Amor de Flor escrita por brunna


Capítulo 19
Dezenove


Notas iniciais do capítulo

Aviso: não revisei, postei de última hora.

Título em português.

Boa leitura pra geral ae



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Depois de implorar, juntamente a minha fiel escudeira, Andressa, minha mãe permitiu deixar-me vestir algo que não fizesse referência ao MMA. Eu inventei milhões de desculpas como “é que eu não achei as luvas” ou algo do tipo até que ela adivinhou meu plano.

— Você comprou outra fantasia, não? — ela perguntou deixando seus lábios rígidos como traços. Parecia com raiva, mas não demonstrou mais do que isso.

Eu mostrei minha fantasia a minha mãe. Estendi a capa escura que eu disse que eu talvez usasse na festa.

— Vai de jedi? — perguntou minha mãe rindo.

— Tá parecendo um “lobe” — disse Andressa, pronunciando erradamente a palavra.

Eu franzi a testa.

— Um robe — consertou minha mãe. — E eu concordo plenamente com ela.

— Se você se acha tão crítica assim, por que escolheu uma fantasia de princesa? — perguntei a Andressa. — Aposto que metade das pessoas vão usar uma fantasia desse tipo.

Andressa colocou as mãos sobre a cintura.

— Se você que saber, sua bobinha, eu não vou de princesa!

— Ela vai vestir a capa e a galocha da Coraline — esclareceu minha mãe.

— Só sei que não é saudável a menina querer assistir esse filme toda noite e não gosto de ver você ler o livro pra ela todas as tardes, mãe. Ela já está doente por essa tal de Coraline.

— Mais uma palavra e você vai de lutadora de MMA, jedizinha — brincou minha mãe, provocando risadas na pequena Andressa.

— Você já ligou para Liz, Maya? — perguntou Andressa, mudando o assunto.

— Vou ligar agora mesmo — respondi. — Foi bom ter lembrado.

Minha mãe e Andressa saíram para onde seria a minha festa, em um espaçoso quiosque que ficava perto da praia, típico de cidades litorâneas. Eu já havia visto como tudo estava pela manhã e me impressionei quando vi o trabalho da minha mãe concretizado. Havia flores por todos os lados, cercando o quiosque como cortinas. O chão de porcelanato branco e brilhante me fez perguntar quantas vezes eu iria cair enquanto todo mundo estivesse dançando. Muitas mesas de madeira cercavam o meio do local, reservado para a dança. O bar estava repleto de diferentes aperitivos e atrás dele estava meu pai, mexendo na churrasqueira, fazendo sei lá o quê. Minha mesa, onde estava a torta de chocolate de dois andares (sem aqueles enfeites de pasta americana que eu não suporto), estava lindo ao estilo clássico da coisa.

Mas comecei a pensar m outras coisas.

Encarei minha fantasia nas minhas mãos e sorri ao pensar em que fantasia viria a Liz.

Retirei o celular dos meus shorts e liguei para o número da minha flor-de-lis. No primeiro toque eu fui atendida, o que me fez mais feliz. Não existe sensação mais forte do que aquela que é provocada por quem você ama.

— Maya — disse Liz como em um sussurro.

— Oi, Liz. Eu só liguei para saber se você vem mesmo — falei ansiando por uma confirmação.

— Claro! — exclamou, fazendo-me confiante. — Só um desastre me faria faltar a seu dia especial, minha Maya.

Nesse momento eu me vi um tomate.

— Obrigada, mil vezes obrigada — eu falei.

Foi nesse momento que eu consegui escutar algo além da voz feminina da Liz, eu percebi um farfalhar agoniante, como cochichos.

— Preciso ir, Maya. — Seu tom de voz diminuiu significativamente.

Mas antes dela desligar eu escutei o indício de um grito, como uma tentativa de pronunciar seu nome, mas apenas ressoasse o “Li”.

Pensei nisso durante algum tempo até que minha mãe simplesmente me alertou.

— Sua festa será daqui a uma hora, vá se arrumar.

E eu caminhei para casa. Era um mapa simples de ser decorado: a praça ficava no centro do bairro, a sorveteria da família de Heiwa ficava perto da praça, enquanto minha casa e a de Liz eram mais distantes. A praça era próxima a praia.

Depois do banho passei os dedos no tecido da minha fantasia, aquilo me deixaria com o maior calor. Minha única esperança era a brisa litorânea noturna, a que bagunça nosso cabelo e nos faz usar casaco.

— Isso é daquele filme... — começou Andressa ao ver minha fantasia. — Aquele que mamãe odeia que você veja.

— É de um livro, tá? — esclareci, mas não foi o suficiente para a pequena.

— Então você está fantasiada de Reni Portella.

— Harry Potter — consertei sem prestar atenção nela, mas apenas ao meu reflexo no espelho. — Mas eu não sou Harry Potter, sou uma cavaleira.

— Não vou nem perguntar — disse Andressa.

— Mas e você? — perguntei examinando-a de cima a baixo.

