O Acampamento - INTERATIVA escrita por THEstruction


Capítulo 3
Capítulo 2: Os Homens Brancos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, que saudade.
Mais um capítulo para vocês, sei que demorou, mas não se preocupe, não abandonei a fic, principalmente agora que recebi algumas fichas. Enfim, espero que gostem.



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Os passos se intensificavam cada vez mais, como alguém se aproximando. Os galhos das árvores no chão iam se quebrando à medida que alguém se espreitava em meio à escuridão, o que deu uma ideia à Beatriz, que apressou-se a olhar ao seu redor com a lanterna.

— Desliga isso – Sussurrou Neo segurando no braço esquerdo de Beatriz.

Ela tornou a olhar ao seu redor e achou um galho grosso e pediu através de sinais com a mão para que Neo o quebrasse e ele o fez. Ao entregar novamente para Beatriz, ela usou a ponta áspera do galho para tentar cortar a corda que estava amarrada à árvore e prendia Luna.

De repente, tudo ficou silencioso. Não se ouvia mais passos, nem pássaros, nem nada, era só o silêncio que era quebrado pelo balançar da corda que sustentava o corpo de Luna que já começava a sentir-se enjoada. Os dois olhavam para o lado, tentando entender o que estava acontecendo. Foi quando alguém encostou no ombro de Neo e Beatriz, fazendo-os se assustar.

— Bu!

Neo virou o bastão, atingindo com vigor o abdome de quem havia os tocado.

Passado o susto, eles aproximaram-se de quem haviam atingido.

— Alex? – Perguntou Neo – O... O que está fazendo aqui? Que brincadeira idiota é essa, seu merda?!

— Calma aí cara – Disse o homem caído, sorrindo, tentando recuperar o ar após ser atingido pelo bastão – Não precisa agredir, parceiro.

— Parceiro porra nenhuma. Tira a Luna de lá agora.

— Como assim? – Disse ele se levantando.

— Alex, se você não for agora tirar a Luna eu juro por Deus que enfio esse bastão bem no seu...

— Ei! Olha a boca – Disse Beatriz.

— Olá Beatriz – Disse Alex, indo em direção de Beatriz, que deu as costas para ele.

Neo levantou o bastão e Alex entendeu o recado.

— Ok, ok, sem violência, pode ser?

Neo abaixou o bastão.

— O que você quer que eu faça, parceiro?

— Que tire a Luna dessa armadilha idiota que você fez, e não me chame de parceiro.

Alex encaminhou-se à árvore e Luna se surpreendeu ao vê-lo.

— Alex? O que você está fazendo aqui? Foi você que me prendeu aqui?

— Oi Luna, o que aconteceu?

— Você sabe muito bem o que aconteceu, seu puto – Disse Neo.

— Ei, já chega, se continuar me ofendendo... – Disse Alex apontando o dedo para Neo indo em direção dele.

— O que você vai fazer, hein, filhinho da mamãe? – Disse Neo colocando-se face a face com Alex – Tire a Luna de lá agora.

— Ok, eu tiro, mas saiba que não fui eu que fez isso.

— Conta outra, Alex. Lembra do que você comigo?

— Como assim, o que eu fiz?

— Pessoal, eu ainda estou aqui. Se vão se beijar, façam isso rápido e me tirem daqui, cacete – Disse Luna.

Alex escalou a árvore e cortou a faca com um canivete. Antes que Luna pudesse cair, Neo a pegou no colo e a colocou no solo.

— Agora querem me contar o que aconteceu? – Perguntou Alex.

— Como se você não...

— Chega, Neo! – Exclamou Luna – Eu sei que ele não fez isso.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque Alex nunca foi de fazer brincadeiras sem-graça como essa.

— Sei...

— Como nos achou, Alex? – Perguntou Beatriz.

— Eu fiquei sabendo que vocês viriam para cá e...

— Quem te contou? – Interrompeu Alex.

— Sua mãe.

— Ah claro...

De repente, um barulho de vários passos interrompe o diálogo amistoso dos quatro. Era como uma multidão correndo ao redor deles.

— Aquele barulho de novo – Disse Beatriz.

— O que está acontecendo? – Perguntou Alex.

— Me responde você – Respondeu Neo.

Luna envolveu seus braços no braço esquerdo de Neo, que segurou firme seu bastão. Todos os quatro se aproximaram um dos outros, olhando para todos os lados com suas lanternas.

