Vivendo sentimentos, sentindo emoções-Temporada 1 escrita por Rachelroth


Capítulo 9
Mutano


Notas iniciais do capítulo

:)



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Ciborgue bate insistentemente na porta de Mutano há cinco minutos. As batidas na verdade já haviam se tornado marteladas.

Ciborge: Cara, uma hora você vai ter que sair daí.

Mutano: *abrindo uma fresta na porta e olhando por ela* O que você quer?

Ciborgue: Você tem que reagir. Vai ficar quanto tempo assim? O resto da vida?

Mutano abre lentamente a porta abrindo espaço para Ciborgue entrar em seu quarto escuro e completamente bagunçado. Ficou escondido na sombra atrás da porta, no entanto a visão noturna de Ciborgue pôde enxergar um metamorfo com emagrecido e deprimido. Os poucos fios de barba estava a fazer e o pijama, que não era trocado há alguns dias, estava sujo. Fitou o amigo e sentou na cama de baixo de seu beliche.

Ciborgue: Estamos todos preocupados com você. *silêncio* Você quer me dizer o que está acontecendo ou eu posso dizer o que passa na minha cabeça?

Mutano: Tanto faz *com voz atonal*

Ciborgue: Eu sou seu melhor amigo e eu sei que você mudou depois dela ir embora…

Mutano: Dela quem? *com desdém*

Ciborgue: Não finja que você não sabe de quem estou falando Mutano… a Ravena. Faz duas semanas que ela foi para Azarath e faz duas semanas que você não treina, não come e não saí desse quarto… tem tofu estragado na geladeira.

Mutano: Quem é Ravena?

Ciborgue: *se levantando* É o seguinte… vou embora antes que eu queira dar um soco na sua cara… *caminha até a porta* acho bom tomar um banho, fazer essa barba, trocar de roupa e descer pro jantar…

Mutano: Senão o que?

Ciborgue: Senão nada… acho bom que faça isso porque me preocupo com você… *na porta* A Ravena cresceu achando que seria a culpada pela destruição do universo e não foi… não deixamos… entenda, as coisas pra ela devem estar difíceis, muitas informações… mas bom… não adianta eu falar não é?! *sai*.

Mutano: *sussurrando para si mesmo com lágrimas nos olhos* É cara, mas ela poderia ter enfrentado essas dificuldades do nosso lado…

De fato Mutano estava deprimido. Não tinha vontade de fazer piadas, comer tofu, jogar vídeo-games. Na verdade não tinha nem vontade de ficar de bobeira. A vida era chata, sem graça. Algo havia perdido o sentido, mas é claro que jamais admitira que o motivo de sua abulia tinha nome, sobrenome e era metade demônio. E assim se passaram semanas, não saberia precisar quantas, mas também qual a importância disso?

Quase não via o Sol, a rua e a Lua. Seus mínimos contatos sociais eram com Ciborgue, quando o mesmo batia em sua porta. Apesar de estar quase inapetente, às vezes comia. Transformava-se em algum animal, muitas vezes uma coruja, e sai para caçar a noite, sem que ninguém soubesse. Não gostava do gosto dos ratos que comia, mas não se importava com isso também. Não se importava com nada. E assim se passaram mais semanas.

Estava verde pálido e havia emagrecido cerca de 10kg. Estava estranho e irreconhecível. Não ia para os treinamentos. Não fazia mais parte do grupo, afinal ninguém mais contava com sua aparição nos combates. Era um inútil. Apático. Esquelético. Inútil.

Mas um dia pensou “É… eles estão lá seguindo a vida deles e você aqui seu burro. Egoístas. Comendo pizza, bebendo refrigerante e lutando contra o mal. Hipócritas. Todo mundo seguindo sua vidinha medíocre e você se acabando aqui. Isso tá errado. Mutano você sabe o quanto é forte, agora pode ser o mais forte entre eles.” E essa raiva ia se fomentando no âmago do metamorfo. Mal sabia que estava sendo dominado pela Fera. Não percebeu quando a barba rala adolescente ganhou os pelos de uma besta.

Se antes pouco falava, agora não falava nada. As marteladas de Ciborgue agora não faziam diferença, já que ninguém mais respondia à porta. Mas mesmo assim todos os dias o amigo metálico estava ali. Certo dia esmurrou a porta e a mesma se abriu.

