A Luz de uma Estrela escrita por A Garden full of Stars


Capítulo 6
Capítulo 5




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Ele me fita com seus olhos castanhos.
Eu tento dar para ele um sorriso amigável.
– puxa, muito obrigada por segurar essa pequena peste.
Ele começa a acariciar minha cachorra, eu fiquei sem saber o que fazer com os meus braços, então cruzei-os
–Nada demais- ele devolveu o sorriso. O dele muito mais bonito e brilhante que o meu.- ela é lhasa-apso?
–É, você conhece a raça?- eu pergunto.
–Conheço, tive um desses uma vez. - ele estende-a para mim que pula em meus braços. Eu prendo ela na coleira e fico segurando-a. Kyle passa a mão sobre o cabelo com uma expressão intrigada. Imagino que a minha expressão esteja bem parecida já que eu não consigo parar de pensar sobre a ausência de aura nele.
–Qual o nome dela?
–Tiana, hm, aquela de A princesa e o sapo sabe? - ele sacudiu a cabeça a respeito da minha pergunta.
–É um livro?
–Não, é um desenho animado.- ele assumiu uma expressão divertida
–Quem escolheu?
–Eu. - sinto Tiana repuxar a correia querendo continuar o passeio- eu sei, infantil- dou de ombros- fazer o quê se eu assistia A Princesa e o Sapo com quinze anos de idade?
Ele ri. Tiana late chamando minha atenção novamente.
–Hm, acho que ela quer continuar o passeio.- ele concorda com a cabeça- quer vir com a gente?
Ele hesita por um instante, olha em volta, mas acaba por falar:
–Quero.
Ele começa a caminhar em uma direção, mas para quando ouve minha risada.
–Kyle, a gente vai por aqui.- ele passa a mão pelos cachos e ri também. Nós caminhamos por alguns metros e ele pergunta:
–Você nasceu aqui?
–Não, eu nasci em Vancouver, me mudei para cá tem quase três anos.
–Sério?
–Aham. Você é de onde?
–Eu vim da Alemanha. - ele responde- mas já morei em muitos outros lugares.
–Quais?
–Já morei na Austrália, Indonésia, França, Japão, Brasil e Africa do Sul. - ele sorri diante da minha cara de espanto.- pois é.
–Todos esses lugares?! Puxa.- Eu ia perguntar mais, porém ele pergunta antes:
–Como era lá no Canadá?
–Era muito bom. Tenho saudades daquela época. Dos meus amigos, das tardes tranquilas em que eu ficava na varanda desenhando o que eu via da janela, sinto falta do meu pai...- eu não percebi que tinha dito sobre isso. Não havia nenhuma razão para ter dito o que eu disse, mas é assim que a dor funciona: ela vai estar sempre com você, ela pode ficar adormecida por um tempo, mas quando volta, ela volta com tudo. Kyle me olha curioso.
–Como assim?- parabéns para mim.
–Hm... Meu pai morreu quando eu morava lá. Ele teve um infarto, foi tão repentino e doloroso e eu tinha apenas quatorze anos de idade.
–Puxa deve ter sido horrível.- eu aceno com a cabeça.
–Ele era médico, lidava com isso o tempo todo, mas nós nunca imaginamos que algo assim pudesse acontecer. Minha mãe estava grávida de 4 meses, mas perdeu o bebê. Nós duas entramos em um estado de entorpecimento. Agora só temos uma a outra e somos muito unidas. Ela é tudo o que eu tenho.- uma lágrima ameaça escapar pelos meus olhos, mas surpreendo-me por isso ser tudo. Pela primeira vez, eu falo sobre isso sem chorar. Kyle me surpreende ainda mais quando me abraça. Permanecemos alguns segundos assim e quando ele me solta eu me sinto muito mais leve, enxugo uma lágrima no canto do meu olho e digo:
– obrigada.- eu ainda sentia a calma que o abraço dele me transmitiu. Caminhamos mais alguns metros e Kyle conduziu a conversa com entusiasmo, mas na maior parte, eu era quem falava. Chegamos na porta da minha casa e eu lembro:
–Kyle!! Você esqueceu seu livro e seu celular. Entra rapidinho pra eu buscar.
–Está tudo bem, eu espero aqui.- não me parece legal deixá-lo aqui, mas não quero insistir.
–O.K. quer água?
–Não, obrigado.- mais um dos seus sorrisos brilhantes.
Eu entrei e busquei as coisas dele.
–Aqui, o livro e o seu celular. Hm obrigada, foi legal conversar com você.- ele sorri e diz:
–eu que agradeço. Foi um prazer te conhecer Lou. Posso te chamar assim?
–Claro.
Ele sorri e se afasta enquanto eu entro em casa.
***
Á noite, naquele instante em que oscilo entre a consciência e o sono, o modo como Kyle disse "Lou" ecoou em minha mente. Com os olhos fechados eu sorri.
***
Ela fita o espelho, as madeixas estão parcialmente presas, o que fica elegante e sexy ao mesmo tempo. Os olhos escuros, negros acentuam os cabelos vermelhos e ondulados dela. Traços faciais rmarcantes exibem uma beleza impressionante. Usa um vestido verde, tomara que caia, todo trabalhado em pedras e uma saia volumosa de cetim, ele destacava ainda mais seus cabelos ruivos. Nós (a ruiva e eu que observava de fora) despertamos de nosso torpor com quatro batidas na porta. Em seguida uma voz veludosa que diz:
–Posso entrar?- ela sorri e grita:
–Não, só vai levar um minuto.- Ela caminha até a cama, abre uma caixa e sorri para o conteúdo. Ela retira um colar de brilhantes e coloca no pescoço. se vira para o espelho e nós duas fitamos o colar, o brilho parece se intensificar e eu fecho os olhos. Não só eu, percebo em seguida, mas ela também. Ouço a porta abrir e abro os meus olhos novamente. Me fito no espelho e vejo meu reflexo, agora sou a garota ruiva, a mesma que sorri e cora quando ouve da mesma voz aveludada:
–Você está linda.

