Messed Up escrita por E R McKendrick


Capítulo 9
Maconha e tatuagens


Notas iniciais do capítulo

OIÊ! Gnt, esse cap ♥ faz tempo que tive ideia pra ele e finalmente escrevi eleeee YAYYYYY, mas enfimmmm SO SORRY por demorar pra postar
ps: se vc quiser se situar quanto à onde o povim mora, vou deixar um link de um mapa dos bairros de NYC nas notas finais que to citando nesse cap e já citei nos outros



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Quando estaciona o carro na porta da casa em que a festa já está acontecendo, Becca soube que iria ser a “motorista da vez”. Por quê? Bem, ela sabe que Ashton às vezes – sempre – bebe muito, Zach nunca está nem aí e, só pelo grito de animação de Roxy quando desce do carro, é bem provável que ela também não chegue tão sã em casa. Na verdade, Becca já sabia disso, lá no fundo, porque pediu o carro dos pais emprestado para ir numa “festinha bem pequena e com pouquíssimas pessoas”. O que, é claro, não era nem um pouco verdade.

Os donos da casa tinham aproveitado a viagem dos pais para dar a festa, coisas típicas de filhinhos ricos e mimados.  O chão reverbera por causa do volume da música, uma eletrônica qualquer. Já há alguns bêbados desmaiados ali no quintal da frente da casa, que, por sinal, era enorme. Entrando pelo lugar, é normal ver os casais se engolindo, as pessoas dançando, rindo e falando alto, derrubando as bebidas, fumando seja lá o que fosse tudo aquilo. Zach e Roxy vão automaticamente para o bar, Ashton tem que arrastar Becca para tomarem uma bebida.

Becca toma um drink apenas, não é muito acostumada com álcool e festas e todo esse tipo de coisa, não gosta muito, na verdade. Assiste, rindo, Ashton e Zach competirem quem consegue virar mais shots, mais rápido, sem parar. Quando Ash ganha, Becca o puxa para irem dançar enquanto Roxy e o namorado desaparecem na multidão.

A noite se estende, e os quatro não têm a menor noção de tempo. Já são umas duas da manhã quando Becca leva todos de volta às suas casas. Deixa Zach por último, já que Roxy mora no Queens e o seu namorado no Gramercy.

Ela está passando na rua ao lado de algum parque menor das redondezas do Gramercy, tem um sinal naquele cruzamento, que realmente é perigoso, ela se lembra de notícias de acidentes ali. O sinal está fechado. Ela batuca os dedos no volante, no ritmo da música popular que está tocando baixinho no rádio. Quando ela olha para o lado, vê alguém deitado num banco mais a frente, provavelmente algum mendigo, pensa ela. Há cada vez mais fumaça a sua volta. Quando o sinal abre, ela vai devagar, porque por um milésimo de segundo ela teve a impressão de conhecia aquela pessoa.

O parque é bem iluminado, e o banco é logo ali, na calçada. O sujeito está de moletom, jeans e tênis escuros, assim como seus cabelos. Quando o carro está praticamente parado, Becca o reconhece. Estaciona o carro de qualquer jeito e desce, meio que correndo até ele. Não chega muito perto, com medo de tê-lo confundido.

— Collin?! – ela exclama, o reconhecendo.

Ele continua fumando, olhando para cima. Vira a cabeça para ela bem devagar, seus olhos estão desfocados e na sua boca se forma um sorriso meio torto. Ele começa a tossir, mas traga o cigarro novamente. Becca tosse um pouquinho também e percebe que aquele não era o cheiro amargo habitual de um cigarro qualquer, era diferente e muito mais grotesco. A fumaça paira no ar por mais tempo e Collin se senta, tentando não se enjoar muito com a tontura.

Luzes dançam na frente de seus olhos, as imagens estão meio engraçadas, distorcidas e ele se sente eufórico. Traga mais uma vez seu cigarro desregular. As luzes da cidade nunca foram tão interessantes e coloridas.

— Rebecca? – ele embola a língua, a fumaça saindo de sua boca enquanto ele sente uma vontade estranha de rir. Uma brisa meio gelada joga essa fumaça para um pouco mais longe.

— O que você está fazendo aqui? São quase três da manhã! – ela se exalta.

Ele demora processar as palavras, com a testa enrugada, continua levando o cigarro à boca. É como se estivesse debaixo d’água. Tenta pensar um pouco, mas sua cabeça lateja, então só aspira as substâncias tóxicas do seu companheiro novamente, levantando ele como resposta.

— Fumando. – ele diz sem pensar, exibindo um sorriso bem afetado.

— O que é essa merda? Maconha?! – Becca pergunta, se abraçando numa tentativa inútil de ficar com menos frio e aponta para o cigarro na mão dele.

Collin sorri ainda mais em reposta.

— O que você está fazendo aqui? – consegue dizer, com um pouquinho menos de dificuldade.

— Voltando de uma festa.

