Acordei com o despertador se esguelando do meu lado, peguei o despertador as cegas e desliguei o bendito. Peguei meus óculos e finalmente conseguir ver o mundo do jeito que deveria ser. Sentei me espreguiçando e indo em direção do banheiro para me arrumar para minha aula.

Sai praticamente pronta, coloquei meus all star de sempre e fui acordar meus irmãos, que eram gêmeos e dois anos mais velhos que eu. Mas claro, isso não significava bosta nenhuma quando se tratava de maturidade. Bati na porta de Yuri e depois bati na porta de Yan.

– Acorde logo Yan, senão vou comer tudo – ameacei quando não ouvi nenhum barulho que significasse sinal de vida – Yuri, se não descer em quinze minutos vou voltar com um balde de água.

Desci as escadas e vi minha mãe com um telefone na orelha e calçando o salto enquanto preparava o café. Ela era loira, como eu, um loiro quase branco, alta e olhos azuis claros. E apesar dela já ter seus 42 anos continuava linda e com aparência de boneca.

Eu não tinha herdado essa beleza de boneca dela, muitos dizem que sim, mas não. Além dela ser muito bonita, ainda tem aquela graça que encanta as pessoas ao seu redor. É, eu queria ser realmente parecida com Fernanda.

Fui para seu lado e lhe beijei na bochecha e sentando na mesa, pegando um pão e comendo com suco de laranja de caixinha. Fernanda desliga o telefone e por fim se senta na minha frente pegando algumas frutas e começando a se alimentar.

– E seus irmãos? – perguntou

– Já fiz minha parte – falei ao mesmo tempo que Yuri desce as escadas, meu irmão era alto e musculoso, e ele tinha um cabelo loiro escuro, e olhos que eram iguais aos meus, um castanho meio enverdeado que ao redor era meio azul

– Já comeu tudo sua gorda? – perguntou bagunçando meus cabelos

– Claro, é o que uma gorda costuma fazer né? – respondi sorrindo

– Não, mas você é a gorda das gordas então come tudo – ele diz dando ombros

– É verdade – Yan desce e se senta do meu lado – Obesa.

Yan era idêntico ao Yuri, com diferença do colar de cruz que ele usava e uma pulseira preta no pulso eu poderia facilmente confundi-los. Mas Yan também tinha um tique que sempre diminuía o olho esquerdo quando olhava para nós e uma cicatriz que fiz no seu braço com um garfo quente quando era criança. Foi um acidente, mas isso ainda veio como um beneficio para mim.

Eles me chamavam de gorda, mas eu sou meio palito. Mas digamos que chego a me alimentar mais que os dois juntos. Nós três terminamos de tomar café e nós vamos para a escola, que não era longe, mas que se fosse à pé renderia um bom tempinho. Quando chegamos à escola Yuri me olhou pelo retrovisor e eu sai sem olhar para eles.

Não culpava por eles não quisessem não ser vistos comigo, eu era a Nerd bonitinha mas que andava com um bando de esquisitos. Mas esses esquisitos são meus melhores amigos. No começo meus irmãos nem ligavam, porém logo o pessoal começou a zoar com a cara deles e assim se afastaram de mim

Fui para meu armário, onde já estavam Elaine e Robson, meus melhores amigos. Elaine era morena, com cabelos cacheados e olhos escuros meio puxados, mas que eram escondidos atrás de uma armação grande. Robson era o oposto: branco, de olhos cinzas, e cabelo loiro.

– Oi Liz – Elaine diz – Quanto você vai tirar no simulado?

– Pelas minhas contas, 10 – respondi sorrindo de lado – Acertei as 60 questões!

– Meu Deus – Robson diz – Parabéns!

Esqueci de dizer que Robson era gay? Bom, ele é gay.

– Obrigada, me esforcei muito – respondi – Mas e vocês?

– Eu vou tirar 9,8 – respondeu Elaine – Esqueci de preencher a bolinha toda.

– Que pena – falei – Na próxima você vai conseguir, você é tipo, muito inteligente!

– Obrigada! – falou e me abraçou – Sabe aquele cara que eu falei? Que manda mensagens anônimas? Ele voltou a mandar as mensagens!

– Serio? – Robson perguntou

– Sim, ele disse – ela pegou o celular e leu a mensagem – Adorei a camiseta do System. Ou seja, ele estuda aqui!

Elaine estava quase pulando de felicidade.

– Já pensou que poderia ser o Gustavo? – perguntei, era o gordo chato da sala, Elaine fez uma careta

– Ele é muito legal para ser o Gustavo – respondeu – E não me importo se é gordinho ou não.

– Se você diz – Robson disse – Mas cuidado baby.

– Claro meu amor – ela diz abraçando ele

Entramos na sala e quando fui sentar na minha cadeira, o meu pesadelo de olhos verdes passou por mim e afastou a cadeira e assim eu cai no chão. Olhei com raiva para ele, enquanto pegava meus livros do chão.

– Machucou Nerd? – perguntou cínico

– Vai cagar, Thomas – respondi baixo

– Não ouvi – ele disse e passou por mim batendo o ombro no meu fazendo meus livros caírem novamente – Estou realmente preocupado com você.

– Enfia essa preocupação no seu orifício anal, Babaca – falei alto o bastante para a sala inteira ouvir

Ele me encarou por um tempo, então sorriu de lado. Que ele era bonito não podia negar, mas isso não me afetava nada. Thomas era alto e musculoso, com cabelos negros cacheados caindo na sua testa, e olhos grandes e verdes intensos. Bem, pelo menos ele teve beleza, acho que Deus não deixa alguém sem cérebro e beleza.

– Que boquinha suja – ele disse sorrindo, revirei meus olhos – Não pensei que fosse dessas.

– E eu quando te conheci pensei que tivesse um cérebro – respondi me virando para a cadeira – Parece que nos enganamos.

Me sentei focando no professor que tinha acabado de entrar na classe, esse ano iria ter longo.