Ciborgue: *entrando lentamente* Amigo? Tô muito preocupado com você… estou entrando…

Mas quando entra no quarto não encontra Mutano. Apenas um quarto abandonado, mofado, mal cheiroso e caótico. Os colchões arranhados, papel picado para todo lado, roupas rasgadas no chão, ossos de pequenos animais, cacos de espelho espalhados… “O que aconteceu aqui?”— pensou, enquanto usava seu sensor de calor a fim de rastrear se o amigo metamorfo não estaria no quarto transformado em algum pequeno animal. Sem sucesso, ele não estava lá. Devia ter saído pela janela. Ciborgue saiu tão rápido o quanto o pôde e convocou uma reunião com Robin e Estelar para falarem sobre o amigo verde.

Robin: Diz Ciborgue…

Estelar: Porque nos chamou aqui amigo?

Ciborgue: O Mutano…

Robin: Quem é Mutano? Ah… aquele com quem a gente não pode contar… o que tem ele?

Ciborgue: Cara eu sei que você está irritado com ele, mas ele realmente está mal.

Estelar: Coitado do nosso amigo. Acho que nem lembro mais do rosto dele, de tanto tempo que não o vejo.

Robin: Pois eu não faço questão de lembrar…

Ciborgue: Entrei no quarto dele… está um caos… ele está comendo ratos eu acho.

Estelar: Mas ele é vegetariano…

Robin: *olhar perplexo* A última vez que ele comeu carne foi quando…

Um estrondo interrompe a reunião. Uma massa morfa metade adolescente metade Fera adentrou a sala. Rugia e falava ao mesmo tempo, estava furioso.

Mutano: Ciborgue eu sei que você entrou no meu quarto… senti seu cheiro…

Ciborgue: Calma ai amigo *levantando e recuando lentamente*

Robin: Isso já passou dos limites *em pé* não me obrigue…

Mutano: A que? Vir para cima de mim com sua vareta?

Estelar: Amigo… porque está falando assim…

Mutano defere um golpe contra a amiga tamarareana fazendo-a voar alguns metros para trás.

Robin: Ora seu… *corre em direção à Mutano*

Ciborgue: *intercepta o golpe de Robin* Calma cara, é nosso amigo… já passamos por isso… *é atingindo*

Agora a Fera estava ganhando, quase não se podia ver partes do corpo verde adolescente. A Fera urrava e destruía tudo em seu redor. Ciborgue e Robin discutiam, porque Ciborgue impedia ataques de Robin. Estelar ainda no chão chorava, se levantou lentamente e apontou sua energia em direção à Mutano.

Estelar: Me desculpe amigo, é pro seu bem…

Seu poder atinge certeiro nas costas de Mutano que cai imediatamente no chão. O estrondo fez com que os rapazes parassem a discussão.

Ciborgue: Vamos leva-lo para a enfermaria.

Estelar: Precisaremos amarrá-lo, vou buscar umas correntes.

Robin: Por mim ele não fica mais… já não faz diferença…

Estelar: Dick! Ele jamais lhe abandonaria, mesmo que você fosse um imprestável sem poderes *com olhar de reprovação*.

Algumas horas, ou dias, depois Mutano começa a acordar. Já tinha novamente o corpo magro e desnutrido de um adolescente deprimido. Tenta se mover e percebe que estava amarrado. A sua visão turva permitia que ele enxergasse apenas vultos. Aos poucos a visão foi retornando dando lugar para uma dor de cabeça imensa. O primeiro corpo reconhecível foi o de Ciborgue que pesquisava no computador.

Mutano: Cib?

Ciborgue: *virando e sorrindo para ele* Mutano! *arrasta a cadeira de rodinhas até a maca* Que bom que acordou!… Estou trabalhando num projeto para tentar fazer essa Fera não tomar mais conta de você…

Mutano: Fera? De novo? *tom de voz fraco*

Ciborgue: Cara… você está sofrendo… porque não aceita isso?

Mutano: Eu queria ficar um pouco sozinho… você se importa?

Ciborgue: Não… claro que não *com sorriso terno* Só não conte para o Robin *sai da enfermaria* Daqui 15 minutos eu volto.

