Contraposição escrita por Blue Butterfly


Capítulo 3
Capítulo III




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Seus pés se mexeram preguiçosamente por baixo da coberta. Ela estava tão confortável agora, aquecida. Ela virou a cabeça ligeiramente para a direita e o travesseiro fofo abraçou seu rosto. Acordar agora não parecia tão ruim como das últimas vezes. Ela suspirou e sentiu uma mão apertar a sua. Curiosa - e um tanto sobressaltada - ela abriu os olhos e focou na figura sentada ao lado de sua cama no hospital.

'Jane.' Ela murmurou tão baixo que duvidou ser ouvida.

A morena abriu um sorriso triste, e se inclinou para ela. 'Oi, querida.' Os olhos preocupados e carinhosos vagueavam pelo rosto da loira, e então ela se inclinou e acariciou seu cabelo, o rosto agora limpo. 'Maura, meu Deus...' Ela balançou a cabeça e esfregou os olhos com a mão.

A loira estudou o lugar que estava e pânico começou a crescer em seu peito quando ela se lembrou o motivo. Mate-a. Ela sentiu o sangue gelar. Jane estava em perigo por causa dela agora. Jane não poderia relar nela, falar com ela. Eles iriam matá-la. Enforcá-la, não fora isso que ele dissera? Quando a morena se inclinou ainda mais para perto dela, Maura colocou as mãos em seus ombros. Ela não tinha força para empurrá-la, quer dizer, sua força física estava ali de volta, mas ela não tinha a vontade necessária para afastar a morena mais uma vez de si. 'É perigoso.' Ela murmurou, ainda sem palavras, sem conseguir e sem poder se expressar.

'Maur, tá tudo bem. Nós pegamos ele. Nós pegamos...' Ela riu baixinho e acariciou a bochecha da outra, esperando que a notícia a acalmasse.

A médica piscou os olhos e se remexeu na cama. Pegaram ele? O colocaram atrás das grades? Confusa, ela olhou mais uma vez ao redor do quarto. Alguns vasos de flores estavam ali. Rosas amarelas, hortênsias, tulipas. Seu olhar parou um instante em cada uma delas, e Jane segurou sua mão e sorriu gentilmente.

'Parece que você tem mais amigos do que pensa.' Ela lambeu os lábios e riu. 'As hortênsias são de Will e Nina. As tulipas brancas são de minha mãe, e as laranjas de Korsak. Eu acho que eles compraram juntos.' Ela apontou um vaso mais além. 'As rosas amarelas são de Frankie, e... as rosas coloridas são minhas.' Ela encolheu um ombro e abriu um sorriso de canto. 'Ouvi dizer que elas são coloridas artificialmente.'

Maura piscou os grandes olhos verdes para ela e olhou mais uma vez para o amontoado de flores na mesa no canto do quarto. Havia um outro vaso, atrás de todos os outros. Ela apontou o dedo debilmente para ele. 'Aquele?'

'Oh...' Jane disse e se levantou, fazendo um bico. 'Não faço idéia. Alguém entregou meia hora atrás, eu acho.' Ela pegou o vaso na mão e franziu o cenho, dando de ombros. 'Não tem cartão. Estranho.' Ela se virou para Maura e mostrou as flores. 'Talvez tenha caído em algum lugar aqui.' Ela virou a cabeça para procurar, mas tão logo escutou a arfada de Maura, ela voltou sua atenção para loira.

'Lírios. Lírios brancos.' Ela se agitou e se sentou na cama, os olhos arregalados. O lírio da noite anterior era laranja, seria possível...? O cartão... não havia nenhum cartão. Ela sentiu o coração bater tão forte a ponto de ouvir a pulsação nos ouvidos. 'Você tem que sair daqui. Agora.' Ela disse para Jane, apertando as mãos no colchão.

'Maura?' Jane perguntou incerta. Por que a loira estava expulsando-a dali mais uma vez? Ela colocou o vaso de volta ao lugar e se aproximou dela. Ela considerou a possibilidade de só agora a médica ter-se dado conta dos acontecimentos da noite anterior, porque quando acordou ela já não parecia brava ou irritada.

Até agora...

Nesse momento ela estava aterrorizada.

'Jane, sai agora.' Ela disse firmemente e cerrou os punhos no lençol. Seus olhos estavam se enchendo de lágrimas, mas ela não podia se dar ao luxo de ter Jane ao seu lado, não quando alguém a ameaçara matá-la. Mas... E se ela saísse? Como protegeriam ela? Como Maura teria certeza de que ela ficaria a salvo?

