Stirb Nicht Vor Mir escrita por GiullieneChan


Capítulo 4
Parte 3: Espíritos




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Itália.

A caminho de Veneza.

Durante quase todo o trajeto do trem de passageiros que cortava a Itália, Faust tentou permanecer calado, evitando conversar com sua acompanhante. Esta por sua vez não parecia disposta a ser ignorada pelo jovem, que mantinha os olhos fechados imerso em um breve cochilo. Ela o fitava com a expressão nada amigável, tentando chamar-lhe a atenção em vão, desistindo finalmente após um longo tempo.

Apoiando o rosto na mão e o cotovelo no braço da poltrona, fitando-o aborrecida, procurando se distrair passou a observar os outros passageiros. Um homem gordo e relaxado, que havia colocado sua bagagem de mão no corredor, que poderia atrapalhar a travessia dos demais. Dois meninos pequenos, de cabelos loiros e rostos travessos, que olhavam por cima da poltrona o cavaleiro de Câncer adormecido e dando risadinhas com a cena.

Tirando a cena dos meninos tentando acordar Faust, a viagem parecia aborrecida demais. Tentou falar para os garotos não incomodarem seu parceiro, mas eles pareciam não entender o que ela falava, mesmo tentando em três idiomas diferentes, ignorando-a.

Suspirou, na outra ocasião que fez esse trajeto foi até divertido. Havia passado boa parte do caminho conversando e conhecendo melhor os seus companheiros de prata. Uma pontada atingiu seu coração ao se lembrar de que eles não estavam mais ali e por quais motivos.

–Moleques malditos... –resmungou Faust que havia sido acordado pelos meninos, que riam da sua reação. Ele ficou fitando Joan parecendo surpreso. –Está chorando?

Joan levou a mão ao rosto e percebeu-o molhado pelas lágrimas. Levantou-se imediatamente, quase provocando a queda de uma senhora no corredor do vagão. Para a sua sorte a mulher decidiu colocar a culpa no gordo e em sua valise no corredor e a amazona se afastou de Faust. Ele resmungou alguma coisa e foi atrás dela.

–Hei! –ele a chamou, e os passageiros estranharam vê-lo gritando pelo corredor. -Espera!

A viu no fim do vagão, olhando por uma janela. Parecia desanimada.

–Qual o problema?

–A porta não abre- ela apontou com o polegar para a saída.

–Não é sobre isso que perguntei.

–Uma amazona não deveria ser fraca e chorar na frente de outro cavaleiro. –baixou o olhar como se estivesse envergonhada do que sentia. –Quando voltei ao Santuário, devo ter envergonhado meu mestre. Ele não quis conversar comigo, e me ignorou.

Faust piscou algumas vezes, parecendo não acreditar no que ela dizia.

–Acredite, não foi isso o que houve.

–Como não? –ela o fitou um pouco espantada. –Está óbvio que o decepcionei.

Faust observava a mesma paisagem pela janela.

–Não somos de pedra, Joan.

–Eu deixei que eles morressem. Fui completamente inútil! Acho que serei inútil nessa missão com você também.

–Tem razão.

–Como assim está concordando comigo? Deveria dizer algo para me consolar!- disse-lhe irritada, assustando Faust. –Deveria dizer: Não é verdade, Joan de Vulpecula! Eu confio em sua força!

–Você falou para não tentar te consolar!

–Aff... Você pode ser um cavaleiro de ouro, mas ainda é uma criança!-ela praticamente gritou com ele.

–Você poderia se decidir se quer que eu minta te consolando ou conte a verdade!-esbravejou de volta.

Alguns passageiros estavam observando a cena e pareciam confusos. Os dois se viraram para eles e gritaram:

–PERDERAM O QUE AQUI?

Esses passageiros trataram de se afastar rapidamente dali. Faust suspirou, envergonhado por ter chamado a atenção de tantas pessoas.

–Se você não confia em si mesma e em seu cosmo é inútil nessa missão. –Joan sentiu a sinceridade dele como um murro no estomago. –Melhor ir embora e me deixar cumprir a missão sem interferências. Agora se vai ficar, melhor começar a parar de sentir pena de si mesma e passar a confiar em seu cosmo. Sagitário não a teria treinado se achasse que você era fraca! Essas fraquezas, essa culpa, não estão deixando que fique em paz.

