Types escrita por Benjamin Theodore Young


Capítulo 4
- Seis Por Meia Duzia -


Notas iniciais do capítulo

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A semana havia passado tranquila, e na medida do possível, Hayes e Cam estavam cada vez mais próximos, ainda que o moreno não deixasse transparecer tanto, ou melhor, na escola, o garoto fazia questão de atormentar Cameron, deixando claro sua política de restrição e aproximação, o que para o loiro, era entediante e extremamente amador. Já fora do ambiente escolar, o moreno forte agia como se estivesse tudo bem.

– Eu luto com o que posso – disse Cam, enquanto tentava acertar um golpe com seu florete em Hayes, que desviava com facilidade, desferindo outro sobre o rapaz.

– Respira – dizia o moreno – pense – atava com elegância no esporte – e aja – encerrando por fim o golpe no loiro, que apenas jogou o florete no chão com raiva, e saiu para o vestiário tirando a mascara enquanto bufava – Hey – alertou – não é assim que se termina!

– Vai se foder! – respondeu Cameron.

...

– Depois da surra que você levou, é bom mesmo que você faça alguma luta – sugeriu o pai de Brooke, enquanto levava um gole de cerveja na boca – Afinal, você ainda não me explicou direito como isso aconteceu?!

– Já disse, foi algo na escola, esquece! Matriculei-me em artes marciais – declarou o garoto com alguma empolgação.

– Espero que não seja fogo de palha! – concluiu o pai mudando de assunto – e a namorada? – questionou.

– Que namorada? Eu nunca disse que tinha uma – respondeu, fazendo Candy rir do outro lado da varanda, enquanto sua mãe colocava a salada na mesa.

– Exato! – exclamou o pai – porque você ainda não tem uma? Você já tem idade pra isso já... Alias...

– Já sei papai, aquela velha historia de, quantos anos você tinha quando começou a namorar a mamãe. Ah por favor, me poupe. Hora que sair o hambúrguer a senhora me chama mamãe – gritou o garoto entrando na casa e direcionando-se para o seu quarto – merda de vida – pensou.

– Porque você não deixa o menino em paz Theo? – sugeriu a mãe.

– Eu só fiz uma pergunta.

...

Hayes desculpou-se com os demais alunos pela atitude do loiro, e seguiu em direção ao vestiário, a fim de tirar a limpo a ceninha.

– Qual é a sua? – disse indo em direção a Cameron, que tirava toda a roupa para uma ducha.

– Sou eu quem te perguntou, qual é a sua? – argumentou o garoto irritado.

– Hã?

– Ah, qual é Hayes, eu já entendi qual é a sua, e cara, na boa, eu não estou afim... Eu sei que pra você é difícil, alias, você é o macho alfa da escola, mas na boa, eu já superei todos os meus dramas e não estou nem um pingo a fim de encarar os seus.

– Porque você esta falando isso – atou Hayes mesmo sabendo que o garoto se referia a sua conduta.

– Bom, vamos ver. Primeiro! O beijo que você meu deu outro dia...

– Eu não... Você! – concertou o moreno.

– Ah, verdade, é que antes você não quis me beijar ? – remendou irônico – mas tudo bem, eu te dei o beijo. Segundo, a sua forma de agir, eu sei que você não quer que ninguém saiba e tudo mais, mas porra, eu não dou conta desse joguinho de dentro da escola não posso nem te olhar, e aqui fora tudo bem... O fato de eu ser gay, e as pessoas saberem, significa que o atleta bombado e pegador não pode andar com a classe gls... Céus, isso é tão anos noventa! – atou rindo irônico – cara, na boa, continua sendo hetero, a vida vai ser bem mais fácil pra você! – concluiu virando-se para o chuveiro.

...

– Pelo jeito os planos do Hayes estão dando mais certo do que nunca – riu Hunter, enquanto jogava vídeo game com Troye em sua casa.

ligado – respondeu atencioso ao game – mas, de que forma ele pensa em tirar dinheiro do moleque? Afinal, ele não é gay assumido? – indagou o jovem.

