Heroes. escrita por Lord


Capítulo 2
Senhor Ross.


Notas iniciais do capítulo

Oi vocês, tudo bem?
Bem, esse é um capítulo do Max, acho que acabei esquecendo de comentar que os capítulos serão intercalados.



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Eu estava debruçado sobre um enorme mapa em uma das mesas que ficavam à beira da pequena piscina do hotel. Theo ainda dormia no quarto do segundo andar, enquanto eu tomava o meu café e decidia qual rota pegar para chegar até North St. Tomaz.

Com a ajuda de um canetão eu marcava diferentes caminhos e circulava as cidades pelas quais eu queria dar uma passada e ficar um ou dois dias. Eu demoraria muito para chegar ao outro lado do país, também gastaria quase todo o dinheiro da minha poupança para a faculdade, mas valeria apena.

– Da ultima vez que eu te vi você ainda parecia um cara normal. – Aimée estava parada ao lado da minha mesa.

– Ainda sou um cara normal, mas agora eu sou um cara normal com vários tons de azul no cabelo. – comentei sorrindo. – Acho que eu não me saí muito bem como cabelereiro, mas eu gostei do resultado final.

– Eu também. – ela disse ela bagunçando ainda mais o emaranhado azul. – Posso me sentar?

– Claro. – tirei o mapa de cima da mesa. – O que você faz aqui?

– O hotel é da família do meu ex-namorado, algumas coisas minhas ainda estavam aqui e eu vim pegar então achei que vocês poderiam estar por aqui. – ela disse mostrando a mochila. – Onde está o Theo?

– Quando eu saí do quarto ele ainda estava dormindo, mas acho que ele vai demorar um pouco pra descer, ele tem todo aquele negócio de tomar banho assim que acorda, arrumar a cama e coisas desse tipo. – comentei.

Aimée e eu ficamos conversando por mais algum tempo, ela era muito interessante, tinha vinte anos e desistiu da faculdade de cinema por achar que os professores cortavam as ideias dela, então acabou vindo para a menor cidade do estado e adotado um cachorro chamado Boris, ela amava Boris, mas detestava a cidade. Ela era totalmente compreensiva e entendeu perfeitamente os meus motivos para não querer ir para a faculdade.

– A parte mais difícil não vai ser contar isso para os meus pais, vai ser deixar o Theo. – falei bebendo um pouco do meu café com leite. – Nós não nos separamos desde os seis anos, eu era a única criança que não era da família na festa do sexto aniversário dele, já que ele ainda não tinha feito nenhum amigo ainda.

– Você ama muito ele, não é? – os olhos verdes da garota encararam a minha alma por alguns segundos.

– Ele mantém os meus pés no chão. – sorri. – Eu poderia detestar Theo por sempre cortar o meu barato, mas acho que eu não teria mais nenhum dos braços se ele não me impedisse de fazer algumas coisas. Theo parece ser muito chato na maior parte das vezes, mas ele tem o melhor senso de humor do universo, além do ótimo gosto musical.

Ouvi de longe a voz que eu conheceria até em baixo da água.

– Senhor Ross. – Ele disse abrindo os braços. – Quanto tempo, como vai você? E a família?

Senhor Ross era um jogo que ele havia criado quando estávamos na oitava série, o principal objetivo era deixar o outro constrangido na frente de uma garota bonita. Isso tudo como se fossemos velhos amigos milionários e da terceira idade.

– Carter. – Falei usando um tom surpreso. – Minha família vai ótima, minha filha fez uma fortuna e minha mulher comprou outra ilha particular no meu aniversário de ontem.

– Uau, andei vendo os trabalhos da sua filha, a pornografia é uma coisa incrível. – Theo sentou-se. – Ouvi boatos de que você estava com gonorreia mais uma vez.

– São só boatos. – falei. – Mas acho que você não teria esse problema, já que essa é uma doença sexualmente transmissível e sua namorada de dezessete anos dorme em uma cama separada da sua.

– O que está acontecendo aqui? – Aimée perguntou confusa.

– É um jogo chamado Senhor Ross. – Falei. – É um jogo idiota que o Theo criou quando a gente estava na oitava série, basicamente a gente tenta deixar o outro constrangido na frente da garota ou garoto que a gente quer sair. E como você interferiu ninguém ganhou.