Mutano fitava o teto, já que não podia mais se movimentar. Na cabeça mil pensamentos: “A Fera de novo. A última vez que eu virei a Fera também vim parar na enfermaria… mas… no fim… acabei protegendo alguém e não fiquei assim algemado… é… eu protegi a Ravena *os olhos enchem de lágrimas até uma escapar* como sinto sua falta”.

Pensava muito quando Robin entrou e o encarou:

Robin: E então? *se aproxima da maca* Não sei se você poderá continuar no time. *pausa – Mutano continua olhando para o teto* Já tem algum tempo que não podemos contar com você… e agora isso… você é perigoso para gente, para a segurança da to…

Mutano: *sem desviar o olhar do teto* Eu sei onde você quer chegar Robin. *pausa* Quer mesmo que eu saía e eu entendo. *olha para Robin* Mas gostaria de uma nova chance… mais uma semana e se…

Robin: Já te demos a segunda chance da primeira vez que você virou essa besta.

Mutano: Mas eu salvei a Ravena. Isso não conta?

Robin: Bom… *pensativo* uma semana é o tempo que você tem. Vou me reunir com o Ciborgue e com a Estelar para decidirmos o que é melhor, caso você fique bem… *virando-se* no entanto se você novamente perder o controle, não haverá discussão, pois minha decisão já está tomada. *sai da enfermaria*

Mutano: Saco.

Se sente irritado e percebe um formigamento nos pés. Seu corpo ia esquentando e se enchendo de ira. Então Mutano percebeu que ele estava começando a se transformar de novo. Entrou em desespero e isso aumentou o formigamento. “Saco, saco, saco” repetia para si mesmo. De repente Ravena veio em sua mente. O dia que conversou com ela em uma pedra do lado de fora da Torre. “Você está no lucro, já sabe que meditar te ajuda a manter a ordem”, lembrou.

Mutano: Será? Mas como ela faz isso?

Começou a respirar profundamente de olhos fechados. Tentava lembrar de como a empata meditava. Inspira. Lembrou que ele tinha que esvaziar a cabeça. Expira. Lembrava dele interrompendo a meditação dela. Inspira Mas como não pensar em nada? Expira. Riu de lembrar de uma vez que lhe deu um baita susto. Inspira. Ela sempre precisava de silêncio. Expira. Ela tem uma capa legal. Inspira. Ela dizia Azarath, Metrion, Zinthus. Expira. Isso era muito engraçado.

Mutano ria de olhos fechados e aos poucos percebeu que o formigamento havia passado. “Eu também posso controlar a fera em mim” pensou e sorriu antes de pegar no sono.

Algumas horas depois Ciborgue lhe desamarrou e Mutano acordou.

Ciborgue: Cara *preocupado* vou arranjar um jeito…

Mutano: Cara, eu vou controlar isso… obrigado por me soltar. Agora vou pro meu quarto.

Ciborgue: Se precisar… se achar que não dá conta… me avisa…

Mutano: Fica tranquilo. *sai da enfermaria*

Vai caminhando pelo corredor que dá acesso ao seu quarto… e ao de Ravena. Inconscientemente virou-se para a esquerda e só se deu conta quando a porta não abriu. Olhou para a porta de Ravena. Bom… ela havia ido embora…foi tomado por uma curiosidade divertida. “Acho que só vou dar uma pesquisada no quarto dela… vai que tem um livro sobre meditação”. Entrou por debaixo da porta transformado em formiga.

Voltou à forma humana. O quarto escuro. O cheiro de ylang-ylang misturado com cheiro de lavanda. Parecia que Ravena ainda estava ali e isso o reconfortou. Hesitou em mexer nas coisas apesar da vontade. Sentou na cama da empata e pegou uma das capas que ela havia largado para trás. Olhou por alguns minutos a capa e decidiu… esta noite dormiria na cama dela.

Dormiu muito bem e acordou melhor ainda. Desceu para tomar café. Sentia-se revigorado. Os companheiros ficaram ressabiados com a presença dele, parecia que estava aguardando um ataque ou uma transformação involuntária, mas isso não aconteceu. O que aconteceu foi um Mutano muito tranquilo tomando café e se retirando. Não contou a ninguém, mas voltou para o quarto da empata.

