Azure escrita por Hont91


Capítulo 13
Capítulo 12, A espada triste (Draik)


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas saiu, capitulo 12 só pra voces xD
Tambem estou editando todos os titulos de capitulos com os personagens que protagonizam elas



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Draik: AHHHHH
O garoto de cabelos castanhos acordou gritando, o corpo suado, os punhos fechados, olhou pela pequena janela do quarto de hospedes que recebeu de Kidou para passar a noite, o sol ainda não havia nascido. Encostou a mão na testa, limpando o suor e reorganizando as idéias, não era do tipo de ter pesadelos, não era nem ao menos do tipo de sentir medo sem razão, muito menos gritar, tinha alguma coisa errada com ele, definitivamente.
Tentou se lembrar do sonho, mas não conseguia, em sua cabeça tinha apenas imagens que não faziam sentido, nenhuma era realmente assustadora, uma espécie de batalha, contra um inimigo invisível, luz, sombra, fogo, sangue, dor... Foi ai que acordou, na dor excruciante que havia sentido...
Draik: Tenho um mau pressentimento...
Uma coisa deve ser dita sobre Draik... Quando ele começa a falar de coisas como pressentimentos, é melhor ser levado a serio, pois normalmente é a ultima pessoa do mundo a acreditar em uma coisa dessas.
Draik: É melhor esse idiotas estarem bem vivos quando os encontrar, ou eu vou descer as profundezas do inferno só para matá-los de novo...
Apressado e preocupado, pela primeira vez em muito tempo, ele se levantou, e 5 minutos depois saia do quarto completamente vestido. Usava uma bota pesada para caminhadas bem parecida com as que o exercito usa, uma calça grossa preta, uma camisa preta aparentemente bem resistente, a manga ia até os cotovelos. Por cima de tudo uma capa de viagem pesada, negra e com vários bolsos internos, cheios de bugigangas.
Kidou: Aonde vai?
O garoto foi pego de surpresa ao abrir a porta e se dar de cara com o ferreiro, que apesar da pergunta não parecia surpreso em ver o garoto apressado e pronto para uma viagem.
Draik: Encontrar os três idiotas que chamo de amigos, tenho a impressão de que estão em perigo.
O ferreiro ergueu uma sobrancelha.
Kidou: Isso é uma novidade, um intelectual falando em coisas vagas como impressões?
Draik: Ontem você queria que eu fosse embora, agora que o sol já nasceu eu posso ir sem problemas, não é exatamente da sua conta é?
O garoto se irritou com ele e quando respondeu sua voz estava um pouco elevada, a ponto de se surpreender, fazia muito tempo que não tinha esse tipo de reação, desde que... Balançou a cabeça, as malditas memórias dando dor de cabeça.
O ferreiro sorriu, parecia estar se divertindo com as reações do garoto ao perder a calma.
Kidou: Que seja, mas você não vai longe sem por algo no seu estomago e sem levar mantimentos, e muito menos sem que eu indique o caminho que tem que pegar, você teve sorte ontem, mas não podemos confiar nessa mesma sorte para hoje também não é? Venha, a mesa esta pronta, e depois eu tenho um presente e um pedido a você.
Draik se acalmou, realmente estava sentindo fome e sabia muito bem que o homem não era de brincar, ele provavelmente não sairia daquela floresta sem que ele lhe ensinasse e na pior das hipóteses morreria perdido no meio daquela floresta. Respirou fundo se acalmando e seguiu o ferreiro até a mesma sala onde os dois conversaram na noite passada. A mesa estava posta, cheia de coisas que Draik duvidava que fossem possíveis de se conseguir naquele lugar da floresta, mas não falou nada sobre isso.
Os dois comeram em silencio, Draik ainda estava de mau humor, mas estava se acalmando e Kidou não parecia muito preocupado com nada. Ficaram alguns minutos em silencio até que finalmente o ferreiro resolveu falar.
Kidou: Pelo que eu entendi de nossa conversa ontem vocês vieram de outro mundo, todos os quatro, mas você e mais dois vieram apenas 3 dias depois do primeiro, que desapareceu, correto?
Ele não se preocupou em responder, apenas acenou que sim com a cabeça, Kidou ainda não tinha terminado.
Kidou: É uma historia difícil de acreditar, mas eu mesmo já vi muitas coisas inacreditáveis em minha vida, portanto vou te dar um voto de confiança... E julgando que você esteja falando a verdade, se vocês não foram parar no mesmo lugar, onde você acha que seus amigos devem estar?
Draik terminou o seu café e empurrou as coisas para o lado da mesa, abrindo um espaço.
Draik: Tem um mapa?
O ferreiro se levantou, abriu uma gaveta e tirou um pergaminho, quando abriu, a primeira coisa que Draik notou era que tanto o pergaminho quanto as tintas nele eram de alta qualidade, do tipo que ele sabia apenas a realeza do seu mundo tinha usado no passado. Os desenhos também eram perfeitos e muito bem-feitos, mas mais importante que isso, ele observou os detalhes que considerava impossíveis de serem feitos com tanta perfeição.
