Eu, filho de Severus Snape? Nunca! escrita por AFM


Capítulo 24
Um passado doloroso


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, obrigada por lerem esta história. Espero que apreciem esse capítulo. Agradeço à todos que leem, acompanham ou comentam, especialmente aos que comentaram o último capítulo: "Bella Solace", "Hermione Potter 112", "CatrinaEvans", "Maylaila Black", "sakurita1544", "Taw", "fantasminha", "haynny", "Gabi Rollins" e "paz Salvatore Mikaeson". Beijos!!!



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Dumbledore olhava para Harry com um olhar de decepção.

–Eu sei o que o senhor vai dizer -disse Harry sentando-se em uma cadeira próxima à mesa.- Não era a minha intenção magoá-lo, mas o senhor tem que entender o meu lado.

–E qual é o seu lado, meu jovem? -disse Dumbledore sentando-se em uma cadeira bem ao lado da que Harry estava sentado.- Com essa confusão entre você e o professor Snape, não tive a chance de lhe perguntar com calma como se sente.

–Nada bem, professor -Harry disse cabisbaixo.- Juro que não queria magoar Snape, mas acabou acontecendo. Nunca quis que ele descobrisse.

–Por que você não me conta com calma o que aconteceu?

–Tudo bem. No começo eu quis simplesmente esquecer que isso era verdade, mas depois vi que isso não seria possível, então tentei me entender com Snape, mas não é tão fácil como parece. Sabe quando você está com alguém que não te deixa confortável e você só é agradável por educação, pensando que mais tarde não precisa mais ficar perto dessa pessoa, mas no meu caso, terei que ficar pra sempre perto do Snape?

–Não, meu rapaz, nunca tive que passar por essa situação.

–E o Snape até que estava tentando ser legal comigo, mas eu acabei por fazer essa burrada dessa -disse com o olhar deprimido.

–É verdade mesmo, que você disse à seu avô que nunca aceitaria que Severo fosse seu pai e estava fingindo aceitar por interesse?

–Não..., quer dizer... é sim. Falando desse jeito parece pior do que é.

–Parece mesmo, mas eu o conheço e sei que você jamais se aproximaria de uma pessoa por puro interesse, por isso estou lhe perguntando o que realmente aconteceu.

–Bom..., como vi que não conseguiria aceitar Snape como pai e que não poderia me ver livre dele, então resolvi deixar as coisas como elas estavam. Quando Snape disse que teria de colocar seu sobrenome em minha certidão, não gostei muito, mas então, me lembrei que queria libertar a Winky, a elfa doméstica que trabalha na casa do Snape. Eu não sei o senhor, mas não me sinto confortável sabendo que esses seres vivem como escravos porque alguém decidiu seus destinos sem ter nenhum direito de fazer isso e que ninguém faz nada. Não consigo dormir pensando: "e se fosse comigo?". É como o velho ditado diz: "Não faça com os outros aquilo que não quer que façam com você".

Harry falava, enquanto Dumbledore começou a sorrir.

–O que foi, senhor? Com todo respeito, mas não acho que a situação dos elfos domésticos seja motivo para piadas.

–Meu jovem -disse rindo-, não estou rindo por deboche e sim por alegria.

–Alegria? Mas de quê, senhor?

–De ver como uma pessoa tão pequenina e com tão pouca idade, como você, pode entender do mundo melhor do que muitos adultos. Ignorar o que as crianças falam só porque elas têm pouco idade é besteira, meu rapaz e você, Harry, é o maior exemplo disso. Também não concordo com a situação em que esses pobres seres se encontram, mas diferente de você, meu rapaz, eu me acomodei com a situação.

–Não diga isso. O senhor não é acomodado!

–Claro que sou, Harry. Sempre soube que essa situação com os elfos é errada e nunca fiz nada. E piora ainda mais, pois com a minha posição, possuo meios para tentar, com maiores chances de sucesso, conseguir a libertação desses deles e você com tão poucos meios, já libertou dois, porque eu sei que foi o senhor que libertou Dobby. Ele veio me pedir um emprego aqui mesmo, em Hogwarts, e eu lhe dei de muito bom grado e ele não para de falar que foi você que o libertou de sua condição de escravo. E agora a Winky também -disse sorrindo.- Entendo o que você fez.

–Entende mesmo?

–Entendo sim, meu rapaz, no entanto, não concordo. Não totalmente. Me alivia muito saber que você fez o que fez com uma intenção tão nobre, mas havia outros meios para que isso tivesse sido feito e o senhor escolheu o mais fácil, porém um fácil que magoou muito alguém, e isso não foi certo.

–Eu sei -disse Harry encarando o chão.

–Sabe, Harry, eu sei que Severo não é a pessoa mais fácil de se lidar. Mas você já tentou entender o porquê?

–Não, na verdade, sempre achei que ele fosse assim por natureza, por que, não é?

–Não -disse Dumbledore sorrindo-, ele nem sempre foi tão amargo assim.

–Não? -perguntou Harry impressionado.

–Não! Ele era uma criança bem alegre, mas a vida nem sempre é uma mar de rosas. Às vezes ela pode ser bem amarga para alguns, e, infelizmente, no caso de Severo, foi assim.

–O que aconteceu, professor?

–Você gosta do Tobias, não gosta?

–E se gosto! -disse abrindo um grande sorriso no rosto.

–Pois então, ele é uma boa pessoa, mas nem sempre foi assim.

–Como não? -Harry perguntou parecendo estar chocado.

–Até Severo completar quinze anos, mais ou menos, ele era um homem muito cruel, especialmente com o filho.

