Capitulo 11 – Batalha, Parte 2

Não havia lua no céu, ou qualquer fonte de luz, era tudo escuridão, e mesmo assim um par de brilhantes olhos azuis brilhava na escuridão, encarando o exercito invisível nas trevas que se movia sem fazer um único som, e atrás deles, o seu mestre, o inimigo do dono desses olhos.

Fenrir: Entendeu? Nós vamos segurar essas coisas, isso é mais do que nós podemos fazer então você tem pouco tempo para parar o humano... Ele é um covarde então provavelmente estará escondido nos fundos do exercito com alguns guardas, procure por sombras que não estejam atacando...

O garoto concordou com a cabeça. Uma brisa leve soprou nos seus cabelos loiros e ele sacou a espada.

Fenrir: Acha que consegue?

O garoto estava distraído vendo as formas quase indistinguíveis dos inimigos feitos de sombras, e nem ao menos notou a pergunta, mas a resposta veio como um raio, outra memória que ele não tinha, outra coisa que fazia parte de sua natureza.

Chris: Não há nada nesse mundo que eu não consiga fazer...

O Lobo encarou o garoto. Seus olhos podiam ver muito bem naquela escuridão, então ele notou que o garoto tinha uma expressão firme, assim como a voz. Ele não tinha medo, ele nem ao menos duvidava da própria capacidade, e isso era bom, ele era um guerreiro de nascença, e isso seria bom, não apenas agora, mas para o que o destino reservava para o garoto.

O garoto finalmente viu as sombras se aproximando, o ataque havia começado, a hora da batalha. Ele empunhou a katana, e se lançou nas trevas, desaparecendo da visão de qualquer um quase imediatamente.

Para o próprio Chris, aquela era uma sensação estranha. No momento em que sacou a espada, toda a duvida que tinha, todos os pensamentos e medos, simplesmente sumiram.Ee lutaria e só pensaria em lutar, como dizia a voz... Não, como dizia a si mesmo.

“Lute!”.

Dessa vez ele não respondeu que não poderia, dessa vez ele não negou o instinto que dormia dentro dele. Para ele era natural, todo aquele poder que ele tinha, era natural usar... Os olhos ficaram ferozes, a visão clareou, quase como se houvesse uma misteriosa fonte de luz que iluminasse tudo a sua volta. Seus ouvidos ficaram aguçados. Sentiu os músculos retesarem aguardando. Era para isso que tinha nascido, era assim que se sentia completo... Lutando...

A primeira sombra ofereceu pouca resistência, era como cortar água, ela mal parecia física e logo desapareceu... Mas outra duas tomara seu lugar, Chris as cortou com facilidade também, mas mais e mais vinham.

Ele entendeu. Aquelas coisas não parariam de vir, não importava o quanto a cortasse. Era por isso que os Lobos precisavam de ajuda... Ninguém poderia lutar pela eternidade.

Ele cortou mais uma ao meio, e no breve momento em que viu a brecha, pulou pelo caminho, correndo entre as sombras, se defendendo, cortando um caminho por aquelas criaturas, deixando os sons de batalha, e uivos para trás, cada vez mais para trás, buscando seu objetivo apenas.

Sentia suas pernas leves, ele poderia correr, correr por muito tempo nessa velocidade, era rápido, era forte, ele sabia, uma duvida o atingiu, porque era forte? Cortou outra sombra, não importava porque, apenas que era.

Outra sombra surgiu a sua frente, a duvida novamente apareceu, “Quem sou eu?”, “Isso também não importa” pensou cortando outra sombra...

Uma a uma, a cada sombra a sua frente uma nova duvida surgia, um novo medo, um novo arrependimento, e um a um, ele os cortava, com uma força de vontade inabalável.

“No que essa força se baseava?”.

Uma das sombras, maior que as outras, e de certa forma mais física, aparou seu golpe, se alimentando da duvida.

“Porque lutar?”.

Outra sombra o atacou, ela era mais rápida e forte, Chris pulou para o lado desviando por pouco, mas recebeu um corte no braço. Ele tinha hesitado com as duvidas, e isso abriu uma brecha em si mesmo, alimentando as sombras. E logo mais e mais delas se alimentavam das duvidas, porque elas eram o mal das pessoas, e se alimentavam de tudo que fosse negativo.

Chris girou a espada no ar inutilmente, sentia-se sem forças, caiu no chão de joelhos, ainda balançando debilmente a espada no ar.

