Naruto saíra pela manhã novamente sem que percebesse. Esticou-se na cama de casal, que agora parecia tão enorme para uma pessoa só. Gostaria de ter falado com ele, mas não teve a audácia. Ainda deitada abriu a gaveta da cômoda ao lado da cama e retirou um papel branco de lá.

Os olhos passavam e reliam, comprovando que não, não era simplesmente um pesadelo. Levantou-se e colocou as pantufas e um roupão. Estava frio, não gostaria de ter que levantar, mas havia de levar Boruto a academia.

Desceu as escadas e encontrou o pequeno loiro sentado na cadeira com o semblante irritado.

—Ele já saiu, não foi mesmo?

—Sim... –Assentiu com a cabeça.

Viu o pequeno cerrar os punhos e franzir a sobrancelha.

—Ele nunca cumpre o que promete... Aquele...

—Não fale assim de seu pai, querido. Você sabe que ele está muito ocupado.

—Ocupado para nós, não para a vila.

—Querido, você sabe que é o dever dele e ele não pode mudar isso.

—Ele é o hokage! Ele pode fazer o que quiser!

Sorriu.

—Não é assim tão simples, você sabe. –Foi até direção do pequeno e abraçou-o. –Ele não faz por mal.

—Então que não prometesse. Não sei por que você ainda o defende tanto, mal consigo ver vocês juntos. –Afastou-se do abraço. –Parece que nem tenho um pai!

E ela não sentia como se tivesse um marido.

—Não fique bravo, eu te levo a academia. Vá tomar seu banho agora, prepararei a comida.

Boruto começou a se levantar da cadeira com o semblante cansado.

—Querido...

—O que foi?

—Himawari... Você disse sobre o byakugan dela pra alguém?

—Não. –Disse enquanto andava.

Sabia que o filho não estava mentindo. Sentia-se aflita, o único que poderia ter dito seria Naruto. Mas não conseguia acreditar, não queria acreditar.

Pegou os legumes que havia deixado de molho e começou a corta-los.

—Mãe, escuta.

—O que foi, boruto? –Disse ainda cortando os legumes.

—Queria fazer uma pergunta... Ela é meio pessoal.

—Diga. –Começou a descascar as batatas.

—Aqueles olhos... Você os tem, certo? Por que então desistiu de ser uma kunoichi? Quer dizer, você seria imbatível! Me falaram na guerra que... Mãe? –Correu até a pia ao ver que a mãe havia se cortado.

—Não foi nada, você devia tomar banho para não se atrasar!

—C-certo. –Virou as costas e saiu andando.

Hinata suspirou. Aquela questão a pegara desprevenida, logo naquele momento.

Preparou o café da manhã, o almoço de Boruto e deixou preparado também o seu e de Himawari. Naruto provavelmente não viria almoçar então não se preocupou.

Assim que terminou também foi tomar seu banho, não demorou como de costume. Desde que cortara o cabelo seu tempo foi optimizado. Abriu o guarda roupa e viu suas roupas de missão. Passou a mão pelo tecido.

—Mãe! Onde você tá? Eu vou chegar atrasado! –Gritou Boruto de outro cômodo.

Vestiu um vestido branco com um corte simples.

Ao sair do quarto se deparou com Himawari esfregando os olhos com uma mão e na outra o seu coelho inseparável. Abaixou-se e beijou-lhe a testa.

—Querida, vou até a academia com Boruto, eu já volto. Se comporte.

—Eu também quero ir!

—Desculpe, já estamos atrasados, outro dia eu te levo, tudo bem?

—Sim...

—O café está na mesa.

Desceu correndo com os berros de Boruto lhe apressando.

Começou a fazer uma lista mental do que deveria comprar no mercado ao voltar.

—Mãe, cuidado! Você quase tropeçou no senhor ali. Você sempre parece estar no mundo da lua!

—Desculpe, eu estava pensando nas compras do mercado.

Quando se deu conta, fazia uma semana que não saía de casa. Decidiu fazer a faxina de primavera logo e assim não sobrara tempo para outras coisas.

Passou a observar as pessoas. Todas pareciam desconhecidos, até mesmo seus antigos amigos. Ino, Shikamaru e Chouji passaram conversando táticas de batalha do outro lado da rua, eles se tornaram incríveis jounnins, e eram usados como o braço direito de Naruto. Não existia um lugar que não reconhecessem a formação Ino-Shika-Chou.

Suspirou, perguntou como estariam Kiba e Shino, não se comunicavam há muito tempo.

Parou em frente a academia, o coração começou a apertar.

—Mãe, estou indo, tudo bem?

Acariciou os loiros tufos de cabelo e sorriu.

—Fique bem lá.

—Mãe! Não na frente dos outros! Você está me constrangendo! –Virou as costas e saiu correndo até a academia.

Estava certo. Jamais deixara de ser uma Kunoichi. Se o clã Hyuuga queria uma conversa, eles iriam ter.