Insurgent's Attack - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 4
Fora de rotina


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito?! Bom, não creio que sempre vou postar rápido assim, mas enquanto estou num pique, tenho revezado entre as fics para poder continuar. Esse capítulo está pouco mais agitado que o anterior. Espero que gostem!



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A costumeira cantoria e sequências das festividades dos instantes das refeições foi suficiente para abafar os sons gritos, ou pelo menos o mais próximo disso, que os rapazes faziam em proximidades a estufa. O azul mais escuro, em relação da manhã, expulsava cada vez mais o tom alaranjado do céu e recepcionava com novas sombras e curvas os participantes daquela discussão.

Miguel juntamente a Dean tentavam mediar qualquer tipo de acordo, contudo Tanner demonstrava irritabilidade somente pela postura. Narinas instáveis, punhos cerrados, mandíbula rígida. Mia estava em posição de desdém, frustração, deboche, tédio.

— Acho melhor vocês saírem logo daqui, deslocados! – começou uma mulher de pele negra, olhos coloridos, um em tom esverdeado e outro castanho claro, com cabelos com alguns sutis fios brancos aqui e ali.

Ao seu lado, dispunha-se outro rapaz, de estatura mais baixa, porém sua face permanecia rígida desde que a discussão começara, o que lhe atribuía algumas rugas abaixo dos lábios que aumentavam periodicamente a ideia de sua eventual idade.

— Não faço a mínima ideia de como ela foi parar lá – começou Mia – Mas a julgar pela irritação de vocês, não me surpreenderia descobrir que foram vocês.

— Nunca faríamos isso! – defendeu-se a mulher que em relação aos outros quatro que a seguiam, era a que mais falava e possivelmente quem iniciara a briga.

Alice e Elizabeth chegaram a tempo de evitar que Mia arrancasse mais um bolo de cabelo da outra. Dois dos rapazes, sendo um deles o baixinho esquelético, voltava correndo em direção deles.

Outro homem, corpulento, não só em músculos, mas parte também por excesso de peso, dissera algo o suficiente para atingir o máximo de Tanner, que o agarrou pela gola e jogou contra uma das paredes da estufa.

A reverberação do choque foi instantânea, causando uma sequência de ondas que estremeceu basicamente metade daquela cúpula constituída a vidraçaria. Por sorte, o material grosso e cristalizado desenvolvido pela Erudição para permitir somente a passagem de luminosidade necessária para as plantas mais sensíveis evitou quaisquer rachaduras, no mínimo, visível naquele momento.

— Eu não to nem aí para o que ela pensa ou deixa de pensar de mim, só não vou deixar passar ela falando mal do meu cabelo e me chamar de assassina oxigenada. – comentou Mia, brincando com um bolo suficientemente generoso que arrancara da outra.

Dean meteu-se entre Tanner e homem, enquanto Miguel puxou o colega. Sons de reprovação emanados de alguém que vociferava qualquer ladainha sobre empatia e convivência harmônica se aproximava. O homem agarrou Dean pelos ombros, dando um rápido giro que o fez atingir o rosto no arco metálico que sustentava a porta da estufa.

Miguel não conteve esforços em largar Tanner e ir ajudar o amigo. Tanner puxou o homem pra longe da vidraça e deu um soco na mandíbula. Nem mesmo se mexeu e o outro agarrou seu pescoço e chutou-lhe a intimidade, fazendo com que o rapaz caísse ajoelhado. Apesar da dor, a proximidade foi extremamente favorável para que concluísse uma rasteira, causando a queda do adversário direto na terra úmida da última irrigação.

Dean e Miguel foram a frente, em direção a enfermaria a fim de tratar da lesão nasal ocasionada do golpe, tentando ao menos estancar o sangue que escorria pelo pescoço, manchando a camisa e até mesmo deixando algumas gotas atingirem ao chão.

Assim que a postura que anteriormente protestava revelou-se um homem alto, igualmente corpulento ao que Tanner derrubou, de pele pálida e cabelos grisalhos, ao aproximar-se dos demais, postou-se entre ambos os rapazes, ditando o mesmo discurso que foi dado na noite em que chegaram ali, que era estudado como diferenciação e identidade da Amizade desde sempre nos tempos escolares, fazendo com que os dois envolvidos revirassem os olhos.

Aproveitando a oportunidade de distração, Alice e Elizabeth saiam levando, ainda que contra vontade da mesma, Mia, as quais foram piamente seguidas pela garota dos fios brancos e outra, estranhamente alta e magra que parecia mais fazer pico de segurança com os cabelos pretos presos em coque e olhos cinzas por trás das grossas lentes do óculos remendado.

