Back to the Start escrita por havilliard


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Heey gente! Primeiramente, obrigada pelos comentários naquele prólogo minúsculo :3 não tenho muito o que dizer aqui, só que agora as coisas vão começar de verdade!



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Enquanto o vento açoitava seu cabelo castanho, Eileen observava do telhado da escola cada cabecinha dos estudantes de Sweet Amoris.

O prédio era – Eileen supunha – alto o suficiente para alguém cair e quebrar o pescoço, e também suficientemente baixo para se identificar cada aluno.

Era o melhor lugar para ir quando não queria ser incomodada, e Eileen no geral não queria incômodo.

Puxou o livro de matemática para o colo, determinada a adiantar a tarefa que o Sr.Hamson acabara de pedir.

Era o que ia fazer, quando sentiu que alguém a observava. Aquele tipo de sensação irracional, incômoda e persistente, que alguns chamam de intuição.

Eileen não acreditava em nada que não pudesse comprovar com fatos, e intuição era delas, mas decidiu inclinar a cabeça mesmo assim, sentindo-se um pouco tola.

Seu cabelo negro como breu e seus olhos azuis intensos não permitiam engano. Era Armin, o garoto com quem era obrigada a fazer dupla nas aulas de artes e literatura.

Eileen jamais entenderia como alguém podia ser tão deploravelmente desleixado. Nunca ligava para absolutamente nada, respirava seu PSP e além de tudo tinha um riso que saía tão fácil que às vezes a fazia questionar se o garoto gostava de zombar da vida.

Ignore-o, faça sua lição e esteja um passo à frente de todos no futuro.

O sinal do fim do intervalo finalmente soou, e Eileen desceu as escadas com a tarefa de matemática já pronta. A próxima aula era de artes, o que a fez sentir-se mais leve.

Foi a primeira a entrar na sala, da mesma forma que costumava ser a primeira em tudo. Nathaniel, o representante de turma, entrou logo em seguida a cumprimentando com um aceno de cabeça. Provavelmente o único garoto decente dessa escola.

Aos poucos todos entraram, fazendo balbúrdia, e só se acalmaram quando madame Jonquil entrou na sala. A mulher era velha e atarracada, e ainda assim inspirava respeito. Não havia nada de artístico em suas feições, mas seus dedos esguios eram capazes de criar obras-primas.

Quando começou a falar, todos a escutaram:

– Hoje vocês farão uma pintura numa tela. Quero que pintem algo que os deixe felizes, quero que me façam sentir o que sentem por esse algo.

O cérebro de Eileen já fervilhava, tentando buscar algo em sua mente bloqueada.

– A arte está diretamente ligada às emoções – discordo – e enquanto insistirem em serem superficiais – ressaltou enquanto encarava Castiel que no geral zombava das aulas de artes – ela não terá nenhum significado.

– Com licença professora – Armin interrompeu-a enquanto chegava aos tropeços na sala, atrasado como sempre.

– O motivo do quinquagésimo atraso, Sr.Bell?

– Eu, bem... – então algo apitou abafado no bolso de sua calça, entregando o estúpido motivo que já era suspeito. Eileen revirou os olhos.

Madame Jonquil fez um gesto com as mãos pedindo o aparelho, seus olhos demonstravam um tipo de decepção materna. Armin o entregou com um suspiro, completamente relutante.

– Eu estava justamente dizendo Sr.Bell, que para sermos artísticos devemos deixar de ser superficiais – disse balançando o PSP nas mãos, o que parece tê-lo deixado aflito – Então ao invés de deixá-lo escolher o que pintar em sua tela, darei minha própria sugestão.

Seus olhos miúdos pareceram esquadrinhar um além de possibilidades, enquanto a sala caiu num súbito silêncio, para em seguida explodir em risinhos:

– Eileen Summers pode ser sua modelo. Não há nada mais significativo e gratificante do que desenhar a vida, e a Srta.Summers tem muito dela.

Eileen sentiu-se ruborizar instantaneamente, e olhou para Armin com o máximo de ódio que pôde reunir, e que não foi pouco.

O garoto deu um meio sorriso de canto, e deu de ombros. Ele realmente conseguia deixá-la ainda mais irritada.

Pegou um pincel qualquer e o empurrou contra o peito de Armin, enquanto murmurava entredentes:

– Termine logo.

Sempre se mantivera confortavelmente no anonimato, e agora tinha sobre si o olhar curioso de todos os alunos, além das piadinhas maliciosas dos garotos.

Para seu mérito Armin também parecia realmente envergonhado, pelo menos.

– Vamos, cada um faça o seu!

Era difícil tentar pensar em qualquer coisa quando tinha duas enormes safiras avaliando-a.

– Quer parar de trincar o maxilar? – ele pediu do nada, o que a sobressaltou.