– Exato! Eis a minha dúvida também – risos – mas é o Hayes, e ele não da ponto sem nó – sugeriu enquanto vibrava com o gol que fizera em Troye, que mordia os lábios de raiva, jogando-se em cima do amigo e envolvendo-se em uma lutinha amistosa.

...

(Sara Bareilles – Satellite Call)

– O papai consegue ser um porre quando ele quer não é verdade? – disse Candice entrando no quarto de Brooke que limpava rapidamente as lágrimas que caiam no rosto – Hey – disse sussurrando e sentando-se do lado do irmão na cama – chorar não vai adiantar, eu sei que dói, mas não vai adiantar!

– Seria tão mais fácil se eu não gostasse de garotos! – respondeu com a voz embargada.

– Sim, é verdade, mas aí você não seria o meu Brooke – disse dando um sorriso fino, sendo retribuído pelo loirinho.

– Como você realmente me aguenta? – perguntou o garoto fazendo uma careta.

– Bem, todos têm um teste nessa vida, e o meu, é você – respondeu rindo – mas agora me fala a verdade, o que foi isso? – atou a respeito da suposta briga – eu sei que você não brigou na escola.

– Eu não posso te falar o motivo – respondeu suspirando – mas posso te dizer que fiz algo bem ruim – concluiu.

– E você acha que eu não sei disso Brooke? – revelou a irmã – eu só gostaria de saber o porquê?!

– Como assim? O que você sabe... – perguntou o garoto curioso.

– Sei que era você no vídeo com o Ale – atou, para a surpresa do loirinho que se sentou curioso na cama, a fim de saber como a irmã sabia.

– Candy, por favor – tentava argumentar confuso – como...

– Brooke, nós somos irmãos, e gêmeos, você acha mesmo que eu não te reconheceria pelado, mesmo com uma mascara?! – o garoto então deu um riso sem graça.

– Candy, por favor, ninguém pode saber disso, principalmente o Ale – revelou o rapaz.

– Foi ele quem te bateu? – perguntou a irmã.

– Foi! – exclamou – mas eu fiz por merecer... Então por favor, não leve isso pra frente.

– Você que espalhou o vídeo?

– Mais ou menos – respondeu sincero.

– Como assim? Me explica – exigia a irmã preocupada.

– Candice, por favor, não me pergunte mais do que eu posso te explicar, pelo menos não agora.

– Bom! Eu não estou aqui pra te prejudicar, mas não deixe isso ir longe demais... O jantar esta pronto!

– Ok, eu já vou descer...

...

– Não dê as costas para mim - atou Hayes nervoso e virando Cameron para ele.

– Qual é agora... Vai me bater? – perguntou irônico.

– Cara, porque você consegue ser tão babaca? – neste momento a pergunta e o sentimento do moreno, eram sinceros – eu estou tentando conversar com você numa boa...

– Beleza, fala! – exclamou indiferente passando o xampu nos cabelos.

– Eu te disse, eu te avisei sobre mim naquela noite Cam. Mas se isso for um fardo pra você – argumentava Hayes com um olhar dissimulado e dramático – é melhor então cada um seguir com a sua vida – atou na esperança de ver o loiro baixar a guarda, como anteriormente.

– Sim, é melhor – sugeriu sucinto voltando para sua ducha, deixando Hayes surpreso com a resposta rápida e sincera do garoto, o que para ele era a primeira vez em toda a sua curta vida de sedutor, que havia sido rejeitado tão firmemente. A sua vontade na hora era de esmurrar a cara do loiro, primeiro pelo beijo que eles deram antes, segundo pela perca de tempo nas investidas do moreno e terceiro, bem, era por prazer em bater nele mesmo. Mas recompôs-se na medida do possível e saiu soltando um ar quente pelas narinas, rangendo os dentes e cerrando os pulsos de ódio.

...

Ale estava lendo um livro a algumas horas, quando fora interrompido por sua mãe, que entrara no quarto preocupada com a reclusão repentina do filho.