A morena suspirou, indecisa, desconcertada. 'Você... Você pode ao menos me dizer o porquê? Maura eu sinto muito que ele tenha pego você e não a mim, mas essa é uma conversa que nós vamos ter depois.' Ela esfregou as mãos e lambeu os lábios. 'Eu não... Eu não quero te oferecer nenhum tipo de perigo assim novamente, eu...'

'Jane, por favor.' Maura implorou, os olhos cheios de lágrimas agora. Ela lançou um olhar para a janela, apavorada. E se alguém estivesse mirando com uma arma no coração de Jane nesse exato momento? O pensamento fez seu corpo tremer, embora a persiana estivesse fechada impedindo a vista lá de fora. 'Vo-você precisa. E-ele sabe, s-saia!' Ela repetiu, agora com um pouco mais de raiva porque a morena não estava lhe dando ouvidos.

Jane, perplexa pela atitude da loira e completamente confusa, fez exatamente o contrário do pedido. Ela se sentou na cama e segurou as mãos de Maura. 'Ok, querida. Você precisa me contar o que está acontecendo. Ele quem? Maura... Você tá segura aqui. Além disso, eu tenho uma arma.' Ela segurou com mais força quando a loira tentou se soltar. E lá estava ela de novo, evitando o olhar da morena. 'Maura.' Jane pressionou.

A mulher abaixou ainda mais a cabeça, o peito subindo e descendo perigosamente. 'Mande Korsak - nã-não.' Ela estava confusa. E se Jane saísse por aquela porta e nunca mais voltasse? E se ela ficasse e morresse como tinham lhe dito que aconteceria? A porta do quarto abriu de repente e ela arfou, se sobressaltando com a presença de outra pessoa.

'O que você pensa que está fazendo?' A enfermeira loira, de meia-idade, fuzilava Jane com o olhar. 'Isso é um hospital, ela deveria estar descansando.' Ela continuou a reprimenda, irritando Jane profundamente.

'Senhora, isso agora diz respeito a assuntos policiais. Nós estamos resolvendo algo aqui.' Ela disse enquanto consertava a postura e a encarava de dentes cerrados.

A enfermeira considerou por um segundo e rebateu. 'Segurando-a desse jeito? Talvez eu tenha que chamar a segurança.'

'Não.' Maura murmurou.

Jane puxou o seu distintivo e mostrou-o para a mulher. 'Eu sou a polícia, senhora. E acredite, eu não estava machucando ela.' Jane rebateu e respirou fundo, tentando manter a calma.

'Meu nome é Rose.' A mulher disse emburrada, dando pouca importância à morena. 'E eu preciso checar os sinais vitais dela.'

Jane concordou com a cabeça e indicou com a mão que ela continuasse. Ela mesma fechou a porta e se encostou ali, observando enquanto Rose checava Maura. Algumas perguntas foram feita e a médica respondeu a cada com um menear de cabeça, sem tirar os olhos de Jane. Depois de tê-la feito se deitar na cama mais uma vez, a mulher puxou a coberta sobre o seu peito e seu olhar se demorou em Maura.

'Ela está te incomodando?' Ela perguntou como se Jane não pudesse escutá-la.

A morena revirou os olhos.

Maura balançou lentamente a cabeça em não.

'Lembre-se que você precisa descansar. Seu médico passará para vê-la mais tarde.' A enfermeira checou mais uma vez o soro preso no braço da médica e saiu do quarto depois de se despedir.

Jane fechou a porta mais uma vez, e lançou um olhar preocupado para Maura. Ela suspirou fundo e se sentou na beira da cama, tentando resistir a urgência de segurar a mão da loira.

'Você está brava comigo?' Ela perguntou inocentemente, tentando compreender a reação da médica, temendo que Maura a deixasse às cegas, segurando qualquer informação que pudesse ajudá-la.

'Não.' A voz de Maura tremeu.

Certo, era um começo. Jane se remexeu e suspirou fundo. 'Maur, você está apavorada. Se tem algo que eu deva saber, apenas me conte, querida. Nós vamos trabalhar nisso juntas.' E ela esperou.

