Vida de Princesa escrita por Kikonsam


Capítulo 3
Todos vivem sorrindo, cantando um canto de paz.


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui vai mais um espero que gostem!



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Passo com meu carro pela entrada. O centro de audições está cheio de carros no estacionamento. Surpreendo-me com o fato de eu conseguir uma vaga. De fato, estava assustada com o fato que a menina do vídeo do youtube disse sobre ter que chegar cedo. Imagino que duas horas de antecedência seja cedo o bastante, não é? Ainda assim quando eu cheguei deu para perceber um monte de meninas na fila. Das mais diferentes raças, cabelos e estilo de se vestir, as meninas estavam totalmente lindas. Uma mais bonita do que a outra, pelo visto será difícil de eu bater algo como isso. Já se passou uma semana desde o meu telefonema para Ashley, e neste meio tempo deu para rever o filme da Bela Adormecida pelo menos mais três vezes. Decorei as expressões da princesa Aurora, apenas de ela aparecer por apenas 18 minutos no filme e ter pouquíssimos diálogos.

Esta sala de audição em Nova York parece ser imensa. Eu apenas estaciono meu carro e saio andando em direção a uma mesinha que tem do lado de fora, com duas mulheres sentadas. Tem mais três meninas na minha frente, e espero um pouco. Chega a minha vez, e uma mulher sem nem ao menos olhar para mim, olhando para os papéis, diz:

– Nome, por favor.

– Emily Trane. – digo.

A mulher vira algumas folhas e faz um risco no meu nome. Parece uma lista enorme cheia de meninas. Ela pega uma cartela adesiva, e finalmente olha para mim através de seus óculos na cara, e diz:

– Nossa. Você parece muito com a princesa...

– Aurora. – completo para ela. –Eu ouço muito isso.

– É. – diz ela, rindo para mim e estendendo a cartela adesiva com o número 37. – Coloque isso em sua blusa e boa sorte. Não que você vá precisar.

– Obrigada. – digo, mostrando um sorriso.

Não tem muito porque mostrar um sorriso. Mas nos vídeos que vi na internet, uma antiga princesa Jasmine já aposentada disse que em todos os parques as pessoas querem estar felizes, e querem sempre estar com u sorriso na cara. Um sorriso é essencial para mostrar como você estará em toda sua jornada de trabalho diária.

Saio da fila e me dirijo até onde as meninas estão sentadas, no chão, afrente de uma porta de vidro.

– Com licença.- digo, interrompendo uma conversa de duas meninas.- Como é que funciona? A gente só espera aqui mesmo?

– Sim. – fala uma menina um pouco morena. – Ficamos sentadas e depois vão nos chamar pelos nossos números.

– Certo. – digo. – Posso me sentar com vocês?

– Não precisa nem perguntar. – diz uma menina mais branca de olhos verdes, abrindo espaço para eu sentar.

– Obrigada. – digo, com um sorriso no rosto.

Todas parecem ter visto vídeos na internet. Elas estão com sorrisos imensos.

– Nossa, você daria uma boa princesa Aurora. – diz uma menina negra ao lado da mais morena.

– Eu sei. - digo. Odeio falsa modéstia. Claro que daria uma boa Aurora. – E você daria uma boa Tiana!

– Ah... – fala a menina. – Você só diz isso por que sou negra!

– Não. – diz a menina de olhos verdes ao meu lado. – Você tem covinhas, assim como a Tiana!

– O que importa é que todas temos o mesmo sonho. – diz a menina morena á minha frente. – Virarmos princesas!

– Eu não. – digo ríspida. Alguma dessas meninas pode vir a ser minha amiga, e não gosto de falsidade com amigas. – Só fui convidada por que por acaso em um restaurante uma das coordenadoras de audições me encontrou.

– Espera, então você veio aqui por quê? – pergunta a menina de olhos verdes ao meu lado.

– Dinheiro. – falo, curta e grossa.

As meninas me olham com um olhar esquisito, mas parecem querer mudar de assunto. Conversamos sobre outras coisas por horas. O calor é de derreter, o lado de fora é horrível e quanto mais o tempo passa mais meninas vão chegando. Quantas mais querem ser princesas da Disney? Realmente, essa companhia domina o planeta.

Três horas se passam, assim como mais cem meninas no pequeno espaço do lado de fora do prédio antes que uma mulher loira de olhos azuis e grávida abra a porta e diga:

– Meninas de números de 1 até 50 podem entrar, as demais esperem.

Levanto-me junto com minhas outras colegas e mais algumas que estão á minha frente. E é aí que refresca. O ar condicionado parece estar na temperatura ideal para o calor infernal do mundo lá fora.

– Meninas. – ouço uma voz de auto- falante ecoar pelo hall. – Uma por uma, vocês serão chamadas para uma sala no final do corredor. Se acomodem nos chãos, podem se sentar e conversar que por ordem de números vocês serão chamadas para se apresentarem aos coordenadores das audições.

