Meu Psicopata de Estimação escrita por Felipe Araújo


Capítulo 17
O despertar


Notas iniciais do capítulo

QUERO AGRADECER AOS 74 ACOMPANHAMENTOS, AS 2.100 VISUALIZAÇÕES E PRINCIPALMENTE PELA MARAVILHOSA RECOMENDAÇÃO DA MINHA QUERIDA LEITORA EYWA.

BOA LEITURA ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645041/chapter/17

O som dos passos dados sobre as folhas secas estralavam. O vento frio percorre todo o corpo dele, enquanto o céu deslumbra um opaco gritante, sem a luz da lua por nuvens a cobrirem. A escuridão é seu único amigo, Edgar caminha pela floresta depois de massacrar a família de Samantha. Após adentrar a mata e chegar em um local longe o suficiente de ninguém encontrá-lo, ele cai sentado apoiando as costas em uma árvore alta de pinheiro, devagar o homem com as mãos sujas de sangue tira sua máscara de ferro e respira fundo. Arfa um ar quente e preocupado, seus olhos chamuscam sentimentos desordenados, Edgar não entende o que sente, porém é bom.

Foi bom sentir o sangue deles, isso ele tinha certeza. Gosta da cor vermelha, do cheiro do líquido, do poder que tinha quando levava a faca na pele deles… Mas qual o motivo de tudo isso? — O que esse sangue representa? — ele se pergunta olhando para suas mãos encharcadas pelo sangue de Sam.

— O que foi tudo isso? O que? Foi por ela? — perguntas adversas que faz para si mesmo, sentado sozinho no escuro Edgar olha de canto e vê a faca, o instrumento que usou para estripar aquela gente que nunca verá na vida. Tudo por causa dela. Tudo por Ester. — Ela me disse que precisava matar eles, não… Fiz o certo, sim! Mas eu… Estou confuso, quero matar, quero deixar Ester feliz, mas estuprei aquela garota e gostei muito.

Edgar olha para o alto e percebe a iluminação da lua sobre seu corpo quando ela aparece entre as nuvens. Sorri e deixa aquele vento percorrer sua face.

— Encontrei minha essência nesse mundo Ester, nasci apenas para isso: matar. Tirar as pessoas que não merecem viver. Pessoas ruins iguais aquelas que te magoaram minha boneca de porcelana. Vou matar, matar, matar, matar… Vou estripar todos que entrarem em meu caminho e desmembrar todos que tentarem separar nós dois.

Os olhos que transbordaram sentimentos incertos agora tem outro peso. O sentimento, enfim fora achado. Ele sente prazer e loucura. Edgar gosta do que faz, e não parará, tudo que tiver que fazer para acabar com ameças, ele fará. Olha para o seu reflexo na faca suja de sangue e vocifera.

— Ester não vai mais precisar injetar remédios para conter você. Eu permito que você saia de dentro de mim, que esse lado adormecido, por fim, reaja a esse mundo. Quero que você me domine, tire toda a lucidez de meu corpo, quero estar pronto para minha pequena. Quero fazer tudo por ela, vou passar essa lâmina em quem for... Todos vão morrer. Eu quero matar, quero sentir o gosto do sangue. Quero ver eles gritando e nada irá nós parar. Saia dai de dentro para sempre, tome a posse e o controle da minha vida. Meu lado adormecido que apenas acorda para brincar, venha e vamos juntos ajudar a Ester. Eu nasci para isso, proteger minha irmã de todos. Quero, quero... Vou matar.

A faca é cravada na árvore, corvos que dormiam sobre galhos voam envolta do lugar, ocasionando um estrondoso barulho, que por consequência abafa a gargalhada do homem sujo de sangue. Um riso mais profundo do que qualquer buraco negro, um escabroso som que rasga a escuridão da floresta. Edgar nunca se sentiu tão vivo. Seu lado que tanto lutou para permanecer adormecido fora aceito. Esse outro eu que Ester criou e alimentou por anos com suas loucuras agora é quem dirige o caminho do homem-morto para a sociedade. O monstro levanta e caminha em direção de sua casa, completamente coberto do sangue de Samantha e disposto a matar todos que entrarem em seu caminho.