– O que sucede com o meu leãzinho? – era assim que a mãe sempre lhe chamava carinhosamente, o garoto era nascido no mês de julho, e a mãe que era cheia de superstições e crenças, tinha uma propensão a signos e coisas do gênero.

– Nada – argumentou Ale rindo, enquanto largava o livro sobre a cama e ganhava um beijo da mãe na testa – eu só estou lendo um pouco.

– Mas hoje é sexta, não vai sair com seus amigos? – sugeriu ela carinhosamente.

– Hoje não Dona Laura – atou o garoto rindo e puxando a mãe para fazer-lhe cócegas.

– Para com isso menino – dizia a mãe aos risos – para com isso que já estou sem ar.

– Ok – respondeu o moreno encerrando a brincadeira – quando o papai volta de viagem afinal? – perguntou indo em direção à janela e observando que Cameron passava na frente de sua casa pela calçada, seguindo em direção a casa dele.

– Creio que terça feira de manhã ele esta de volta – anunciou a mãe – Ale? – chamou por ele, que havia prendido sua atenção ao loiro que atravessava a rua.

– Oi... Perdão mamãe me distraí – respondeu colocando uma camiseta branca que estava jogada no chão – acho que já sei onde vou – falou para a mãe enfiando os tênis o mais rápido possível.

– Aonde você vai? – perguntou enquanto o filho saía do quarto – já volto mamãe, já volto, se eu for demorar, te mando uma mensagem, beijos – gritou descendo as escadas.

– Esses meninos de hoje – atou Laura – não sabem nunca o querem – concluiu ajeitando o cabelo e indo para sala de TV.

...

Ale acelerou os passos a fim de alcançar Cameron, quando por fim, resolveu chamar pelo garoto.

– Garoto escocês – atou rindo.

– Oi – respondeu o loiro virando-se instintivamente, sem nem saber quem o chamava.

– Hey – foi se aproximando do rapaz – desculpa te gritar assim no meio da rua – argumentou Ale desconcertado – mas tava difícil te alcançar – risos.

– Foi mal – respondeu Cam rindo.

– Na verdade eu te vi passando e... Bem, hoje é sexta! Você vai fazer algo? – perguntou direto.

– Nada programado ainda – revelou o loiro – afinal, não tenho muitos amigos aqui – respondeu sorrindo enquanto levava as mãos aos bolsos do jeans.

– Já jantou? – perguntou Ale.

– Ainda não!

– Se você topar a gente pode comer um lanche juntos e depois quem sabe, tomar um café trocar uma ideia – sugeriu.

– Bacana, acho que seria uma boa – enfatizou o loiro.

– Bom, eu posso te pegar daqui uma meia hora? Meu carro por fim esta firme e forte – brincou.

– Pode ser! – respondeu Cam animado.

– Bacana, daqui a meia hora então, quando eu estiver na frente da sua casa eu te ligo... Beleza?

– Fechou!

...

– O moleque esta dando mais trabalho do que eu pensei – informou Hayes aos garotos Hunter e Troye – o viadinho é orgulhoso demais, se é que vocês me entendem “oh eu sou tão decidido, oh eu sou tão gay e não me importo” filho da puta – atou Hayes nervoso enquanto dividia uma carreira com os rapazes, em um pequeno gazebo velho, nos fundos da sua casa.

– Mas afinal, como você pretende tirar dinheiro do babaca então? Porque se ele é viado assumido, porra, o que você tem a ganhar com isso?

– O pai desse viadinho é um dos maiores construtores da Escócia e esta expandindo negócios aqui em São Francisco, ou seja, é dinheiro que não acaba mais...

– E o que você ganha com isso? – perguntou Hunter.

– O que nós ganhamos você quer dizer? – informou Hayes – primeiro, o viadinho é Caxias, já pesquisei o histórico, não se envolve com drogas, bebidas e etc. E é aí que eu entro, ou pelo menos entrava, até aquele filho da puta me cortar hoje...

– Tá, mas e daí, continua...

– E daí que eu ganharia a confiança dele, conquistando ele, aos poucos, mas não basta ser um viado Caxias, tem que ser romântico também – bufou o Hayes – daí eu conquisto o moleque, faço ele ficar de quatro por mim...

