POV Samantha.

Escrevi em um pedaço de papel todos os meus sentimentos, mas não couberam. Transbordou amor e invadiu as minhas narinas, me sufocando. Espirrei borboletas em minha blusa, e me limpei com ela. Mas acabei apenas devolvendo o amor que eu sentia, para mim mesma. Era impossível fugir dos meus sentimentos por Audrey. Então rasguei a folha. Apaguei as linhas de amor e me jurei esquece-la. Pena que não é tão fácil assim. Acabei me perdendo, e depois de várias tentativas de encontrar uma saída de emergência, resolvi dar uma chance para a única pessoa que poderia me achar: ela.

Audrey é aquele tipo de pessoa que não merece ganhar o prêmio Nobel da paz, mas faz você se apaixonar por ela do mesmo jeito. Ela é inteligente, sem ser metida. É calma, e transborda silêncio repentinos. Silêncios que me perfuram a garganta, na vontade de gritar o que eu sinto. Tudo em mim grita por ela, até mesmo os meus sorrisos. E se cada dito popular se prega a pelo menos uma pessoa, o seu seria: “Me fala com quem andas que te direi quem és. ”. E esse era o seu único problema: tentar provar ser alguém que ela não era. E poxa vida, se eu amo cada detalhe nela como ela é, porque Diabos uma pessoa tão perfeita assim, teria a coragem de se mudar, para ser outro alguém?

Até mesmo os cegos, que se lamuriam por nunca poder vê-la, sabem do que estou falando. Do quão perfeita ela é.

E se me perguntarem como sei quem é a Audrey de verdade, responderei com o maior orgulho: eu nunca apenas a enxerguei com os olhos, mas sim com o coração [...]

(~•~)

Eu me senti diferente ao seu lado. Algo em meu coração dizia que era ali, que eu sempre deveria ficar. Por mais que aparenta que Samantha não me suporta, eu realmente a considero uma amiga. E levando em consideração as amigas que eu tinha, ela com certeza é o tipo de pessoa que quero que esteja sempre ao meu lado.

Ela e o filme de Harry Potter causaram a paz que eu desejava a semanas.

“ Então? “, perguntei para Samantha, na expectativa de mudar a sua opinião sobre a minha saga favorita.

“ Hm... Até que foi legal “, ela simplesmente admitiu, e se levantou da cama em desespero, como se rejeitasse a minha presença ali.

Sorri confiante.

“ Então você vai mudar o marcador para a cor azul? “, indaguei entusiasmada, ajeitando o meu vestido florido no meu corpo. “ Sempre que apresentei Harry Potter a alguém, as pessoas adoraram. Na verdade, as pessoas adoram tudo o que eu faço. “, comentei orgulhosamente, sorrindo.

Ela ficou em silêncio.

Ousei em a chamar novamente.

“ Sam? “

Desligou a televisão.

“ Sam, você está surda? “, perguntei novamente, tocando o seu ombro para vira-la para mim.

E a bomba de Hiroshima foi dispara contra a minha cabeça.

“ Para com isso “, ela se livrou do meu toque, irritada. “ Para com essa sua mania insuportável de ser boazinha comigo! Para de fingir que se importa, porque você não se importa! Então, para com isso! “.

As palavras de Samantha foram ricocheteadas contra as minhas costas e perfuraram a minha esperança de ter uma amiga.

“ Como assim? “, perguntei desanimada, sem forças para falar.

“ É que me irrita essa sua mania de fingir que se importa comigo. Fica sendo legalzinha agora, porque não tem amigas. Acha que não vi a sua humilhação quando foi se sentar com a Santana? “

“ Você não tem nada a ver com isso “, respondi, me afastando. “Na verdade, você não sabe de nada. “

Por quê aquilo estava acontecendo?

“ Eu sei sim, Audrey. Mais do que gostaria na verdade. Eu sei quem você é, e essa não é você. Essa é você tentando se convencer que as pessoas ainda a idolatram. E vou lhe dizer uma coisa: isso não é verdade. As pessoas te odeiam! “.

“ Eu só estava tentando ser legal com você. Se você não percebeu, você também não tem nenhuma amiga, e deveria estar agradecida, de eu querer pelo menos, ficar perto de você! “

***

POV Samantha.

O meu motivo por amar Audrey, mas não querer ficar perto dela, veio logo depois do início da nossa discussão.

“ Como se eu quisesse a sua companhia. Você que foi intrometida o bastante para vir falar comigo. Toda meiga e simpática, até me convenci que você era legal. Me iludi pensando que você daria uma chance para nós, e não seria a vadia que você é com as outras pessoas! “.

Soltei as palavras como jogam tinta na parede: sem se preocupar se vai manchar, porque obviamente isso já iria acontecer. Soltei para fora o medo de ficar perto dela, e não poder a beijar, e nem a tocar. Soltei um pedaço que eu gostaria que realmente fosse verdade: o “ nós “.

“ Nós? Nós o que? Está falando como fosse uma lésbica encubada apaixonada por mim “, ela respondeu ironicamente.

Mas naquele momento, eu pude enxergar a Audrey que ela quer ser. A Audrey que mesmo humilhando todos, os garotos a idolatram. Ela quer provar ser uma legitima seguidora vadia da Santana, fazendo o que sabe de melhor: destruir os sentimentos das pessoas.