Maria Matadora escrita por Marinyah Moonlight


Capítulo 1
A chegada de Maria Matadora no bando de Lampião




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645729/chapter/1

Em um dia muito quente, no sertão do Nordeste, Maria Joaquina estava tirando leite da vaca de sua família chamada Queimada; por causa de seu pelo avermelhado; para seu pai que estava doente.

Depois de alguns minutos, ela se afastou de Queimada e foi em direção a sua casa, que acabou sendo recebida por sua mãe que estava furiosa.

- Ô demora, menina! - reclamou a mãe.

- A Queimada não está tirando muito lente, ultimamente - respondeu Maria Joaquina para sua mãe, enquanto entrava na casa - Deu muito trabalho de tirar o leite, por causa disso.

Desde então, Maria Joaquina entrou no quarto de seu pai, onde ele estava sentado, perto de seus outros 12 filhos. Ela pegou um copo que estava em cima de um móvel ao lado e tirou metade do leite do balde, e entregou ao seu pai, que recusou, derrubando de sua mão.

- Ora, omi, tu tem que beber mais leite - comentou a esposa do pai doente - Se não, num melhora.

- Num quero leite - respondeu o pai doente, enquanto Maria Joaquina pegava o copo do chão e colocava mais leite. Logo, ela abriu a boca de seu pai e colocou o copo entre seus lábios, que por sua vez, a empurrou com muita força, fazendo a cair no chão com o copo e o leite caindo em cima dela.

- Deixa de ser teimoso, omi! - reclamou a mãe de Maria Joaquina - Beba seu leite, diabo! Faz bem!

- Hum...EU NUM QUERO! EU NUM QUERO! EU NUM QUERO! - berrou o pai de Maria Joaquina, enquanto se mexia brutalmente por todos os lados da cama. Todos que estavam ali presentes, se entreolharam.

- Venham - chamou a mãe de Maria Joaquina para esta e todos os seus 12 irmãos - Deixa ele sofrer aí - Logo, ela e seus filhos andaram em direção a saída do quarto - Quando estiver cum fome, me chama, ta? - o marido lhe respondeu com um gemido baixo e então, a esposa se afastou do quarto.

Todos os 12 filhos do homem doente, exceto dois, foram preparar para irem para suas próprias casas, enquanto Maria Joaquina vestia sua roupa de cangaço e andava em direção ao seu cavalo chamado Branquelo, pois ele tinha o pelo totalmente branco.

- Aonde você vai, Maria Joaquina? - perguntou sua irmã mais nova, Maria Antônia, que além de ser mais nova que Maria Joaquina, ela era a caçula de todos os seus irmãos.

- Vai a cidade pegar um remédio pro pai - respondeu Maria Joaquina.

- Vai roubar de novo?

- É o jeito, né? - respondeu Maria Joaquina - A gente ta com pouco dinheiro.

Desde então, Maria Joaquina partiu com seu cavalo para a cidade.

Enquanto cavalgava até a cidade, um outro cangaceiro que ela não conhecera cavalgou atrás dela. Maria Joaquina avançou mais com Branquelo, fazendo o cangaceiro desconhecido avançar mais também.

Logo, o cangaceiro cavalgou mais rápido que Maria Joaquina e parou bem em sua frente, a ponto de fazer a cangaceira parar o cavalo com raiva.

- Eita, arriégua, omi, não tem o que fazer não, ô, fi de rapariga!? - reclamou Maria Joaquina para o cangaceiro - Vai atentar o cão por reza!

E assim, Maria Joaquina avançou o cavalo para frente do cangaceiro, que por sua vez, fez o mesmo e ficou de frente para ela novamente.

- Ó o mei! - reclamou novamente Maria Joaquina.

- Tu é Maria Matadora, num é? - perguntou o cangaceiro.

- Sou mermo e daí!? - respondeu Maria Joaquina rudemente - Agora, vai capar o gato, se não eu atiro em você!