Chris: O que é isso? – Perguntou quase perdendo a consciência.

Ele viu fogo a sua frente, as sombras pararam por um momento, como se pudessem sentir a presença da alucinação.

Você era assim tão fraco?

-...

Você era assim tão fraco?

- Não...

VOCÊ ERA ASSIM TÃO FRACO?!

- NÃO! – O garoto se surpreendeu ao se ouvir gritando, recuperado da fraqueza. Por algum motivo, não queria ser fraco, algo em si foi lentamente despertando... As duvidas diminuindo, ele não queria ser fraco, não seria fraco, não permitiria que nada o derrotasse... Foi isso o que prometeu, prometeu a quem? Não sabia, talvez a si mesmo, talvez a outro alguém, mas isso também não importava, ele tinha a força, e a vontade, não seriam meras duvidas que o iriam desviar do seu caminho.

Girou a espada.Todas as sombras a sua volta sumiram... Ele não se permitiria ser derrubado por elas.

Na sua frente tinha alguém diferente, agora que as chamas desapareceram, agora que as sombras desapareceram, ele viu uma mulher, vestida completamente de negro, o rosto pálido como se não visse a luz do sol a anos, os olhos e a expressão completamente sem vida.

Mulher: Ora ora... – Quando falava, varias vozes falavam ao mesmo tempo, nem todas femininas. – A sua fé me surpreende, e a sua força também...

Chris: É você? Quem esta controlando esse exercito?

Mulher: Exato! E você! Você tem poder não tem? E quer mais poder não quer? Porque não vem para o nosso lado? Esses animais logo vão ser exterminados! Eles nem podem chegar perto de mim! Hahahahaha!!

Chris:...

Mulher: Você pode não é?! Você nem ao menos se sente mal por estarmos tão perto! Isso é maravilhoso! Maravilhoso! Seu coração! É manchado por ódio! O mesmo que o meu ódio! E não é pouco! Venha! Você quer poder?! Venha!

Chris: Você é uma criatura ridícula... Se entregando assim por poder...

Ela pareceu humana quando gritou, e fez uma expressão furiosa.

Mulher: O que VOCÊ sabe sobre isso?! Como pode falar assim?! Eu sou diferente! Eu era fraca! Meu destino era fraco! Mas olhe agora! Olhe todo esse poder! Você que nasceu para ter poder não pode entender! Nunca! Nunca! NUNCA!

Chris queria que ela falasse mais, pois aquela pessoa, ou talvez a entidade por trás dela sabia algo sobre Chris, ele tinha nascido para ter poder? O que isso significava?

Mulher: ah! Mas a criança não sabe do que eu falo! Há! Que mundo triste e miserável! Que triste deixar um mundo nas mãos de uma criança! Há! Esse mundo vai ser destruído! O fim do mundo se aproxima cada vez mais! E essa criança esta aqui, sem saber de nada! Isso é maravilhoso! Magnífico! Perfeito!

Antes mesmo de terminar de falar o braço da mulher foi envolvido por sombras, muito mais fortes que as outras, e se transformou em uma espécie de lança, instantaneamente ela saltou sobre Chris.

Mulher: Eu vou matá-lo! Eu vou matá-lo! Eu vou matá-lo! E então esse mundo vai morrer! Que maravilhoso! Que maravilhoso! Que maravilhoso!

O garoto não esperava o ataque, ao ponto de que pouco pode fazer contra a força sobrenatural, e a velocidade monstruosa, a lança de sombras perfurou no braço esquerdo, a poucos centímetros do coração, ela falava serio, queria matá-lo, mas também era louca, e o garoto já não podia mais se dar ao luxo de tentar descobrir alguma coisa pelo que ela falava. Moveu a espada só com a mão direita, sentiu a resistência do corpo humano, mas não parou, cortando a mulher ao meio pela cintura.

Ainda no ar, a mulher ria, como se nem sentisse a dor, nenhum sangue jorrou, ao invés disso, sombras saíram de dentro do corpo e juntaram as duas partes do corpo dela.

Mulher: Hahaha! O que acha?! Eu sou invencível! Não importa o quanto me corte! É impossível!

Em silencio o garoto avançou, cortando e perfurando, mas assim que tirava a espada do corpo sombras imediatamente remedavam os ferimentos da mulher, que nem se importava em se defender. Não importava aonde o garoto cortava.