– Vocês são gays? – Aimée ergueu uma das sobrancelhas. – Eu já desconfiava e isso me faz amar ainda mais vocês.

– Oh, não. – Theo riu. – Todo mundo passa por uma fase bi-curiosa durante o ensino médio.

– Foi só uma fase rápida.

Não, não foi uma fase rápida, nem mesmo uma fase. Quando Theo e eu estávamos no primeiro ano do ensino médio fomos a uma festa, nessa festa jogamos verdade ou consequência, e foi aí que eu beijei o primeiro garoto. Não foi Theo, foi um cara qualquer, eu não senti nada, mas com toda certeza foi muito mais divertido do que beijar qualquer garota. Os outros vieram depois, chegaram e se foram rápido, tão rápido que nem Theo sabe da existência deles.

Enquanto eu estava perdido nos meus pensamentos Theo e Aimée mudaram o assunto.

– Temos que sair depois do almoço para não perdermos muito tempo. – Theo disse.

– Para qual faculdade vocês vão? – Aimée perguntou.

– Centro de pesquisa e desenvolvimento cientifico Isaac Newton. – Theo disse com ar superior.

– Faculdade comunitária de North St. Tomaz. – Respondi.

Theo me comeu com os olhos.

– Não brinca que você está indo para North St. Tomaz. – Aimée bateu palmas rapidamente. – Eu cresci lá, amo aquele lugar.

– É claro que ele está brincando, ele vai para CPDCIN comigo. – Theo falou.

– Não, você que vai para North St. Tomaz com a gente. – rebati.

– A gente? – Aimée perguntou assustada.

– Você, o Boris e eu – Respondi. – tem lugar na picape pra vocês dois.

– Não vou ir com vocês...

– Aimée por favor. – Falei. – Você odeia esse lugar, não vai te fazer mal nenhum ir embora.

– Max, eu adoraria, mas eu não tenho dinheiro. – Ela disse desconfortável.

– Eu tenho dinheiro de sobra para nós dois. – cutuquei o braço magro da garota. – Quando você chegar lá pode arranjar um emprego e me pagar aos poucos, eu nem ligo muito para o dinheiro. A gente pode conhecer lugares fantásticos e comer comidas diferentes.

–Eu não sei...

– Aimée, eu quero ir para a faculdade e enquanto você não topar ir com ele, ele não se distanciar um quilômetro desse fim de mundo. – Theo disse carrancudo.

– Sério? – Ela perguntou desacreditando.

– Quando a gente tinha oito anos foi preciso quatro seguranças para tirar essa criatura do parque de diversões. – ele me deu um tapa na cabeça.

– Eu queria dar outra volta na montanha russa. – me justifiquei.

– Bem, como você disse não faz mal se eu for embora. – Ela deu de ombros. – Vou pegar o Boris e falar com o dono da taberna onde eu trabalho e volto em duas horas.

***

As duas horas até a volta de Aimée pareceram dois dias, mas mesmo assim ela chegou dentro do prazo que ela havia determinado. Provavelmente eu era muito apressado e estava muito ansioso.

Assim que eu abri a porta do quarto fui atacado por um labrador amarelo que com certeza não tinha noção do próprio tamanho e força. Boris lambeu o meu rosto algumas vezes e foi explorar o quarto.

– Desculpe. – Aimée falou sem jeito.

– Tudo bem, eu amo cachorros. – Falei ficando de pé.

– Que bom que você chegou. – Theo disse aparecendo na porta. – É hora de partir.

Como eu havia dirigido o dia anterior inteiro, Theo acabou assumindo o volante, eu sentei no meio e Boris latia alegremente para os outros carros no banco traseiro. Eu sabia que Theo detestava dirigir, ainda mais comigo atrapalhando ele, mas se tinha um terceiro banco na frente, com certeza era pra ser usado. Ele estava ainda mais irritado por eu ter colocado uma música da Nick Minaj.

– Eu não acredito que estou fazendo isso. – Aimée disse mais alto que o barulho do vento. – Confesso que pensei várias vezes em desistir e ficar aqui.

– Você tem só uma vida, viva ela. – Dei um pequeno soquinho no braço da ruiva que concordou com a cabeça.

Dei um beijo no rosto de Theo que ainda estava um pouco irritado pela conversa que tivemos mais cedo.

– O que foi isso? – Ele perguntou.

– Eu te amo, te amo pra caralho.


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