Exchanged. escrita por shondabia


Capítulo 2
2.


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demoraaa hahahaha espero q gstem!



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Regina chegou como uma queda de avião. Sua chegada não foi trágica, nem nada disso, mas tinha sido de repente, barulhenta e assustadora, como um avião que cai e explode no solo.

Logo em sua primeira noite, usando um inglês bem meia-boca, ela apresentou um pouco de sua cultura e nos deu dos mais variados presentes, indo de coletânea de cds de Caetano Veloso a instrumentos musicais típicos, que nem o berimbau pequeno que meu irmão Neal ganhou.

– Isso é um berimbau. – Explica, mostrando o intrumento. Henry olhava tudo, e quando eu digo tudo, quero dizer tudo mesmo, inclusive suas curvas acentuadas.

– Berimbau.- Meus pais testam a palavra em suas línguas. Eu apenas dou risada e tento passar de fase no Angry Birds.

– Calma, deixa eu mostrar como se toca. – Ela pega o instrumento, segura uma pedrinha na corda e, com um palitinho, bate na corda num ritmo engraçado. – Okay, eu não sei tocar muito bem. – Eu dou risada e abaixo a cabeça.

Estávamos todos na sala reunidos, eu e Henry largados no chão, meu pai, minha mãe e Neal sentados no sofá. Regina estava em pé com uma mala de presentes aberta ao seu lado, mostrando cada um deles animadamente.

– Esse aqui é para você, Henry. – Pega um pacotinho dentro da mala. – Espero que caiba, me baseei pelas fotos. – A morena abre o pacotinho e tira, lá de dentro, duas camisas de futebol, uma num amarelo vibrante, que eu deduzi ser da seleção brasileira, e outra branca com detalhes em preto. – Essa aqui – mostra a amarela. – é da seleção brasileira, a gente levou 7 a 1 na copa, mas, ainda assim, temos algum respeito por aí.

Meu irmão pega a camisa em suas mãos com os olhos brilhantes. Logo ele trata de tirar a camisa que vestia e colocar a camisa da seleção, que possuía, em suas costas, o nome e o número de Neymar, seu jogador atual favorito.

– Essa outra – Ela entrega a camisa. – é do meu time do coração, o Corinthians. – Percebo, então, que Regina é apaixonada por futebol. Okay, ela era o típico estereotipo brasileiro: gata, gostosa, gostava de futebol e era animadíssima.

– Que legal, Regina. – Diz minha mãe. – Obrigada. – Agradece e Henry repete o gesto.

– Eu trouxe isso aqui para o Neal, se for muito barulhento vocês podem brigar comigo depois. - brinca. O presente de Neal era um instrumento musical chamado pandeiro, não sei o motivo de trazer dois instrumentos para uma criança de dois anos, mas, quem sou eu para falar algo?

– Vejo que alguém não vai nos deixar dormir... – Conclui Mary ao ver a animação de Henry com o objeto redondo e barulhento.

– E eu trouxe algo para você também, Emma. – Pela primeira vez na noite, ela olha em meus olhos. Regina é dona de um olhar intenso, algo meio complicado de se descrever, apenas posso afirmar que ela parecia enxergar toda a minha alma. – Eu não sabia o que trazer para você, apenas sabia que você gostava de filmes e séries, então trouxe alguns dvd's dos melhores filmes brasileiros, na minha opinião.

De todos, o meu presente foi o maior e mais pesado. Ela tinha colocado os dvd's em uma caixa de madeira com o meu nome entalhado. Era lindo. Abro a caixa e observo o conteúdo. Ela se abaixa e me ajuda a tirar os dvd's.

– Ó paí, ó. – diz, em português. – significa “olha pra isso”.

Eu seguro o objeto em meus dedos, avaliando-o.

– Tem também Se eu Fosse Você, Deus é Brasileiro, o Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro, Carandiru, o Palhaço, Meu Pé de Laranja Lima, Saltimbancos Trapalhões e Assalto ao Banco Central.

Eu, meu pai, minha mãe e meus irmãos olhamos para ela sem entender nada. Então Regina percebe que estava falando em português de novo e se embola tentando falar os títulos dos filmes em inglês. Pelo menos ela tinha tido o cuidado de de trazer os filmes com legenda, de forma que eu poderia entender o conteúdo.

– Obrigada, Regina. – Digo. – Vou tentar assistir todos.

– Eu espero que consiga.- Sorri.- Se quiser, eu posso assistir um dia com você.

Minha resposta é um sorriso fraco.

– Eu quero ver filmes brasileiros também. – Diz Henry.

– Desculpe, querido, mas esses aqui não são para a sua idade.

Pela primeira vez na noite eu dou risada genuinamente, principalmente pela cara emburrada que meu irmão faz. Percebendo o horário, meus pais nos mandam subir para dormir, a intercambista ficaria no quarto de hóspedes.