De repente luzes vermelhas começaram a cintilar em meio à escuridão da densa floresta. O medo e o nervosismo dos quatro era visível, até mesmo em Alex. Seus 1,83m e seu corpo atlético não foram o suficiente para poupar-lhe do medo do desconhecido. Seus olhos verdes como as folhas das árvores fitavam nas luzes vermelhas aproximando de si com insegurança.

De repente revela-se a ameaça: um grupo de pessoas como se fosse uma tribo, vestidas com tecido vermelho assim como a cor das chamas que queimavam na parte superior de um pano enrolado em um pedaço de madeira. Eram mais de vinte homens, todos eles portavam lanças, tinham a pele tão branca que era possível ver através da escuridão, seus olhos eram azuis, tão claros como a água do rio que ficava pelas redondezas. Eles encaravam os quatro jovens, sem dizer uma palavra, fazendo uma meia-lua na frente dos mesmos.

— Que brincadeira é essa agora, Alex? – Perguntou Beatriz.

— Sei tanto quanto vocês – Respondeu Alex, antecipando dois passos à frente – Olá... É... Boa noite. Olhe, não queremos problemas, viemos apenas para acampar na cabana do avô do Neo – Disse Alex para os homens.

Os homens continuavam parados, encarando-os como se não tivessem ouvido as palavras de Alex. Até que alguns deles se afastam, abrindo um espaço para um indivíduo de estatura mediana, olhos verdes e pele branca da mesma forma que os outros. Suas roupas consistiam numa túnica roxa com uma linha diagonal azul, um colar com um pingente no mesmo formato que a pedra que a Beatriz guardava e um cinto amarelo. O homem aproximou-se dos quatro e estendeu lentamente sua mão direita, deixando a palma da mão para cima.

— Me dê o Pagpa – Disse o homem olhando para Beatriz.

Os quatro pararam e se entreolharam.

— Me dê o Pagpa! – Disse o homem gritando fazendo com que os outros homens brancos batessem suas lanças ao chão.

— Ei, calma, tranquilo, não queremos problemas – Disse Alex.

— Então me dê o Pagpa.

— É a pedra Beatriz, entrega logo – Disse Neo.

Beatriz pensou um pouco e disse:

— Para que precisa dela?

— Isso não é da sua conta. Eu sei que está com você, sua insolente.

— Isso nem chega a ser ofensivo se tratando dela – Disse Luna.

— Cala a boca, Luna – Repreendeu Neo.

— Ou você me dá o Pagpa, ou seus amigos vão sofrer as consequências – Disse o homem.

— Dá logo para ele, Bia – Disse Luna.

Muito relutantemente Beatriz entregou-lhe a pedra.

— Pronto, só isso? – Disse Neo.

— Obrigado. Agora matem todos, não podemos ter testemunhas – Disse o homem dando as costas para os quatro.

Os homens brancos começaram a se aproximar dos quatro que se afastavam gradativamente.

— Espera, você disse... – Disse Alex.

— O qu? Eu disse? Não lembro de ter dito nada – Interrompeu o homem – Vocês nunca deviam ter pisado aqui, nenhum de vocês vai atrapalhar o plano do nosso povo.

— Que filho da puta – Disse Luna tomando o bastão de Neo e indo em direção ao homem que, de costas, saia dali a passos curtos.

Luna bateu com o bastão nas pernas do homem, fazendo-o cair e derrubar a pedra e seu colar. Beatriz correu para pegá-la enquanto o homem tinha seu braço quebrado com a força da segunda pancada dada por Luna bem no rádio do homem. Um dos homens perfura a mão Beatriz assim que ela pega a pedra, fazendo com que Alex e Neo se enfurecessem e partissem para cima do homem branco que, por ser bem magro e fraco, ficou vulnerável aos dois enfurecidos. O homem retirou a lança da mão de Beatriz e lançou contra Alex que a segurou, rodou e lançou de volta no peito do mesmo. Enquanto Neo levantava Beatriz, um homem foi correndo na direção dele, Neo pegou o galho da mão de sua amiga, desviou do golpe da lança corpo a corpo, bateu com o galho na patela do joelho do homem, fazendo o cair e depois desferiu um golpe em sua garganta, imobilizando-o de vez. Neo tornou a pegar Beatriz que segurava a pedra, manchando-a de sangue pela sua mão machucada.

