Vida de Princesa escrita por Kikonsam


Capítulo 12
Sonhando assim...


Notas iniciais do capítulo

Oiee, como prometido, aqui vai mais um capítulo, espero que gostem!



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O dia hoje foi estressante. Pelo menos outra menina pôde representar a Aurora no desfile do Magic Kingdom, já que eu estava no Epcot congelando até a morte do lado de fora de um restaurante. Enquanto estou no meu carro indo para casa, vou pensando em o quanto eu estou levando isso. Eu sei que estou quase no ponto de dar entrada em um apartamento na área nobre de Orlando, onde eu e James poderemos ter uma vida digna de nós dois, mas ás vezes paro para pensar se estou indo longe demais. Rose e as meninas só querem meu bem, e eu realmente acho que toda essa história de ser Aurora está indo longe demais. Estou passando dos limites. É, acho que é melhor eu me controlar, e assim que eu receber o pagamento do primeiro mês e der entrada no apartamento, eu passarei a maneirar nas minhas idas ao trabalho.

Estaciono meu carro em frente ao pequeno edifício de três andares no subúrbio de Orlando no qual eu e James moramos. Este lugar é uma espelunca, mas pelo menos é um lugar para se viver. Pego minhas sacolas com minhas coisas no banco de trás do carro e ando, abro o portão, subo as escadas até o primeiro andar. Abro a porta e vejo tudo desligado. Imagino que James já esteja dormindo. De fato ele tem trabalhando muito entregando pizza. Vou ao nosso quarto e o vejo dormindo como um anjo, sem camisa mostrando seu corpo sarado no qual me apaixonei á primeira vez que me encontrei com ele á dois anos em uma praia de Nova York.

Vou á cozinha, abro a pequena geladeira e tiro uma garrafa de leite. Bebo da boca, mesmo. Não tem o porquê de eu sujar um copo, afinal é só para matar a sede. Deixo a garrafa de volta á geladeira, e estou indo em direção ao meu quarto para dormir quando eu vejo. A edição diamante de “A Bela Adormecida”, na qual eu comprei para poder ensaiar para as audições. A pequena televisão e o aparelho de DVD estão ligados na tomada, e seria só eu colocar o DVD e assistir de novo. Eu sei que disse que tentaria maneirar em ser princesa, mas acho que assistir só mais uma vez não vai me fazer mal. Pego o DVD, e coloco-o para tocar. Sento-me no sofá todo esburacado e velho, e olho enquanto começa o filme.

Que belíssima obra prima. Nunca farão um filme como esse nunca mais. Quando imagino que isto foi em 1959, vejo que era muito superior aos padrões da época. Isso de fato é gratificante, saber que estou fazendo parte da encenação de uma verdadeira obra prima. O tempo passa, e vou me afundando mais á história, como se eu assistisse-o pela primeira vez. A princesa Aurora aparece. Ela é tão bonita, e dá vontade de chorar de emoção só de vê-la. A cena na floresta, minha preferida. Saber que encontrou o verdadeiro amor no momento em que o vê. Isso que é amor... Isso que é ser uma princesa, tem que se fazer com amor, tem que transmiti-lo para todos. A cena que eles olham para o castelo ao longe é minha preferida. Dá para perceber cada detalhe nessa incrível produção. Mas de repente, tudo escurece, e percebo que a televisão se apagou.

Olho ao redor, aturdida. Vejo James somente de cueca com o controle remoto na mão, olhando para mim assustado. No momento sinto uma incrível raiva dele.

– O que você pensa que está fazendo? – pergunto, levantando-me e colocando minhas mãos na cintura.

– Eu quem pergunto. – fala ele. – Você já viu que horas são? Você tem que trabalhar amanhã.

– Eu já estou trabalhando, se não percebeu. – falo, apontando minha mão para a televisão. – Eu estou vendo como melhor atuar.

– Querida, - começa ele, e chega mais perto, segurando meus ombros. – Você já atua muito bem. E já assistiu a este filme muitas vezes. Tenho certeza que uma noite de descanso não lhe fará mal.

– Não! – falo alto, quase gritando, tirando suas mãos de meus ombros. – Você não me diz o que fazer, Phillip! – Neste momento, percebo o que falei, e vejo James na minha frente com o rosto com uma expressão de indagação. Mas logo tento recuperar. – Quer dizer, James. Você não vai me dizer o que fazer!

– Phillip? – fala ele, e vejo-o estressado, tanto que ele começa a gritar: - Emily, que porra é essa? Você está louca! Você está perturbada! Não devia ver este filme, agora vá para o nosso quarto dormir. Agora!

– Não, eu... – Tento me desculpar. Mas vejo que quem fez a merda fui eu.

– Agora. – fala James, apontando para a porta do quarto.