–Cruel? Mas cruel como? Como os meus tios?

–Seus tios parecem pessoas bondosas comparados ao que Tobias era naquela época.

Harry ficara estático com a revelação de Dumbledore. Mal ouvia o que o homem falava, apenas se lembrava dos bons momentos que tinha passado com o avô, os melhores de sua vida, em sua opinião.

–Mas isso é impossível -disse Harry.- Meus tios são cruéis.

–São sim, meu jovem, mas pelo que bem sei, eles nunca o agrediram fisicamente, não é mesmo?

–Bom..., o tio Válter, às vezes, apertava meu braço com muita força, mas nunca chegou à me bater mesmo. Meu avô era assim com Snape?

–Eu receio que sim, Harry -disse encarando uma expressão totalmente surpresa e desnorteada do menino.- Tobias batia muito em Severo e nem tinha a preocupação em fazer isso em lugares que não fossem visíveis. Por diversas vezes Severo chegou na escola com marcas explícitas de surras muito feias.

–Não -disse Harry não querendo acreditar naquilo que ouvia-, ele não é assim não! O senhor o conhece, ele é legal, divertido...

–Eu sei que sim, Harry.

–Então era tudo fingimento? -perguntou com os olhos marejados.

–Não, não era. Ele realmente gosta muito de você e de Severo também, mas isso agora. Antes ele era um homem muito violento. Eu o confrontei várias vezes por Severo aparecer com hematomas na escola, mas isso só aumentava mais ainda a sua raiva e castigava mais o filho. Ele odiava os bruxos.

–Mas como odiava? A mãe do Snape, a esposa dele, era uma bruxa, não era, professor?

–Sim, sim. Ela era sim, inclusive foi aluna de Hogwarts. Mas quando Tobias se casou com ela, ele não sabia disso. Eileen escondeu isso por muito tempo, mas quando o menino completou onze anos, Tobias soube que ele era um bruxo, e como ele não era um, então só podia ser a esposa.

–Mas por que ele detestava tanto assim os bruxos?

–Não sei dizer bem o porquê, Harry, mas suspeito que algum bruxo possa ter feito mal à ele e à sua família, quando mais jovem.

–Então quando ele descobriu que Snape era um bruxo, ficou com raiva? -Harry perguntou, mas sabia que não queria ouvir a resposta.

–Sim, e muita. Passou à desprezar o garoto e pouco depois à bater, dizendo que não passava de uma aberração.

–E o que o fez mudar de ideia sobre nós?

–A morte da mãe de Severo em um acidente trágico. Ele ficou desolado e depois de um tempo, fui conversar com ele e explicar que descontando a sua raiva em uma criança inocente, não faria as coisas mudarem.

–E depois?

–Bom, ele começou à conseguir ver que nem todos os bruxo são ruins, que existem bruxos bons também, então ele mudou completamente. Jamais foi aquele homem violento de novo, passou à ser o homem que você conhece, alegre e brincalhão, mais até do que Severo gostaria -disse rindo.

–Nossa -disse Harry com os olhos arregalados-, nunca imaginaria uma coisa dessas.

–É por isso que não se deve julgar uma pessoa sem conhecer seu verdadeiro passado. Ele pode até não justificar as suas ações, mas pode explicá-las, e é por isso que o comportamento de Severo é aceitável, diante das condições em que foi criado.

–Mas o senhor disse que o meu avô parou de maltratar Snape quando ele tinha quinze anos, então por que ele continua à ser tão fechado e amargo?

–Meu caro, algumas marcas ficam para toda a vida. E quando Severo deixou de apanhar em casa, passou à apanhar na escola, e isso eu lamento profundamente, pois aconteceu bem debaixo do meu nariz.

–Como assim? Aqui na escola?

–Sim. Severo sempre foi muito fechado e algumas pessoas respeitavam isso, mas outras nem tanto. Alguns alunos se aproveitavam da fragilidade emocional dele e faziam algumas maldades -disse com um olhar tristonho.

–Que maldades? E quem as fazia?

–Alguns dizem que é apenas brincadeira de criança, mas em minha opinião, brincadeira é para ser engraçado para todos e não só para alguns. Bom, eles tiravam as calças dele, derrubavam seus livros, o colocavam em cima de uma árvore, da qual não conseguia descer. Esses tipos de coisa.

–Mas isso não é brincadeira, é humilhação! -disse Harry parecendo revoltado.

–E a culpa disso tudo também é minha. Aconteceu nas dependências da escola, eu deveria ter sabido, e na verdade, soube, depois, mas soube, e pouco fiz para ajudar.

–Como assim? O senhor ajudaria qualquer pessoa em uma situação como essa, principalmente um aluno.

–Quando soube que essas brincadeiras de mau gosto estavam acontecendo, fui imediatamente tomar providências, mas confesso que fiz vista grossa.

–Vista grossa? O senhor simplesmente não fez nada?

–Não, eu fiz, mas não o suficiente. O que fizeram à Severo eram coisas passíveis de expulsão, mas eu conhecia e apreciava muito os garotos que fizeram isso, então dei uma punição mais leve, dando, assim, a oportunidade à eles de continuarem à fazer o que faziam.

–E eles continuaram?

–Infelizmente sim. Só soube disse muito tempo depois, quando todos já haviam se formado. E, por incrível que pareça, foi um dos garotos que maltratava Severo quem me contou.

–E quem foi? -perguntou Harry impressionado com aquilo tudo.

–Tiago Potter -disse com a voz tristonha, ganhando um olhar surpreso de Harry.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e deixem as suas opiniões nos comentários, tá? Beijos!!!