Foi um pouco mais corajoso e vestiu a capa dela. Fitou-se de frente para o espelho e começou a brincar:

Mutano: Uuuuuh eu sou má! Tenha medo de mim… uuuuuuuuh uuuuuuh… *fazendo caras e bocas* Mutano seu pestinha… vou te mandar para outra dimensão… *estende os braços* Azarath, Metrion, Zinthus… *se jogou na cama e riu*

Olhou o guarda roupa da empata. Ainda vestido com a capa decidiu mexer, afinal ela não deu certeza que voltaria, talvez nunca voltasse, logo não descobriria. Abriu as gavetas… viu uniformes, roupas civis, pijamas e lingeries. Corou ao ver as calcinhas da empata. Todas de algodão, muito confortáveis. A maioria branca. Ficou tão corado que decidiu que era hora de meditar.

Inspira. Esvaziar a cabeça. Expira. Ela só tem pijama fofinho e mais larguinho. Inspira. Para de pensar nisso. Expira. Será que ela dorme só de calcinha e camiseta? Inspira. Que bobagem, esvazie a mente. Expira. Ela me mataria se me visse mexendo nisso. Inspira. Ela não está aqui. Expira. Eu queria ver ela de calcinha. Inspira. Inspira. Inspira. *hiperventilando*

Mutano passou a dormir com frequência na cama da empata. Tinha uma sensação agradável de segurança quando dormia lá, era como se não dormisse sozinho. Sempre meditava, três vezes ao dia: depois do café da manhã, no meio da tarde e antes de dormir. Todas as meditações, porém, eram invadidas por pensamentos na empata, mas Mutano não percebia. Assim chegou no final da semana que Robin lhe tinha dado.

Robin: Mutano? *o chama na cozinha*

Mutano: *sorrindo* Oi

Robin: Você está melhor! Ainda bem *se aproxima e estende a mão para um aperto* não queríamos te perder.

Mutano aperta a mão do líder titã e o puxa para um abraço.

Mutano: Eu também não queria ir embora.

O metamorfo praticamente não pisava mais em seu quarto. Dedicava seus dias em fuçar nas coisas da empata, limpar e organizar o quarto dela. Foi o jeito que ele arranjou de mantê-la viva e por perto. Além de seu refúgio espiritual, o quarto também virara seu esconderijo secreto. Sempre que aprontava alguma com seus amigos, era lá que se refugiava e aproveitava para pensar nela… ops… meditar.

Alguns meses se passaram desde a partida de Ravena quando Mutano encontrou uma caixa com algumas ervas para chá. O cheiro das ervas lembraram muito os cafés da manhã com a empata presente. Não hesitou em experimentar. De fato no início não gostou, mas insistiu. Com o fim das ervas, decidiu comprar no mercado (porém preferiu os de saquinho, fazer chá direto com a erva dava muito trabalho).

Ciborgue: *retirando as compras da sacola* Ué… chá? A Ravena não está mais aqui, e também acho que ela não tomaria esse tipo…

Mutano: É pra mim.

Os três titãs olham para ele e o encaram.

Estelar: Amigo Mutano, desde quando você toma chá?

Mutano: Desde sempre *pega uma maçã*

Robin: Desde sempre?

Ciborgue: Qual é verdinho? Todo mundo sabe que não é desde sempre.

Mutano: E que diferença faz? *saindo da cozinha*

Robin: Bom… tanto faz… agora precisamos decidir o que fazer com o quarto da Ravena… já faz um ano e meio que ela se foi… não dá mais sinal de vida, não sei se ela…

Mutano: *vira-se bruscamente* Ela vai voltar.

Robin: Mutano… encare as coisas… faz tempo que não temos nenhum sinal dela.

Mutano: Vocês vão mesmo desfazer o quarto da nossa amiga?

Ciborgue: Calma cara, é só uma possibilidade…

Mutano: Estelar, você vai permitir que desmanchem as coisas da sua melhor amiga?

Estelar: Não sei Mutano.

Saiu irritado e vai direto para o seu segundo quarto. Precisou meditar para se acalmar. Precisou sentir o cheiro de lavanda. Precisou vestir a capa dela. Precisou cochilar abraçado no travesseiro dela. A possibilidade de não haver mais lembranças dela era terrível.