–Eu...

–Estamos chegando. –ele virou as costas e se afastou, deixando a jovem para trás.

Faust pegou sua armadura e desceu na estação de Santa Lucia, na parte histórica da cidade de Veneza, de lá tratou de encontrar a residência de um dos contatos do Santuário que o aguardava. Era um homem de meia idade, um comerciante local que residia na cidade há muitos anos, lá o homem o começou a relatar os últimos acontecimentos.

Ciente de onde deveria ir e decidiu que iria resolver a situação naquela noite mesmo, pegando sua urna e subindo por uma das ruas centenárias do lugar. Então viu Joan o aguardando no fim da rua, usando as roupas de treino muito comuns no Santuário.

–Eu não sou fraca.

–Eu sei. –ele sorri, continuando a caminhar. –Vamos terminar nossa missão?

–Sim. –ela fica ao seu lado. –Não achei minha máscara. Você a viu?

–Não precisa dela. –Faust respondeu, sem diminuir o passo.

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Santuário, Casa de Câncer.

Mesmo com seu passado como cavaleiro de ouro, Máscara da Morte não poderia mais subir naquelas escadarias sempre que desejasse, afinal, abriu mão de pertencer ao mais alto posto dentre os cavaleiros de Atena em favor de seu discípulo.

No entanto, os moradores e guardiões das casas que precediam a essa não o impediram de subir as escadarias até ela. Tanto pelo seu passado quanto pelo fato de que apenas Áries possuía um guardião nesse momento, já que Touro estava ausente em missão. Ele havia dito ao cavaleiro da primeira casa que buscaria alguns pertences pessoais que haviam ficado na casa e não demoraria a retornar. Kiki sabia que ele iria demorar, e não se opôs.

Máscara da Morte entrou na casa vazia, uma vez que Faust partira em sua primeira missão e foi diretamente aos seus antigos aposentos, percebeu que tudo estava do mesmo jeito que deixara e sorriu de lado. Faust ainda não havia trazido suas coisas ao quarto, pela falta de oportunidade ou por não querer mesmo?

Então notou que a casa não estava assim tão vazia.

–Está aqui? Pensei que só podia aparecer quando seu irmão estivesse perto, Margareth. –virou e viu a forma etérea da moça de cabelos loiros.

Ela sorri para o homem, colocando as mãos para trás do corpo e fazendo com a cabeça um sinal negativo.

–Entendi. É meu cosmo que está te guiando até aqui? –ela confirmou com a cabeça. –Não é forte o suficiente para ouvir sua voz. Que pena.

Ela faz um sinal com as mãos, para que ele a fitasse, e ele o fez. Surpreso reparou que ela usava a linguagem dos sinais, ao lhe “dizer” algo:

“-Pelo menos assim podemos conversar.” - ela lhe “diz” com os gestos das mãos.

–Quem te ensinou isso?

“-Meu irmão.”

–Tsc! E por que o pirralho fez isso? Nem sabia que ele conhecia essa de linguagem dos sinais... -coçando a cabeça um pouco sem jeito.

“-Ele achou que assim poderíamos conversar quando quisermos.” - lhe responde e sorri. “-Somos amigos. Queria conversar melhor com você. somos amigos, não somos?”

– Somos sim. –fitando a garota. –Por isso me dói te ver presa nesse mundo ainda.

Margareth fica com o semblante entristecido e faz outros gestos.

“-Por que lhe dói?”

–Porque não é natural. –ele abre uma gaveta e tira de lá uma foto antiga, guardando-a no bolso. –Tudo o que morre Margareth... Precisa fazer seu caminho para a outra vida. Purificar-se e ter a chance de reencarnar.

Ele a fitou e se aproximou dela.

–Você poderia ter renascido novamente. Talvez em uma boa família.

“-Aí não teria conhecido você.” - Margareth lhe diz com os gestos, deixando o ex-cavaleiro constrangido.

–Bah... Não diga asneiras! –dando-lhe as costas, mas Margareth aparece diante dele de novo.

“-Eu sei que meu tempo está acabando aqui. Nem mesmo meu irmão vai conseguir me manter por muito tempo.”- ela fazia gestos nervosos com as mãos e movia os lábios ao mesmo tempo, como se quisesse que ele a ouvisse de qualquer jeito. “-É errado querer ficar o pouco tempo que tenho com as pessoas que são queridas por mim?”

