The Violet Hour escrita por Lelon Lancaster


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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O elevador fez um barulho semelhante a de uma campainha quando chegou no 11º andar. Consegui arrastar as minhas malas para fora do quadrado claustrofóbico e me encontrei parada no meio de um corredor ao mesmo tempo gigante e sufocante. Deveriam ter pelo menos uma dúzia de portas de madeira escura ali e todas pareciam gritar: Não entre. O corredor era enorme de comprimento, mas sua largura era estreita, fazendo com que ficasse difícil eu arrastar duas malas de rodinhas ao mesmo tempo.

Encostei uma das malas ao lado do elevador fechado e fui procurar a minha porta. Na chave que tinha chegado por correio no dia anterior, estava desenhado o número 112. A chave era pesada e feita inteiramente de metal. Andei até o final do corredor, analisando as portas, mas nenhuma parecia conter numero algum.

Eu estava prestes a ligar para o número da portaria, quando a porta do elevador fez um barulhinho novamente e abriu. Esperei até ver se alguém ia descer, até que a porta do elevador quase fechou. Uma voz de garota gritou algo enquanto saia e tropeçava na minha mala encostada na parede.

– Me desculpa, realmente! – me apressei a ajuda-la, antes que ela ficasse brava. A garota me olhou impaciente, mas depois se acalmou. Ela tinha cabelo louro como trigo e com um corte que me pareceu um Chanel moderninho. Ela era provavelmente a garota mais bem vestida que eu já tinha visto. A garota estava usando uma calça skinny preta, com um suéter vermelho que me pareceu caríssimo. Sua bota preta estava impecável, enquanto ela se levantava e me ajudava a arrumar a minha mala.

– Está tudo bem. – ela falou com um forte sotaque londrino. A garota parecia estar com pressa, por assim que ela terminou de falar, se virou e começou a correr para uma porta no final do corredor.

– Ei – gritei e ela se virou – Espere. Eu preciso de ajuda. Eu não consigo encontrar o meu apartamento.

– Ahn. Tudo bem. Qual é o seu número? – eu peguei a chave pesada no meu bolso e mostrei a ela.

– Ah. É aquela porta logo ali. Bem de frente para a minha.

– Obrigada. – me virei e comecei a puxar as minhas malas. Tentei puxar as duas ao mesmo tempo e fiquei emperrada no corredor. A garota riu e puxou uma mala.

– Sou Olívia – ela falou enquanto estendia a mão.

– Sou Maya. – respondi.

Eu abri a porta que ela me indicou e fiquei sem ar. Eu esperava que ele me pagasse um lugar onde eu pudesse viver enquanto estudava, mas de nenhuma maneira eu esperava por isso. O apartamento era provavelmente melhor do que a minha casa anterior. Uma vista deslumbrante da cidade estava a minha disposição em um canto da sala de jantar com paredes de vidro. No canto estremo da parede, estava um sofá enorme e uma televisão que cobria boa parte da parede. A cozinha ficava ao lado da sala de jantar e tinha todos os aparelhos que minha mãe mataria para ter. Entrei no apartamento e fui em direção ao quarto. O cômodo era todo pintado de uma cor creme e a parede leste era inteira de vidro, me dando mais uma vista da cidade. Deitei na cama de casal enorme e comecei a rir, quando escutei um pigarro. Tinha me esquecido da Olívia.

Ela estava observando o apartamento com a mesma expressão que eu estava a alguns segundos e olhou para mim.

– Você deve ter um bom patrocinador. – ela disse em um tom de admiração.

– Acho que sim. – sussurrei.

– Bom, tenho que ir. Seja bem vinda ao prédio. – ela se apressou em sair, quando eu falei.

– Espere. – ela me olhou de novo. – Você é a primeira pessoa que eu conheci aqui e eu acabei de me mudar para a cidade.

– Não espere que eu seja sua guia turística.

– Não, nada disso – eu estava quase desistindo, mas tinha algo nela que me dizia que iriamos nos dar bem. – Eu queria só que você me explicasse como o prédio funciona, ou chegar até o centro.

– Olha, Maya, não é? Eu adoraria fazer tudo isso, mas eu tenho que correr. Eu tenho muito trabalho a fazer para hoje a noite.

– Eu posso te ajudar. – falei sem pensar.

– Tem certeza? Você acabou de chegar de viagem, está cansada e eu tenho realmente muita coisa para fazer.

– Não tem problema. Eu arrumo as minhas malas depois.

Ela me olhou por um minuto e depois concordou. Eu realmente estava cansada e realmente tinha muitas coisas para arrumar, mas eu não queria ficar sozinha. Eu tinha ficado maravilhada com o apartamento, mas logo eu não teria nada para fazer e ninguém para conversar.

Olívia me levou até a porta de frente e minha e passou a chave. O apartamento dela era do tamanho do meu, mas eu tinha a sensação de que não estava acabado. O sofá era menor e a televisão também, mas a mesa de jantar era enorme e estava coberta por computadores, papeis e fotos, muitas fotos. A cozinha estava uma bagunça. Vários utensílios estavam em cima da enorme pia de mármore branco e os ingredientes estavam empilhados dentro de uma caixa de papelão. Ela pediu para que eu a esperasse na cozinha, quando uma bolinha de pelos começou a pular nas minhas pernas. Um cachorrinho branco muito peludo e pequeno farejava meus sapatos e lambia o chão.