**

Lucas está aflito com o plano, não tem ideia se dará certo ou o que vai acontecer. Ansioso não consegue parar quieto, anda de um lado a outro do quintal. Anne e Mathias continuam escondidos prontos para entrar na casa assim que Ester chegar na casa do rapaz. Olha no relógio de pulso, observa o seu redor e nada. Coloca a mão no bolso para fumar e tirar o estresse, porém uma voz lhe tira da prisão atormentadora da ansiedade. Ester fala pulando a cerca que separa suas casas.

– Lucas? — Ester está suja de lama e com o vestido surrado, Lucas ergue uma das sobrancelhas e tem esperanças que a garota responda sua pergunta de cara.

— O que aconteceu, você não parece bem.

— Não é nada, estava no lago e como choveu logo cedo me sujei, então o que quer comigo? Achei você distante.

— Impressão sua, só estou um pouco abalado com tudo, então vamos entrar em casa, tomar um café. Preciso falar com você sobre um assunto muito importante. — Ela sorri para ele, seus dentes brancos e aquelas covinhas, fazem o coração do rapaz disparar — será que ela é um monstro? — pergunta para seu subconsciente que nega, mas não seria enganado pela face doce da garota que ele não conhecera realmente nesses dias de tormenta. Ester não dissera absolutamente nada, apenas seguiu o dono da casa, enquanto anda passa a mão em sua cintura assegurando se sua arma está aconchegada. Com um olhar tenebroso ela fita o rapaz pelas costas. Olha para os lados para ver se ninguém os observa e entra na residência.

De longe Mathias e Anne observam atentos ao movimento dos dois, quando confirmam que Ester entrou na casa e a porta fora fechada, correm. Saem de dentro do carro e vão em direção a casa dos Castrinni. Mathias segura uma arma na altura do rosto, Anne engole a seco o que sente, não tem medo, entretanto demonstra agitação. Mathias ajuda a garota entrar no quintal e ambos pulam o portão trancafiado a cadeados. O delegado balança a cabeça negando o que está fazendo, agachados ele exclama.

— Não acredito que estou fazendo isso, e muito menos deixei que uma garota me siga em algo perigoso.

— Não tenho medo. Se tudo for uma confusão, nada vai acontecer. — Ele torce o lábio e vai em direção a janela, enquanto a menina de cabelo castanho o segue. A grande janela de madeira encontra-se aberta, o vento sobra as cortinas de seda branca, servindo de apoio para ambos entrarem na sala de estar.

O lugar está escuro, frio e silencioso. Não acenderam as luzes para não chamar a atenção de ninguém. Contando os passos e sorrateiros olham os detalhes do lugar. Decorado delicadamente com antiguidades, quadros e moveis rústicos. Tudo que um casarão necessita para transmitir um ar de medo truculento. Sem dizer nada, Mathias aponta com a arma para o corredor da esquerda, dizendo pelo sinal que Anne deveria ir por ali, e ele pelo lado oposto da casa, assim cobririam um local maior e possivelmente sairiam mais rápido da residência. A garota entende e sai sozinha pela escuridão, Mathias vai para a escada e segue até o andar superior.

Anne sente um arrepio passar por sua espinha. Sabe que se as suspeitas forem verdadeiras Edgar poderia estar vivo e na casa a espreita, apenas observando os passos dela pronto para agarrá-la. Como ela sente no momento é obvio: uma presa na mira de um leão faminto. Porém esse medo sobre seu corpo valerá a pena, quer vingar a morte de seus amigos, e por fim, ajudar Lucas. O rapaz que faz seu coração disparar toda vez que se encontram, o novato que veio de cidade grande com um tom de coragem e várias doses de insegurança. Ela dá um sorriso sarcástico de canto quando lembra da face assustada do rapaz para ela, não entende o que se passa na cabeça dele, só quer tirá-lo das garras da bruxa de Santa Monica.