- Meu chefe, Lampião, está a procura de você, minha senhora - continuou o cangaceiro - Ele disse que quer conversar com tu, caso ele ou alguém de seu bando te encontrar.

- Oxi, e o que ele quer de mim?

- Num sei, ele quer conversar com tu, só isso.

Maria Joaquina ficou confusa com a resposta, mesmo assim, ela concordou e mandou o cangaceiro levá-la até Lampião.

Os dois cavalgaram até a casa de Lampião e Maria Bonita, na qual, esta avistou o cangaceiro do bando de seu marido junto com Maria Joaquina, que ficou surpresa ao vê-la.

- Vish, Maria, é Maria Matadora, meu Deus! - exclamou Maria Bonita.

- Quem? - perguntou Lampião, ainda dentro da casa.

- É Maria Matadora, omi! - repetiu Maria Bonita - Um cangaceiro do teu bando a encontrou. Vem já pra cá, omi!

- Calma, mulher, já to indo! - respondeu Lampião, enquanto saia de sua casa e avistava Maria Joaquina com um de seus cangaceiros.

O cangaceiro conversou por um tempo com Lampião, que depois de um tempo, desviou os olhos para Maria Joaquina, que já estava descendo de seu cavalo.

- Ande, omi, diga logo o que tu quer comigo. Eu tenho um serviço a fazer para meu pai na cidade - avisou Maria Joaquina para Lampião, que por sua vez, riu um pouco de seu comentário.

- Estava ansioso em te encontrar, Maria Matadora - comentou Lampião.

- Ta bom, omi! - reclamou Maria Joaquina - Avia logo com o que tu quer falar comigo.

- Oxi, mulher aperriada! - brincou Lampião, mas Maria Joaquina não achou nada engraçado - Eu só quero que tu faça parte do meu bando pra matar gente rica e roubar seus pertences.

- E tu me chamou só por causa disso, criatura? - perguntou Maria Joaquina - Tu num já tem muito cangaceiro pra fazer este serviço pra tu não?

- Perdi muitozomi, minha querida - respondeu Lampião - To precisando de mais cangaceiro para meu bando e ouvi dizer que tu é uma das mais fortes.

- E tu perdeu muitozomi por quê, omi? - perguntou Maria Joaquina.

- Eu tive que matar alguns deles - respondeu Lampião - Além disso, os coronéis da cidade também mataram mais alguns outros.

Maria Joaquina pensou um pouco sobre o assunto e aceitou em participar do bando de Lampião. Depois disso, ela subiu em seu cavalo e foi até a cidade roubar um remédio para o seu pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Significados de gírias nordestinas:
— "Omi" significa "homem".
— "Num" significa "não".
— "Cum" significa "com"(ex: cum fome(com fome)).
— "Arriégua" é o mesmo que "Ave Maria".
— "Fi de rapariga" significa "filho da p***".
— "Vai atentar o cão por reza" é o mesmo que mandar uma pessoa para parar de pertubar.
— "Ó o mei" significa "sai da frente".
— "Mermo" significa "mesmo".
— "Vai capar o gato" significa a mesma coisa que "vai atentar o cão por reza".
— "Oxi" é o mesmo que "aff".
— "Avia" significa "anda logo".
— "Aperriada" significa "apressada".
— "Muitozomi" significa "muitos homens".

*Curiosidade extra: "Tu" era muito comum na linguagem portuguesa brasileira com ou sem as regras atuais do verbo antigamente(ex: tu estás), principalmente na linguagem do Nordeste de antigamente, mas até hoje alguns nordestinos(geralmente, aqueles que ainda vivem no sertão) costumam falar assim e claro, algumas outras pessoas de outras regiões do Brasil XD

Então, galera, espero que tenham gostado da história e até o próximo capítulo! Ah! E antes de mais nada, quero avisar que amanhã(dia 13 de Setembro) será o meu 18º aniversário, então, se quiserem, podem me mandar parabéns nos comentários hoje ou amanhã, ta? Bjos!!!!!!!!!!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maria Matadora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.