Ele a fitou um tempo calado, e por fim respondeu em um suspiro.

–Não. Não há nada de errado nisso. –ela sorri, parecendo aliviada em saber que ele a entendia. – Você está sumindo, meu cosmo não é forte para te manter visível por muito tempo.

Margareth baixou o olhar.

–Até nisso sou bem inútil!- ele passa por ela. -Tenho que ir embora. Quer me pedir algo antes que eu vá? Saber algo do pirralho? Olha eu acho que ele volta logo e... –viu que ela fazia um gesto negativo com a cabeça, e um sinal de que não era isso o que ela queria. –O que então?

“-O que eu quero, não dá mais.” -ela lhe responde com os sinais e em seguida desaparece.

–Sei exatamente o que quer dizer, anjo.

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Nas imediações de Veneza.

–É esse o lugar?

Faust pergunta a Joan que confirma com um aceno de cabeça. O jovem cavaleiro de Câncer soube pelo informante do Santuário que a mansão de pouco mais de cem anos de existência fora abandonada logo após sua construção por seus moradores. Relatos de experiências sobrenaturais e a morte prematura de alguns moradores levaram a mansão a ter a fama de ser assombrada e amaldiçoada.

Desde a década de 1970, ninguém mais quis morar nessa propriedade e os estranhos relatos de mortes inexplicáveis cessaram, até o casarão ser vendido a um milionário, encantado por suas histórias. O homem foi uma das vítimas desse lugar e foi a partir desse momento que os ataques dos cavaleiros negros, relatados por testemunhas, começaram.

Faust nem mesmo precisou por os pés dentro da propriedade para saber o que estava realmente acontecendo. Como o Patriarca previra, suas habilidades seriam úteis naquele lugar.

–Joan, melhor ficar aqui fora e me esperar.

–O que? De jeito nenhum! –ela protestou ofendida.

–Você não entende? –Faust pediu com toda a calma. –Sua técnica não vai funcionar com eles. E quero lutar sem me preocupar com nada.

–Eu não entendo... São apenas cavaleiros negros, não são?

–Eles podem ter sido um dia. –Joan o olhou sem entender. –Sinto o cosmo de espíritos malignos.

–E-espíritos?

–Sim. –como se percebessem a presença de Faust, um cosmo maligno começa a emanar da mansão. –Só estou curioso sobre o motivo de esses espíritos estarem presos no mundo dos vivos.

Já trajado com sua armadura dourada, Faust entrou acompanhado pela amazona, no meio da sala principal da casa estavam três urnas de armaduras de prata. Os únicos sons do local eram dos passos de ambos e o de um velho relógio cuco, cujo som do tic-tac ecoaram pela sala toda.

–Aquelas são as armaduras de seus amigos?

–Sim. Quando dei por mim, elas foram levadas.

–Compreendo. Como troféus. –ele observou ao redor, sentindo o cosmo maligno por todo o lugar. –Apareçam!

Houve um silêncio mortal, até mesmo o barulho do relógio cessara tornando a tensão maior. De repente um vento forte apareceu do nada, obrigando a ambos recuarem alguns passos, então sombras negras começaram a surgir do chão, das paredes, soltando sons guturais que pareciam vir das profundezas do inferno.

Essas sombras começavam a assumir formas humanas, sendo possível definir seus rostos pálidos e suas armaduras negras. Eles o fitaram e começaram a rir.

–Finalmente... Apareceu cavaleiro de Câncer!

–Eles esperavam por você? –Joan parecia surpresa.

–Não. Estão me confundindo com alguém.

Um dos vultos parecia mais agitado, ele era enorme perto dos demais. Faust percebeu que teria problemas.

–Ele é meu! –dizia olhando-o com ódio.

–Ele é nosso! Sua alma é nossa!

–O maldito me matou... Eu quero sua vida!

A enorme sombra avança contra Faust e Joan e essa envolve a ambos e em seguida os lança com fúria para o andar superior, arrebentando o teto com o impacto. Faust só não se fere seriamente devido ao fato de estar trajando sua armadura dourada, e por isso se recupera mais facilmente se levantando a tempo de ver a mesma sombra investir contra ele novamente. As sombras o envolvem e o jogam às trevas, e de longe... muito longe... Faust ouve alguém gritar por seu nome, antes de perder a consciência.