No fim do corredor o que vê é uma porta trancada, chega perto da mesma e gira a maçaneta, ela abre e uma escada toma forma. Anne vira de lado olhando os quatro cantos de sua visão, uma sensação de ser observada a assola. Todavia não desistirá, entra no porão. O escuro a engole e se nivela com seu medo. A garota estica os dois braços para não trombar em nada. Passa a palma da mão na parede empoeirada e decrépita, uma luz fraca revela o que tem ao seu redor assim que ela puxa uma corrente fina de uma luminária. Mas não a surpreende.

Coisas velhas em baixo de lençóis brancos, duas máquinas de lavar e ferramentas espalhadas em caixas de papelão. Um porão comum e sem novidades. O que a intriga é uma marca no chão próximo a máquina de lavar. Uma marca de “arrastado”, algo estava ali e não se encontra no lugar. Anne agacha diante da marca e arregala os olhos quando percebe que existe uma porta atrás daquela máquina, estreita e pequena. Não pensa duas vezes em entrar ali, arrastando-se ela consegue entrar e aquela passagem a leva a um corredor estreito. Anne levanta e caminha trancando sua sensação de pavor. Sem medo, sem pensar no que a espera ela chega até a porta que se encontra aberta, e o que vê revela que todas as suas suspeitas eram verdadeiras.

Um cômodo com uma cama, um armário, espelho e várias coisas dizem para ela: alguém vive escondido naquele quarto secreto. A menina corajosa agora está dentro do covil da cobra, vai rapidamente até as gavetas onde encontra seringas e outras coisas, porém o que faz ela tremer e arregalar os olhos, são as fotos de Samantha, George, Vitor, Érica e sua foto, espalhadas na gaveta.

— Meu Deus, é tudo verdade — quando ela fala olhando para as fotos uma voz fria e rouca passa pelos seus ouvidos e atrás dela o demônio encarnado a observa.

— Olá! — Edgar agarra a garota que grita.

— Me solta, socorro! — O monstro joga ela com a maior facilidade sobre a cama.

— Você! Você é Edgar Castrinni.

— Sim, sou eu.

— Porque matou todos? — Ele torce o pescoço e esbanja um sorriso tenebroso.

— Quer saber o motivo? Simples, esse sou eu. A morte. - Edgar salta em direção a Anne que tenta chutar o homem para longe, ele agarra as pernas da menina e a joga no chão.

O ar de Anne desaparece quando os seus olhos encontram os olhos do agressor. O peso do corpo dele pressiona o dela no chão gelado, os dedos largos e grandes de Edgar abraçam o pescoço fina dela, Anne se rebate em baixo do corpo do desalmado, mas parece impossível ela se livrar. As veias do pescoço saltam, os olhos lagrimejam sangue, os lábios arroxeiam sem o ar. Anne sente que sua vida está escapando. Mas um raio de esperança surge quando Mathias grita atrás de Edgar.

— Castrinni, largue ela ou eu atiro.

***

Ester está sentada ao lado de Lucas, na cama bagunçada do rapaz. Ambos se olham sem mencionarem nenhuma palavra. Lucas não consegue esconder o nervosismo perante a garota, e Ester estranha a atitude dele, mas ela não perde a linha e mantêm o personagem. Levanta da cama e indaga palavras meigas e calmas.

— Achei que não queria mais falar comigo.

— Magina, é que meu irmão desapareceu, e sabe como é.

— Então, o que quer me dizer?

— Ester eu... — Antes dele terminar ela tranca a porta do quarto, — por que trancou?

— Acho que está na hora de você saber o que sinto por você. — Ester se aproxima até de mais de Lucas, mas ele vira o rosto quando os lábios vermelhos dela chegam até seu rosto.