No dia seguinte saiu para comprar incensos e quando voltou não encontrou os colegas. Ao se dirigir ao quarto da empata ouviu vozes ecoando de lá de dentro. Parou próximo à porta e ficou ouvindo.

Robin: Seria uma boa academia.

Ciborgue: Prefiro uma sala de TV… podíamos instalar um sistema de cinema 4D.

Estelar: Acho que o amigo Mutano tem que opinar.

Robin: Hum…

Ciborgue: Eu só acho estranho estar limpo…

Robin: Será que a Ravena deixou algum feitiço de auto limpeza?

Ciborgue: Poxa se ela fez isso devia ter lançado esse feitiço na cozinha.

Estelar: Mas se foi isso, será que poderemos desmontar o quarto.

Robin: Acho que sim… afinal se ela fizesse questão, mandaria notícias…

Ciborgue: E a cama parece remexida.

Estelar: Será que ela vem dormir aqui?

Robin: Acho que não… o Mutano já teria visto.

Mutano entrou no quarto com o incenso na mão. Pigarreou e os titãs olharam para trás.

Mutano: Eu limpo o quarto todos os dias. *sente o rosto corar* Tento deixar tudo do jeito que ela gostaria para quando ela voltar. *silêncio* Até fui comprar mais incenso para ela. *silêncio* E às vezes eu durmo aqui para garantir que… que… que… hum… que a cama continue macia.

Robin: Mutano… *é interrompido por Ciborgue*

Ciborgue: Robin, você e a Estelar podem checar o sistema de segurança por favor.

Estelar: Não seria melhor você mesmo… *é interrompida por Robin que a pega pela mão e sai*

Ciborgue: *olhando para Mutano* Você gosta dela, não?

Mutano: De quem?

Ciborgue: Ah… da Ravena, é óbvio!

Mutano: Não.

Ciborgue: E está limpando o quarto dela? Dormindo na cama dela?

Mutano: Eu gosto dela como amiga. Acho que ela vai voltar. Estou fazendo por ela o que ela faria por nós.

Ciborgue: Tomando chá?

Mutano: O que tem?

Ciborgue: O que mais? Tá meditando também?

Mutano: Tô.

Ciborgue: *surpreso* Não acredito. E você ainda teima dizendo que só gosta como amigo?

Mutano: Ela dominava o demônio dentro dela com meditação foi a saída que eu encontrei para dominar a fera dentro de mim… e tem funcionado… tenho tentando me espelhar nela para meditar… ai as vezes durmo aqui…

Ciborgue: Bom… você sabe que vai sofrer se manter essa paixão, não sabe?

Mutano: Não estou apaixonado *com raiva*

Ciborgue: Cara! Tá escrito na sua cara.

Mutano: Não.

Ciborgue: Não quero te ver sofrer *levanta e vai em direção à porta* vou te ajudar a esquecê-la.

Mutano: *pensando* “Mas eu não quero esquecer ela”

Naquela noite Robin e Ciborgue chamaram Mutano para uma noite de garotos. Estelar ficou irritada porque teria que ficar na Torre sozinha. Decidiu por convidar a Abelha para lhe fazer companhia.

Os três adolescentes saíram. Foram para a balada. Apesar de não terem idade para entrar, com exceção de Ciborgue, os donos das casas noturnas permitiam a entrada deles porque se sentiam protegidos com a presença de três Jovens Titãs.

Música alta, luzes psicodélicas, fumaça artificial, cheiro de cigarro e bebidas, paredes suadas e pessoas beijando. Um ambiente proibido para Robin e Mutano. A ordem era curtir. Ciborgue já conhecia a casa, frequentava sempre, afinal havia vantagens em ser o mais velho dentre eles. Pegou três cervejas no bar.

Ciborgue: *gritando no ouvido deles* Vocês são bebês. Então só pode uma *rindo*

Robin: *empolgado* Eu amei esse lugar!

Mutano: Oi?

Robin: E-U A-M-E-I E-S-S-E L-U-G-A-R!

Mutano provou a cerveja. Amarga. Porque raios alguém gosta disso? O cheiro é ruim, o gosto é pior. Fez careta para beber. Não sabia dançar. Via os amigos se divertindo e dançando, conhecendo garotas, paquerando. Ficou encostado no bar, até que uma garota morena se aproximou.

Diana: OI.

Mutano: O QUE?