Logo que ultrapassaram a claridade dos raios lunares e se encontravam a penumbra ocasionada pela sombra da enorme e rotineira árvore central, a mulher de fios grisalhos cravou as unhas no ombro de Mia, fazendo-a escorregar no piso escorregadio, agora úmido.

Elizabeth virou-se e foi recepcionada por um forte soco na barriga. Alice antes mesmo que pudesse ser tingida pela mais alta, que de perto parecida que quase o dobro de sua altura, escapou por baixo de suas pernas, dando uma rápida rasteira, promovendo o encontro certeiro do queixo da adversária com o chão.

Um rubro foi adicionado a coloração da água que continuava a correr até a descida do piso. Mia agarrou a camisa da pouco por trás, agachou e a atirou para frente, entretanto, foi sendo levada junto. Para evitar que a garota de cabelo azul gritasse, a outra tampou sua boca, a qual em própria defesa fez questão de cravar os dentes, soltando as madeixas e dando uma forte cotovelada na barriga.

Elizabeth levantou-se e ao sentir a proximidade de alguém, direcionou sem hesitar um forte soco a altura do nariz e chute que atingiu a panturrilha, fazendo cair. O tilintar dos óculos pelo piso fez reconhecer a imagem de Scott, mas revirou a atenção a mais alta, que no momento acabava de dar um chute um tanto falho em direção ao quadril de Alice, que caiu para trás sem conter um gemido e a careta de dor.

A morena pulou nas costas da garota apertando-lhe fortemente a parte da mandíbula. Ainda caída, Alice conseguiu dar um chute não tão forte, mas necessário para fazer com que a outra perdesse o equilíbrio e caísse de joelhos. Elizabeth deferiu um forte tapa no rosto da outra, deixando um arranhão perto da sobrancelha que começou a sangrar no mesmo instante, consequência de um dos lacres que colocara, até então, inutilmente no dedo quando levou James a enfermaria.

Mia e a garota dos fios brancos se postavam de pé novamente. Por um instante, a jovem reconheceu na fita, a princípio azulada que estava presa a seu braço, por baixo do largo casaco amarelado, agora colado ao corpo pela umidade, algum significado, entretanto o ignorou por completo quando a mesma veio em sua direção. Tentou desviar no último segundo, mudando a direção do soco para seu ombro, o que fez percorrer uma pontada de dor por seu corpo. Agarrou o braço a garota e o girou, dando um forte puxão de cabelo na mesma, fazendo-a cair e atingir a testa no degrau mais baixo onde estavam alguns vasos menores.

A garota mais alta atingiu Elizabeth com um chute no peito, voltou-se a agarrar Alice pelo tornozelo puxou-o fortemente, causando um alto estalo. Assim que agarrou o outro, foi surpresada por um corte na mão ao tocar despercebidamente a lâmina por baixo das meias da loira. Ainda com o corte ardendo e sangrando, arrancou a pequena faca ali escondida, no entanto antes que pudesse fincá-la na perna da loira, foi recebida com um vaso de barro, ainda vazio, que Scott pegou e bateu em sua cabeça, desmaiando-a.

*******

O toque de recolher se deu e Eydan, o homem de cabelos grisalhos que intermediou a briga entre Tanner e o outro rapaz, reuniu-os juntamente a Mia, Alice, Elizabeth e outras duas garotas da estufa na enfermaria e após longos quarenta e cinco minutos, para escutar o previsível discurso de Johanna em manter as boas relações e enorme tentativa e o perigo que toda a facção corre ao manter vários refugiados em seu Complexo sem o conhecimento de Jeanine tentando seguir os princípios da Amizade, contudo sem correr risco de perder ou enfurecer a grande aliada para todo o desenvolvimento em ciclo da cidade que seria a Erudição e entre outras justificativas.

O cabelo, como sempre, cobria parte da cicatriz de seu rosto e essa noite, se não estivesse visivelmente controlada da irritação, poder-se-ia dizer que estava mais arrumada que o de costume. Talvez pela presença de Marcus, no entanto, a rigidez de sua mandíbula dizia outra coisa. Por fim, avisou ser a última chance de todos ali, que investigariam o caso de Reyna, e descobriria qual foi o real acidente que a deixou assim. E saiu, deixando todos ali quase da mesma forma de quando ela entrou, só mais entediados.