– Literalmente?! – sugeriu Troye rindo.

– Engraçadinho – atou Hayes – enfim, com isso eu começaria aos poucos apresentar a ele o caminho da felicidade senhores – disse o moreno estendendo as mãos para as carreiras na borda do gazebo – e ele então ficaria viciado e apaixonado por mim de tal maneira, que arrancar dinheiro desse babaca, seria igual tirar doce de criança – concluiu ele todo seu plano.

– Bem pelo jeito isso não vai acontecer mais – disse Hunter rindo.

– Se vocês dois não ficassem só fodendo um ao outro, talvez seriam mais útil em me ajudar – respondeu o moreno nervoso.

– Vai se foder Hayes – atou Hunter irritado.

– Mas nem que eu tenha que comer esse viadinho, eu juro, que agora é questão de honra.

...

– O lanche estava bom, mas esse sorve frito – revelou Cameron aos risos – isso sim é novidade – concluiu enquanto caminhavam sobre um píer de madeira, em volta de um parque nos arredores de São Francisco.

– Esses italianos não sabem o que inventar pra vender sorvete – disse Hayes rindo, chamando atenção do loiro para a ponta do seu nariz, que estava sujo de sorvete.

– O seu nariz – disse Cam dando risada – esta com sorvete.

– É normal – respondeu o moreno rindo e fazendo graça tentando limpar o sorvete com a língua – porra, não alcanço – concluiu limpando com a mão.

(He is We – L-L-Love)

– Valeu pela noite – antecipou Cam – definitivamente, foi melhor do que ter ficado em casa – risos.

– Tá querendo ir embora? – brincou Ale.

– Acha – respondeu o loiro – não tão cedo, você vai ter que me aguentar mais um pouco. CA-RA-LHO! – gritou o rapaz, um carrossel – disse eufórico – eu acho que andei num desses quando tinha uns seis anos numa feira em Londres – e riu novamente lembrando-se do passado.

– Acha? – indagou o moreno – quer ir? – perguntou rindo.

– Será – respondeu Cameron – Vamo! E correu em direção ao carrossel puxando Ale pelo antebraço e subindo nele já em movimento, enquanto riam um do outro. Ale olhou a sua volta e notou dois ou três casais a sua volta, sentiu uma vontade imensa de dar um beijo no garoto escocês, ali, naquele momento, era tudo o que ele mais queria, por mais que sua consciência gritasse “não faça”, “é um lugar público” – mas afinal, quem aqui me conhece – pensou – isso aqui é São Francisco, milhares de pessoas, coragem Ale, beija o moleque – dizia para si mesmo. Foi então nesse momento que ele colocou a mão na cintura de Cameron, fazendo o jovem olhar para ele ansioso, e por fim beijou-o.

Uau – suspirou o loiro – por essa eu não esperava – fazendo Ale rir desconcertado.

– Desculpa, foi mais forte do que eu!

– Se você esta se desculpando é porque você não queria ter feito...

– Não... Não é isso... Bem, é complicado pra mim – suspirou olhando para os lados enquanto desciam do carrossel.

– O que é tão complicado? – perguntou Cam.

– Bem... Eu não tenho metade da sua coragem e autoafirmação.

– Como assim?

– Ninguém sabe... Quer dizer, meus pais não sabem, porque pelo vídeo, a escola inteira já sabe.

Neste instante os pensamentos de Cameron foram ao principio de tudo aquilo que ele estava tentando evitar, dramas familiares ou escolares, por causa de sexualidade e tudo mais, afinal, não fora por isso afinal que ele rompera o seu curtíssimo relacionamento com Hayes. Pensou “estou fadado a caras que não se decidem” e ao mesmo tempo dizia a si mesmo, “não quero ser válvula de escape”. “Porra” gritou dentro de si “que merda é essa”? E foi então interrompido por uma mensagem que chegara em seu celular, fazendo-o vibrar em seu bolso.

[Hayes] – me da uma chance. Eu posso ser muito mais do que pareço! :(


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