Draik: Quem fez isso?
Kidou: Um amigo.
O garoto balançou os ombros, pelo jeito não era o tipo de historia que iria arrancar do ferreiro. Observou o mapa, o continente de Arcádia era relativamente grande, segundo uma rosa dos ventos que tinha no canto, ao sul ele podia ver os desenhos detalhados de uma floresta de arvores negras com varias criaturas escondidas no meio dela. Ele apontou para ela.
Draik: Estamos aqui?
Kidou: Sim, na floresta do sul, na ponta do continente. Pouco acima – Draik moveu o dedo até outra floresta, com varias figuras meio-humanas meio lupinas. – é a floresta da lua, território dos homens-lobo... Se eu fosse você os evitaria, são agressivos e tem inteligência limitada, apesar de existirem relatos de que alguns deles mantiveram algumas características dos seus ancestrais. Existe uma clareira que é usada pelos nômades durante suas viagens, se não estiver confiante, poderia viajar com eles, eles devem estar na região nessa época, mas eles não gostam de estranhos.
Draik apenas balançou a cabeça, decorando o mapa enquanto ouvia as recomendações e explicações de Kidou.
Kidou: Aqui o rio se divide em dois, um deles vai para o refugio dos Lobos, eles são a origem dos homens-lobo, mas não são agressivos, são fortemente ligados à terra, tem grande noção de honra, vivem durante muitos anos e tradicionalmente são os caçadores das trevas. Uma pessoa como você não iria se dar bem com eles, então se puder, evite ir até lá. Ao leste seguindo o outro rio temos varias pequenas vilas de pouca importância política ou econômica. São bons lugares para relaxar apenas, isso é, se ganhar a confiança dos moradores.
Draik: Pode pular essas vilas, lugares calmos não fazem o estilo deles.
O ferreiro sorriu e continuou a explicação.
Kidou: Seguindo ainda mais ao leste você vai dar de cara com um deserto, nada cresce e ninguém vive lá, mas você já deve saber como são os desertos. De qualquer forma não existe nada de importante e tudo que fica lá morre, evite a qualquer custo, do outro lado tem um reino isolado, mas quase ninguém consegue atravessar o deserto, então sabemos pouco sobre eles, por isso o mapa esta incompleto desse lado. Se voltarmos ao rio que estava seguindo você encontra a única cidade de verdade em todo o continente, e também a capital do reino de Althar, que controla toda a região central de Arcádia, a cidade de Zimut.
Draik: É a maior cidade de todo o continente?
Kidou: Sim, acha que eles vão estar lá?
O garoto sorriu, recuperando o humor.
Draik: Idiotas são previsíveis, e esses três em algum momento vão passar por essa cidade, só espero chegar lá antes deles ou eles vão se separar de novo, algum outro ponto de grande importância no continente?
Kidou: Bem...
O ferreiro então apontou mais acima de Zimut, onde o verde da grama se transformava em uma mistura estranha de cores que lembrava cristais, mas era um espaço enorme.
Kidou: As planícies de cristal, é um lugar sagrado de poder mágico elevado, existem muitos monstros na região, parece que eles se alimentam da energia que irradia do solo. Não sei se você sobreviveria ali, a pressão é demais para humanos.
Draik: Então as minhas chances de achar o Welt nessa região são maiores...
Pela primeira vez naquele dia o ferreiro pareceu se surpreender.
Kidou: Você não ouviu o que eu disse? É demais - Ia continuar a falar mas foi imediatamente cortado por Draik.
Draik: Demais para humanos normais certo? Não estamos falando de um ser humano comum aqui, ele vai sobreviver a um lugar desses, na verdade ele pode ficar até mais forte, se isso for possível nesse mundo. Não, ele não vai morrer ali, ele vai ser atraído a esse lugar como uma formiga é atraída ao açúcar, eu sei disso. – Então apontou para dois pontos, um era uma floresta que tinha o símbolo de uma caveira em cima e o outro parecia uma espécie de templo. – O que são?
O ferreiro suspirou, não adiantava discutir se ele tinha tanta certeza.
Kidou: Essa floresta ninguém sabe exatamente, é um lugar perigoso onde os homens morrem e as mulheres desaparecem, não existem muitos monstros, mas o terreno é acidentado e muito mais fácil de se perder do que na floresta sul. O outro lugar é o templo de Ignis Ferus, ele é no pé da montanha, mas existe outro no topo, onde ninguém vive, dizem que o de cima é onde as almas vão escolher os seus caminhos, seja para o inferno ou o paraíso.
Draik: Ignis Ferus... Fogo... – Por um momento se lembrou de ter visto chamas do outro lado do corredor, no dia em que seu amigo desapareceu. – Talvez...
Depois disso Draik não disse mais nada.