E ela esta linda.

Sim, não é porque é minha irmãzinha, mas ela estava um arraso. Suas galochas e capas amarelas contrastavam com o cabelo tingido de azul.

— Como pintou?

— Minha mãe tinha tinta. Daquelas que parece desodorante — disse Andressa.

— Em spray suponho.

— Alguma coisa dessa mesma — confirmou a pequena.

— Você vai colocar os botões? — perguntei, pois a fantasia mais assustadora da Coraline consistia.

— Claro que não, sua boba. Como eu vou enxergar? — E saiu balançando os cabelos sobre o ombro na cor azul.

Fui para meu quarto, decidida a terminar os detalhes da minha querida e simples fantasia de jedi. Soltei meu cabelo, percebendo o fio liso suficientemente grande para cobrir meu busto. Minha franja, que já teimava em crescer, foi dividida no meio.

Saí de casa com certa dificuldade, pois era significante o número de pessoas que rodeavam a casa com as bandejas que iriam para o quiosque. Os cupcakes gays que eu havia feito na madrugada de hoje estavam sendo levados por uma mulher gorda e loura que eu nunca tinha visto antes na minha vida. Fiquei imaginando se ela apenas os queria para seu lanchinho noturno. Me controlei para não dizer algo como “ei, moça, eu não estou distribuindo cupcakes gays... e nem héteros, tá?”.

Mas ao receber a primeira brisa com cheiro de mar na minha cara, bagunçando minha franja antes partida no meio, eu sorri. Sim, eu sorri. Mas não era porque eu estava caracterizada como jedi. O motivo do sorriso era Heiwa, com uma mão na cintura e meu sabre de luz na outra mão.

Sua fantasia consistia em uma blusa com mangas e gola alta. Seu cabelo não estava no estado natural, mas ganhou uma peruca que o deixava mais comprido. Uma peruca escura que batia nos ombros. Suas pernas cobertas com uma calça preta, da mesma cor do que cobria seus olhos: dois botões.

— Como você consegue enxergar? — foi minha primeira curiosidade.

— É como película de carro, ou de óculos escuros mesmo. Você vê preto e eu normalmente.

— Mas isso não funcionará mais tarde — disse.

— Mais tarde é outra hora — ela falou entregando-me o meu sabre de luz.

— Você e Andressa combinaram, não?

Heiwa estava vestida como a Outra Mãe da Coraline. Sim, essa garotinha tem duas mães, uma normal e outra estranha com botões no lugar de olhos. Nesse caso, Heiwa era a mãe estranha.

— Claro que combinamos. Eu fiquei fascinada quando sua descobri que sua irmã tem um gosto tão requintado! — disse Heiwa.

— Requintando? — me surpreendi. — Coraline é um só um filme pra criança.

— Nunca diga que Coraline é só um filme. — Heiwa pareceu realmente ofendida. — Coraline é arte, e fique feliz de saber que meu presente de aniversário tem muito a ver com Coraline.

Com certeza, eu deveria ter ganhado o livro que inspirou aquele filme demoníaco.

Já que eu não tinha nada para responder, eu sorri.

— Você ri de coisas estranhas — notou Heiwa.

Eu assenti.

— E então, a Liz vem? — mudou de assunto.

— Eu liguei para ela, ela meio que confirmou que viria.

Chegando ao quiosque, eu percebi que meio que cheguei atrasada na minha própria festa. Encontrei Fernando e Lucas, amigos de Heiwa que eu conheci no dia em que eu quebrei a mandíbula do amigo da Liz. Ambos vestidos como piratas.

Liz não estava lá ainda. Na verdade eu tinha certeza, pois já tinha percorrido todo o quiosque para tirar fotos com os parentes. Surpreendi-me com o número de pessoas que chegava, eu nunca me imaginei tão querida assim.

O pátio que rodeava o quiosque virou o melhor lugar para ficar, eu me sentei a mesa com Heiwa, que tinha Andressa no colo fazendo o maior sucesso devido as fantasias combinadas. Junto conosco havia Fernando e Lucas, falando tudo com “arg” no final e Mar e Felipe, como melosos namoradinhos vestidos com algo nerd que ninguém sabia o que era.

Mas minha Liz não estava lá, eu sentia que deveria fazer recentes as lembranças que eu dela tinha. Mas a única e mais recente lembrança que eu trasia foram suas palavras ao telefone:

Só um desastre me faria faltar a seu dia especial, minha Maya.


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Notas finais do capítulo

-
Eu faço muitas referências nesse cap, então se tiverem dúvidas sobre as fantasias, o Google tá aí pra isso.
Só a da Heiwa e da Andressa que eu achei necessário colocar aqui:
Heiwa:http://cosplayers.acparadise.com/14272/14272-28032-1.jpg
Andressa: http://1.bp.blogspot.com/-r65p8igHWXI/UIq-0cKKEnI/AAAAAAAAJfw/Ac9JGXp-qAs/s1600/FOTO+10.jpg