Tentação intercambista escrita por Belle17


Capítulo 3
Capítulo 2 - Briga e ansiedade




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Cheguei na escola faltando cinco minutos para o sinal tocar. Meu pai me deixou na porta e caminhei em direto minha classe, que fica no segundo andar.

Minha escola enorme. Consequentemente, possui muitos alunos. Muitos mesmo. Milhares. Por isso, esbarramos uns com os outros o tempo todo.

Quase tropecei quando uma menina metida e patricinha do ensino médio esbarrou com muita fora em mim. Ela devia ser uns dez centímetros mais alta que eu, ento se aproveitou para fazer comentários inúteis.

– Ai! Cuidado, sua idiota! Vai a um dentista, sua vaca dentuça!

Senti o sangue subir à minha cabeça. Gritei:

– Pelo menos eu no escondo meus defeitos com maquiagem! - referi-me a seus olhos pintados de preto como um vampiro, batom mega vermelho e blush de Patati e Patatá. Além do cabelo platinado, e do sutiã, que estava na cara que era de enchimento, é claro.

Todo mundo olhou para mim e um menino gritou "Turn dawn for what!!!". Em seguida, começaram a aplaudir. A patricinha ficou tão vermelha que parecia que tinham derramado um balde de blush rosa escuro em suas bochechas. Comparando aos palhaços Patatá e Patati, estes estavam sem maquiagem nenhuma.

– Sua... sua... pirralha!!!

– Sou pirralha mesmo. Tenho só 13 anos... pelo menos não me visto e me maquio como uma adulta, igual certas pessoas fazem!

Mais uma vez a multidão de estudantes gritou e aplaudiu. Só cessaram o barulho quando o diretor veio intervir a confusão.

– JÁ CHEGA! - gritou o homem, que trajava uniforme formal com um crachá escrito "Marco Mário - diretor" - Vamos, todo mundo pra sala de aula agora! Vamos, vamos!

Enquanto o superior dava as broncas, o sinal soou. Todos os alunos andaram em direção às suas respectivas classes, alguns frustrados por no poderem mais assistir a briga.

A moça com quem estava brigando lançou-me um olhar ameaçador e foi embora, dando pequenos pulinhos enquanto andava, deixando o cabelo castanho escuro esvoaçar.

Respirei fundo e comecei a dar curtos passos até minha sala de aula. Quando estava perto da escada que dava acesso ao segundo andar, senti uma mão encostar em meu obro. Era Juliana, minha amiga.

– Ei, me espera! Que barraco foi aquele lá, hein?

Mexi os ombros como quem não se importava com nada e apenas respondi:

– Uma menina grande idiota mexeu comigo. Só isso.

– Ah, deixa eu adivinhar... era a Verônica, não era? Nem consegui ver o rosto dela direito, por isso não sei se...

– Não sei, Juliana. Nunca a vi antes.

– Pera, para tudo! - disse ela, puxando meu braço para que eu literalmente parasse de andar, nos degraus da grande escada - nunca viu a Verônica nesta escola? Tá brincando comigo, né, Belinda?

– Ju, esta escola é maior que um zoológico! Você quer que eu conheça todo mundo? - indaguei, séria.

– Hahaha! Amei a comparação, amiga! Você é hilária! Mas cobras não vivem em zoológicos, fofinha! Quer dizer... não que eu saiba...

– Olha, eu não estou nem aí pra aquela metida. E, pro seu governo, existe cobra em zoológico, sim.

Ao dizer isso, virei-me bruscamente para frente, voltando a subir os degraus.

– Belinda! Espera, mulher! Não vai ficar chateada porque uma marmanja do segundo ano do ensino médio disse aquilo, né? NÉ? RESPONDE!!!

Finalmente entrei na minha sala de aula. 8º ano B. O professor ainda não havia chegado, então sentei-me em minha cadeira e respondi, calmamente:

– Claro que não, Juliana.

Minha amiga literalmente jogou sua mochila duas cadeiras ao lado da minha e correu em minha direção.

– Então por que você está tão incomodada?

Ela se ajoelhou ao meu lado e eu respondi, cabisbaixa:

– É que o espanhol idiota chega hoje de manhã na minha casa.

Seus olhos brilharam como grandes estrelas. Juliana pôs as duas mãos nas bochechas e gritou:

– AIIIIIIIIII! É HOJE, NÉ??!!

A classe inteira olhou para nós. Algumas de minhas outras amigas também começaram a gritar que nem um bando de frescas, e correram até mim.

– EEEBA! É MESMO!

– AAAAAAAAHHHH!!!

– HOJEEEEE????

Os garotos nos olharam como se fôssemos loucas, pois não entendiam nada do que estavam acontecendo.

O professor de geografia finalmente entrou na sala, fazendo com que os estudantes prontamente se sentassem em suas carteiras.

Minhas amigas fizeram questão de sentarem perto de mim, e me mandaram vários bilhetinhos, pois ninguém ousava dar um pio nas aulas do professor Araújo.

"E aí?? Você já viu uma foto dele? Já se falaram pelo Skype? Como ele é? É gato? Gostoso? Diz, diiiz!! Ass.: Laís"

Minha resposta foi simples e direta:

"E aí o quê? Não. Não. Não sei. Não sei. Eu sei lá. Não. Tudo respectivamente. Ass.: Belinda".

"Oi, Belinda! A que horas o gatinho espanhol vai chegar?? Ele vai dormir com você no seu quarto?? Hum... já estou prevendo o que vai rolar! Conta mais, tá? Ass.: Giovanna".

Fiz uma tremenda cara de nojo quando li o bilhete. Escrevi, com força (e ódio):

"Oi. Sei lá. TÁ MALUCA???? VAI SE CATAR. Conto droga nenhuma. Ass.: Belinda".

"Lindaa... me diz porque você está incomodada com o gato da Espanha!! Tenho certeza de que vocês vão se divertir muito!! Ass.: Juliana".

Respondi:

"Como você sabe que ele gato? Nem conhece ele. Eu só estou assim porque simplesmente no quero receber nenhum estranho na minha casa. Ainda mais algum que fala espanhol. Vou me divertir porcaria nenhuma. Ass.: Belinda. P.S.: NÃO ME CHAMA DE 'LINDA'! MEU NOME É BELINDA! BE-LIN-DA!!!!"

Lancei para todas um olhar de ódio, o que fez com que os bilhetinhos parassem de circular.

Por que essas coisas só acontecem comigo?!


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