Diana: *ri e vai até o ouvido do metamorfo* OI, MUTANO NÉ?!

Mutano: HOJE, GARFIELD. E VOCÊ?

Diana: EU SOU DIANA. SUA FÃ… QUE SORTE TER VINDO PARA CÀ HOJE.

Mutano: É. *deu um gole e fez uma careta*

Diana: PELO JEITO NÂO GOSTA DE CERVEJA.

Mutano: CLARO QUE GOSTO.

Diana: QUER DANÇAR?

Mutano: AH… EU PREFIRO FICAR APOIADO AQUI.

Diana: VOU PEDIR ALGO MAIS FORTE PARA MIM.

Mutano: QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

Diana: 17.

Mutano: MAS AQUI NÃO PODE ENTRAR SÓ MAIORES DE 18?

Diana: E DAÍ? NO MEU RG EU TENHO 18 *sorri maliciosamente*

Diana pediu um bom Jack Daniel’s com duas pedras de gelo. Ofereceu ao metamorfo que sentiu vergonha de negar. Aff, se o gosto da cerveja era ruim… isso era pior ainda… queimou a garganta, parecia que tinha engolido fogo só que com gosto de fumaça, ele pensou. Segurou a careta e ficou irritado ao perceber que ela havia pedido outra dose, agora para ela. Ele teria que beber aqui. “Pelo amor, porque se bebe isso?”. Enrolou tanto que o gelo derreteu e pediu mais três cubos de gelo. Derreteram mais uma vez. O gelo derretido amenizou 10% o gosto horrível da bebida, deixando-a mais bebível. No entanto conforme o álcool entrava em seu sangue virgem, uma vontade de dançar crescia. Ficou bêbado. Dançou. Riu mais do que o natural. Sentia a cabeça pesada e o corpo mole. A sensação era de não estar no seu corpo. Visão turva e um enjoo que incomodava. Podia tudo naquela noite. E Diana estava lá ao seu lado. Rindo com ele. Dançando com ele.

No meio da noite, Ciborgue já estava arranjado. Era uma loira linda e alta, tão bêbada quanto o amigo robótico. Robin estava dando em cima de uma mulher mais velha, morena e bem magra. Parecia mais molinho do que Ciborgue. Ela era bem difícil. Não parecia ceder às investidas de Robin.

Diana fumava e dançava. Seu cabelo preto suado colava em seu rosto. Encostou Garfield na parede e dançou de modo a provoca-lo. O decote dela o provocava, por vezes chegou muito próximo do rosto do metamorfo, o que o fazia arrepiar. Ele nunca tinha beijado. Nunca tinha dançado, nem bebido. As pálpebras pesadas lutavam para não fechar. Sorria de maneira sexy para Diana que o fechava com seus braços na parede. Uma hora cedeu ao peso dos olhos e os fechou e Diana chegou mais perto dele. Numa tentativa de voltar a abrir os olhos fitou a boca da garota toda errada, bêbada e com cheiro de cigarro. Não hesitou e com a mão direita agarrou o cabelo dela pela nuca e a beijou. Como nunca tinha beijado seguiu seus instintos animais. Ela era a fêmea a ser dominada e ele o macho que a seduzira. O beijo tinha gosto de fumaça… não sabia distinguir se era por causa do Jack Daniel’s ou por causa do cigarro. A garota não fez por menos. O agarrou, eles se puxavam, como se um fosse engolir o outro. Ele subiu a mão esquerda até abaixo do peito da garota, mas ela se irritou e colocou a mão dele em seu seio esquerdo. O beijo ardente, quente como uma chama foi interrompido por um segurança que o achou ofensivo.

Garfield, Mutano, o metamorfo naquele momento, e apenas naquele momento não pensou em Ravena. Trocou telefone com Diana e foi embora junto com os amigos. Naquela manhã não teve coragem de dormir no quarto de Ravena, na cama dela. Por algum motivo sentiu-se sujo. Dormiu no seu quarto.

E assim a vida seguiu. O dia que não saía com ninguém, dormia na cama da empata. Quando beijava alguma mulher, dormia em sua própria cama. Começou a sair mais do que Robin e Ciborgue. Até porque com a saída dos garotos, Abelha começou a frequentar a Torre titã, o que despertou muito o interesse de Ciborgue.