*******

Como de costume, enquanto os integrantes originais da facção já dormiam ou refugiados que já tinham se acostumado e, até mesmo, aqueles que não conseguiam mais se aguentar em pé depois das horas de trabalho. O dia parecia raiar cada vez mais cedo. Não tinham dado nem mesmo quatro horas quando o céu já estava quase todo claro que o sol desfilava pelo céu com todo seu esplendor.

Para aqueles que se envolveram na “discussão”, como Johanna preferia nomear, foi destinado uma espécie de castigo que se ligava a formas de trabalho mais braçais e pesadas nas fronteiras do Complexo, no meio do milharal basicamente, nos postos de colheita, corte, irrigação e plantio em si, reconstruindo algumas cercas, conserto de algumas caminhonetes, entre outras.

Por sorte, na hora da divisão, Tanner, Mia, Mary Elizabeth, Dean, Miguel e Alice foram direcionados ao trabalho do lado Leste, enquanto os demais, incluindo a garota alta, a de fios brancos e o brutamontes rechonchudo para o lado Oeste, tendo inclusive a diferença de horários para as refeições, para evitar o encontro e assim aprenderem a lição de conviver numa verdadeira comunidade, assim disseram.

Após horas ao sol que parecia ter vindo com toda benevolência em espalhar seus raios com toda intensidade, principalmente durante em proximidades ao almoço convencional, receberam uma mensagem via rádio de que já estavam liberados das tarefas matutinas.

Cerca de vinte minutos que demoraram em retornar a parte do refeitório, foi o suficiente para que bebessem pouco de água e recuperassem parte do fôlego para criar coragem em ficar de pé novamente pelo menos para saírem da caminhonete. Encontrar-se em meio ao nada, ou basicamente, entre altas plantações em sequência, sem a passagem de ar e que tem folhas que liberam uma espécie de pó que causa enorme coceira era ainda pior do que os tempos em que fugiram para a floresta em torno da cidade.

Assim que chegaram, notaram o rotineiro. Um silêncio normal durante do dia. Possivelmente já estariam assumindo novamente seus postos. Desde os passos que davam ao tocar o assoalho até chegarem ao refeitório podiam ser escutados, sendo interrompidos de algumas vezes somente quando a brisa movia a copa de algumas árvores ou movia alguns móbiles de enfeite pendurados aqui e ali.

Em questão de minutos estavam defronte ao refeitório, mórbido. Andando entre as mesas era possível ver cada qual membro sentado nos bancos e desajeitados, caídos sobre a mesa. Alguns sobre os pratos, outros de rosto molhados devido algum copo de água ou suco que provavelmente derrubaram quando o que quer que os tenha deixado naquela situação tivesse começado a fazer efeito. Alguns pratinhos de sobremesa estavam caído ao chão, a acumular formigas em torno das porções do doce de mamão e goiabada.

— Mas o que aconteceu aqui? – questionou Dean, ainda com visão um tanto turva devido a diferença da luminosidade naquele sobrado.

— Só acho que alguém batizou a comida. – comenta Mia, com humor ainda não exatamente recuperado desde as provocações da noite anterior.

— Aham – Elizabeth pega um dos pratinhos nem sequer tocados de doce e começa a comer.

— Ta maluca?! – Alice tenta tirar por instinto da mão da outra, que levanta pouco mais para que a outra não pegue.

— Não seja tola! Olha em volta! – desliza a mão por toda a extensão do ambiente – A maior parte dessa galera nem tocou nos doces. Seja lá o que tenham feito, foi na comida e eu não vou ficar com fome por causa disso. – saiu andando.

— Temos que achar os outros e sair daqui, porque assim que acordarem, com certeza vão colocar a culpa sobre nós – comanda Tanner, confirmando de as duas primeiras pessoas de uma mesa estão somente a mercê de um sono bastante pesado, já andando entre as fileiras a procura de qualquer rosto conhecido.

Assim seguiram, espalhando-se e caminhando a procura de reconhecer os demais, conseguiram achar Lucy, Emily e Luke, o qual Mia fez questão de tentar acordar a tapas, em vão. Continuaram por mais dois minutos quando três altos tiros atingiram e estilhaçaram as lâmpadas centrais do lugar.

Encarando a direção de onde vieram, aproximavam a mesma trupe da noite anterior. Dessa vez, pareciam ter invadido a sala em que tiveram que deixar as armas assim que chegaram ao Complexo. Por um instante, Mia conseguiu reconhecer o arco que Luke carregava quando se conheceram na floresta.