— Venham, vamos sair daqui – Disse Alex empurrando um dos caras que ficaram em seu caminho.

Beatriz pegou o colar do homem e eles então pegaram suas lanternas correram pela mata a fora.

— Aonde vamos? – Perguntou Luna segurando o bastão sujo de sangue após bater no homem até deixá-lo semimorto.

— Vamos para o carro – Disse Neo.

Eles seguiam Alex até a avistarem a cabana, porém o carro não estava lá.

— Ah meu Deus – Disse Neo – O que fizeram com meu carro?

— Eles levaram o meu também. Temos que voltar a pé. Peguem o que tiverem que pegar na cabana o mais rápido possível – Disse Alex.

Os quatro entraram na cabana, e pegaram suas malas e bolsas, porém, quando passaram pela porta se depararam com uma multidão de homens brancos cercando toda a extensão da cabana, fazendo uma meia-lua em frente a eles.

O estopim para tudo começar foi quando o grito de um dos homens ecoou forte, dizendo:

— Peguem o Pagpa!

Todos os homens brancos vieram em direção os quatro jovens, com suas lanças e chamas.

— Corram para dentro, agora! – Gritou Neo.

Eles correram e Luna fechou a porta após si.

— Fechem as janelas e façam barricadas nas portas – Disse Alex – Neo, me ajuda aqui.

Neo e Alex pegaram o fogão e colocaram frente à porta fazendo uma barricada. As meninas pegaram pedaços de madeira na lareira e colocaram nas travas das janelas. Os homens começaram a bater nas portas e janelas enquanto Neo e Alex pegavam o sofá e a cama do quarto onde Beatriz achou a pedra, complementando a barricada da porta.

Porém, durante dois segundos de descanso, Luna sente um cheiro.

— Pessoal, estão sentindo esse cheiro? – Pergunta Luna.

— Cheiro de que? – Perguntou Beatriz.

— Cheiro de madeira queimada.

De repente a porta começa a pegar fogo, assim como toda a estrutura frontal da cabana. Barulhos de chama se dispersando pela cabana eram ouvidos em meio ao grito dos homens.

— Droga, se a gente não morrer pelo fogo, a fumaça vai nos matar – Disse Alex.

— Tem que ter outro lugar – Disse Luna.

— Não tem outro lugar, essa é a única porta – Disse Neo.

— Pessoal, a pedra estava escondida, deve ter mais coisas escondidas também – Disse Beatriz.

— O que ele quer com essa pedra? – Perguntou Alex.

— Não sei, mas quero fugir viva e descobrir. Vamos.

Eles se dividiram em grupos para achar alguma saída, Beatriz e Neo procuravam no quarto onde foi achado a pedra, Alex procurava na cozinha e Luna entrou na outra porta à direta. Enquanto procuravam eles se comunicavam.

— Nada aqui – Gritou Alex.

— Aqui também não – Disse Beatriz.

Luna observava as paredes do quarto e viu algo como um pedaço de pano solto no canto superior direito da parede à esquerda da porta.

— Pessoal, venham aqui – Disse Luna.

Os três pegaram suas coisas e correram até ela e Luna os mostrou o pedaço de pano.

— Deixa eu ver o que é – Disse Alex.

Alex pôs-se de ponta dos pés e puxou um pedaço do pano.

— Que merda é essa? – Murmurou Alex.

Ao terminar de puxar tudo, o pedaço de pano revelou-se um papel de parede camuflado de parede de madeira.

— Não acredito – Disse Luna.

De repente um barulho de coisas quebrando seguido do grito dos homens os alertou. Neo correu para olhar e viu que eles haviam entrado.

— Alex, a cama! – Gritou Neo.

Alex empurrou a cama com seu pé direito e, por ser atleta, possuía muita força na perna, lançando a cama de um lado ao outro do quarto com facilidade.

Neo parou a cama com ambas as mãos e quando começou a colocá-la na porta para fazer uma barricada, um dos homens colocou seu braço impedindo a porta de ser fechada. Beatriz pegou o canivete do bolso da calça jeans de Alex, correu até a porta e enfiou a faca na mão do homem.

— Furo por furo, desgraçado! – Exclamou ela.

Luna aproveitou, pegou seu bastão e bateu na faca, enfiando-a ainda mais, prendendo o braço do homem, atrasando-os.

Beatriz viu que a pedra começou a brilhar suavemente.