Ele tenta se levantar, mas acaba quase caindo junto ao seu cigarro. Becca o segura e o ajuda sentar novamente. Aproveita que o cigarro está no chão e pisa em cima dele.

— Merda. – diz ele olhando para o chão. – Ei, você não pode me julgar assim. Se beber não dirija.  – argumentou lentamente.

Becca se senta ao lado dele.

— Eu estou completamente sóbria, não bebo desse jeito. Mas você... – ela retruca, o avaliando de cima a baixo. – Você está chapado. Quando você planejava voltar para casa?

— Hã? – ele bufa, ainda olhando para o seu cigarro pisado. – Pela manhã? Talvez... Ah, eu sei lá. Não pensei nisso.

— Collin, você...

— Shhhh, minha cabeça está me matando! – ele resmunga, interrompendo ela.

— Você não devia ter fumado maconha.

— Você não devia ter pisado nela. – ele sussurra, encostando a cabeça no banco, tentando fazer o mundo parar de girar.

— Você também está bêbado, não é?

Ele hesita, suspira.

— Um pouco, talvez.

— Há quanto tempo você está aqui?

Ele dá de ombros.

— Por que você se importa? E fala mais baixo. – murmura.

— Vem. – ela se levanta e puxa ele pelo pulso.

Collin a olha confuso, mas se levanta do mesmo jeito. Está tonto demais para tentar andar sem cair, então deixa que Becca o leve até o carro. Ele se joga no banco do carona e ela já começa a dirigir.

— Aonde...? – ele começa, mas para, porque começa a se sentir mal de novo.

Becca o olha de relance enquanto dobra a esquina. Ele está fedendo um pouco a maconha, seus olhos estão um pouco vermelhos, tanto pela droga quanto pelo cansaço e seus cabelos negros estão bagunçados. O moletom azul marinho deve ser velho, porque está desbotado e a calça está desgastada nos joelhos.

Collin tenta não focar em nada. Sua cabeça está girando demais para conseguir pensar em qualquer coisa que seja. Numa situação diferente, onde ele não estivesse drogado, tentaria não ficar encarando as coxas expostas dela pelo vestido de festa. Mas a sua cabeça não está funcionando direito e aquele feito de “foda-se tudo” ainda não passou. E ela está tão bonita. O vestido azul clarinho não é muito colado, seu cabelo está solto e com cachos nas pontas. Não usa maquiagem forte; ela não precisa de nada para deixá-la mais bonita ainda.

— Você está gostosa. – Collin comenta, involuntariamente, e morde o lábio.

Becca sente suas bochechas ficando enrubescidas, mas logo se lembra que ele não é ele mesmo nesse momento, então começa a rir, o olhando de relance.

— Obrigada. – Collin sorri.

— Não... Quer dizer, é sério. Não sei se alguém já te falou isso antes. – ele não para de encará-la, tentando não descer o olhar do seu rosto tantas vezes como gostaria.

— Isso o que? Que estou bonita ou alguma coisa assim? – pergunta com um ar de riso.

— Não. Que você é tão linda assim.— Collin fica mais sério. – Alguém já te disse o quanto você é linda?

Becca fica sem graça agora. E vermelha também. Não sabe como reagir, nem como pensar. Nunca esperava ouvir aquilo de Collin. Será que ele só disse aquilo por causa da maconha? Ou ele só conseguiu dizer por que não tem muita ciência do que está falando. Ela tenta não se sentir incomodada com o olhar feroz de Collin sobre ela, que não se desvia por um segundo sequer.

— Não. – ela responde instintivamente.

— Que idiotas. – ele resmunga, finalmente se virando para frente. – Então eu acabei de avisar. Não se esqueça disso.

Os dois passam o resto do caminho em silêncio. Collin com os olhos fechados e Becca sempre o olhando de relance.

Ela estaciona o carro na garagem e o desliga. Collin abre os olhos e observa Becca sair do carro, fazendo o mesmo depois. Ele tem que se apoiar nela para andar novamente, mas não coloca todo o seu peso ali, é lógico; só fazia isso quando se desequilibra. Ele teria reparado na casa dela, mas tudo está chacoalhando em sua cabeça, então prefere olhar para o chão e fingir que não o está vendo dançar.

Chegando no pé da escada, Becca tira o braço dele de cima dela e segura a sua mão, apoiando a outra no corrimão, assim como Collin. Quando terminam de subir, vão em direção ao quarto de Becca, esquecendo que sua mãos estão fortemente entrelaçadas. Ela fecha a porta, mas deixa a janela aberta, porque, mesmo com o frio lá fora, o quarto ficaria abafado. Puxa o colchão que fica embaixo de sua cama e procura um lençol no guarda-roupa.  Enquanto o veste no colchão, Collin pergunta:

— Porque você está fazendo isso tudo? – depois de terminar de arrumar a cama, joga um dos seus travesseiros ali e o encara.