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Ele está novamente no escuro em seu quarto. Encolhido em um canto enquanto escuta os pais discutindo de novo, brigando e com as vozes embriagadas pelo excesso de álcool que ambos consumiram, gritando ofensas e palavrões pesados um para o outro. Gritavam sobre um dinheiro que deviam a alguém e por causa dele.

–Eu estou cansada de ficar em casa cuidando daquele moleque anormal! Eu tenho vida, sabia?-a mãe berrava inconformada.

–Falei que devia deixa-lo na escola. Mas nãoooo... acha que é desperdício de dinheiro!

–Ele é retardado! Fala sozinho, com fantasmas! Acha que alguma escola vai querer isso perto dos outros?

–Ele é assim por sua causa, sua vaca! Enchia a cara quando estava grávida!

E novamente voltavam a se ofenderem.

O menino chorava baixinho abraçado ao travesseiro, não queria que eles o ouvissem e brigassem com ele sem qualquer motivo. A porta do pequeno e sujo quarto abriu-se e sua irmã entrou, sentando ao seu lado e abraçando. Ela usava um vestido branco e estava descalça.

–Eles não param de brigar.

–Já vão parar!

–Eu sou anormal?

–Não. –ela sorri lhe fazendo cafuné. –Só diferente. Ainda vê o vovô?

–Ele foi embora. Nem ele aguenta essa gritaria.

Ela volta a sorrir. Então há um barulho enorme, como se arrebentassem a porta da frente.

–A gente falou pro Viktor que iria pagar até sábado! –a mãe dizia desesperada. Ele escutou um baque, e os sons de alguém sendo chutado e socado, bem como os gritos do pai de dor.

Margareth se assusta e fica tensa, pega o irmão pelo braço e ordena que ele fique escondido debaixo da cama.

–Não importa o que escutar! Não saia daí, entendeu?

–Irmã... –ele estava chorando.

–Shhh... Eu prometo que volto Faust. Vou ficar com você, é uma promessa!

Ela lhe estende a mão oferecendo o dedo mindinho, o menino estica a mão pequena e com o mindinho sela a promessa. Ela sorri e se levanta, no mesmo instante ouve os gritos dos pais sendo arrastados para fora. A porta do quarto abre de repente e dois homens entram no quarto.

Faust fica paralisado pelo medo enquanto eles arrastavam a irmã para fora com violência. Ele a ouve chorando de dor, um dos homens fica parado no centro do quarto, se aproxima da cama, o menino segura o choro colocando a mão sobre a boca. O desconhecido sai devagar do quarto.

Faust continua a ouvir os choros dos pais, pedindo que poupassem suas vidas, que pagariam o tal Viktor, mas Margareth permanecia em silêncio. Sons de estampidos sufocados por silenciadores... vários deles. E três corpos caem no chão com um som surdo. Os homens dão risadas e um deles manda limparem a bagunça.

Faust permanece por horas debaixo daquela cama. Não ousou sair mesmo depois de muito tempo da saída daqueles intrusos, levando seus pais e Margareth. Ele chorou... chorou em silêncio até cair no sono.

Então...

–Faust... –ele ergueu o rosto e a irmã estava ali, sorrindo para ele.

–Você voltou.

–Sim, afinal eu lhe prometi que voltaria, não prometi? –ela faz um sinal para o menino. –Pode sair, eles foram embora.

Ele se arrasta para fora de seu esconderijo e fica em pé, não é mais um menininho assustado ali e sim o rapazinho que era hoje. Ele se olha no espelho e vê a imagem dele ainda criança.

Ele se vira assustado, e fica diante de Margareth e dos pais. Os três com os corpos ensanguentados por ferimentos à bala.

–Você nos deixou morrer e não fez nada. –dizia Margareth, com sangue manchando o rosto bonito.

–Eu... Eu não queria. O que eu poderia ter feito?

–Poderia ter morrido também. –ela estica o braço e aperta sua garganta com uma força descomunal, jogando-o no chão, mantendo-o preso a ele com seu peso, os membros pesados e imóveis, impedindo-o de lutar pela própria vida.