Maura levou uma mão na boca e mordeu a unha, num gesto de ansiedade. Ela lançou um olhar para onde as flores estavam e de novo para Jane, e a imagem do lírio laranja despedaçado em sua mão lhe cruzou a mente. Você a amassou com as próprias mãos. Olha o que você pode fazer. Ela não tinha certeza se eram essas as exatas palavras, mas o significado não deixava de ser o mesmo: ela estava colocando Jane em risco. Seus olhos se enxeram de lágrimas de novo. Ela não podia permitir que Jane se machucasse por sua causa.

Impaciente, Jane apontou a mão para as flores. 'Ok, é aquilo? O lírio branco? Você se assustou no momento em que o peguei. É isso?' Ela pressionou.

Maura checou a janela mais uma vez. As flores. Os olhos escuros de Jane lhe implorando por explicação. Ela balançou suavemente a cabeça e lágrimas rolaram de seus olhos.

'Oh, querida...' Jane se inclinou e limpou suas lágrimas, e com certo alívio suspirou porque a médica não tinha se encolhido por conta do toque. 'O que... Maura, o que aconteceu ontem? Você se lembra?' Ela perguntou com cuidado. Aí estava um assunto delicado e doloroso. Ela não queria estressar ainda mais a médica, mas ela tinha que saber.

'O lírio.' Ela murmurou, segurando com firmeza na borda da coberta.

'O que tem esse lírio?' Jane lançou um olhar para a planta de novo e franziu o cenho. Ela não conseguia entender aonde aquilo se encaixava.

'Não esse. Outro. Ontem... Eu apertei nas mãos e-e ele disse, ele disse...' Ela começou a falar baixo, devagar, mas o medo tomou conta de si novamente e as palavras se enrolaram com o choro.

Jane acariciou sua perna e esperou que ela se recuperasse. Pressioná-la nesse ponto só pioraria sua situação. 'Eu sinto muito, querida. Vai ficar tudo bem agora.' Ela murmurou, esperando que as palavras dessem conforto para a médica.

'Jan-Jane... Ele tem, você não sabe. O lírio laranja.' Ela misturou as palavras novamente.

Sentindo que a conversa não fluiria muito daquele jeito, Jane se levantou e ergueu a coberta. Ela gesticulou para que Maura sentasse, e um tanto confusa, a loira o fez. Depois, Jane se sentou na cabeceira e passou os braços em sua cintura, trazendo o corpo da loira perto de si. 'Maura, escuta...' Ela acariciou as costas da outra, sentindo a cabeça descansar em seu ombro. 'Ele machucou você?'

'Não.' Ela sussurrou a resposta. 'Isca.' Ela disse e apertou a mão na cintura de Jane.

A morena beijou sua cabeça. O contato parecia reafirmar sua presença, confortá-la mais. 'Ele disse que você era uma isca?'

Uma cabeça balançando. 'Você não deveria estar aqui.' Ela choramingou e escondeu o rosto no pescoço de Jane.

Jane pensou por um momento. 'Maura... Ele, ele te usou como isca para me atrair até lá?' Ela colocou a pergunta, mas parecia mais uma afirmação.

'Foi.' Ela sussurrou de novo.

Merda, Jane pensou, irritada. Era como ela desconfiava: mais uma vez ela tinha colocado Maura em uma situação de perigo. Como se a vez com Hoyt não tivesse sido suficiente para uma vida inteira. Ela apertou os braços em volta da loira e suspirou. 'Maura, me desculpa. Deus, eu realmente preciso arrumar algo mais seguro para nós.' Ela disse sem pensar e sentiu o sangue congelar ao se ouvir. Para nós, Rizzoli?

Maura se remexeu de novo e levantou os olhos para Jane. Ela se sentia mais em controle da situação agora que Jane estava em seus braços e vice-versa. Ela abraçou a cintura da morena e agora mais focada na detetive a milímetros do seu rosto, ela continuou. 'Ele tinha fotos e... fotos. De nós, seu apartamento e Frankie. Minha casa, Jane. De dentro de minha casa!' Ela exclamou e se encolheu.

'Desgraçado.' Jane murmurou com raiva, desejando socar a cara do sujeito - não era a toa que Maura estava apavorada. Ela ainda precisava entender o sequestro e o que aconteceu com Maura por completo, sem contar no fato de fechar o caso e encontrar o responsável pelo mandato de todas as ações contra ela. Tanto permanecia inexplicado. Inclusive... 'Maur, o que o lírio tem a ver com isso tudo?' Ela franziu o cenho, desconcertada.

