–Agora (1220)

O país encantado reuniu-se para celebrar o 10º aniversário da Princesa Saphira. Snow White e Rei David não podiam estar mais orgulhosos de sua pequena filha que atingia sua primeira década de vida em perfeita graça e simpatia. Como tradição, toda a realeza do país se reuniu para celebrar esse importante momento, mas com um mal que assolava o país, toda a segurança fora reforçada.

Pelos portões do hall de entrada do castelo era possível ver que o pôr-do-sol não tardaria. Todo o salão fora decorado em branco e verde, celebrando o símbolo de paz e esperança que Saphira representava. Diversas cadeiras foram postas ao longo do salão, todas apontadas para a região do trono, onde a pequena Saphira receberia sua primeira coroa. Na primeira fileira, reis e rainhas de outros reinos ocupavam os assentos enquanto os outros eram ocupados pelo restante dos convidados.

Enquanto todas as cadeiras eram ocupadas, os cristais do salão espalhavam a luz dourada do sol. Velas foram suspensas em castiçais para iluminarem todo o local ao apagar do último raio solar. As fadas do conselho voavam sobre a cabeça de todos, checando a presença e certificando-se de que ninguém indesejável estava ali. Após alguns instantes, as fadas tomaram seus lugares e a comemoração teve início.

Snow White e Rei David levantaram de seus tronos, seguido de todos no salão, clamando a entrada da pequena Saphira que andava pelo corredor central. A jovem usava um belo vestido azul e rosa, com seu colar de Saphira no pescoço. A Fada Azul, querendo dar total destaque a princesa, desviou todos os fios de luz na direção de Saphira, lembrando um holofote. A cada passo, Saphira acenava discretamente para seus amigos que foram sauda-la. Para os adultos, detinha-se em apenas um sorriso simpático. Tímida, tentava apenas não tropeçar em nada e ser motivo de risos. Mesmo filha do rei, ela ainda era uma pessoa como outra qualquer. Chegando ao trono, virou-se para seu povo enquanto seu pai começava a celebração:

–Agradeço a presença te todos aqui presentes! Hoje é um dia muito especial para minha filha e para mim. Como todos sabem, hoje nossa pequena princesa completa uma década de vida. Uma década alegrando nossos corações, apesar das dificuldades em nosso caminho. Como tradição, aos 10 anos, declaramos aos nossos príncipes e princesas suas delegações como futuros reis e rainhas! – Em uma pausa, Rei David convocou um de seus lacaios que carregou uma almofada com uma coroa de safiras.

A Fada Mestre desceu até o local com sua varinha e assumiu a cerimônia, como parte da tradição.

–Princesa Saphira, futura Rainha do Reino do Centro, com esta primeira coroa, onde fores, irá o local iluminar! Irás ser a luz e alegria de cada pessoa que você tiver a oportunidade de tocar! – E com um agito de sua varinha, a coroa brilhou pelo salão!

Todos assistiam admirados à primeira cerimônia de coroação desde que a Era de Bruxas havia terminado. Quando Snow White aproximou-se da coroa para coloca-la na cabeça de sua filha, o sol terminou de esconder-se atrás do horizonte. O último raio se apagou e as velas irromperam em chamas.

Em menos de dois segundos, todas as velas apagaram enquanto o som de botas ecoava pelo salão. Os convidados começaram a correr para as laterais do salão, evitando proximidade com o invasor. Snow White e Rei David postaram-se diante de sua filha, mas foi a Rainha Belle quem tomou as rédeas da situação:

–Acreditei que havia deixado este país para sempre! – Havia mais dor do que medo naqueles olhos chocolates da rainha.

–Eu não posso simplesmente abandonar o local onde me tornei quem sou. – Com um sorriso entre simpático, sexy e assassino, Malevolum deu mais um passo – Admiro sua coragem junto aos outros. Reunirem-se todos sem uma devida proteção. Há boatos de que a Era das Trevas está voltando. Mas devo admitir que, apesar de preocupado, estou chateado. Não recebi um convite para está cerimônia... Devo acreditar que o mensageiro foi atacado no caminho?

Malevolum ergueu uma sobrancelha, deleitando-se do ódio e pavor nos rostos que o abominava. A pedra outrora verde em seu peito produzia uma luz avermelhada em todo o saguão, iluminando-o de forma macabra.

–Você sabe perfeitamente que não é bem vindo, Lucius! Não torne as coisas mais difíceis! – Rei David havia descido do trono e segurava o cabo da espada, preparado para puxa-la.

–Oh, que situação mais constrangedora! – Malevolum deixou sua feição de amargura e tristeza chocar a todos, até que cortou o silêncio com uma gargalhada.

Guardas surgiram de todos os lugares possíveis. Malevolum estudou cada um deles enquanto brincava com a pedra em seu pescoço. Quando seu verdadeiro alvo revelou-se, frisou os olhos enquanto dirigia-se a Snow White:

–Mas como não sou de guardar ressentimentos, irei dar um presente a sua linda filha. – Malevolum abriu os braços esfregando as mãos, no exato momento em que os arqueiros se posicionaram. Malevolum abriu um sorriso desafiador e o chão estremeceu.