Estava morrendo.

–FAUST!

Era Joan quem gritava por seu nome desesperadamente.

–FAUST, ACORDA!

Ele tentava acordar, mas a mão férrea de Margareth em sua garganta o impedia de agir, sentia o ar escapar de seus pulmões.

–ACORDA IDIOTA!

Faust abre os olhos sobressaltado. Não era Margareth que estava diante dele, tentando estrangulá-lo, e sim um dos espectros infernais tentando ceifar sua vida.

–Você não é ele... Você não é ele... Onde ele está? Onde ele está? –ele ficava repetindo o tempo todo, com a voz gutural. –ONDE ESTÁ O CAVALEIRO DE CÂNCER?

O rapaz reage instintivamente explodindo seu cosmo e afastando violentamente a criatura sobrenatural dele. Faust se ergue, respirando de modo ofegante, tentando recuperar-se do ataque covarde que sofrera, fitando a criatura que o cavaleiro negro havia se tornado. Foi quando notou a presença de Joan ao seu lado.

–Eu não consigo chamar minha armadura para lutar ao seu lado. –ela aparentava estar frustrada. –Droga! Eu não posso te ajudar assim!

–Fique atrás de mim. –ele sorri de lado. –Você já me ajudou Joan. Salvou minha vida agora a pouco. Agora se afaste, deixe comigo.

Joan fica atrás de Faust que começa a elevar seu cosmo, deixando a amazona impressionada com o poder que emanava de seu corpo tão jovem, e mesmo assim, ela sentia que não era todo o poder que ele possuía. Raramente sentiu tanto poder em um cosmo, seu mestre Seiya de Sagitário, fora o único que viu emanando tanto poder e o fez para demonstrar o que era o verdadeiro cosmo de um Cavaleiro de Atena.

“-Mesmo inexperiente... sua primeira missão... o cosmo de um cavaleiro de ouro é impressionante!”- ela dizia a si mesma, sem desviar o olhar de Faust.

–Onde ele está? –ainda murmuravam entre si.

Faust dá um passo e sente sua armadura vibrar. Lembrou-se que seu mestre havia lhe dito que as armaduras possuíam a memória de todos os homens que as usaram. Por isso era possível, além de aprender técnicas de tempos passados, ser testemunha de eventos que a armadura participou.

E com a velocidade do pensamento, Faust pode ver a quem os espíritos se referiam. A um homem que enfrentaram séculos atrás e usava essa armadura. Um homem desbocado, arrogante, debochado, mas muito poderoso. Havia outro cavaleiro de ouro ao seu lado e um rapazinho... não, era uma garota. Eles foram derrotados, mas o ódio que sentiram por verem suas ambições serem negadas os prenderam a essa terra.

Foram atraídos para esse lugar, onde o cavaleiro de Câncer do passado travou uma difícil luta. No local a mansão havia sido erguida, mantendo-os presos.

–Ahhh... –Faust desperta de seus devaneios, as imagens que a armadura lhe mostrou pareceram que duraram horas em sua mente, mas no mundo real foram apenas alguns segundos. Tempo este em que os espíritos pareceram mais irritados.

–ONDE ELE ESTÁ??? –exigiam a resposta, se tornando violentos e atacando a ambos com seus cosmos. -Acaso sabem o quanto dói estar morto???

–IDIOTAS! –Faust grita e repele o ataque com o próprio cosmo, todos silenciam. –Esse cavaleiro era humano e já morreu há muito tempo atrás! Estão aqui presos querendo se vingar de um morto?! São mais idiotas do que pensei!

–Não vamos descansar... Sem nossa vingança!

–Cavaleiros Negros. –ele começa a falar. –Não... Vocês são apenas espíritos vingativos de alguns idiotas que estão presos a esse mundo. Eu não sou o cavaleiro de Câncer que os derrotou séculos atrás, mas serei o cavaleiro que os enviará definitivamente ao inferno!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nota:

—Os espíritos são os fantasmas dos cavaleiros negros mortos durante o Gaiden do Manigold. Como já devem ter reparado ao lerem o primeiro fic da série Legado de Ouro, as histórias são do mesmo universo de Lost Canvas, sem ligação com ND, Soul of Gold ou Ômega.



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