Acordo em disparada, assustado com o som do despertador que parece estar mais alto a cada manha, quanto mais eu durmo tarde mais alto parece estar o som do Trin, Trin... Olho em volta e percebo que mais uma vez havia deixado cair meu travesseiro no chão enquanto dormia e como de costume havia feito meu braço de descanso.

Ao lado da minha cama puxo vagorosamente uma cordinha de náilon com uma bolinha de aço na ponta que faz com que a cortina se abra. Imediatamente viro minha face para o lado e depois coloco a mão acima dos olhos e vou abrindo lentamente ate me acostumar com a claridade do local.

Depois de abrir totalmente os olhos então os coço com as duas mãos e no momento dou uma boceja grande, abrindo os braços me espreguiçando ouvindo alguns ossos estalarem. Dou um leve sorriso e então me levanto, dando passos pelo chão frio, chutando peças de roupas do chão que foram jogadas, como pares de meia, blusas, partituras e embalagens de pizza, mas o importante é que vou liberando o caminho ate o banheiro, que felizmente era bem perto do meu quarto. Abro a porta e coloco a cabeça no corredor para ver se alguém estava acordado para me pregar uma peça ou tirar uma foto minha de samba canção, sei lá... Como vejo que estou literalmente sozinho, pego minha toalha e escova de dente e então vou andando ate o banheiro e lá, dou dois toques na porta para me certificar que não tinha ninguém e como ninguém respondeu, abri a porta e logo me deparei com a figura de uma garota loira sentada no vaso com a tampa abaixada, com as mãos no rosto e choramingando baixinho. Olho para ela e engulo seco, fico paralisado e só escuto quando a voz fica mais alta.

-Saia daqui, eu falei que estava ocupado. Sai!

Balanço a cabeça e percebo que é uma garota olhando para mim, ela me fita e então tomo rumo nos meus pensamentos e digo.

-Desculpa, eu não sabia eu já saio.

Ela continua a me fitar como se eu tivesse com uma abobora na cabeça ou pintado de ouro, minha mão na maçaneta estava quase soando e então ela se levanta e me da um empurram, acho que estava paralisado e não consegui sair.

Ela fecha a porta na minha cara, fazendo meu rosto se projetar um pouco para traz, fico parado pensando no porque teria uma garota no dormitório masculino, as meninas costumam nem passar perto daqui.

Dou de ombros e então coço o cabelo na parte da nuca indo ate meu quarto para esperar ela sair, mas acabo apenas passando um desodorante e mastigando um chiclete, ninguém vai reparar mesmo.