— Fiquem atrás de mim – Disse Alex com a mão na maçaneta da porta que fora revelada ao retirar o papel de parede camuflado.

Ao abrir a porta e iluminá-la, podia ser visto uma escada de metal que levava ao que parecia ser um porão.

— Vamos pessoal – Disse Alex – Cuidado com os degraus.

Eles passaram pela porta e a fecharam após si. A porta travou automaticamente, os quatro olharam para trás, mas continuaram a trajetória. Ao chegar no final da escada, eles se depararam com uma parede.

Era uma estrutura redonda de metal com aparatos de uma engenharia muito estranha ao redor e arquitetura que indicava uma tecnologia jamais vista. No meio dessa estrutura havia um espaço com o formato da pedra que Beatriz carregava que brilhava em uma cor forte, cintilando rapidamente. Nesse momento o telefone de Alex toca.

— Alice? – Atendeu Alex.

— Alê, onde você está? Mamãe e papai saíram e eu estou com fome – Dizia uma voz infantil do outro lado da linha.

Alex ficou sem resposta por um momento.

— Alê?

— Estou aqui querida. Eu vou demorar um pouco.

— Você prometeu que iria vir mais cedo hoje e a gente ia ver filme o feriado todo.

— Me perdoa querida. Eu prometo que vou voltar e vou levar salgadinhos para você daqueles que você gosta.

— Muitos?

— Muitos! Eu prometo. Agora fica quietinha em casa, não mexe em nada, coloca o DVD da Barbie e vai assistindo até eu chegar, está bem?

— Está bem, Alê. Te amo.

Alex segurou as lágrimas o máximo que podia.

— Eu também te amo, meu amor. Beijos.

Alex desligou o telefone.

— Quem era? – Perguntou Beatriz.

— Minha irmãzinha.

— Você tem irmã? – Perguntou Neo.

— Não, esse é o nome que ele dá ao Poodle dele, que pergunta idiota, Neo – Respondeu Luna.

— Dá um tempo.

— Pessoal – Chamou Beatriz, olhando para a porta – Acho que essa era a porta que diz a pedra.

Eles se aproximaram e olharam para a estrutura.

— Há um espaço ali – Disse Alex.

Beatriz foi se aproximando com a pedra nos dedos, mas foi repreendida por Neo.

— Ei! O que pensa que está fazendo?!

— O que foi, Neo? – Perguntou Beatriz – Não quer ver o que isso é capaz.

— De jeito nenhum. Isso enlouqueceu o meu avô.

— Quer dizer então que você acredita que isso é alguma coisa.

Neo se calou.

— Não temos outra saída, Neo – Disse Luna – Vai, coloca esse trem aí.

Beatriz levou a pedra ao espaço da estrutura, colocando-a suavemente. De repente as inúmeras travas da porta se abriram e a pedra voou até o espaço do colar. Enquanto a porta abria, Beatriz colocava o colar no pescoço.

Todos olhavam atentamente para cada movimento da porta, a ansiedade para ver os segredos que ela guardava era muita. Quando a porta finalmente se abriu, era possível ver uma fumaça azul saindo da mesma.

— Estão vendo alguma coisa? – Perguntou Alex.

— Pessoal, tem alguma coisa errada comigo – Disse Beatriz.

— O que foi, Bi... Ah meu Deus! – Perguntou Luna se assustando com o que viu.

O braço de Beatriz começou a se dissolver como areia e a fumaça sugava cada “grão do mesmo”.

Todos olhavam para ela enquanto ela se dissolvia.

— Neo, socorro – Gritou Beatriz chorando de desespero.

Neo foi em direção dela, porém, assim que a tocou ela se dissolveu por completo e foi sugada, levando junto o colar e a pedra.

— Bia! – Gritavam todos eles numa só voz.

Luna se pôs a chorar e Neo se ajoelhou, estático, assim como Alex.

De repente, todos começaram a dissolver de semelhante modo à Beatriz. Alex tentou fechar a porta, porém, além dela ser pesada, seus braços também dissolveram e ele foi sugado. Depois foi a vez de Luna que fora sugada junto com o bastão. E por último Neo, que olhou os seus amigos serem reduzidos a nada assim como seu corpo começava a fazer.

Foi quando finalmente todos foram sugados pela porta que se fechou após tudo isso.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Comentem o que acharam, por favor. Até a próxima e beijos do THE