta para minha pena, a minha acabou.

–Aqui está mais -disse Snape entregando um recipiente com um pouco de tinta para o Weasley.

Rony voltava para sua mesa, mas sua cabeça estava virada para traz, olhando para os quatro na janela.

–Ele está meio assustado -disse Fred.

–Está mesmo -disse Hermione olhando para a cara do garoto e se voltando para a parte de traz do cartaz, que estava em branco e escreveu: "Faça o melhor que puder, você sabe" e mostrou a Rony, que logo virou a cabeça e se sentou.

–Agora é só torcermos para ele se dar bem -disse Harry.

–Por que estamos nos movendo? -disse Jorge sentindo a plataforma em que estava se mover para baixo.- É você, Fred?

–Eu não estou fazendo nada -disse olhando para baixo-, mas a professora está -falou apontando para uma mulher de chapéu pontudo no gramado.

Era a professora McGonagall com a expressão nada feliz, ao lado de Filch e sua gata, ambos parecendo muito satisfeitos em ver que o circo ia pegar fogo.

–Como a senhora está, professora? -perguntou Fred enquanto desciam.- A vista é bonita daí de baixo? -disse recebendo um olhar penetrante da mulher de pura reprovação.