Lua Nova do Eduardo escrita por AmandaC


Capítulo 7
O Fim




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- Embora? – fiquei um pouco atordoado, mas depois compreendi. – Bom, Renata vai ficar sentida, mas por mim tudo bem. Só preciso arrumar algumas coisas. – meu coração ficou mais leve.

Clara continuou séria.

- Você não vai junto.

- C-como? – gaguejei, o baque daquela informação me deixou zonzo. – Eu vou junto. – afirmei.

- Não. Seu lugar é aqui. – ela foi firme.

Eu sentia que algo se partia.

- Meu lugar é com você. Aquilo que aconteceu não foi nada ok? Por favor, Clara, você prometeu...

- Não. Eu prometi que ficaria enquanto era melhor para você. O que aconteceu... poderia ter sido pior. – ela ficou com o rosto mais rígido.

- Isso é ridículo. – explodi. – É por causa da droga da minha alma. Eu não quero ela. Fique para você!

Seu rosto ficou mais firme ainda.

- Não quero que você vá comigo, entendeu? Você não é bom o suficiente para mim.

Olhei em seus olhos sem acreditar nisso. Uma parte muito grande de mim estava morrendo agora. Eu queria morrer.

- Se é isso que você quer. – me surpreendi com a frieza em minha voz.

- Só te peço um favor. Não faça nada de imprudente.

- Se quiser. – minha voz era morta.

- Você vai esquecer. Não se preocupe. Todos já foram. Não queria que fosse algo traumatizante. Será como se eu não existisse.

- Os outros... já foram? – senti um aperto ainda maior. Todos iriam embora. Todos.

- Sim. Adeus Eduardo.

- Espere... – murmurei, tarde demais. O único movimento eram das folhas. Clara já havia partido.

Fui atrás dela, entrando no mato, totalmente atordoado. Ela não podia fazer isso. Ela não podia. Andei e andei. Minha mente gritando, como se eu estivesse surdo para o mundo.

A chuva forte passou pelas folhas, logo fiquei encharcado. Cansado de tanto andar, sentei no chão e não consegui evitar as lágrimas.

Eduardo, deixa de ser tosco, parte de mim rosnou. Mas era uma parte que ficava cada vez mais fraca.

Enxuguei as lágrimas tentando ficar firme. Muito tempo se passou. Alguém me chamou. Não respondi. Ouvi um barulho estranho por perto, como se fosse algum animal. Não me importei.

- Eduardo? – uma voz feminina me chamou.

Me assustei. Olhei para uma jovem morena, a voz profunda e desconhecida.

- Você foi ferido? – olhei para ela, sem saber como responder, ou se devia. – Meu nome é Emilia Use.

Ela me estendeu a mão. Olhei para ela, um pouco atordoado. Então aceitei a ajuda para levantar. Segurando firmemente minha mão, deixei-me ser guiado pela jovem.  

Após algum tempo – nós realmente havíamos andado? Eu nem tinha percebido. Saímos para a rua.

- Estou com ele. – Emilia falou.

Algumas pessoas se aproximaram, parecia o caos. Eu mal conseguia entender alguém.

- Não. Ele não parece ferido. Mas repetiu várias vezes “ela se foi”.

- Edu, meu querido, você está bem? – eu reconheci aquela voz. E também compreendi aquele abraço caloroso.

Abraço de mãe.

Ela me puxou, ou acho que isso aconteceu, por que logo estava largado no sofá, sem ter ideia do que havia acontecido.

- Eduardo? – um homem vestido de branco entrou em meu campo de visão. – Você está ferido?

Eu me encolhi ao ver um médico. Trouxe-me lembranças.

- Não.

Ele levou a mão a minha testa – parecia tão quente sua mão. Depois tomou meu pulso.

- Você se perdeu na floresta? – perguntou minha mãe.

Havia muita gente na casa. Eu não me importava. Mal os via.

- Sim. – comentei, sem saber como sabiam que eu fora para lá.

- Ele parece bem. Amanhã, ou melhor, mais tarde volto para vê-lo.

Ouve barulho de passos. Então ouvi minha mãe perguntar, baixinho.

- É verdade? Eles foram embora?

- Sim. Carlos recebeu uma proposta irrecusável e teve que decidir logo.

- Um aviso seria bom. – ela foi fria. Nunca ouvi minha mãe assim.

O Dr. parecia sem jeito ao comentar.

- Bom, nesse caso, sim.

Todos se despediram. Enquanto eu lutava para voltar ao meu eu. Sentei lentamente no sofá, tentando desesperadamente encontrar o Eduardo dentro de mim.

Minha mãe retornou e sentou ao meu lado, afagando minha mão, suavemente.

- Ela te deixou sozinho lá na floresta? – perguntou, raiva em sua voz.

- Não. Eu... quis entrar e pensar um pouco, então me perdi. – menti, descaradamente. – Sabe, eles tiveram que partir. – dei de ombros, como se não me importasse. Como se fosse encontrar outra namorada logo. – Mas como sabia que eu estava lá?

- O seu bilhete. – ela me mostrou um papel. A letra era idêntica a minha, mas com certeza não fui eu quem escrevi. Dizia que estava indo caminhar com ela. – Como você demorou para voltar, liguei para os Buzzi. Ninguém atendeu. Liguei para o hospital e o doutor Ricardo me contou que eles haviam ido embora.

- Para onde foram? – perguntei.

- Clara não lhe contou? – o nome trouxe algo dentro de mim. Algo que eu não podia suportar.

Neguei.

- Ofereceram um emprego para Carlos na Bahia. Era muito dinheiro. Ele não recusaria.

Bahia. A ensolarada Bahia. Muito improvável que eles fossem para lá.

- Mas o que realmente aconteceu? – ela começou a fazer perguntas. Eu me ergui, bloqueando a voz de minha mãe, me aprisionando dentro de mim.

- Não quero ouvir! – grunhi, e subi as escadas para meu quarto.

Liguei o computador, peguei a câmera e não havia fotos dela. Abri o repartimento do CD e estava vazio. Procurei pela pasta e as fotos dela haviam sido deletadas. Nem na lixeira estavam.

Perfeito – como se ela não existisse.

Atordoado larguei-me na cama. As palavras ecoando em meu ouvido: eu não quero você! Você não é bom para mim!

Naquele momento, o ultimo suspiro do meu ego foi audível, chutei o colchão sentindo a dor e lutando contra ela.

Mas mesmo que eu lutasse, meu ego havia morrido.

Eu perdi.


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Notas finais do capítulo

oii, apareci mais cedo. Por enquanto ainda vou poder postar com mais frequencia. Beijos