Acomodo-me novamente no chão. Não aguento mais, tenho que comer alguma coisa. Abro minha bolsinha e tiro um pacote de Oreos que guardei especialmente para esta ocasião.

– Alguém aceita? – ofereço ás minhas novas colegas.

– Eu aceito. – fala a menina morena á minha frente, metendo a mão no pacote. – Obrigada.

– De nada. – falo. – Mais alguém?

Todas parecem dizer que estão satisfeitas.

Chamando uma por uma, num intervalo de mais ou menos dois minutos de uma para a outra, nós esperamos até que chamem nossos nomes. Imagino que esta seja uma das etapas que a menina do vídeo da internet falou.

– Número 34. – fala a voz no alto-falante.

– Sou eu. – fala Tori, a menina negra quem fiz amizade.

– Boa sorte. – digo.

Não demora muito para que minhas outras duas colegas se apresentem e eu ouça o alto-falante:

– Número 37.

Levanto-me, trêmula, e me dirijo até a porta que fui indicada. Abro-a e vejo uma pequena mesa com cinco mulheres atrás, uma delas eu reconheço na hora: Ashley Holmes, a mulher que encontrei no restaurante com a filhinha.

– Pode se dirigir ao centro da sala. – fala uma das mulheres.

Dirijo-me e fico parada por mais ou menos 15 segundos dos coordenadores me olhando. É meio desconfortável, mas consigo sobreviver. Afinal, todos nós vamos ser julgados alguma vez na vida, não é mesmo?

– Seu nome, querida? – pergunta a mulher loira grávida que nos chamou para dentro.

– Emily Trane. – falo.

– Sua idade? – pergunta Ashley.

– 22 anos. – digo. Lembrando que estou com um largo sorriso no rosto o tempo todo.

– Muito bem. – diz outra coordenadora. – Vá ali tirar suas medidas e esperar na outra sala, por favor.

As medidas não demoram muito. A circunferência da cintura, altura, peso, tudo isso conta. Vou para outra sala e compartilho minha “experiência” com minhas colegas. E haja conversa. Foram pelo menos mais duas horas de espera até que todas as meninas tivessem ido. Um pequeno intervalo de dez minutos foi feito e aí consigo ouvir os alto-falantes:

– Atenção todas. Muita atenção, pois esta mensagem não será repetida. Cerca de 50 meninas não passaram para o segundo teste. São essas os números: 1, 2, 7, 12, 13, 17,...

Os números foram passando, até que eu consigo ouvir os números chegando perto do meu:

– 26, 28, 32, 34, 36, 39...

E aí passou. Eu passei para a segunda fase. Mas infelizmente não foram todas. Minhas colegas, Tori e Kristen, que estavam conversando comigo, simplesmente não passam.

– Me desculpe. – falo, abraçando Kristen, que chora um pouco.

– Tudo bem. – diz ela no abraço. – Você merece. Nunca desista.

– Obrigada. – digo.

Abraço Tori, que parece muito conformada.

Agora, das que eu fiquei conversando, só restou a Jade. Com sua pele morena ela deve ter lembrado Pocahontas ou Jasmine para as coordenadoras. Depois que as meninas que foram eliminadas saem, somos todas chamadas para uma fila em uma outra enorme sala no andar acima, na qual recebemos alguns scripts com os papéis que devemos seguir. Não é de me surpreender que recebo a Aurora. Sabia disso, e no script tem falas do filme. Vai ser moleza.

Olho para trás e vejo Jade vindo com seu papel.

– Quem você recebeu? – pergunto, com um sorriso.

– Pocahontas. – diz ela, com um sorriso meio forçado.

– Que demais! – digo.

– E você? – pergunta ela.

– Aurora. – digo. – Não é de se surpreender. Mas eu adoro a Pocahontas, você daria uma ótima!

– Eu sei. – diz ela, com um sorriso forçado. – Mas eu preferia a Jasmine, ela fala mais com minha personalidade.

– Ei. – digo, colocando minha mão em um de seus ombros. – Você é ótima, e vai ser ótima como Pocahontas do mesmo jeito.

– Obrigada, Emily. – diz ela, sorrindo para mim.

– Vamos, vem se sentar aqui no chão para ver o script e estuda-lo. – digo.

Sentamos-nos no chão e começamos a ler nossos scripts, e Jade olha para mim e diz, cantando:

– Se acha que eu sou selvagem, você viajou bastante, talvez tenha razão.

– Espera. – interrompo-a, tomando um susto. – Temos que cantar?

– Sim, é o que diz no script. –diz Jade.

– Mas... – eu não havia visto a parte de cantar no script, então começo a passar as páginas.

Passo três páginas e me deparo com a letra da canção “Uma vez no Sonho”, da Bela Adormecida. O único pensamento que vem á minha cabeça eu falo em voz alta:

– Puta que pariu.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler, deixe suas impressões nos comentários! Próximo capítulo em no máximo cinco dias!



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