Maura apertou os dentes e sentiu lágrimas nos olhos de novo. Ela esperou para falar, contando que o nó na garganta fosse sumir, mas quando ela demorou demais, Jane se afastou apenas o suficiente para estudar seu rosto. Aquele olhar preocupado foi o que fez com que ela perdesse novamente o controle. 'Ele disse que... que eu, eu... Eu amassei o lírio. Tinha um lírio! E eu amassei e ele me disse... Que eu sou responsável, se algo acontecer com você eu sou, é minha culpa. Nas minhas mãos...' Ela continuou a murmurar palavras aleatórias, frases abafadas pelo som do choro.

Jane não precisou de muito, afinal, para entender o que tinha acontecido. 'Ele te disse... Ele te disse que se você se aproximasse de mim, eu morreria?' Ela tentou esclarecer e confirmar sua hipótese.

Maura balançou a cabeça em sim e limpou os olhos.

Jane sentiu o coração apertar dolorosamente. Era por isso que Maura a tinha empurrado horas antes. Era por isso que ela parecia amedrontada, em pânico. O desgraçado tinha brincado com ela, usado-a como isca, colocado em uma situação horrível - como culpada. Jane segurou o queixo da loira e o ergueu gentilmente. Quando Maura encontrou com seus olhos, ela disse suavemente. 'Me escuta, Maura. Ele só estava usando você para me atingir. Ele aterrorizou você porque sabe, esse filho da puta sabe, que você é importante para mim. Mas ele está errado, eu vou dizer. O que me mataria, querida, é se você se afastasse de mim. E ele ficou tão perto de conseguir isso. Era o jogo dele, Maur.'

A loira se sentia terrivelmente culpada pela atitude anterior. 'Eu sinto muito.' Ela repetia enquanto soluçava, passando seus braços na cintura de Jane e segurando-a com força. 'Eu não quero que ele te machuque, eu não podia deixar.' Ela disse com dificuldade.

'Maura, respira, ok?' Jane disse e começou a balançar a médica lentamente nos braços. 'Ele só queria usar você, querida. Ele queria que você ficasse assustada assim, que você acreditasse nele, Maur.' Ela beijou a testa da loira e ouviu Maura suspirar.

'Os lírios.' A loira disse apontando um dedo para o vaso, sem soltar do aperto na blusa da detetive.

Claro, os malditos lírios. Fazia sentido, completo sentido.

'Eu vou pedir para alguém saber de onde elas vieram, ok? Korsak, vou ligar para ele e ele vai resolver isso para nós.'

'E de quem vieram.' Ela adicionou.

'E de quem.' A morena concordou.

'Ok.' Ela olhou para Jane e apenas quando a morena meneou a cabeça, ela encostou a testa em seu queixo. Elas ficaram em silêncio por um tempo, e Maura chorou o que precisava. Ela ainda estava assustada e fragilizada, se sentindo impotente e preocupada. E se ele realmente machucasse Jane? E se aqueles lírios fossem uma mensagem para ela? Ela tentou acalmar a respiração, sabendo perfeitamente que não tinha sentido criar e aumentar sua ansiedade, experimentar sensações de situações que não estavam acontecendo. Ao fechar os olhos, ela inspirou fundo e o perfume de Jane invadiu seu nariz. Era reconfortante, lhe trazia calma.

Passados alguns minutos, Jane se remexeu e se pôs a enrolar o cabelo loiro da médica em seu dedo, soltando a mecha em seguida, apenas para selecionar outra e fazer o mesmo movimento. 'Eu achei que nunca mais fosse te ver.' Jane sussurrou, agora perdida em seus próprios pensamentos e medos. 'Maura, eu fiquei com tanto medo de não ver você de novo. De... Só ter você aqui, como agora. Sabe?'

'Eu sei. Eu sei.' Ela disse e levou uma mão para o rosto de Jane. 'É por isso que...' Ela fungou.

'Eu entendo, querida.' Jane acariciou seu braço e beijou o topo da cabeça. 'Eu sei muito bem.'

'Nós estamos aqui.' Ela murmurou, apertando a morena.

'Estamos.' Ela sorriu e virou a cabeça para olhar o rosto da loira. 'Mas você sabe que em algum ponto você vai precisar me soltar, certo?' Ela riu baixinho quando Maura arregalou os olhos e balançou a cabeça.

'Não. Não até eu ter certeza. Você não pode sair daqui. Por favor, não sai.' Ela quase implorou.