Outros tiros fincaram nas colunas de madeira ou passaram direto, sem rumo, em sequência ao vazio das árvores e plantações ao longe. Os cinco começavam a se aproximar. Dean e Miguel direcionaram-se a parte dos dormitórios e a enfermaria para ver se encontravam alguém, mas eram somente mais corpos dispostos sobre as camas, ou encostados a parede. Acharam Raven, Sarah e Violet deitadas em algumas ao chão de onde tomam conta das crianças.

Alice e Elizabeth esconderam-se atrás da mureta da cozinha, conseguindo desviar alguns dos tiros que pôde escutar terem passado por perto. A loira pegou algumas facas, enquanto Mary, o rolo de massas. Passos de aproximação ecoavam no corredor ao lado e assim que outros dois rapazes passavam, igualmente armados aos primeiros, ambas saíram.

Mia se abaixou e moveu por baixo das mesas enquanto via os demais se espalhando. Um par de pernas parou exatamente a sua frente. Antes que pudesse sequer apontar a arma ou desconfiar que ali pudesse estar escondida, a jovem deu um forte nos calcanhares, fazendo o rapaz magrelo da noite anterior perder o equilíbrio e deixar a pistola cair. O mesmo agachou para pegar, entretanto a garota já lhe direcionava com toda a força uma das poucas cadeiras vazias próximas, acertando-o nas costas.

Tanner saltou ferozmente contra o homem parrudo e largo, segurando sua mão antes que disparasse em seu ombro, desviando o curso do tiro para o teto espantando alguns pombos. Foi surpresado com um forte soco nas costelas. Desviou de um segundo soco, puxando-o rápida e desajeita a mão do rapaz, quebrando-a. O outro o agarrou pelo ombro e jogou para o lado oposto, atingindo seu queixo na beirada do banco e derrubando da mesa uma jovem.

Logo que entrou no quarto para pegar a pistola que tinha guardado, Miguel foi recebido com um forte golpe de um abajur que atingiu seu ombro. O mesmo pegou uma barra a qual notou no primeiro dia no quarto e posicionou-se contra a garota do outro lado do cômodo, já segurando outra coisa em mãos.

— O que você quer comigo?

— Nada! Eu só vim pegar minhas coisas. Esse é o meu quarto – disse Miguel sem paciência para explicações.

— Quem é você?

— Isso não vem ao caso agora ok?! – foi direto olhar abaixo da cama e pegou a pistola. Logo que o fez, virou-se a agarrar o braço da garota de olhos voltados ao preto apesar do tom azul acinzentado em contraste ao cabelo castanho esticado.

— Acho que não vai funcionar muito bem sem isso. – mostra o estojo de balas e solta o braço.

Sem nem mesmo pedir, a garota jogou-o para Miguel e tirou a própria faca do cinto.

— Não gosto de armas barulhentas! Sou Ally e é melhor você sair daqui.

— Sem problemas! Essa era mesmo a ideia!

Ele se direciona a porta quando consegue desviar de uma das facas que atinge somente o acostamento de madeira. Ao mesmo instante, vira-se para Ally, que se mantém parada, já com outra faca em punhos. Trocam olhares sem muito significado por alguns segundos antes que o mesmo saia em disparada pelo corredor.

A garota de fios brancos atira e atinge de raspão a perna de Mia simultaneamente ela dá um golpe certeiro no garoto com quem lutava, desmaiando-o, entretanto agacha sentindo o ardor da ferida. Engatinha até proximidade da escada de somente três degraus do assoalho de refeitório, mas um chute da mesma em sua barriga faz com que desça essa rolando até atingir a grama abaixo. Com a mão livre enquanto a outra toca o local do chute, Mia agarra uma enxada e bate forte nas mãos da outra, fazendo a arma cair.

Alice soca o ombro de outra garota, porém esta a joga contra a parede e a própria acaba caindo de mau jeito, segurando firme demais uma das facas e fere levemente a carne. Quando a rival se aproxima e segura sua mão, deixa o instrumento cair, todavia agarra seu pescoço e dá uma forte cabeçada que faz o nariz da outra sangrar e lhe chuta em proximidades ao estômago. Corre em direção a faca caída, vendo a ruiva agarra a pistola e no exato momento que dispara, cai de joelhos com uma forte panelada na cabeça.

— Demorei muito?! – diz Scott, acabando por dar um sorriso de triunfo.


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Notas finais do capítulo

Ainda temos mais no próximo capítulo! Gostaria muito de saber a opinião de vocês quanto ao andamento da narrativa. Até logo!

Personagem (novo) do leitor
— Ally Wentworth