Abri os olhos e a mata verdejante continuava em volta de mim, intacta.Tentei me libertar do abraço sufocante de Nick. Levantei a cabeça, sentindo o vento soprara meus cabelos e falei, baixo:

“Nick, me solta.”

Nick levantou a cabeça também e observou a mata.

“A gente morreu?”

Me larguei dos seus braços e olhei em volta. Não tinha coragem de olhar para Nick, não sabendo que ele tinha acabado de se declarar para mim, em um episódio em que achamos que iríamos morrer.

Bem, mas agora estamos vivos e é só ignorar o fato.

Ou não.

Droga.

“Vamos sair logo daqui...” reclamei, indo em direção à casa vermelha de meus pais. Esperei escutar o barulho dos tênis de Nick nos galhos, mas não houve nada. Me virei.

“Você vem ou não?”

Ele parecia genuinamente com medo, o que é ridículo. Ele é um vampiro, caramba! Ele está no topo da cadeia alimentar!

“Mandy, alguma coisa aconteceu...”

“Eu percebi isso, idiota.” Dei mais um passo, mas ele continuava parado.

“Não é sério. Isso não é real.”

Suspirei pesadamente e agarrei o colarinho de sua blusa.

“Pare de ver ficção cientifica, falar e ande!”

Marchamos em direção a casa, eu arrastando Nick, procurando por evidencias que não havia ninguém nos seguindo. Na minha frente esperava a casa surgir.

Mas só havia arvores.

“Nick.” Olhei assustada para onde antes existia uma casinha. “Nick.”

O que aconteceu?

A gente não tinha se perdido. Óbvio. Além de termos um senso de direção muito bom, eu podia ver os carros que passavam na rua em frente. A rua onde estava a minha casa.

Então...

“Amanda. Que barulho foi esse?” Nick chamou minha atenção.

“Que foi, capeta?”

“Esse barulho.”

Atenta ao som dos carros, não tinha escutado o suave grunhir que vinha de trás de nós. Não era só um, eram vários.

“São os lobos, Nick. Eles devem ter achado que somos invasores. É só eu me virar que irão me reconhecer.”

Comecei a me virar, mas antes que pudesse, um enorme lobo aterrisou na minha frente, seu pelo castanho avermelhado brilhando na luz da lua. Eu podia reconhecer aquele lobo de longe. Afinal, ele era meu pai.

“Papai?”

Um uivo me assustou  e me senti sendo carregada. Nick corri em velocidade assustadora e os lobos o perseguiam.

“Seu idiota, é o meu pai!!”

“Cala a boca!”

Os galhos nos açoitavam, nosso sangue enchendo o ar. Um rio de águas cálidas se aproximava rapidamente, as pedras protuberantes e afiadas. Morte na certa para qualquer ser vivo que pulasse ali.

Por isso que nós éramos mortos vivos.

Aterrisamos toscamente no solo molhado, lama entrando em minhas feridas e minha cabeça enfiada em um arbusto. Olhei para trás e vi os lobos olhando para nós, rosnando. Eles não corriam em busca de um caminho para ir atrás de nós.

Só ficavam lá.

Parados.

“Vamos, Mandy.”

“Eu posso explicar para ele. Ele morreu sem saber que eu viraria uma vampira. Deixe-me explicar! Por favor!” falei, começando a tirar a blusa a fim de me transformar.

“Não! Vamos andando.”

“Mas, Nick!”

“Vamos.”

Vi meu pai sumindo entre as arvores e meu coração se apertou. Não queria falar com Nick. Não queria falar nada. Escutava os sons da floresta e vozes.

Vozes?

“Nick!Tem alguém aqui.” Tentei escutar melhor e meu coração parecia fugir do meu peito.

“É EDWARD! Edward!” corri, sem ligar para os chamados de Nick, doida para ver meu marido e minha filha. Doida para estar nos braços dele de novo.

E eu o vi. Maravilhoso entre as arvores, a testa fincada de preocupação, provavelmente a me procurar. Me atirei nele, alarmada e feliz. Só não esperava a reação dele.

Fui jogada contra uma arvore, a cabeça batendo no tronco duro, meus olhos marejando de dor.

“Edward?”

“O que você quer, mestiça? RESPONDA RÁPIDO.”

Mestiça?

“Edward, sou eu, sua esposa.”

“Você não é minha esposa. Me diga rápido o que você quer e eu a deixarei viver.”

O sangue que fluía do corte na minha cabeça não era nada perto da dor no meu coração. O que eu havia feito para Edward ficar desse jeito?

Luzes apareceram por detrás das arvores e pessoas apareciam em minha volta. Emmet, Carlisle, Jasper. Todos me olhavam com uma expressão quase assassina, em formação de ataque, me vendo chorar.

“Amanda! Amanda!” Nick gritou, aparecendo entre as arvores e sendo jogado no chão por Emmet.

“Ei, seu gorila! Me larga! Emmet, porra!” Nick berrava, o braço em um aposição estranha.

“Edward, eu tenho certeza que podemos fazer isso de uma forma civilizada...” Carlisle começou, mas foi interrompido.

“Mestiços em Forks, Carlisle!Eles são ameaçadores, perigosos! Por Deus, eles não merecem viver!”

O silencio após a explosão de Edward foi profundo. Só havia meus soluços pronunciados, manchando a minha blusa favorita, a blusa que Edward tinha me dado.

“Edward.”

O silencio se quebrou. Não era eu, era uma vampira de voz doce atrás de Carlisle.

“Sua filha está aqui. Contenha-se.”

Meu coração se aliviou. Estava tudo bem com Rose. Ela estava bem.

“Bebê. Meu tesouro. Mamãe está aqui, querida. Vai dar tudo...” meus murmúrios desconexos foram impedidos pelas formas que se aproximaram.

A vampira de cabelos castanhos e sorriso enigmático e a criança com feições inteligentes e cabelos ruivos que me observava com interesse.

Minha mãe e sua filha com Edward.