Jane suspirou, sabendo aonde tinha se metido. 'Maura, tem duas noites que não durmo.'

'Você dorme aqui. Tem espaço. E eu te conheço, Jane. Você só sairia daqui para parar na delegacia. Você não vai.' Ela protestou. 'Eu preciso de você aqui comigo.' O pedido que tinha sido um golpe baixo, e que funcionou perfeitamente bem.

'Ok, ok.' Jane se rendeu. Ela conseguiu alcançar o celular no bolso e deslizou a tela. Com apenas uma mão - Maura se recusava a se soltar dela - ela digitou um texto para Korsak, explicando que Maura tinha acordado e que ele precisaria fazer uma pequena visita ao hospital. Com urgência. 'Você quer acrescentar algo?' Ela perguntou, ciente de que a médica estava espiando o texto.

'Não.' Ela disse naturalmente.

Mensagem enviada.

'Ótimo. Agora você pode arrumar um espaço para mim? Eu preciso seriamente me deitar um pouco.' Ela resmungou.

Maura se desenroscou dela e se arrastou para o lado, liberando metade da cama para Jane. A morena se deitou e, vendo o olhar de cão abandonado de Maura, ofereceu o braço para ela deitar em si.

Com um sorriso discreto - e olhos inchados - a loira rapidamente se ajeitou no ombro da outra, jogando a mão em cima de sua barriga.

'Certo, vamos nos divertir um pouco.' Jane disse enquanto abria um aplicativo. A luz do celular iluminou o rosto das duas e Maura ergueu a cabeça, uma sobrancelha arqueada em descrença.

'Candy Crush? Sério, Jane?' Ela reprovou com um balançar de cabeça e voltou a se deitar.

'O que? É legal. Além disso, eu preciso passar meu tempo de alguma forma.' Ela franziu o nariz e deslizou o dedo pela tela, ganhando pontos logo na primeira jogada.

Maura observou em silêncio enquanto ela jogava, aproveitando o calor do corpo da outra, o jeito que o peito de Jane subia e descia ritmicamente. Ela esticou o dedo e o deslizou na tela quando Jane pareceu hesitar em uma jogada. Minutos depois as duas estavam jogando juntas, Maura esquematizando o jogo na cabeça, e destruindo fileiras de cinco blocos frequentemente.

'Doutora Isles se rendendo ao Candy Crush?' Jane provocou quando a tela de vitória de fase apareceu.

'Hum.' Ela murmurou apenas, sentindo os olhos pesados. O subir e descer do peito de Jane era hipnotizante, e ainda que tivesse dormido boa parte da manhã o corpo ainda estava dolorido e ela se sentia cansada, provavelmente por causa da toxina que fora exposta.

'Você tá com sono?' Jane perguntou, levando uma mão na testa dela e brincando com os dedos ali, enquanto ela abaixava o celular com a outra.

'Bem...' Ela disse, sem adicionar nada.

'Maura, você pode dormir se quiser.' Jane riu baixinho e virou o rosto para melhor vê-la.

'Você não pode ir embora.' Ela exigiu.

'Eu não vou.' Jane disse naturalmente.

'É sério, Jane. Se você sair e se algo acontecer, eu vou me sentir culpada pelo resto da vida. E eu nunca vou me perdoar.' Ela murmurou, e embora fosse justo dizer que ela havia exagerado um tanto com seus olhos pedintes e drama extra, era exatamente isso que ela sentiria.

'Meu Deus, mulher! Eu disse que vou ficar, e vou!' Jane exclamou.

'É melhor que fique.' A médica rebateu e Jane riu de novo.

'Eu pedi para Korsak se encontrar com a gente aqui, se lembra? Eu tenho que esperar por ele.' Jane disse para reassegurar.

Maura concordou com a cabeça, afinal o raciocínio da morena era lógico. Ainda assim, pegar no sono foi realmente difícil. A cada movimento que Jane fazia - fosse para checar o celular, cruzar os pés, ou apenas se ajeitar - Maura acordava facilmente e apertava seu braço na cintura da outra, temendo que ela saísse dali. Apenas depois de Jane ter sussurrado que não ia partir, que era uma promessa, ela relaxou - mais pelo fato da morena continuar acariciando sua cabeça, sussurrando palavras de conforto. E então, em algum momento ela adormeceu... E sonhou com Jane cantando em seu ouvido, enquanto a abraçava por trás, o vento balançando seu cabelo em um dia de verão.


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