Ajudamos ela com as malas e, quando está tudo ajeitado, nos despedimos e vamos dormir.

– Hey, Emma. – me chama. A porta de seu quarto ficava exatamente de frente para a porta do meu. Ela estava encostada na parede, usando um pijama engraçado. -Que horas eu devo acordar amanhã?

– Umas 7:40 da manhã eu saio de casa, então depende do tempo que você leva para se arrumar. – Explico. – Geralmente minha mãe grita, joga água, bate panela... – Ela ri.

– No meu país a gente bate panela para outra coisa, não para acordar os filhos. – Ela pega um elástico no pulso e amarra os cabelos, deixando fios soltos pela nuca. – De qualquer forma, vou dormir, Emma.

– Boa noite, Regina.

– Obrigada pela noite. – Ela dá um sorriso de lado, e eu tento sorrir também, agradecendo silenciosamente. A morena se vira e eu me pego olhando sua bunda.

Me repreendo internamente e levanto para fechar a porta que ela tinha deixado aberta. Ligo o aquecedor e me jogo na cama, aquela noite seria fria. Não tenho tempo de ligar a televisão, estou com sono o suficiente para fechar os olhos assim que me deito.

– Emma! – Sinto alguém me empurrando. Abro os olhos e percebo a silhueta esguia da nova hóspede . – Acorda, por favor.

– Oi... – Digo, ainda alheia ao que estava acontecendo. – O que houve?

– Meu quarto está muito frio, eu odeio o frio.

Sorrio com a sua ingenuidade. Storybrooke fazia frio o ano quase todo.

– Você quer...

– Eu posso dormir aqui? – Pergunta.

– Mas só tem uma cama.

– E é de casal, tem espaço para mim, eu juro que não chuto você. – Percebo que ela estava sendo sincera quanto ao frio. Eu não morreria se deixasse ela dormir ali naquela noite, então chego mais para o lado e ela se deita junto a mim.

O travesseiro que eu usava para abraçar eu acabo cedendo a ela para descansar a cabeça. Ofereço uma parte do meu cobertor e ela aceita, cobrindo-se dos pés à cabeça.

– Obrigada. – Sussurra antes de virar para o lado oposto e cair no sono.

Não demora muito e eu durmo também, anestesiada pelo cheiro de maçã que emanava dos cabelos negros à minhs frente. Em algum ponto da noite, provavelmente sentindo falta do meu travesseiro de abraçar, me aninho ao corpo na frente do meu e a abraço pela cintura, cobrindo suas pernas com as minhas.

O despertador toca e eu acordo com o barulho. Regina continua dormindo serenamente, provavelmente cansada da viagem. Levanto devagar, para não acordá-la, e vou tomar um banho.

– Emma, Henry e Regina. – Ouço o grito de minha mãe. Dou risada, ela não perdia o costume. Decido por não lavar o cabelo, já que aquela tarde seria educação física e eu teria que lavá-lo depois.

Saio do banheiro enrrolada na toalha e encontro a intercambista sentada, olhando para os seus pés.

– Bom dia. – digo.

– Calma, ainda estou dormindo para dar bom dia. – Responde. – Vou deixar você se arrumar... Desculpa se eu te chutei de madrugada. – Seu tom de voz é envergonhado. Seu sono era tão pesado que Regina não havia percebido que eu passara a noite quase toda abraçada a ela.

Melhor que não tivesse percebido mesmo.

– Que nada. – Respondo. – Estou às ordens.

– Lembrarei disso. – ela pisca para mim e se levanta, indo arrumar-se para o colégio.

Me visto da forma habitual, calça jeans, bota, regata e uma jaqueta azul de couro. Prendo os cabelos num rabo de cavalo e separo a roupa da educação física que eu teria que usar naquele dia pela tarde. A roupa consistia em um short de lycra grudado ao corpo e uma camiseta folgada com o brasão do colégio, algo meio medieval com um leão no centro.

– Vamos, Emma. Seu irmão já está pronto. – Meu pai coloca o rosto pela porta entreaberta. – Quero falar um negócio com você.

– Entre.

– A Regina vai pegar alguns horários com você, tente enturmar ela. – Pede David.

– Pai, como eu posso fazer ela ter amigos se nem eu tenho?

Eu não existia.

– Se você se permitisse fazer amigos...

– Pai, não vou entrar nessa conversa. – Corto ele, ríspida. – Se Regina precisar de mim, eu estarei lá. Isso é tudo o que eu posso garantir.

– Por mim isso já está de bom tamanho. – Seu tom de voz é calmo e brando. Ele vem em minha direção e me abraça. – Você sabe que eu te amo, não sabe? Você é minha princesinha.

– Meu Deus. – Eu dou risada, recostada contra seu peito. – Te amo, pai.

Ele se afasta de mim.

– Agora vamos, antes que sua mãe arranque nossas cabeças.