–Eu não atiraria se eu fosse vocês. Não será nada belo ter sangue no chão enquanto presenteio a minha mais nova amiga. – Malevolum olhou diretamente para Saphira que enfim compreendeu o que tanto seus pais temiam. Aquele homem perverso era a encarnação de toda a maldade do mundo!

–Não quero ofende-lo, senhor, mas não precisa me dar nada. – Malevolum lançou um olhar de nojo para a pequena criatura e se aproximou dela, no instante que diversas flechas foram disparadas! Como se criasse uma parede sobre seu rosto, Malevolum movimentou seus braços e todas as flechas pararam no ar.

–Lucius, filho, pare agora! – O rei do Norte implorou ao garoto que criou como seu, mas Malevolum sorria maliciosamente na direção dele.

–Não me desqualifique me comparando a uma besta como você! Eu sou melhor! – Com um movimento de mão, as flechas apontaram de volta para os arqueiros – Eu avisei para não atirar, my dear!

Erguendo os braços, as flechas voltaram para seus respectivos donos, perfurando o pescoço de cada um deles. Sangue esguichou daqueles que foram acertados na veia, sujando o chão e muitos dos convidados. As crianças olhavam aquela cena horrorizados, enquanto Saphira tentava ir para trás de seus pais.

–Parada! – Malevolum sorriu para Saphira que ficou completamente paralisada de pavor. Quando voltou sua atenção aos reis presentes, todos estavam juntos dos guardas, empunhando espadas em intenção de enfrenta-lo – Ninguém ouse mover um centímetro, ou termino de matar todo mundo.

Impaciente, Malevolum foi até Snow White e esticou a mão:

–Entregue a coroa! – Snow White olhou Malevolum com receio e com total impaciência, completou: - Não me desafie ou presentearei você também!

Quando Show White cedeu, Malevolum esticou a coroa e a deixou flutuando à sua frente, um sorriso maléfico transparecendo em seus lábios. Ocupando o trono do Rei David, ele observou todos da poderosa cadeira de ouro. Seus olhos dourados assumiram um tom venenoso e chamas vermelhas surgiram pelo seu corpo enquanto proclamava sua maldição:

–Prestem à atenção, todos vocês!

“Saphira cresceu por uma década e agora uma coroa carregará!

Meu desejo é lei e em sono eterno ela cairá!

Um presente eu prometi e a cada dez anos ela despertará!

Por um ano ela despertará e com a coroa deverá está!

Ou em seu lugar, toda a realeza cairá!

Se seus lábios, a gota mais pura e triste do reino provar,

A Maldição do Sono enfim irá se quebrar!”

As chamas vermelhas que crepitavam foram em direção à coroa que assumiu um tom avermelhado. Com um sorriso letal, Malevolum moveu a mão e todas as crianças no salão começaram a flutuar! Saphira estava aterrorizada, mas nada se comparava ao que estava por vir:

–É um problema da maldição... A pessoa deve fazer algo, seja espetar o dedo em uma rosca – Malevolum piscou para Rainha Aurora – ou morder uma maçã! No caso da minha maldição, a coroa deve ser colocada na cabeça.

A surpresa coletiva não surpreendeu Malevolum, mas boa parte da atenção estava nas crianças flutuando:

–O que te faz acreditar que vamos coroar Princesa Saphira?

–Eu jamais faria isso com minha própria filha! – Com um único movimento de mão, Malevolum fez Snow White se calar.

–Jamais, Snow? Você não imagina o porquê que estou aqui? É uma pena... – Com um sorriso triste, Malevolum esticou a mão e a coroa flutuou até Snow – Mas vou lhe conceder a honra de coroar a sua filha.

–Eu já dis... - Snow tentou dizer.

–CALADA! Evil Queen não teve tempo de lhe ensinar bons modos? Não importa. Se não quiser que eu banhe todos os seus convidados no sangue das crianças do reino, sugiro que coloque a coroa na cabeça de sua filha! É sua escolha, queridinha! Sua filha carregando a minha maldição ou você carregando o ódio de todos! O que será Snow White?

–Me coroe, mamãe! Não deixe as crianças morrerem! Coroe-me, não se preocupe comigo! – Saphira disparou a dizer. Muitos olharam admirados para a coragem da jovem.

–Tão jovem e tomando as dores de seus pais... Lembra diversos casos, Rei David! Devia tratar deste ponto na próxima reunião da realeza! – Malevolum piscou para David, que ficou mais vermelho de ódio do que era possível. Não podia arriscar a segurança de ninguém em um movimento imprudente. Isto ele havia aprendido meses atrás.

–Eu não tenho todo o tempo do mundo, aconselho que escolha rápido!

Snow olhou para seu marido, mas ele não sabia o que fazer. Saphira estava na sua frente ajoelhada, implorando pela coroa e Snow a depositou na cabeça de sua filha. A coroa irrompeu em chamas vermelhas que tomaram conta do corpo de Saphira. Snow White junto do Rei David, ajoelharam ao lado de sua filha enquanto as chamas vermelhas começavam a arder os primeiros segundos da próxima década que estava por vir.