– Eu não estou trincando nada.

– Está sim. Que tal um sorriso?

Olhou-o perplexa e talvez ainda mais vermelha, para seu desgosto. Armin por sua vez já estava novamente em seu estado costumeiro de descontração. Como ele consegue?

– Tudo bem, tudo bem – ele interviu antes que pudesse responder – Acho que você não sabe sorrir mesmo.

Aquilo era uma bela de uma alfinetada, e era o fato de ter se importado que mais a irritou. Não devia ter respondido, mas o fez:

– O que quer dizer?

– Fala sério, alguma vez alguém aqui já a viu sorrir?

Não, pensou com amargura. Ia ignorá-lo novamente como sempre fez, mas então olhou para a própria tela ainda em branco, e suspirou. Quando foi a última vez que sorri de verdade?

Só dessa vez, prometeu a si mesma quando decidiu que ia colaborar.

Olhou-o timidamente, e então pensou nas sapatilhas de balé no fundo do seu guarda-roupa, nas telas que um dia pintara agora enfiadas no fundo da garagem para acumular poeira, e sorriu.

Armin sorriu de volta.

Perdeu a noção de tempo conforme ficou lá parada, imersa em pensamentos e ao mesmo tempo disposta a manter os pés firmemente no chão.

Quando o sinal finalmente soou e todos correram atônitos para ver o trabalho de Armin, as reações não podiam ter sido mais espantosas.

Madame Jonquil, os olhos agora brilhando de orgulho, apertou os ombros de Armin.

– Desde quando você sabe pintar? – seu gêmeo perguntou desconfiado.

Eileen empurrou todos, afinal era seu rosto que estava em exposição. Quando finalmente pôs os olhos na tela, não sabia se ficava aturdida ou encantada.

Armin jamais fizera algo tão glorioso – a propósito jamais fizera nada além de bonecos palitinho –, e era quase difícil de acreditar que via a si mesma.

Ele não usara cores realistas, original como sempre parecera ser. Com as cores mais inusitadas – rosa e azul claro, combinados com preto – transformou a pintura de Eileen na tela mais bela que já vira.

– Pode ficar se quiser – ele ofereceu dando de ombros.

Havia tinta em seus braços e até no rosto, e parecia injusto ficar com o melhor trabalho que ele provavelmente já fizera na vida, ou que sequer se esforçara para fazer.

Não foi por esse motivo, contudo, que forçou no rosto uma expressão de desinteresse e recusou.

Saiu apressadamente da sala de aula, agarrando com força a alça da mochila e retomando o autocontrole.

Estava quase dobrando o corredor quando Armin gritou às suas costas:

– Ei Eileen, espere! – mas estava determinada a apressar o passo e ignorá-lo como devia ter feito antes – A professora está te chamando!

Então interrompeu o percurso, mal-humorada. Professores não eram ignoráveis.

Quando voltou para a sala e viu sua tela ainda em branco, sentiu-se estúpida.

– Ah não tem problema querida – madame Jonquil tranquilizou-a – na verdade eu quero que você leve a tela para casa. Você é uma aluna tão esforçada Srta.Summers, e percebi que estava com dificuldade, por isso estou lhe dando essa oportunidade.

Já estava colocando a tela debaixo dos braços enquanto agradecia – sem na verdade estar de fato grata – quando percebeu com o canto do olho que Armin ainda estava na sala.

Madame Jonquil respondeu a pergunta não verbalizada:

– Quero que o deixe ajudá-la na pintura.

Assentiu a contragosto, mesmo que sempre tenha sido a segunda melhor da turma depois de Viollete e Armin nunca tenha demonstrado qualquer talento até aquele dia.

– Quando devo entregar?

– Quando estiver satisfeita com o resultado.

Assim que deixaram a sala, sussurrou para Armin:

– Não preciso de sua ajuda.

E deixou-o para trás, saindo desengonçada com a tela debaixo do braço e a mochila pendendo do ombro. Teria que guardá-la no armário antes de voltar para casa, pensou deprimida.

Obrigou-se a não se deixar abalar e muito menos pensar nos acontecimentos recentes. Já estava no fim do segundo ano, e então faltaria pouquíssimo tempo para que pudesse enfim se desprender dos fardos escolares e focar na sua carreira profissional.

Não se envolva Eileen!

Mas então na manhã seguinte enquanto mordia um enorme pedaço de torrada, ouviu o celular vibrar.

Ela não tinha o contato que a mandou a mensagem, portanto não viu nada além de um número desconhecido. Porém tão logo a leu, reconheceu o dono com o estúpido coração palpitando.

Você não precisa da minha ajuda, mas eu preciso da sua.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham tido uma boa leitura! Até os reviews



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