Eu dou risada e o sigo para fora do quarto. Nós descemos as escadaa entre conversas, falando sobre coisas banais, tipo o tempo frio de Storybroke. Lá embaixo encontro meu irmão, usando seu inseparável cachecol e Regina, que parecia uma empresária, vestida com uma calça social preta, camisa de cetim e um sobretudo por cima, além de calçar botas.

– Uau... – Diz meu pai. Ela apenas sorri sem graça.

– Crianças, aqui o lanche de vocês. – Avisa Mary. Ela nos entrega um pacote contendo sanduíche de pasta de amendoim, alguma fruta qualquer e um suco de caixinha. – Agora vão, vocês estão atrasados já.

– Mas a gente nem tomou café... – protesta Henry.

– Se quisesse comer, acordava mais cedo. – Minha mãe dá o ultimato e eu me limito a rir. Ela se despede, dando seus desejos habituais.

Henry ficou com obediência. Regina com aprendizado. Eu, como sempre, recebi um “faça amigos.”

Como se fosse fácil.

Entro no carro e Henry, como um bom anfitrião, cede o banco da frente a Regina, de modo que ela fica do meu lado.

– Você tem um estilo musical favorito?

– O quê? – responde ela, sem entender a minha pergunta.

– Estilo musical que você mais gosta.

– Ah... – Para e pensa um pouco. – Eu gosto um pouco de tudo.

– Defina tudo.

– Tudo mesmo, de pop a mpb. – MPB?

– Eu não sei o que é MPB. – respondo e ela sorri.

– É Música Popular Brasileira. – Remexe sua bolsa e tira o celular. – Quer ouvir?

– Pode ser. –Paramos no semáforo. Olho para o banco de trás buscando qualquer reação de meu irmão mas ele está absorto em seu celular, com os fones nos ouvidos.

A música que Regina colocou começa a tocar e eu tento acompanhar a letra, obviamente em vão. Gosto da voz do cantor, e do ritmo que a música tem.

– Sabe o que quer dizer a letra? – Me pergunta. Faço que não com a cabeça e mantenho o olhar no trânsito. – É sobre a mudança de um estado para outro, o nome dela é Sampa, de Caetano Veloso.

– Você gosta muito dele, né? – Pergunto. Regina apenas sorri e murmura um “sim”.

– Ele odiava a cidade para qual estava indo. Mas bem, eu concordo com ele, a cidade nova era feia. – Eu me limito a dar risada.

– E você está gostando da cidade que veio?

– Amando! – Responde.

Seguimos o resto do trajeto em silêncio, entoadas pelas músicas populares do Brasil. Vez ou outra Regina cantarolava junto com a música, repetindo a frase mais intrigante.

“Alguma coisa acontece no meu coração”

Faço uma nota mental de procurar o significado daquilo.

A manhã passa devagar.

Ao chegarmos no colégio, apresentei todas as dependências para Regina e ela arrancou olhares de todos, meninos, meninas, professores e funcionários, mas ignorou todos e manteve o foco no que eu explicava.

Depois do nosso “tour”, pegamos os horários dela e eu fiquei triste ao perceber que as únicas aulas que teríamos juntas seria Educação Física, culinária e história mundial. Com um abraço animado, nos despedimos na porta da sala de Gramática, que seria a primeira aula dela.

Na hora do almoço eu sento sozinha numa mesa no canto do refeitório. Meu olhos procuram a morena, mas, aparentemente, sua classe ainda não foi liberada. Começo a comer e logo Regina entra no local, porém não está sozinha.

Regina, simplesmente, está acompanhada da turma de piores pessoas do colégio: os populares. August, Killian e Robin faziam parte dos meninos, enquanto Ruby, Belle e Mulan faziam parte das meninas. Ela estava cercada por eles, mas sorriu ao me ver.

Observo seus passos, ela fala algo com o pessoal que estava acompanhando-a e aponta para mim. Eu acho que eles perguntam quem eu sou, afinal, eu não existia, então era uma total desconhecida para todos. Regina ri com algo falado por Robin em seu ouvido e meu coração acelera.

Não gosto daquela proximidade entre os dois.

Em pouco tempo, ela se despede deles e vem em minha direção.

– Posso sentar aqui?

Faço que sim com a cabeça.

– Nenhuma amiga sua vai vir não?

Sorrio com a pergunta.

– Eu não tenho amigos. – Meu tom de voz é seco.

– Todo mundo tem amigos. – Diz, tirando o saquinho com seu lanche de dentro da mochila.

– Eu não tenho.

– Você tem a mim, eu vou ser sua amiga. – Seus olhos tem um brilho diferente e eu não posso evitar de sorrir. – Combinado? – estende a mão para que eu aperte.

– Combinado.


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Notas finais do capítulo

1) obrigada pela recepção ao primeiro cap hahaha eu n respondi os coments, mas li tds, viu



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