— Não poderia te deixar dormir na rua.

— Não seria a primeira vez.

Becca dá de ombros e vai até o guarda-roupa de novo, pegando um cobertor cinza e jogando na “cama” de Collin e um pijama para se trocar no banheiro.

Enquanto Becca se veste, ele senta no colchão e tira os sapatos e o moletom, ficando só com a camiseta branca sem mangas e se deita ali. O travesseiro dela tem um cheiro muito bom, o cheiro dela, doce. Está tudo tão aconchegante ali, que ele não se cobre, até gosta daquele friozinho que entra pela janela.

Becca sai do banheiro vestindo o seu pijama cinza estampado com cupcakes e donuts coloridos. Quando Collin a vê com aquele pijama, começa a rir baixinho, com sono.

— Que foi? É o meu pijama favorito! – ela argumenta, deitando na cama de lado, para encarar o sorriso de Collin.

— Fica fofa com ele. – diz, se virando para Becca.

Ela então percebe que o braço dele está a mostra, e, além de notar os músculos do garoto, fica um pouco surpresa quando vê tatuagens os cobrindo. São várias e vão até o pulso. Becca se dá conta que é a primeira vez que o vê sem uma blusa de frio ou algo parecido; cobrindo os braços.

— Belas tatuagens. – ela comenta, sem conseguir conter o sorriso.

— Jura?

— Um-hum.

Ele franze a testa e fecha os olhos, sorrindo.

— Sempre quis fazer uma, mas não tão grandes. – Becca ressalta e Collin ri pelo nariz. – O que?

— Não dá pra te imaginar com uma tatuagem. – ele abre os olhos.

— Por que não?

— Não combina com você.

— Que pena, vai ter que combinar, porque eu vou fazer mesmo assim.

Collin sorri de novo e, sentindo o cansaço o consumir, fecha os olhos novamente, se concentrando naquele perfume doce do travesseiro dela.

— Boa noite, sonhe com as suas tatuagens. – Collin brinca.

Ela ri em resposta, sussurrando um boa noite de volta. Assim, ouvindo a respiração leve de Becca, ele adormece.

*

Collin acorda, depois do que lhe parece ser minutos de sono. Quando abre os olhos, demora processar que não está em seu apartamento ou na casa de sua tia. Onde estaria, então? Sente um cheiro adocicado bem, bem leve no travesseiro e se senta.

Mesmo no crepúsculo do nascer do sol, consegue ver que está deitado num colchão no chão, e que há uma cama ao seu lado. Collin se levanta e percebe que é Rebecca deitada ali, dormindo como um anjo. Se lembra, finalmente, da noite anterior e sorri, passando a mão nos cabelos. Bom, ele se lembra que ele estava fumando e Becca o levou para a casa dela para que ele não dormisse na rua, mas não lembra de nenhum diálogo entre os dois, e isso o deixa frustrado e envergonhado.

Checa o relógio e ainda são seis da manhã; ela só acordaria em um hora e meia, mais ou menos. Ela está toda encolhida na cama, abraçando um travesseiro tranquilamente. Ele pega o cobertor rosa que ela deixara de lado e a cobre com cuidado. Senta no colchão e calça os tênis e veste o moletom. Põe o travesseiro em que ele tinha dormido na cama dela novamente e empurra o colchão para debaixo da cama. Se encaminha para a porta, mas hesita, tendo um ideia.

Pega um papel e uma caneta e escreve um bilhete, não queria que ela ficasse preocupada. Depois de deixá-lo em cima da escrivaninha ao lado da cama, foi embora da casa de Becca, querendo que um remédio para dor de cabeça caísse do céu.

*

Becca acorda com o grito do despertador e, quando vence a preguiça e se senta na cama, se dá conta que Collin não está mais ali. Se perguntou se havia sonhado com isso, enquanto se levanta, mas vê um papel em cima de escrivaninha. Quando o lê, tem certeza que não fora um sonho.

“Valeu por não ter me deixado dormir na rua e me trazer aqui, não sei quantas pessoas no mundo ainda fariam isso, porque não nos conhecemos direito.

Já peço desculpas aqui pelas coisas idiotas que eu provavelmente fale e fiz, espero que não tenha sido nada grave.

Te devo uma.

— C.”


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Notas finais do capítulo

Mapa dos bairros de Manhattan, NYC: http://www.galttech.com/research/graphics5/newyork-neighborhood-map.jpg

Lembrando que: O apto do Collin é no Bronx;
a casa da tia Trinna do Collin é no Chelsea;
a da Becca e a do Tate são no Upper East Side;
a da Roxy no Queens;
e a do Zach no Gramercy.

Comentem plsssss, esse cap merece, não achammm? Vcs, fantasminhas, se manifestem POR FAVOR.
Acompanhem para saber quando raios vou postar o próximo e favorite pra me deixar feliz e ajudar a divulgar a fic.
Obrigada por ter lido até aqui e até maixxxx.