— Não posso fazer isso!

— Você me deseja, eu sei disso. — Ester joga os dois braços para trás e desliza o dedo sobre o zíper, abrindo a parte de seus seios esbanjando-os para o rapaz.

— Ester...

— Não fale. — Ela senta no colo de Lucas, e beija os lábios do garoto, o beijo é intenso e carnal, porém tudo não passa de uma insinuação, a doce Ester segura uma seringa. O que ela não espera é que Lucas descobrisse o plano dela antes de ser executado, um espelho atrás dela denuncia seus atos e quando o rapaz percebe, empurra Ester para longe fazendo ela ir ao chão.

— Então é verdade, você é maluca. Onde está meu irmão? — Com os gritos Clara bate na porta, Ester gargalha e antes de levantar pega sua arma e aponta para Lucas.

— Calado, ou eu te mato. Abre a porta e não diga nada.

— Ester?

— Agora! — Lucas obedece e abre a porta. Sua mãe entra e pergunta antes de perceber o que acontecia.

— Ouvi gritos, você está bem?

— Mãe, cuidado! — Lucas joga Clara para trás de seus braços, Ester impulsiona a porta e a tranca, apontando a arma para os dois ela grita estérica.

— Lucas, só queria que você gostasse de mim, mas você preferiu eles.

— ESTER ONDE ESTÁ MEU FILHO? — Clara grita em pânico, e a garota com os olhos arregalados e lagrimejados continua falando.

— Cale-se!

— EU QUERO MEU FILHO.

— Eu disse para se calar.

— Mãe, não diga nada... — Mas Clara seguiu seu instinto de mãe, deu um passo a frente. Ester se assusta com a mulher e atira.

— MÃE! — Um tiro acerta o ombro de Clara que cai no chão, Lucas corre para segurar a mãe que sangra, entretanto não consegue fazer nada. Por se distrair com o tiro que Ester lançou, é surpreendido com uma seringa em seu pescoço.

— Largue ela e ande, se não Patrick será o próximo.

— Você vai matar minha mãe.

— Largue de ser idiota, ela não vai morrer. - Clara tenta falar caída com o tiro.

— Você... Porque está destruindo minha família?

— Sabe o motivo? Eu quero sua família para mim. Agora larga ela ai e começa andar.

Lucas não tem outra opção, sua visão começa a embaçar e seus passos ficam lentos e pesados. A seringa continha calmantes e soníferos, logo faria efeito e ele adormecerá, sem saber onde vai acordar. Antes de sair Ester revista o quarto, retira o telefone e o celular de Clara, trancando a porta deixando a mulher em uma poça de sangue. Avisa mandando uma mensagem no celular de Edgar, tudo havia dado certo e o plano deles segue firme.

***

Edgar por fim não para de sufocar Anne pela intimidação de Mathias e sua arma, e sim, por escutar o seu celular. Retira de seu bolso e lê rapidamente. Mathias continua ameaçando o homem, que sorri ao ver que sua amada conseguirá pegar Lucas.

— Tudo deu certo no fim.

— Do que está falando? Saia de perto da moça antes que eu te mate.

— Vai me matar?

— Não duvide. — Anne tosse seco tentando recuperar o ar que sumira por causa do estrangulamento.

— Sinto muito mas tenho que ir. — Em um movimento rápido o assassino retira sua faca do cinturão e lança contra Mathias. No mesmo instante ele cai no chão e rola para as pernas do delegado.

— Desgraçado. — A faca grava no ombro da autoridade, mas ele não larga a arma. Dispara três vezes contra a sombra de Edgar que desliza para o corredor. Mathias não acredita que o psicopata escapou de sua mira certeira. Com o ombro ferido ele alerta sua delegacia via rádio.

— Atenção, encaminhe todas as viaturas disponíveis, Edgar e Ester Castrinni são os assassinos de Santa Monica.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero ansioso a opinião de vocês ^^