– Ah, esse é o Spock, meu cachorro. – Olívia falou de algum lugar da sala. Ela voltou, pegou o cachorrinho e o prendeu na lavanderia. – Ele não late, então não se preocupe. E eu agradeceria se você não falasse sobre ele para ninguém, porque tecnicamente, é proibido ter animais nesse prédio.

– Seu segredo está salvo comigo – dei uma risadinha.

– Então, vamos ao trabalho. Eu trabalho com o serviço de buffets. Eu sirvo festas, coquetéis, refeições em geral. Normalmente, eu tenho pessoas que fazem todo o serviço para mim e eu apenas as pago, mas, acontece que estou sem confeiteiras. E eu tenho um evento de extrema importância. Eu preciso fazer dois bolos, duas tortas e centenas de muffins de chocolate. Eu estou prestes a chorar.

– Não chore – eu comecei a pegar os ingredientes. – Estou aqui para te ajudar. Sério. Quantas horas temos?

– Tem certeza? – ela perguntou novamente, e eu assenti. – Temos oito horas até tudo estar pronto. O evento começa às oito da noite, mas temos que entregar tudo até as sete. Vai dar tudo certo.

Eu sempre ajudei a minha mãe a cozinhar. Eu não sou nenhuma chef de cozinha, mas eu sei me virar. Olívia foi me mostrando as receitas e como tudo ali na sua cozinha era novo e profissional, ficou mais fácil de dar tudo certo. Na hora de rechear os Muffins, Olívia me mostrou como colocar o recheio sem desperdiçar e mais rápido. Estávamos tão atarefadas, que não vimos as horas passarem. Eu estava com o rosto coberto de farinha e estava colocando o bolo na caixa, quando uma voz disse atrás de nós:

– Parece que você arrumou uma nova sombra, Liv. – me virei de repente e quase derrubei uma tigela cheia de recheio de chocolate. Olívia nem tirou os olhos do que estava fazendo para responder.

– Tá mais para uma assistente por um dia. – Olívia se virou para o cara e eu o reconheci. Era o mesmo cara que tinha derrubado a minha mala no elevador, quando eu entrei no prédio. Seu cabelo escuro ainda estava com o ar desarrumado e sua cara ainda estava amarrada, como se estivesse sendo obrigado a fazer algo que odiava. Dessa vez, ele estava vestindo uma camisa polo branca por baixo de uma jaqueta de couro tão preta quanto petróleo. Sua calça jeans escura escondia o cano de sua bota e fazia com que ele parecesse algum tipo de deus do rock rebelde.

– Não vai nos apresentar? – o cara perguntou de uma forma sarcástica para Olívia. Me virei para ela e vi que ela o olhava do mesmo jeito que eu deveria estar olhando.

– Claro – ela deu uma risadinha. – Jake, essa é Maya, ela se mudou para o apartamento da frente. Maya, esse é Jake, o evento dessa noite é dele.

– Ah, certo. Muito prazer. – limpei a mão no avental e a estendi para ele. Jake olhou para minha mão por um segundo e a apertou. Sua mão estava fria, olhei para ele e ele deu um mínimo sorriso com o canto da boca. Eu ainda tinha a sensação de que o conhecia de algum lugar.

– Sobre que é o seu evento? – perguntei tímida.

– Achei que a Olívia já tivesse contado – os dois deram uma risadinha. – É o lançamento do meu novo album. – o sorrisinho continuava lá.

Quando ele disse que era o lançamento do novo álbum dele, algo na minha cabeça de encaixou e todas as peças fizeram sentido.

– Jake, de Jake Bugg? – eu estava sem graça.

– Sim. – desta vez ele que estava tímido.

– Por que você não me falou, Olívia?

– Porque eu não tinha certeza se você iria aceitar. Além do mais, eu não estou fazendo isso pelo Jake porque ele é famoso e essa seria uma grande oportunidade, bom talvez um pouquinho.

– Valeu, Liv – pude escutar Jake falando.

– Mas, estou fazendo isso por ele porque nós nos conhecemos há muito tempo e ele é um dos meus melhores amigos. – ela continuou e deu um tapinha no ombro do Jake.

– Tudo bem. – eu dei uma risadinha.

– Certo, eu vim aqui para saber como estavam as coisas. Quando eu vim aqui de manhã te entregar o convite, estava tudo um desastre – Liv deu um tapa no braço dele. – Mas é verdade. Eu te disse que tudo ia dar certo.

– Bom, parece que terminei por aqui. – Devolvi o avental para Olívia e liguei a torneira para lavar a mão.

– Você está convidada também. – Jake disse de repente, no memento em que me virei.

– Obrigada, mas eu tenho que arrumar as minhas coisas. E além do mais, estou cansada da viagem.

– Tudo bem, então. – Jake sorriu e Olívia me acompanhou até a porta.

– Boa sorte no evento. – sussurrei enquanto ela me abraçava e agradecia pela milésima vez.

– Tem certeza que você não quer ir? Fora o Jake, eu não conheço ninguém.

– Tenho, mas obrigada.

– Eu sei que ele parece chato e mal humorado, mas confie em mim, ele sabe muito bem escolher seus amigos e pode ser uma das melhores pessoas que você pode conhecer.

– Tudo bem. Vou levar isso em consideração.

Fechei a porta atrás de mim e fiquei pensando no garoto de olhos cinzas e mal humor visível que tinha me derrubado no primeiro dia.


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Notas finais do capítulo

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