Uma hora depois os dois saíram da casa, Draik já estava com tudo pronto para a viagem, mas o ferreiro mandou ele esperar enquanto foi pegar alguma coisa na oficina.
Quando voltou, tinha dois embrulhos, entregou os dois a Draik. Ele abriu o primeiro, havia um par de armas, duas laminas do tamanho do braço dele, o ponto para segurar elas estava na lateral.
Draik: Armblades? – Ele estava impressionado, era a primeira vez que tinha visto essa arma que tanto o fascinava em seu próprio mundo.
Kidou: São difíceis de fazer, exigem temperamento duplo, tenho que cuidar com peso e com a resistência da arma, e elas precisam ser equilibradas com o usuário. – Ele parecia orgulhoso. – Essas são suas.
O garoto empunhou as duas, estavam perfeitamente equilibradas com ele, e sabia que não podia existir uma arma que se se adapta melhor a ele, eram perfeitas.
Draik: Quando você as fez? Parecem sob medida.
Kidou: Alguns meses atrás.
Draik: Mas como? Você não me conhecia...
Kidou: Ferreiros ruins fazem armas que todos podem usar, bons ferreiros fazem armas que apenas alguns possam usar, mas o melhor ferreiro faz uma arma que somente uma pessoa possa usar. E eu sou o melhor, eu faço as armas, cada uma delas tem apenas um dono verdadeiro, todos os outros vão apenas se machucar com elas, algumas nunca vão sair daqui, outras serão levadas por pessoas com o poder de mudar o mundo, essa arma é sua, não a fiz para você, mas você é o verdadeiro dono dela...
Draik: Obrigado.
Ele colocou as armblades nas costas, presas por tiras de couro feitas especialmente para elas, fazendo com que ficassem firmes, mas pudessem ser ‘sacadas’ a qualquer momento, cortesia de Kidou.
Kidou: Esse foi seu presente... Agora o pedido.
Ele desembrulhou o outro pacote, mostrando a mesma espada em que trabalhava ontem. Hoje ela parecia ignorar a luz do sol batendo nela, se limitando a exibir um tom escuro e triste de azul. Draik a pegou, era uma katana, pesada demais para ele, mas absurdamente bem equilibrada, não havia falhas ou bolhas, a lamina era tão fina que parecia desaparecer. A espada também era maior do que todas as que tinha visto, estranhamente se lembrou que essa não era a forma que a espada tinha ontem quando o ferreiro trabalhava nela. E agora segurando essa espada ele entendeu o que Kidou quis dizer, aquela não era uma arma feita para ele, na verdade duvidava que qualquer pessoa fosse capaz de usá-la corretamente... Ou talvez se conhece uma pessoa que a poderia usar.
Kidou: É minha melhor arma, venho trabalhando todos os dias nela nos últimos anos, nunca enferruja ou perde o fio, não pode ser entortada, derretida ou destruída, pelo menos, não por mortais. É a arma que o rei de Althar me pediu para fazer anos atrás... Não é dele, mas é trabalho dele entregá-la a quem deve usá-la. – Ele embainhou a espada, que fez um som triste ao entrar na bainha, como se soubesse que ficaria muito tempo sem ver a luz do sol novamente. – Se vai para Zimut, entregue-a a ele por mim, mas cuidado, nunca tente usar essa arma para lutar ou vai acabar morto, avise isso ao rei também.
Draik concordou com a cabeça, apenas por segurar a arma ele sabia que ela não era algo com que pudesse lutar, se perguntou porque o ferreiro faria uma arma que parecia tão triste, mas não deu voz a pergunta.
Kidou: Com isso feito, vou te indicar o caminho, boa sorte.

Draik ouviu as explicações do ferreiro e partiu em direção a Zimut, carregando uma espada triste. Preocupado com seus amigos, e mais ainda, preocupado com os efeitos que essa espada teriam nesse mundo, o mundo de Azure.

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Notas finais do capítulo

Eu sei que não mereço reviews pela demora, mas eu sou cara de pau e vou pedir mesmo assim, me deixem um review que eu acelero o proximo



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