Eu acordo.
***
–Você está linda.

Essa frase ecoa na minha mente. Enquanto eu me arrumo para a escola, enquanto eu tomo o café da manhã, enquanto vou para a escola. Ainda não me lembro o dono dessa voz, não me lembro do rosto dele, mas a voz não sai da minha cabeça. Quando entramos na sala de aula Joe me encara e vem falar comigo. Eu suspiro, lá vem o sem aura bruto.
–Ah, oi. Melody certo?-eu acenei com um sorriso que suspeito ter soado falso- você melhorou desde ontem?
–Melhorei. Aliás obrigada, por ontem e por se preocupar.- deve ter soado irônico, mas juro que não foi a intenção. Eu começo a andar até uma cadeira e ele me segue. Com um meio sorriso no rosto.
–Você viu um médico?- sério, agora fiquei confusa, ontem ele foi todo grosso e agora está sendo atencioso e gentil. Dei de ombros mentalmente e respondo:
–Não, acho que não foi necessário.
– Então. Sou Joe. Joe Cooper.- ele estende a mão, eu o cumprimento e digo:
–Melody Brown. Está gostando da escola?
–Tem como gostar da escola?- eu dou uma risadinha. - bem no geral a escola é legal. Bem melhor do que na África do Sul.
Eu me lembro da conversa que tive com Kyle.
–Você veio da África também?
–Como assim também?- ele questiona.
–O Kyle, aquele que também me ajudou ontem veio de lá também.
Joe levanta uma sobrancelha.
–Sério? Eu não sabia- depois ele dá um meio sorriso- foi um prazer conhecer você Melody. Tenho a impressão de que seremos amigos.
–Claro.- eu respondo


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