Ando pisando fundo. Pareço uma criança mimada. Mas sei que ele só quer meu bem. E eu acho que estou indo um pouco demais, mesmo. Deito-me na cama do jeito que estou, e cubro-me com os lençóis finos. Durmo instantaneamente, tanto que nem consigo presenciar quando James se deita ao meu lado para dormir.

. . .

Abro meus olhos lentamente. Sinto-me descansada. Espreguiço-me antes de me sentar na cama. Olho para o relógio. 06:30.

– Meu Deus! – grito.

Olho para os lados, e não vejo James. Corro até a porta. Estou atrasada. Tento abri-la, mas não consigo.

– James? – falo, mas ele não me responde. Grito: - James!

– O que foi, Emily? – pergunta a voz dele do outro lado da porta, e percebo voz de sono. Ele acordou com meu grito.

– Que merda é essa, James? Abra esta porta! – grito. – Estou atrasada.

– Você não vai trabalhar hoje, Emily. – fala a voz dele.

– O quê? Claro que vou. – falo.

– Não, não vai. Você tem que descansar. – fala ele, e já começo á ficar estressada. – Eu liguei para lá e disse que você acordou se sentindo mal.

– Eu estou ótima! – grito. – E abra esta porta. James! – grito, forçando abrir a porta. Estou atrasada. Não posso faltar.

– Calma, Emily. Não vai ser o fim do mundo se você faltar hoje. – fala sua voz. – Aproveite e vá descansar.

Tento manter a calma. Não posso faltar hoje. Não posso mesmo. Mas não vou conseguir sair por essa porta de jeito nenhum. A não ser... Que a janela seja uma saída.

Olho para a janela do meu quarto, e olho para baixo. Uma pequena queda em uma caçamba cheia de sacos de lixo. É, eu sobrevivo.

Vou até a minha bolsa, pego minha chave do carro, enfio no bolso de minha calça jeans, assim como meu celular. Penduro-me na janela, com as pernas para o lado de fora, e tento não pensar em nada. Pulo. Sinto o vento percorrer meu corpo, até senti-lo cair em sacos de lixo. Recupero-me logo, e saio, correndo para meu carro. Por dentro, o portão abre sem chave. O abro, e vejo James olhar-me da janela com um olhar assustado. Corro antes que ele me pegue.

– Emily! – Ouço seus gritos antes de eu entrar no carro.

Entro, ligo a ignição e dou a partida no carro. Ele se joga no meio da rua, mas não ligo, dou a volta e deixo meu marido ali, parado no meio da rua, só de cueca. Dirijo e tento não pensar no que acabei de fazer. Chego ao estacionamento e estaciono meu carro em qualquer lugar aleatório, provavelmente uma vaga de deficientes. Passo correndo pelos corredores subterrâneos até os camarins.

Olho para todos, que enquanto eu passo veem meu rosto com uma expressão assustada. Não falo com ninguém, apenas vou para o maquiador Richard. E vejo-o fazendo meu penteado de Aurora em uma pessoa esquisita: Danielle.

– Emily? – pergunta Richard, com seu jeito afetado de veado.

– Emily? – repete Dani, olhando-me pelo espelho. – O que você está fazendo aqui?

– Trabalhando. – falo. – Meu maquiador, minha personagem, minha maquiagem. Você é a Malévola, não Aurora, agora vaza!

– O quê? – pergunta Dani, virando-se para mim. – Mas eu vou lhe substituir. Disseram que você não viria hoje.

– É, parece que eu vim. – falo.

– Mas querida, já está atrasado. Já nos ajustamos á sua ausência. – fala Richard.

– Danielle pode ser mais uma Aurora, afinal, temos muitos metros quadrados para serem preenchidos nos parques. Mais uma Aurora não fará mal. Agora, por favor, saia! Eu sou a principal, e hoje é Meet and Greet. Eu tenho prioridades.

– Ela pode fazer isso? – pergunta Danielle para Richard.

– Eu não sei, mas ela tem um bom ponto... – fala Richard, olhando para Danielle com olhos afetados por trás de seu rosto negro.

– Alô? Alguém escutou o que eu falei? Estamos atrasados, agora com licença, Danielle. – falo, mostrando a saída para Dani.

Ela olha para mim e Richard com desprezo, como sempre, mas sai em silêncio.

Sento-me na cadeira e olho-me no espelho. Vejo-me acabada, com olheiras e meu rosto todo marcado de manchas de lençol. Meu cabelo bagunçado e pareço muito triste. Mas em poucos segundos me dou conta que Disney World não é lugar para tristeza, e sim um lugar onde você fica com rosto doendo de tanto rir.

– O que está esperando? – pergunto para Richard. – Me faça uma princesa.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler, espero que tenha gostado! Deixe suas impressões nos comentários! Próximo capítulo em no máximo cinco dias!



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