Todo reino podia ser definido por uma palavra já muito usada. Frio. "E tudo culpa minha. Como eu ia saber que algumas perguntas e pegar a luva dela desencadearia essa nevasca? Infelizmente, minha irmã não veio com um manual de instruções, nem seus poderes. Só agora eu entendo. E só agpra eu também vou conseguir consertar as coisas. Ter a minha irmã de volta e o verão. Frio? Ninguém merece. Mas agora com Elsa... Bom acho que consigo me acostumar."

–Eu só tenho que ir até lá, convencê-la a voltar e tirar esse inverno. Simples assim.- Anna estava a vários minutos tentando convencer Hans de que era seguro procurar sua irmã meio desequilibrada e com alguns poderes sinistros. Mas infelizmente, ele não compreendia essa lógica.

–Tem certeza disso? Quem cuidará do reino? Quem vai cuidar de mim? E como você tem certeza de que ela vai simplesmente voltar, sem mais nem menos? Tem certeza de que ela não é perigosa?- Hans suplicava-lhe com o olhar para que ela entendesse o quão perigosa e arriscada era essa ideia, queria que ela ficasse.

–Não. Ninguém vai a lugar nenhum. Quem me garante de que ela não é também uma bruxa?- O mesmo duque que a alguns instantes estava caído no gelo se impôs. Tinha uma aparência velha, muito baixo e magro e usava grandes óculos. Não havia como ele vencer aquela discussão. Ainda mais vencer a teimosia implacável de Anna.

–E o senhor seria...?- Claro que isso foi uma grande grosseria da parte de Anna, como princesa era seu dever saber o nome de todos os convidados, mas ela estava com os nervos á flor da pele e com muita pressa. Não tinha tempo para gracejos.

–Duque de Weselton, alteza- Falou ele, com uma reverência. Se ficou ofendido, não deixou transparecer.

–E como o senhor acha que tem o direito de intervir nos assuntos internos de Arendelle?- Perguntou, inocentemente. Pensou ter ouvido uma risada contida atrás de si, mas deixou para lá, esperando ouvir a resposta do duque.

–Bom, como parceiro comercial mais próximo de Arendelle e tendo como rainha uma feiticeira, acho que devo tomar partido do que acho melhor para o reino.- Falou ele, olhando para ela e pedindo compreensão.

–Achou errado. Não sou feiticeira, nem minha irmã. Vou atrás dela, dar um jeito nesse inverno. E Hans. Elsa é minha irmã. Nunca me machucaria.- Concluiu, ao olhar ao redor do castelo e ver seus súditos, distribuindo e pegando casacos, o medo eminente em seus rostos. Voltando-se para Hans, falou mais docilmente:

–Eu vou. Você pode cuidar do reino enquanto isso, Hans?- Perguntou, virando-se para montar em seu cavalo.

Segurando em sua mão, Hans respondeu:

–Com a minha vida e minha honra.- Seus olhos pareciam transmitir sinceridade e adoração, direcionados a Anna.

Soltando-se dele, Anna olhou para os seus súditos e falou em sua voz mais potente:

–O príncipe Hans ficará no comando! Eu volto logo.- Terminou sussurrando para Hans e logo galopando em direção as montanhas de gelo, como uma pintura impotente.

Bem distante, no meio de várias montanhas...

–Então, o que você pretende fazer agora?- Indagou Jack. Os dois já estavam andando a horas e não haviam trocado uma palavra. Ouvia-se apenas o uivo do vento e alguns resmungos incompreensíveis de Jack, direcionados a ninguém em especial. Já Elsa estava muito centrada em seus pensamentos para tentar responder ou prestar atenção.

–Nos devíamos voltar. Não, não. Nos devíamos...- A cabeça de Elsa era uma grande confusão. Eles deviam voltar, reorganizar o reino, explicar as coisas. Mas... se ela fizesse isso, teria que enfrentar a todos, esconder seus poderes e nunca mais poderia se sentir assim... Livre. Sim, dessa vez ela tinha certeza do que sentia. Liberdade. Para sentir. Deixar de encobrir. Deixar todos saberem. "Bom, não teria como eles não saberem agora. Não consegui segurar essa tempestade dentro de mim . Deus sabe como eu tentei fazê-lo. Nunca mais terei que ser aquela boa menina. Posso ter que deixar uma vida para trás, mas estou aliviada demais para lamentar. Meu passado agora está ali. Enterrado na neve.

–Nos ficaremos aqui. Bom, eu ficarei. Como a Anna, você é livre para ir embora.- Elsa disse, olhando para Jack, suplicando imperceptivelmente que ele ficasse com ela.

–Bom, se ficaremos por aqui, esse lugar precisa de uma transformação. Ele precisa, precisa... de um pouco de Jack. E você não vai se livrar de mim tão facilmente.- Brincou ele, olhando criticamente para as montanhas de cor branca uniforme.

–Óbvio que sim. qe tal um pouco de azul? E alguns bonecos de neve ali, outros cristais aqui, um lustre no teto.- Elsa já tinha toda a imagem formada na cabeça, falava o que queria e apontava para cada lugar involuntariamente.

–Você só está esquecendo uma coisa.- Jack sussurrou-lhe no ouvido. Ele tinha que parar com esse hábito. Assim a deixaria louca.

–E o que seria, Frost?

–toda rainha que se preze precisa de um castelo- Falou, sorrindo marotamente como se fosse óbvio. e o pior é que era.

–Claro! Como pude me esquecer? Meu castelo de gelo.- "Aquele em que eu me refugiava quando queria guardar minhas emoções." Fazendo apenas ajustes imaginários do se castelo na cabeça, Elsa logo formou toda ideia.

dando um piso potente na neve, Elsa fez com que todo o chão a sua volta se tornasse gelo polido em forma de floco de neve e ergueu as mãos, fazendo com que a estrutura subisse em sincronia com as mãos. Seu castelo de gelo. Assim, seu castelo crescendo, tomando forma, criando uma replica um pouco menor ao seu lado, enquanto Jack observava fascinado. Nunca em sua vida conseguiria fazer isso.

Ao terminar, Elsa virou-se para Jack, para analisar sua reação. Ele ficou um tempo ainda olhando, com a mão no queixo e com uma expressão neutra. Olhou de esguelha para ela e deu um pequeno sorrisinho de lado.

–Certo, você fez um castelo com cara de Elsa, mas onde é que eu entro nisso? Falta ainda um poco disso, isso e aquilo!- Ele fez alguns movimentos com a mão e o cajado, fazendo várias janelas em formato de flocos e um escorregados na saída do castelo.

–Opa! Quase esqueci o principal!- Elsa rodeou os dedos e fez um boneco de neve, ainda sem nariz. Indo para trás do boneco, Elsa começou a mexer seus braços e dizer: -Oi, eu sou o Olaf, e gosto de abraços quentinhos!- Falou ela, com uma fofa voz de criança.

–Ei, eu me lembro desse carinha!- Jack se aproximou um pouco para vez o que Elsa estava fazendo. Ela estava criando alguns flocos em cima dele, e logo depois bateu as mãos, se dando por satisfeita.

–Agora está tudo perfeito!

–Elsa, você esqueceu mais uma coisinha...

–O que?- Perguntou ela confusa, olhando para os lados, procurando seu erro.

–Eu também gosto de abraços quentinhos.- Disse ele, se aproximando e dando um abraço nela e girando-a. A partir de agora Elsa ia se permitir isso. Afinal, qual seria o mal que estava fazendo?