O homem-robô e o garoto-prodígio começaram a ficar mais em casa com Abelha e Estelar. Logo em um jogo de verdade ou desafio, Abelha desafiou Estelar a beijar Robin, e como vingança Estelar desafio Abelha a beijar Ciborgue. Depois disso não pararam de cumprir o desafio.

O namoro de Ciborgue e Robin fez com que Mutano se sentisse cada vez mais sozinho. Não aguenta o vazio no peito. O vazio de Ravena. O vazio de seus amigos, que agora tinham muito tempo com as namoradas e nenhum tempo para ele. Mas ele havia descoberto coisas nesses tempos. Descobriu que meditar acalmava a fera, mas o fazia sofrer de saudade de Ravena. E descobriu que quando saía com outras garotas não pensava em Ravena. E assim começou a sair, a beber, beijar, transar e fumar de vez em quando.

Mesmo dormindo menos na cama da empata e amiga, nunca deixou de limpar o quarto dela. Sentia falta, e quando a falta apertava um pouco, meditava. Quando apertava um pouco além de pouco, tomava chá, mas quando era insuportável, ai apelava para mulheres, música alta, bebidas e eventuais cigarros.

A porta abriu violentamente. Ciborgue, Abelha, Robin e Estelar que assistiam a um filme voltaram o olhar para a porta. Avistaram a sombra de Mutano com duas garotas, uma de cada lado. Parecia muito bêbado, mais do que o normal para uma sexta feira.

Mutano: GATINHAS… CHEGAMOS… HAHAHAHA… AH QUE COISA…

Conforme os três se aproximaram, os quatro titãs puderam ver que na verdade as duas garotas carregavam Mutano. Ciborgue e Robin se levantaram rapidamente.

Ciborgue: *pegando Mutano* Obrigado meninas, a gente cuida daqui pra frente.

Mutano: TIRA A SUA MÃO… A SUA MÃO… DE MIM.

Robin: Segura a onda aí Mutano… vamos pro banho já…

Mutano: AH… SEU ENGOMADINHO… *ri* NÃO VOU, PORRA NENHUMA.

Arrastaram Mutano para o corredor que levava aos banheiros.

Abelha: Meninas… sinto muito.

Patrícia: Tudo bem. Ele estava um pouco mais do que deveria… achamos melhor trazê-lo de volta.

Estelar: Eu agradeço muito… e se puderem não comentar sobre isso…

Jane: Fique tranquila Estelar. Não diremos nada.

Abelha: Querem comer algo? Uma água.

Jane: Na verdade, uma carona ia bem.

Estelar: Certo, Abelha diga ao Robin que eu fui leva-las.

Abelha: Claro.

E assim as três garotas saíram. No caminho para o banheiro o metamorfo xingava e ria, estava praticamente solto nos ombros dos amigos. Ao chegarem ao corredor do banheiro deram de cara com Ravena saindo, segurando uma toalha e secando os cabelos.

Ravena: O que aconteceu?

Mutano: AHHHHH VOCÊ?! E AI? E O SEU ENCONTRO COM AQUELEZINHO?

Ravena: Você está bêbado Mutano *assustada*

Mutano: JURA? SABE QUANTAS EU BEIJEI HOJE?

Robin: Chega Mutano.

Ciborgue: Vamos tomar um banho amigão.

Mutano: DO-ZEEEEEE. DOZE ME TIVERAM, DAS MUITAS QUE QUISERAM…

Ciborgue: Chega.

Mutano: SABE QUANTAS GÓTICAS LEVARAM UM CHUTE?

Ravena: Você precisa de um banho Mutano.

Mutano: OITO! O-I-TO.

Robin: Vamos.

Mas Mutano se remexia, se revirava e contorcia. Queria falar com Ravena.

Mutano: ELE TE BEIJOU? ELE QUIS TRANSAR COM VOCÊ?

Ravena: *corada* Mutano você está descontrolado.

Cibogue: CHEGA Bro.

Arrastaram o homem verde para o banheiro, usando muita força. Ravena ficou paralisada por um tempo e decidiu que precisaria meditar para esquecer a cena que tivera, afinal a sua noite havia sido muito agradável.

CONTINUA…


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Notas finais do capítulo

Tadinho? Raivinha? Olhos cerrados?

Fala aê...



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