[autor sem capacidade para cenas de luta decentes]

A quanto tempo estava lutando? Ele se perguntou, 10 minutos, talvez 20, já estava com a visão embaçada, já nem ouvia os sons da batalha no refugio dos lobos. Sangue escorria dos vários ferimentos no corpo do garoto, alguns teoricamente letais, mas ele ainda estava de pé, tremendo, mal agüentando a espada, mas ainda estava de pé, e na sua frente, ainda rindo enlouquecidamente estava a mulher de sombras, sem nenhum ferimento, todo curados.

Mulher: Entendeu agora? Você não pode me derrotar! Agora venha querido, vou te dar uma boa morte! Fique quietinho ok? Não quero me sujar de sangue...

Ela foi aproximando, lentamente. O garoto mal podia juntar forças para se por em posição de defesa. Ele não entendia porque ela era tão forte, ou será que ele era fraco? Ele não entendia, mas estava tudo perto do fim mesmo, de que importava? Ela ergueu a lança, e então atacou, com as ultimas forças ele também a atacou.

A lança e a espada se cruzaram, e pararam por um instante, e então com um som fraco, espada se quebrou, e a lança perfurou o coração do garoto.

Ele caiu, ela riu.

Os olhos dele foram se fechando, mas ele viu um reflexo prateado, Fenrir? Não, era metal, prata... Prata... Abriu os olhos.

Chris: Erin!

A garota estava com vários ferimentos no corpo, e parecia cansada por chegar até ali, ela estava sobre ele em posição defensiva, o báculo de prata era a única coisa entre ela e a mulher, e mesmo assim ela não se movia, Chris viu que escorria sangue negro da ponta do báculo e pode ver um ferimento que não se curava no pescoço da mulher.

Chris: O que você esta fazendo aqui!?

Erin: Eu estava preocupada! Desculpe esta bem?! Agora fica quieto, ela errou o seu coração por pouco, mas você não pode mais ser me mexer!

Chris: Mas! Você não pode ferir ela!

Erin: Fenrir não sabia disso, ela já não é humana, a sua espada não pode ferir ela, mas o meu báculo pode!

Chris: O que?

Ela não explicou, apenas avançou contra a mulher, que se defendia precariamente, agora que lutava com alguém aparentemente podia feri-la. No braço, na barriga, na perna, os golpes de Erin com a ponta de prata abriam ferimentos permanentes na mulher de onde vazava sangue negro.

Mulher: Miserável! Mise-Gwah!

Erin havia conseguido um golpe, perfurando a barriga dela, a mulher caiu de joelhos, cuspindo sangue.

Mulher: Não! Eu não posso morrer! Eu sou invencível!

Erin hesitou, a figura na sua frente, mesmo que não fosse mais humana, se parecia com uma, e ela não tinha o coração para matar, Chris viu isso, a mulher também.

Chris: Erin! Se afaste!

Erin: Uh?!

Foi tarde demais, a mulher tinha refeito a lança e perfurado Erin nesse momento, a garota caiu no chão, com os olhos fora de foco, olhando na direção de Chris.

Erin: Ch-chris... – Ela estendeu a mão na direção dele, e a deixou cair, os olhos se fechando lentamente...

Chris não acreditava no que estava vendo, ele não podia acreditar, ele não queria acreditar, a imagem a sua frente, outra imagem passou como um flash na sua mente, outra mulher, um pouco mais velha, loira, de olhos azuis, do mesmo jeito, o chamando do mesmo jeito... Algo se quebrou dentro do garoto...

Chris: ERIN!! ERIN!! NÃOOOOOOOOOOOOOO!!!

A mulher ria historicamente.

Chris se levantou.

A mulher parou de rir, Chris estava na sua frente, chorando, a espada quebrada fincada no peito dela, uma energia absurda passando do seu corpo para a arma, ela engasgou com o sangue, e começou a queimar, até virar cinzas.

As sombras invocadas então desapareceram do campo de batalha instantaneamente, os Lobos não comemoraram, todos eles haviam ouvido os gritos e o choro de Chris, não importava o quanto estavam distantes...

Chris ainda chorava, sem forças para se mover e ir na direção de Erin, estava se entregando ao cansaço, e dessa vez nenhum alucinação apareceu para fazê-lo levantar...

Ele sentiu cheiro de pelos, viu uma figura prateada se movendo muito rápido e ouviu um uivo, e por fim adormeceu.

Continua...